BCE discute subida de 50 pontos base nas taxas de juro esta semana

O Banco Central Europeu (BCE) irá discutir se sobe as taxas de juro em 25 ou 50 pontos base na reunião desta quinta-feira, naquela que será a primeira subida dos juros em mais de uma década para travar a escalada da inflação, segundo adiantaram duas fontes à agência Reuters (conteúdo em inglês).

Até agora, nas últimas semanas, o banco central apenas vem sinalizando uma subida de 25 pontos base na reunião de 21 de julho, com a presidente Christine Lagarde a admitir uma subida maior apenas em setembro. Mas a escalada dos preços na Zona Euro poderá levar o BCE a um aperto mais agressivo.

Adicionalmente, disseram as mesmas fontes, o conselho de governadores também centrará as discussões em torno de um acordo para ajudar os países endividados, como Itália, nos mercados obrigacionistas, se cumprirem as regras da Comissão Europeia sobre reformas e disciplina orçamental.

Isso inclui as metas estabelecidas pela Comissão para assegurar os fundos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência da União Europeia, bem como do Pacto de Estabilidade e Crescimento, quando for restabelecido no próximo ano após a pausa da pandemia, revelaram as mesmas fontes.

O BCE recusou-se a comentar a notícia, pois está no período de silêncio que antecede as reuniões de política monetária.

Há semanas que a autoridade monetária discute as condições que os países terão de cumprir para serem elegíveis para o novo esquema de compra de dívida, que se destina a conter a subida dos juros para lá da realidade económica — a chamada ferramenta anti-fragmentação para disciplinar os spreads da dívida dos governos.

Alguns governadores gostariam de envolver o Mecanismo Europeu de Estabilidade, o fundo de resgate da Zona Euro criado após a crise das dívidas soberanas há dez anos – e cuja liderança é disputada pelo ex-ministro português João Leão, mas esta possibilidade será provavelmente descartada.

A inflação na Zona Euro acelerou para os 8,6% em junho, o valor mais elevado em duas décadas. A escalada dos preços tem levado alguns governadores a defenderem um aperto monetário mais agressivo da parte do BCE.