Há mais 38.136 casos e 33 mortes por Covid em Portugal

O boletim divulgado este sábado pela DGS identifica mais 38.136 infeções e 33 óbitos por Covid-19 no país. Sobe o número de internamentos.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou 38.136 novos casos de Covid-19, o que eleva o número total de infetados desde o início da pandemia para 1.852.703. O boletim deste sábado indica ainda que, nas últimas 24 horas, morreram 33 pessoas com esta doença.

O número de novas infeções desacelera depois de três dias consecutivos acima dos 40 mil casos por Covid, mas a evidenciar um cenário de estabilização, o que leva os especialistas a questionar se o país não terá já atingido o pico desta quinta vaga. Nas últimas 24 horas houve 28.067 recuperados, subsistindo 309.633 casos ativos.

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado no sábado pela DGS, o número de internamentos por Covid-19 nos hospitais portugueses aumentou para 1.733, mais 34 no espaço de 24 horas, dos quais 163 (+1) em unidades de cuidados intensivos (UCI).

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) calcula que “na semana de 30 de janeiro estaremos próximos ou a atingir o máximo de camas em enfermaria e em UCI”. “Os nossos cenários projetavam máximos em enfermaria que podem variar entre 1.300 e 3.700 e em UCI entre 184 a 453”, completa o investigador, Baltazar Nunes.

Nas últimas 24 horas, a região Norte concentrou o maior número de novos casos identificados (14.899), acima de Lisboa e Vale do Tejo (13.585). Seguiram-se o Centro (4.649), o Alentejo (1.224) e o Algarve (1.219). Por outro lado, foi a zona da capital que registou o maior número de óbitos (14) em relação ao último balanço diário, mais duas do que no Norte do país.

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Como é que Costa governa “à Guterres”? E se for com o PAN?

Se houver governação "à Guterres", Costa, Marcelo e Rio voltam a negociar Orçamentos, como há duas décadas. Mas o PS tem preferência pela "eco-geringonça" sugerida pelo Livre, com o PAN.

Passaram-se duas décadas entre o “guterrismo” e o “costismo”, mas algumas das figuras da política nacional repetem-se. Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Rui Rio podem voltar a estar no centro da política em Portugal, mas em diferentes papéis. Em causa está a governabilidade do país no pós-eleições de 30 de janeiro e a hipótese de avançar a solução que, há 20 anos, levou ao “pântano político” anunciado pelo então primeiro-ministro António Guterres. Há menos de um ano, o Presidente da República dizia que queria garantir a “estabilidade sem pântano”.

Foi no debate de quinta-feira com o líder do PSD que António Costa admitiu pela primeira vez, de forma explícita, que poderá governar “à Guterres”, após enterrar a possibilidade de reeditar a geringonça com PCP e Bloco de Esquerda. Mas o que significa isto? “Teremos de conversar com os partidos na Assembleia da República num modelo clássico, diploma a diploma“, concretizou o secretário-geral socialista, admitindo este foi um período “difícil” e que “levava mais tempo” a aprovar as propostas do Governo.

E falou com propriedade, uma vez que no primeiro Governo de Guterres foi secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares — curiosamente este foi, durante a geringonça, o cargo ocupado por Pedro Nuno Santos, o nome mais apontado para o suceder na liderança do PS no caso de sair derrotado nas eleições — e depois ministro da Presidência. Ou seja, Costa esteve no centro das negociações orçamentais (e não só) entre o PS e o PSD que na altura era liderado por… Marcelo Rebelo de Sousa (presidente do PSD entre 1996 e 1999).

O atual Presidente da República falou dessa época recente numa entrevista ao Público sobre o guterrismo. Relembrou que “no seu primeiro mandato, [Guterres] tivera três orçamentos viabilizados por [si] e pelo PSD”. Mas havia uma “cola” nessa altura: Portugal estava prestes a entrar no Euro e era preciso cumprir uma série de requisitos económicos para não falhar, existindo até um acordo entre os dois principais partidos sobre essa prioridade. Agora, nem o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a chamada “bazuca” para combater a crise pandémica, foi negociado entre os dois partidos.

