Gasolina desce pela sexta semana seguida. Euro trava queda maior
Gasolina vai descer na segunda-feira pela sexta semana consecutiva, mas continua 16 cêntimos mais cara do que no início da guerra. Isto apesar de o brent já estar ao nível pré-guerra. Culpa é do euro.
Na segunda-feira, o preço da gasolina 95 deve voltar a baixar pela sexta semana consecutiva e o gasóleo deve permanecer inalterado. Segundo uma fonte do setor petrolífero, tendo em conta os preços da matéria-prima e do câmbio desta quinta-feira, o preço da gasolina na bomba deverá descer 5 cêntimos para um valor médio abaixo dos 2 euros/litro. Os preços definitivos só devem ficar fechados esta sexta-feira.
A razão para esta correção é a descida do preço do brent nos mercados internacionais que ontem estava a negociar, pela primeira vez, abaixo dos níveis a que estava antes da invasão da Ucrânia. Ao final da tarde, o barril desvalorizava 4,5% para os 95,05 dólares. A última vez que o preço esteve na casa dos 95 dólares foi a 23 de fevereiro, o dia anterior aos primeiros bombardeamentos da Rússia.
Apesar da queda acentuada do brent, os preços da gasolina e do gasóleo não estão a baixar tanto por causa da desvalorização do euro face ao dólar norte-americano. O petróleo é negociado em dólares, e quando o euro deprecia significa que são precisos mais euros para comprar a mesma quantidade de dólares e de petróleo. E esta semana o euro chegou mesmo a negociar abaixo da paridade com o dólar, o que aconteceu pela primeira vez em 20 anos.
Isto é que ajuda a explicar a previsão da manutenção do preço do gasóleo na próxima segunda-feira. Além do euro, segundo explicou ao ECO uma fonte do setor, a Rússia é um grande exportador de combustíveis já refinados, o que também ajuda a explicar a discrepância entre a descida do valor do brent e a descida menos acentuada dos combustíveis já refinados.
Esta quinta-feira, a moeda da Zona Euro estava a ser negociada nos 0,996 dólares, um sinal que muitos investidores temem que a Europa possa vir a entrar em recessão por causa da guerra e dos elevados preços energéticos. A Comissão Europeia, nas previsões da Primavera publicadas ontem, continua a afastar este cenário.
Se o barril do brent em dólares já está quase 2 dólares abaixo do nível pré-guerra, quando medido em euros está quase 10 euros mais caro. Isto porque desde o dia 23 de fevereiro, o dia antes da invasão russa, o euro já perdeu 13% do seu valor face à moeda norte-americana.
Isto ajuda a explicar a razão de o brent já estar a negociar abaixo dos níveis pré-guerra e os combustíveis em Portugal continuarem bastante acima. Mesmo com a descida que se perspetiva para a próxima semana, o litro da gasolina continua 16 cêntimos ou 9% mais caro do que antes da guerra.
Se ao preço retirarmos a atual “almofada fiscal” de 32,1 cêntimos, o preço da gasolina 95 estaria 48 cêntimos mais caro do que antes da guerra. A “almofada fiscal”, que vigora pelo menos até ao final de agosto, corresponde ao desconto no ISP equivalente a uma descida da taxa do IVA dos 23% para 13%; à compensação por via de redução de ISP da receita adicional de IVA; e à suspensão do agravamento da taxa de carbono.
No caso do gasóleo, a conclusão é idêntica: o preço está 27 cêntimos mais caro dos que antes da guerra, e se retirássemos a “almofada fiscal” (que no caso do diesel é de 28,2 cêntimos), o preço estaria 55 cêntimos mais caro do que no dia 23 de fevereiro, véspera da invasão da Ucrânia.
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