Espanha diz que gasoduto não é só questão bilateral e espera debate em Bruxelas
A ministra da Transição Ecológica defende que não é uma questão estritamente bilateral entre Espanha e França e que deverá ser abordada na sexta-feira no conselho europeu de ministros da Energia.
O Governo espanhol defendeu hoje que o debate sobre o gasoduto dos Pirenéus não é uma questão estritamente bilateral entre Espanha e França e que deverá ser abordada na sexta-feira no conselho europeu de ministros da Energia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, considerou na segunda-feira desnecessárias mais interconexões para transporte de gás entre a Península Ibérica e França, ao contrário do que têm defendido Portugal, Espanha e a Comissão Europeia.
Macron argumentou com questões ambientais e considerou que, por outro lado, um projeto destes não daria a resposta imediata necessária à atual crise energética e à ameaça russa de cortar o fornecimento de gás à União Europeia (UE).
A ministra espanhola com a pasta da energia, Teresa Ribera, disse hoje que este debate não pode ficar fechado “com o pronunciamento de apenas um país” e nem pode “ficar restringido” a relações bilaterais entre dois Estados da UE.
Ribera destacou que o problema da escassez de gás “provavelmente se vai prolongar para além deste inverno”, para o qual os países da União Europeia estão a fazer reservas de gás, e que são precisas respostas “de médio prazo”, a pensar no inverno seguinte, quando já não houver armazenamento.
Além disso, acrescentou, o gasoduto previsto para os Pirenéus é uma infraestrutura pensada também para o futuro “corredor de hidrogénio” e não apenas para o transporte de gás.
Ribera, que falava numa entrevista na rádio espanhola Onda Cero, disse que provavelmente esta questão será abordada na reunião de ministros de Energia da UE da próxima sexta-feira.
Na segunda-feira, Macron disse não ver provas evidentes da necessidade de um novo gasoduto entre a França e a Espanha e defendeu uma estratégia de compra comum de energia na Europa.
“Precisamos de mais interligação elétrica. Mas não estou convencido de que necessitemos de mais interligação de gás, cujas consequências, em particular no ambiente, e em particular no ecossistema, são mais importantes. (…) Não há prova da sua necessidade”, defendeu.
Macron mostrou-se “a favor de práticas de compras comuns de gás” na Europa, dizendo que os países devem comprar “mais barato”, além de procurarem limitar o preço do gás russo entregue através de gasodutos.
O Presidente francês falava durante uma conferência de imprensa, após uma reunião com o chanceler alemão, Olaf Scholz, que defendeu no mês passado a construção de um gasoduto pan-europeu que ligue a Península Ibérica, desde Portugal, à Alemanha.
Para Scholz, atendendo a infraestruturas existentes na Península Ibérica, esta seria uma forma de abastecer de gás países da Europa central a partir de origens diferentes da Rússia, que ameaça cortar o fornecimento à UE por causa das sanções que foram impostas a Moscovo na sequência da invasão da Ucrânia.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reiterou na semana passada, durante uma visita à Alemanha, que Portugal e Espanha pedem há anos que se acelerem as ligações para transporte de energia entre a Península Ibérica e o resto da Europa e que se o projeto do gasoduto dos Pirenéus “não se desenvolver ao ritmo adequado”, por obstáculos colocados por França, a própria UE definiu “outra possibilidade”, que é a de uma ligação com Itália.
A Península Ibérica, por falta de ligações para transporte de energia ao resto da Europa, funciona como uma “ilha energética” e tanto Portugal como Espanha fizeram investimentos nesta área que criaram infraestruturas que agora poderiam ser usadas para fornecer outros países europeus.
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