Gazprom avisa clientes europeus que não garante abastecimentos de gás

A Gazprom avisou os seus clientes na Europa que não poderá garantir o abastecimento de gás devido a circunstâncias “extraordinárias”, de acordo com uma carta a que a agência Reuters teve acesso.

Numa carta datada de 14 de julho, a companhia da gás russa disse que estava a declarar retroativamente motivos de “força maior” nos fornecimentos a partir de 14 de junho. A notícia surge quando o Nord Stream 1, o pipeline que abastece a Alemanha e outros países europeus, está sob o período de manutenção anual de dez dias que está previsto terminar na quinta-feira.

A carta aumenta assim os receios na Europa de que Moscovo poderá não restabelecer os fornecimentos no pipeline no final do período de manutenção em retaliação por causa das sanções que lhe foram impostas devido à guerra na Ucrânia, podendo atirar a economia europeia para uma recessão.

Conhecida como a cláusula “Ato de Deus”, a força maior é usada habitualmente nos contratos comerciais e define as circunstâncias extremas que liberta uma das partes das suas obrigações legais. A declaração não significa necessariamente que a Gazprom vai interromper o fornecimento, mas não poderá ser responsabilizada se não cumprir os termos do contrato.

O abastecimento de gás russo tem vindo a cair nos últimos meses através das principais rotas, incluindo através da Ucrânia e Bielorrússia e o Nord Stream 1 no mar Báltico.

“Parece ser o primeiro sinal de que os fornecimentos através do Nord Stream 1 não deverão ser retomados, assim que a manutenção de dez dias terminar”, referiu o analista do ABN Amro Hans van Cleef, citado pela agência de notícias.

“Dependendo das circunstâncias ‘extraordinárias’ em causa para declarar força maior, e se essas questões são técnicas ou mais políticas, isso pode significar o próximo passo na escalada entre a Rússia e a Europa/Alemanha”, acrescentou o especialista.