Durante o primeiro mandato do atual secretário-geral da ONU, um dos interlocutores de Costa, enquanto ministro dos Assuntos Parlamentares, era Luís Marques Mendes. Aquele que é atualmente o comentador televisivo com mais influência, era então o líder do grupo parlamentar do PSD. Porém, era Rui Rio quem assumia o papel de porta-voz dos social-democratas para a economia, pelo que o agora candidato a primeiro-ministro estava presente nas negociações orçamentais na Assembleia da República (onde também estava Manuela Ferreira Leite, apoiante de Rio). Do lado do PS estava Jorge Lacão, que era líder parlamentar e que não se recandidata nestas eleições — disse recentemente que o PS “não deve criar obstáculos” a um governo minoritário do PSD. O ECO tentou contactá-lo, sem sucesso.

Já Marques Mendes, em declarações ao ECO, recorda que governar à Guterres significa negociar “à peça” e governar com “geometria variável”, algo que tem “quase nenhumas vantagens” e “bastantes fragilidades”. “Uma governação desta natureza dá incoerência na governação, cria impasses e, na prática, tudo o que é importante — reformas — não se faz”, prevê. Classificou ainda a governação de Guterres como um “desastre” que deixou um “passivo brutal” no país, apesar de reconhecer qualidades ao líder dos socialistas no final dos anos 1990.

Duas décadas depois, Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto Presidente da República, poderá agora ser o mediador de uma governação minoritária do PS com negociações pontuais e de índole parlamentarcom o PSD de Rui Rio. O social-democrata já tinha dito que estava disponível para um acordo de quatro anos com uma avaliação dois anos depois, mas Costa só abriu a porta à negociação à vista. Ao mesmo tempo, o atual primeiro-ministro deixou na mesa a possibilidade de negociar com outros partidos — principalmente o PAN e o Livre –, consoante o resultado das eleições.

Também no Governo de Guterres não se fechou as portas ao CDS — que agora não tem abertura para algo semelhante –, com os centristas a viabilizarem o primeiro Orçamento (1996). Foi também nesses anos que ficou para a história o famoso “Orçamento limiano”: o deputado Daniel Campelo, do mesmo partido, viabilizou o Orçamento do Estado para 2001 e 2002, em troca de investimentos para Viana de Castelo e Ponte de Lima. Mais recentemente, os deputados do PSD da Madeira, apesar de terem depois recuado, admitiram viabilizar Orçamentos do PS, em troca de conquistas para o arquipélago. Outra das possibilidades que pode ser explorada por Costa no pós-eleições.

Evitar o pântano. Como?

Na mesma entrevista ao Público, Marcelo contextualiza a expressão “pântano”, que utilizou em março de 2021, quase antevendo o chumbo do Orçamento do Estado para 2022 e a queda do Governo. “A expressão resultava em primeiro lugar da falta de uma maioria […], significava que deixara de ter condições para governar“, explicou o atual chefe de Estado, aludindo depois à queda da ponte de Entre-os-Rios, que “foi o começo do fim do seu Governo”, e à derrota dos socialistas nas autárquicas de 2001. Uma das surpresas dessa noite eleitoral foi a derrota de Fernando Gomes no Porto contra… Rui Rio.

Antes da pandemia, no início do segundo mandato, António Costa, também a liderar um Governo minoritário, fez questão de assinalar que “[aquele] Governo é para quatro anos e [consigo] não há pântanos”. Neste caso, não foram as autárquicas (nas quais o PS perdeu Lisboa, Coimbra, Funchal e outros municípios), mas o chumbo do Orçamento a ditar a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas. As sondagens sugerem que o ato eleitoral não vai resolver taxativamente o impasse e os portugueses não darão a almejada maioria absoluta ao PS.

Marcelo também já tinha antecipado esse cenário. Se os portugueses não dão maioria clara a ninguém, será um berbicacho para o Presidente, confessou no início de 2021, prevendo um possível cenário de impasse em que nem à esquerda, nem à direita há condições para ter um Governo maioritário ou minoritário com apoio parlamentar — exatamente o que se prevê que aconteça agora em 2022. A questão que paira no ar é se a governação “à Guterres” não levará ao mesmo “pântano” e ao “ciclo de dois anos”, em vez de ciclos estáveis que quer o Presidente da República. Que estará no cargo até 2026, durante toda a próxima legislatura.

