Optivisão negocia compra de óticas no Minho e Trás-os-Montes
Marca detida pela Brodheim quer somar este ano até 8 novas lojas no Norte às 279 que tem em Portugal. Ótica já vale 30% do negócio do grupo que representa marcas de moda como Burberry, Guess ou Vans.
O grupo Brodheim está a negociar a compra de “mais seis a oito novas óticas até ao final deste ano” com o objetivo de reforçar a rede da Optivisão nas zonas do país em que “ainda [tem] falta representação”. É o caso do Minho e de Trás-os-Montes, como adianta ao ECO o administrador executivo do grupo que controla esta marca com 279 espaços comerciais espalhados pelo país.
“Não procuramos recrutar óticas pelo número de óticas. Temos um plano de expansão muito específico em que estão bem identificados [os alvos] nas várias localidades. Temos algumas ainda em aberto e estamos a trabalhar no terreno para conquistar a ótica de referência nesses locais em que ainda não estamos representados. Estas negociações demoram”, resume André Brodheim, filho do CEO Ronald e neto do fundador Erich.
Foi em 2016 que este grupo familiar criado em 1939 e sediado em Oeiras comprou as quotas que estavam espalhadas por perto de 130 acionistas da Optivisão – até sobrar apenas 3,5% do capital nas mãos de óticos fundadores. A rede é atualmente constituída por oito lojas próprias e as restantes com contrato de licença e uso de marca. Emprega mais de mil pessoas e fechou 2021 com vendas de 79,5 milhões de euros (vs. 68 milhões em 2019, antes da pandemia), reclamando 14% de quota de mercado em Portugal.
Ainda na área ótica, o grupo representa cinco marcas internacionais de armações e óculos de sol (Silhouette, Adidas eyewear, ProDesign Denmark, neubau eyewear e Face a Face Paris), que distribui a 400 clientes nacionais. Em 2021 criou uma empresa de distribuição para o mercado espanhol. Pensa levar a Optivisão para Espanha? “Neste momento, o grande objetivo é sustentar a posição e o modelo de gestão de rede em Portugal, ser diferenciador e trazer vantagens aos óticos que se associam ao grupo. Estamos concentrados neste país, ainda temos muito potencial para atingir”, responde.
No segmento da moda, no qual tem mais experiência e é mais conhecido, o grupo Brodheim é dono de uma cadeia de lojas próprias, atualmente com 68 espaços em Portugal, sendo representante exclusivo de nove marcas internacionais, como a Burberry, Tod’s, Furla, Guess, Timberland, Carolina Herrera ou Vans. Na vertente de distribuição conta com cerca de 500 clientes multimarca, a quem vende as coleções dessas e de outras insígnias de vestuário, calçado e acessórios.
Sem concretizar valores em euros, André Brodheim calcula que a ótica já vale 30% no negócio do grupo e perspetiva que vá continuar a conquistar terreno, também em termos relativos. “Não vai ganhar como nos últimos três ou quatro anos, mas vai ter mais algum crescimento. Não porque o setor da moda não evolua – temos aberto lojas e investido no fortalecimento dessa área –, mas porque o potencial que temos na área ótica tem vindo a dar volumes que faz com que ganhe peso”, contextualiza.
Faltam angolanos, chineses e russos
Se durante a pandemia as óticas conseguiram “manter-se sempre um pouco à tona da água face ao histórico”, as lojas de moda, mais dependentes das compras por impulso, sofreram mais em 2020 e 2021. Este ano está a ser de recuperação, mas reconhece que a faturação ainda vai ficar abaixo dos níveis pré-Covid. Isto porque ainda não regressou grande parte do turismo, que assegurava 40% das vendas, sobretudo nas lojas das marcas de luxo localizadas na Avenida da Liberdade (Lisboa), dos Aliados (Porto) e nos aeroportos.
Desde logo, os chineses, os angolanos e os russos. A recuperação tem sido sustentada por mais turistas de outras nacionalidades, como franceses, alemães e ingleses, além de estar a tentar captar mais consumidores nacionais para estas marcas. “E, se calhar, o cliente de luxo português também está a consumir mais em Portugal do que noutros países da Europa”, arrisca o gestor de 39 anos, formado em Marketing com pós-graduação em Gestão, que trabalhou na Havas Media, n’Os Mosqueteiros e na Sonae antes de entrar no grupo da família em 2011, assumindo a distribuição ótica.
Preocupa-nos a confiança do consumidor e o impacto que a inflação tem na carteira e no poder de compra. Vamos tentar conter ao máximo as subidas dos preços.
André Brodheim declara que o grupo não fechou nenhuma loja durante a pandemia e assegura que “continua a investir, à procura de sustentar o negócio de retalho”. “Acreditamos que toda esta situação vai estabilizar e são momentos de oportunidades que vamos aproveitando também”, acrescenta. Pelo menos enquanto não chegar a época de renovação de contratos, seja nos shoppings ou nas lojas de rua, os senhorios não têm imposto aumentos nos preços das rendas.
“O que nos preocupa mais é a confiança do consumidor e o impacto que a inflação tem na carteira e no poder de compra”, contrapõe. Como faz as compras com seis meses a um ano de antecedência, embora os custos dos transportes tenham aumentado, garante que o grupo ainda não aumentou este ano os preços dos produtos ou serviços, de forma extraordinária. E promete que vai “tentar conter ao máximo as subidas” quando “mais para o final do ano, na coleção outono-inverno e no próximo ano, tiver de fazer alterações” nas tabelas de preços.
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