Insegurança alimentar “sem precedentes” no Sahel
O número de pessoas com grande insegurança alimentar no Sahel e na África Ocidental quadruplicou em comparação com os números de 2019, segundo a ONG ActionAid.
A organização não-governamental (ONG) ActionAid alertou esta sexta-feira para uma crise alimentar “sem precedentes” no Sahel, estimando que 40,7 milhões de pessoas se encontrem em insegurança alimentar, quatro vezes mais do que há três anos (10,8 milhões).
O número de pessoas com grande insegurança alimentar no Sahel e na África Ocidental quadruplicou em comparação com os números de 2019, sublinha a ONG na véspera do Dia Mundial da Nutrição, que se assinala este sábado.
Os meses de Verão, acrescenta a ActionAid, podem deixar mais 11 milhões de pessoas sem comida, uma vez que as reservas das colheitas anteriores se estão a esgotar. As causas deste agravamento são a combinação de dois anos de pandemia e colheitas fracas devido aos efeitos das alterações climáticas, bem como ao recrudescimento da violência e as deslocações forçadas de pessoas daí resultantes, e ainda aos impactos da guerra na Ucrânia, que fez subir o preço do combustível e dos alimentos.
“Estamos a enfrentar outra crise humanitária histórica no Sahel. O agravamento da crise alimentar e nutricional previsto desde 2021, devido aos efeitos das alterações climáticas nas colheitas, foi agravado pelo aumento dos preços dos cereais e pela guerra na Ucrânia”, afirmou o diretor adjunto da ActionAid, Jorge Cattaneo, citado pela agência privada espanhola Europa Press.
“O conflito terá um preço diferente para os países ricos e pobres. Nos países ricos, o preço será a inflação, mas nos países pobres será a fome, a desigualdade, as tensões sociais e a deterioração da segurança“, acrescentou o ativista.
No caso do Mali, por exemplo, a Ayuda en Acción estima que 1,8 milhões de pessoas venham a encontrar-se no limiar da fome, em resultado de uma previsível magra campanha agrícola entre junho a setembro. O país está sob um bloqueio severo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) devido à falta de progressos no processo de transição para a democracia depois de um golpe de Estado em agosto de 2020.
Em relação ao Níger, a ONG estima que mais de três milhões de pessoas se encontram em situação de desnutrição e necessitam já de assistência humanitária, mas após os meses de verão o número deverá aumentar para quatro milhões de pessoas.
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