Marques Mendes, que é conselheiro de Estado, antecipa essa instabilidade. Com a agravante de que Costa tem um “desgaste acumulado”, na comparação com Guterres, que começou o seu mandato logo a negociar à peça. O comentador prevê que, quer ganhe o PS ou o PSD, ambos irão viabilizar os dois primeiros orçamentos (OE2022 e OE2023) — até porque Rio “não é muito exigente nas negociações”. Mas ao terceiro Orçamento já duvida que cheguem; e ao quarto diploma acha mesmo que há uma rotura e novas eleições. Já a hipótese de um Governo do PS apoiado pelo PAN classifica como “impossível”, crendo que não terão os deputados suficientes.

Uma eco-geringonça a caminho?

Mas essa é uma possibilidade que Costa não descarta e que já tinha sido admitida por Augusto Santos Silva. Sem maioria absoluta, a segunda hipótese lançada pelo ainda primeiro-ministro foi uma coligação pós-eleitoral com o PAN. E tem razões para acreditar nela, a crer na última sondagem do Público. O socialista diz que é preciso “esperar” pelos resultados para se conhecer a representação parlamentar do partido Pessoas, Animais e Natureza, que em 2019 conseguiu eleger quatro deputados. A repetir esse resultado, tal pode ser suficiente para uma maioria no Parlamento, isto caso o PS fique perto desse patamar.

Ao PAN e ao PS pode juntar-se o Livre. Rui Tavares, que deverá ser eleito em Lisboa, segundo as sondagens, fez essa sugestão. E apelidou-a até de “eco-geringonça”, incluindo também o PEV na fórmula política. “Caso se mantenha esta situação de alguma intransigência entre uma esquerda que devia ser da convergência, há também outras soluções. Não está excluído, por exemplo, que possa haver uma maioria parlamentar que seja com o Livre, PAN e eventualmente até com o PEV, que já algumas vezes votou de maneira diferente do PCP no Orçamento. A isso nós poderíamos chamar uma ‘eco-geringonça’”, afirmou recentemente o ex-eurodeputado.

Inês Sousa Real, líder parlamentar do PAN, em entrevista ao ECO - 28SET20
Inês de Sousa Real lidera o PANHugo Amaral/ECO

Neste cenário, o Governo PS teria parceiros parlamentares (ou até de Governo) com uma expressão eleitoral significativamente inferior à do Bloco e à do PCP, o que poderá resultar em diferentes equilíbrios de poder. O PAN já assumiu a ambição de chegar ao Governo e ter funções executivas, sugerindo a criação de um Ministério da Economia e das Alterações Climáticas e um Ministério do Ambiente, da Biodiversidade e da Proteção Animal. Mas não se sabe quais seriam as linhas vermelhas do partido em termos de políticas ou até que ponto terá votos para o exigir a Costa.

Reagindo às declarações do líder do PS no debate, Inês Sousa Real não se comprometeu. “Até ao dia 30 não vamos fazer futurologia, no dia 30 vamos perceber qual o resultado eleitoral, quais os compromissos que os partidos estão a fazer. No dia 30 não faltaremos ao país, da mesma maneira que não faltámos no Orçamento do Estado“, afirmou, citada pela Lusa, argumentando que “o país não queria uma crise política por cima de uma crise económica”.

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Comunistas acusam PS de “apropriar-se” das propostas do PCP

João Oliveira, que está a substituir Jerónimo de Sousa na primeira parte da campanha eleitoral para as legislativas, atacou ainda os socialistas por terem empurrado o país para eleições.

O dirigente comunista João Oliveira acusou este sábado o PS de estar a apropriar-se das propostas apresentadas pelo PCP na Assembleia da República e de as incluir na propaganda eleitoral como conquistas socialistas.

Em Montemor-o-Novo e a um dia do arranque oficial da campanha para as eleições legislativas, João Oliveira, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, recorreu a uma expressão popular para apontar o dedo ao PS: “Em tempo de campanha eleitoral parece que somos todos pardos, como os gatos à noite”.

“O PS, que durante seis anos teve uma ação de resistência, de recusa e de entrave a todas as medidas positivas que nós apresentámos e que deviam ser concretizadas, agora tenta apropriar-se da autoria dessas mesmas medidas positivas como se elas resultassem da sua ação”, sustentou João Oliveira, que é cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral de Évora, notando que essas propostas são fruto “da persistência” do PCP e do PEV.

Em tempo de campanha eleitoral parece que somos todos pardos, como os gatos à noite.

