Costa aponta a subida de 20% no salário médio em Portugal até 2026
Primeiro-ministro convoca “a sociedade, o Estado e as empresas” para, em quatro anos, conseguir aumentar o peso dos salários no PIB de 45% para 48%, atual valor de referência na União Europeia.
António Costa sublinhou este sábado o diferencial entre o peso dos salários no conjunto da riqueza nacional (45%) e aquele que os ordenados têm no conjunto dos países da União Europeia (48%).
“Isto significa que temos nos próximo quatro anos de conseguir fazer todos em conjunto – a sociedade, o Estado, as empresas – um esforço para que o peso dos salários dos portugueses no PIB seja, pelo menos, idêntico ao que existe na média europeia”, salientou o primeiro-ministro,
Ora, esta subida da proporção de 45% para 48%, calculou o chefe do Governo, “implica um aumento de 20% do salário médio no país”. “Esta é a meta a que nos temos de propor e que temos de ser capazes de, coletivamente, alcançar”, acrescentou.
"Temos de fazer um esforço para que que o peso dos salários dos portugueses no PIB seja, pelo menos, idêntico ao que existe na média europeia. Esta é a meta que temos de ser capazes de, coletivamente, alcançar.”
As declarações do primeiro-ministro, António Costa, foram proferidas este sábado de manhã na sessão de abertura do Encontro Nacional de Associações Juvenis – Fórum Nacional “Ativar Mais”, que juntou cerca de mil jovens e dirigente associativos no Complexo Desportivo de Vila Real Santo António, no Algarve.
“Nós temos que ter um acordo de médio prazo, no horizonte desta legislatura, sobre a perspetiva da evolução dos rendimentos. O Estado não se quer por fora desta equação, sabemos que podemos e devemos dar um contributo para que esta melhoria dos rendimentos seja efetiva”, notou.
Segundo disse o primeiro-ministro, citado pela Lusa, “o Estado pode e deve ajudar, com políticas públicas”, no sentido de “aumentar o rendimento disponível das famílias, e em particular dos jovens, enquanto as empresas fazem este esforço do aumento significativo dos salários quer pagam”.
Em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a remuneração bruta mensal média por trabalhador aumentou 3,4%, para 1.361 euros. Foi mais alta nas atividades ligadas à energia (3.091 euros) e na área financeira e de seguros (2.602 euros); e mais baixa nos setores da agricultura (855 euros) e da restauração e hotelaria (881 euros).
Questionado esta tarde pelos jornalistas, à margem da Feira Nacional da Agricultura, sobre qual pode ser o contributo do Presidente da República nesta matéria, Marcelo Rebelo de Sousa preferiu falar no “contributo de todos os portugueses que trabalham para o país, criando riqueza e condições para que ela seja mais bem distribuída”.
“Uma forma é, crescendo a riqueza e a economia, ter uma subida de salários. Em alguns setores em que há falta de mão-de-obra para acompanhar o ritmo previsível e desejável de crescimento, isso já está a acontecer. Mas tem de ser um esforço coletivo, que significa uma aposta no crescimento do país”, completou o chefe de Estado.
De acordo com o relatório Taxing Wages 2022, publicado recentemente pela OCDE, a carga fiscal sobre rendimentos do trabalho em Portugal subiu no ano passado para 41,%, apesar de ter descido na média da OCDE. Os trabalhadores em Portugal recebem 72% do salário bruto que lhes é pago.
No relatório do Pacote de Primavera do Semestre Europeu, divulgado no final de maio, Bruxelas sublinhou que “embora os recentes aumentos do salário mínimo possam reduzir a pobreza daqueles que trabalham, também podem desencorajar os indivíduos a investirem na sua educação, devido à pequena diferença relativa entre os salários dos pouco e dos altamente qualificados”. Essa compressão das diferenças salariais decorrente do aumento do salário mínimo ao longo dos últimos anos tem sido uma das principais queixas dos sindicatos, tanto no setor público como no privado.
(Notícia atualizada às 16h50 com declarações de Marcelo Rebelo de Sousa)
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