Mario Draghi volta a apresentar pedido de demissão ao presidente italiano
Itália deve ficar com um governo de gestão nos próximos meses, depois de o primeiro-ministro se demitir pela segunda vez. Falharam as tentativas para reatar a normalidade na coligação governamental.
Itália deve ficar com um governo de gestão a partir desta quinta-feira. Mario Draghi é primeiro-ministro demissionário depois de esta manhã ter pedido para sair, pela segunda vez, ao Presidente da República, Sergio Mattarella. O chefe de Estado recusou, Draghi insistiu no pedido e o Governo fica em funções “a tratar de assuntos correntes.”
“O Presidente da República, Sergio Mattarella, recebeu o Presidente do Conselho de Ministros, Prof. Mario Draghi, no Palazzo del Quirinale, que, após ter informado sobre a discussão e votação de ontem no Senado, reiterou a sua demissão e do Governo a que preside. O Presidente da República tomou nota disso. O Governo mantém-se em funções para tratar de assuntos correntes“, assim refere a nota de imprensa divulgada pela presidência italiana.
Entretanto, o Presidente da República chamou os presidentes das duas câmaras do Parlamento italiano à sua residência, antecipando um cenário de dissolução parlamentar e consequentes eleições antecipadas.
As declarações dos líderes das duas câmaras do Parlamento estão marcados para depois das 15h30 (hora de Lisboa): a líder do Senado (câmara alta), Elisabetta Casellati, falará pelas 15h30; meia-hora depois será a vez do presidente da Câmara dos Deputados (câmara baixa), Roberto Fico, pelas 17 horas.
Mario Draghi deslocou-se ao Palácio do Quirinale na manhã desta quinta-feira depois de ter feito um discurso de despedida aos deputados da câmara baixa do Parlamento italiano. “Como veem, às vezes o coração de um banqueiro também bate. Face à votação de ontem, peço a suspensão da sessão para ir ter com o Presidente da República comunicar a minha decisão”.
Na véspera, Draghi venceu novamente uma moção de confiança no Senado italiano, mas três partidos boicotaram a votação. Uma semana depois da anterior moção, o partido populista antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) voltou a não participar, acompanhado agora pelo Liga, partido de extrema-direita liderado por Matteo Salvini, e o Forza Italia, partido sob a liderança de Silvio Berlusconi.
Numa votação em que estiveram presentes apenas 133 dos 315 senadores, incluindo os do M5S – apesar de não terem participado na votação, terão permanecido na câmara apenas para evitar que não houvesse quórum –, o primeiro-ministro italiano contou com 95 votos a favor e 38 contra.
No dia 14 de julho, Mario Draghi apresentou a demissão ao Presidente Sergio Mattarella, mas este recusou, convencendo o chefe de Governo a voltar ao Parlamento esta semana para uma avaliação do apoio político à sua coligação governamental, que entrou em crise após o partido do ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte ter boicotado um voto de confiança vinculado a um pacote social para lidar com o aumento vertiginoso da inflação.
(Notícia atualizada pela última vez às 10h05, com mais informação)
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