Economia portuguesa contrai 0,2% no segundo trimestre
Contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB diminuiu no segundo trimestre, verificando-se um crescimento menos acentuado do consumo privado e do investimento.
A economia portuguesa contraiu 0,2% no segundo trimestre do ano, depois do crescimento surpreendente de 2,6% nos três primeiros meses do ano, revela a estimativa rápida divulgada esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que reviu em baixa em 0,1 pontos percentuais o desempenho do primeiro trimestre. Em termos homólogos, o PIB avançou 6,9%, uma vez que no segundo trimestre de 2021 tinha crescido 11,8%.
“O Produto Interno Bruto (PIB), em termos reais, registou uma variação homóloga de 6,9% no segundo trimestre de 2022 (11,8% no trimestre anterior). Note-se que a evolução em termos homólogos reflete em parte um efeito de base, dado que no primeiro trimestre de 2021 estiveram em vigor várias medidas de combate à pandemia que condicionaram a atividade económica”, escreve o INE.
A contração de 0,2% da economia, esperada já por alguns economistas, é explicada, segundo o INE, pelo “contributo negativo da procura interna para a variação do PIB”, mais exatamente por um crescimento menos acentuado do consumo privado e do investimento.
Em sentido contrário, o contributo positivo da procura externa líquida aumentou, reflexo do “crescimento em cadeia mais acentuado das exportações de bens e serviços que o das importações”, explica a nota publicada. “No segundo trimestre, os preços implícitos nos fluxos de comércio internacional aumentaram significativamente, tendo-se registado uma maior aceleração nas exportações devido às componentes de serviços, determinando uma perda dos termos de troca menos intensa que no trimestre anterior”, especifica ainda o instituto de estatísticas.
O INE explica a revisão em baixa em uma décima no primeiro trimestre com a incorporação de mais informação sobre o comércio internacional de bens nos três primeiros meses do ano.
Esta contração no segundo trimestre, à partida, não compromete as metas de crescimento no conjunto do ano. Os economistas até lhe chamam “correção técnica”. José Miguel Moreira, o economista do gabinete de estudos económicos e financeiros do Montepio, que previa uma contração do PIB em cadeia entre -0,1% e -0,4%, estima que, na segunda metade do ano, se registem ligeiros crescimentos em cadeia e que, no total do ano, o PIB cresça entre 5,7% e 6,5%, “com o centro em 6,1%”, o que representa sempre uma aceleração face ao crescimento de 4,9% em 2021.
Também a Católica, que antecipava uma contração de 0,8% no segundo trimestre face ao anterior, espera que Portugal cresça 5,2% no conjunto do ano.
Bruxelas, a instituição internacional que publicou as previsões mais recentes para Portugal, antecipa um crescimento recorde de 6,5%, acima dos 5,8% estimados anteriormente. Em 2023, haverá um abrandamento para 1,9%, refletindo “um crescimento menor também no consumo privado e no investimento, bem como uma procura externa moderada”. Também o FMI reviu em alta as suas previsões para Portugal, depois de incorporar mais informação sobre o primeiro trimestre, e antecipa uma evolução do PIB de 5,8% este ano.
O Banco de Portugal também já tinha revisto em alta a previsão para o crescimento da economia portuguesa este ano de 4,9% para 6,3%, no boletim económico de junho. O Governo, por seu turno, está convicto que o PIB terminará o ano 0,7% acima do nível pré-Covid, apesar do impacto da guerra, sendo a previsão para o conjunto do ano do Executivo é de 4,9%, de acordo o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), um valor que ainda não foi revisto em alta, apesar de todas as instituições já o terem feito.
(Notícia atualizada pela última vez às 10h18)
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