Centeno também já vê os juros do BCE a subirem no verão
Governador português também já admite subida dos juros do BCE em julho, mas diz que é mais importante saber a "magnitude" do aperto monetário. Alerta que reação agressiva poderá provocar recessão.
O governador do Banco de Portugal também já admite que as taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) vão começar a subir este verão. Mas, para Mário Centeno, mais importante do que o timing de subida dos juros, é saber a “duração e magnitude” do novo ciclo de política monetária na Zona Euro, alertando que uma subidas agressivas das taxas poderão provocar uma recessão numa economia ainda a recuperar da crise pandémica.
“O programa de compras que já antecedia a pandemia deverá terminar nas primeiras semanas do terceiro trimestre deste ano. E algum pouco tempo depois o BCE deverá iniciar um ciclo de subidas das taxas de juro. Neste momento, antecipa-se que isso possa acontecer nas primeiras semanas do terceiro trimestre”, afirmou o também membro do conselho de governadores do BCE no Fórum Banca, organizado pelo Jornal Económico, em Lisboa.
As declarações do governador português surgem dias depois de a presidente do BCE, Christine Lagarde, também ter sinalizado que o BCE vai começar a subir os juros no verão, antecipando-se, por isso, que essa decisão venha a ser anunciada na reunião do banco central que vai acontecer no dia 21 de julho.
Mas Centeno considera que o debate mais importante agora nem é saber quando se iniciará o novo ciclo de aperto das condições financeiras. “É importante entender qual vai ser o processo da trajetória de subida das taxas nos vai trazer quer na sua duração e na sua magnitude”, explicou o ex-ministro das Finanças.
Segundo o governador do Banco de Portugal, “uma reação demasiado forte, através de um aumento rápido e acentuado das taxas de juros, pode ter efeitos desestabilizadores ou desencadear uma recessão quando a economia mal recuperou da crise da pandemia”. Por isso recomenda “paciência e gradualismo” na resposta do BCE aos choques que a Zona Euro enfrenta.
"Não há razões estruturais para que [a inflação] não convirja para o objetivo de médio prazo [objetivo de 2%], à medida que os desequilíbrios sejam de forma gradual resolvidos e a incerteza dissipada.”
Centeno disse ainda que a inflação deverá permanecer elevada ao longo deste ano, mas assegura que “não há razões estruturais para que não convirja para o objetivo de médio prazo [objetivo de 2%] à medida que os desequilíbrios sejam de forma gradual resolvidos e a incerteza dissipada”.
Há, ainda assim, riscos de uma eventual desancoragem das expectativas da inflação e os efeitos de segunda ordem nas pressões salariais, que exigem a monitorização atenta dos bancos centrais, sublinhou Centeno.
A inflação na Zona Euro superou os 7% em abril, acima do objetivo simétrico do BCE que é de 2%
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