Impresa perde 2,2 milhões no semestre do ciberataque. Horta Osório será vice-presidente
Ataque informático, aumento do preço do papel e subida de custos com cobertura jornalística da guerra geraram um semestre mais fraco para o grupo Impresa. Horta Osório é o novo administrador do grupo.
O ciberataque que vitimou a Impresa IPR 0,42% no início do ano não derrubou só os sites da SIC, SIC Notícias e Expresso. Também castigou duramente os resultados do grupo no primeiro semestre. A empresa, liderada por Francisco Pedro Balsemão, acaba de avançar que registou prejuízos de 2,2 milhões de euros até junho face a lucros superiores a 3,3 milhões no mesmo período do ano passado. A empresa anunciou também que António Horta Osório vai entrar no Conselho de Administração.
“O primeiro semestre de 2022 ficou marcado por eventos com um forte impacto negativo direto nos nossos resultados, como a guerra na Ucrânia e o aumento de custos com produção e energia. Além disso, a atividade da Impresa foi condicionada por um violento e criminoso ataque informático, um teste à resiliência e à capacidade de resposta de todos os trabalhadores do grupo que foi superado com distinção”, diz o CEO, em reação aos resultados divulgados.
Na primeira metade do ano, a Impresa viu o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) total encolher 61,7%, para cerca de 4,2 milhões de euros. A maioria dos negócios do grupo registaram quebras nas receitas, mas a subida dos custos derivada da inflação e a cobertura jornalística da guerra na Ucrânia também contribuíram para o desempenho mais fraco neste período.
No total, as receitas decresceram 4,2%, para 88,2 milhões de euros. No negócio da televisão, o principal, a queda foi de 3,7%, para cerca de 77 milhões. Apesar do bom desempenho nas audiências, neste segmento específico, “os custos operacionais aumentaram 2,7%, sendo este desvio justificado, na sua maioria, pelos custos com a cobertura da guerra na Ucrânia e pelo ataque informático de que o grupo Impresa foi alvo”, aponta num comunicado.
Já no que toca ao segmento de publishing, onde se inclui o semanário Expresso, as receitas recuaram 5,5% no semestre, para 10,6 milhões de euros. A companhia explica a quebra nos rendimentos, uma vez mais, com o impacto do ataque informático. Os custos aumentaram, por sua vez, 5%, com a empresa a justificar a subida das despesas também com o “aumento do preço do papel utilizado na impressão do” jornal.
No global, os custos operacionais da Impresa subiram 3,6%, para 84 milhões de euros. Mas, apesar dos resultados negativos, a dívida remunerada líquida da dona da SIC diminuiu 14,2 milhões de euros face a 31 de dezembro de 2021, fixando-se no final de junho em 140,2 milhões, indica o grupo na mesma nota.
“Para o segundo semestre de 2022, a Impresa estará focada em aumentar a sua faturação e na eficiência operacional, com vista a melhorar o EBITDA e os resultados líquidos, em linha com o compromisso e percurso dos últimos anos. Mantém-se também o objetivo da redução da dívida líquida”, diz Francisco Pedro Balsemão.
O gestor avança, por fim, que o Conselho de Administração aprovou esta quinta-feira o novo Plano Estratégico para o período de setembro de 2022 até ao final de 2025, “através do qual se pretende o crescimento e diversificação das suas receitas, com o reforço das atividades atualmente realizadas e o desenvolvimento de novos projetos inovadores, em antecipação das tendências e oportunidades que marcam a indústria dos media”, conclui.
Impresa quer ter dois vice-presidentes: Horta Osório e Francisco Maria Balsemão
Também esta quinta-feira, a Impresa anunciou que António Horta Osório passa a integrar o Conselho de Administração no mandato em curso (2019-2022), após renúncia de um dos membros do board.
“A Impresa informa que na presente data, o administrador João Nuno Lopes de Castro apresentou a sua renúncia ao cargo de administrador da Impresa, tendo o Conselho de Administração aprovado designar nesta data, por cooptação […] António Horta Osório como novo administrador da Impresa, para o mandato em curso de 2019-2022″, informou o grupo noutro comunicado.
A Impresa propôs ainda uma alteração aos estatutos, a aprovar em assembleia-geral extraordinária, para “permitir a designação de dois vice-presidentes do Conselho de Administração, sendo intenção do Conselho de Administração, caso essa alteração estatutária seja aprovada pelos acionistas, que seja designado António Horta Osório como vice-presidente do Conselho de Administração, a par de Francisco Maria Balsemão, que já exerce essas funções”, e também presidente do Comité de Estratégia do grupo.
“António Horta Osório participará ativamente na definição da estratégia para o futuro da Impresa, em tempos de profundas mudanças para os meios de comunicação social. O Grupo beneficiará muito com a sua experiência internacional e com o seu conhecimento da realidade do nosso país”, afirma citado em comunicado Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo.
“É com um grande sentido de responsabilidade que darei o meu contributo para a definição da estratégia do grupo Impresa, numa altura em que o setor enfrenta importantes mudanças”, acrescenta o até janeiro chairman do Grupo Credit Suisse.
(Notícia atualizada às 17h24 com mais informação)
Evolução das ações da Impresa
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