Exclusivo Efacec tem prejuízos de 55 milhões e está em falência técnica
A situação operacional da Efacec degradou-se no primeiro semestre deste ano. Vendas caíram para 80 milhões e empresa aguarda decisão de Bruxelas sobre reprivatização.
A Efacec já apurou as contas do primeiro semestre de 2022. Nos primeiros seis meses do ano, registou um prejuízo líquido consolidado de 55 milhões de euros, uma degradação acelerada das contas em comparação com os resultados do mesmo período de 2021, quanto tinha apresentado um prejuízo de 15 milhões. De acordo com os números a que o ECO teve acesso, a Efacec estava mesmo, no final de junho, em situação de falência técnica, com o capital próprio negativo em 54 milhões de euros.
A atividade operacional degradou-se de forma acelerada. O resultado operacional no primeiro semestre do ano foi negativo, em 52,9 milhões de euros, quando em junho de 2021 a Efacec tinha registado um prejuízo operacional de cerca de nove milhões. As vendas da Efacec quedaram-se, nestes primeiros seis meses, pelos 80 milhões de euros, menos 53 milhões do que as vendas obtidas no mesmo período do ano passado. E a dívida (corrente e não corrente) já ultrapassa os 220 milhões, além de passivo relativo a fornecedores, da ordem dos 83 milhões de euros. Contactada pelo ECO, a Efacec escusou-se a fazer quaisquer comentários aos resultados dos primeiros seis meses do ano.
A Efacec, recorde-se, está num processo de reprivatização que se arrasta desde 2 de julho de 2020, data em que o Governo nacionalizou 71,73% da companhia industrial. Logo nessa altura, o Governo e o então ministro Pedro Siza Vieira garantiam que a posição acionista pública era transitória, e servia para a estabilidade financeira e comercial da empresa. Depois de um concurso, a venda à construtora DST foi assinada formalmente a 25 de março, apesar da decisão de entregar a empresa à construtora ter sido tomada um mês antes (24 de fevereiro). E o Banco de Fomento é uma peça-chave para a viabilização do negócio. O Banco de Fomento concederá um empréstimo de 100 milhões de euros a 20 anos, com uma taxa de 1,5%, e possibilidade de transformação em capital. Além disso, injetará já 60 milhões no capital da empresa, mas é mesmo o contorno destas operações que poderá pôr em causa o negócio.
A conclusão da operação depende de várias condições precedentes, nomeadamente de autorizações da Comissão Europeia, que ainda estão por cumprir. E, segundo a gestão executiva da Efacec, liderada por Ângelo Ramalho, este é um dos argumentos que justifica os resultados. “A atividade registada na atividade da empresa nos dois últimos exercícios incapacitou a empresa de cumprir os rácios de Dívida Financeira Líquida/EBITDA que constam dos contratos de financiamento [empréstimos sindicados de 2020 e 2021 e empréstimo obrigacionista de 2019]”, lê-se nas contas deste semestre. Assim, Ramalho explicita que “a impossibilidade de obtenção de apoios à atividade das empresas do grupo, nomeadamente no que se refere a instrumentos de TradeFinance, tem impedido a obtenção de encomendas e a execução de entrega de projetos“.
A Efacec corre assim contra o tempo, enquanto o processo de venda continua em negociação em Bruxelas, na Direção-Geral da Concorrência. Especialmente porque, como o ECO já revelou, “em nenhuma circunstância [a DST] aceitará participar numa transação que configure auxílios do Estado”. No passado dia 7 de setembro, o secretário de Estado que acompanha o processo, João Nuno Mendes, garantia que as negociações em Bruxelas estavam a caminho do fim. “Nas próximas semanas deverá haver uma resposta da Comissão”, disse ao ECO João Nuno Mendes, mas até ao momento ainda não há decisões.
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