João Oliveira

Dirigente do PCP

Sem arredar pé das críticas, João Oliveira reforçou que PS, PSD, CDS-PP, Chega e IL são apenas “forças de oposição” a todas as soluções para os problemas do país. “Agora falam delas [das propostas] e algumas delas introduzem-nas nos próprios programas eleitorais. Como se alguém pudesse levar a sério aquilo que agora alguém diz exatamente ao contrário daquilo que acabou de fazer, chumbando as medidas que agora diz defender”, completou.

O também líder parlamentar do PCP disse ainda que o PS “fez mal em forçar a queda do Governo, em forçar a dissolução da Assembleia da República” e em empurrar o país para eleições antecipadas.

Apoio na rua para suceder a Jerónimo

No final da sessão pública, que se realizou em frente o mercado municipal de Montemor-o-Novo, João Oliveira foi cumprimentado os populares que pararam para o escutar, através de uma demonstração de afeto que fazia lembrar a postura a que Jerónimo de Sousa habituou os portugueses.

O dirigente comunista encontrou uma mulher com quem já tinha conversado sobre as dificuldades no acesso ao emprego. Questionada sobre se gostava de ver João Oliveira como próximo secretário-geral do PCP, não escondeu a preferência pelo ‘número um’ por Évora: “Mas eu sou suspeita… Não sou militante, mas sou simpatizante da CDU”.

Os dirigentes comunistas João Ferreira e João Oliveira estão a substituir provisoriamente o secretário-geral do PCP na campanha para as eleições legislativas, enquanto Jerónimo de Sousa recupera de uma operação de urgência à carótida interna esquerda a que foi submetido na quinta-feira.

Nas legislativas de 2019, a Coligação Democrática Unitária (CDU) – que integra o PCP, o PEV e a Associação Intervenção Democrática – elegeu 12 deputados (dez do PCP e dois do PEV) e obteve 6,33% dos votos, ou seja, 332.473 votos (de um total de 5.251.064 votantes), menos 113.507 do que em 2015, de acordo com o Ministério da Administração Interna (MAI).

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Advogada de Rendeiro opõe-se à ajuda de magistrados portugueses

  • Lusa e ECO
  • 15 Janeiro 2022

A Procuradoria-Geral da República pondera enviar uma equipa para auxiliar as autoridades sul-africanas na extradição do ex-presidente do BPP, que June Marks promete contestar.

A advogada de João Rendeiro promete opor-se à ajuda de uma equipa de magistrados do Ministério Público, cujo envio para Durban está a ser ponderado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), às autoridades sul-africanas na extradição do ex-presidente do BPP.

Em declarações à Lusa, June Marks defendeu que a National Prosecuting Authority (NPA), o ministério público sul-africano, “não pode procurar assistência externa”, sublinhando que tem de ser “independente”. Questionada se admite a apresentação de um requerimento a contestar o apoio dos magistrados portugueses no terreno, a advogada deixou uma garantia.

“Faremos tal requerimento. Opor-nos-emos a quaisquer ações ilegais e inconstitucionais, incluindo tentativas de usurpar a função da NPA. Como ainda não fomos formalmente informados, não recebi instruções completas. As minhas instruções são para me opor a tentativas inconstitucionais e ilegais de afetar o processo. É uma decisão legal e, se necessário, o cliente assinará o requerimento requerido”, explicou.

Paralelamente, June Marks adiantou que os magistrados portugueses não poderão estar em tribunal se forem indicados como testemunhas, lembrando que o NPA “sugeriu anteriormente chamá-los a depor”.

O Expresso avançou na sexta-feira que a PGR já teria escolhido os representantes para enviar à África do Sul, indicando os nomes do procurador José Góis e da diretora do Departamento de Cooperação Internacional, Joana Gomes Ferreira. Confrontada pela Lusa, a PGR recusou fazer mais comentários além da admissão de estar a ponderar o envio de uma delegação.

A advogada sul-africana admitiu ainda estar a procurar mais informações neste âmbito e a “estudar a melhor abordagem”. Contudo, mostrou não ter dúvidas sobre a estratégia para o processo de extradição do antigo banqueiro. “As minhas instruções são para me opor à extradição, até utilizar o nosso tribunal constitucional”, garantiu, sem deixar de notar que o processo “demorará anos”, face à possibilidade de “múltiplos recursos” disponíveis.

Sobre o pedido formal de extradição que foi recebido na quarta-feira pelas autoridades sul-africanas, através de via diplomática, June Marks reconheceu ainda não ter tido acesso ao mesmo e que irá solicitá-lo “na próxima semana” ao NPA. Já em relação à audiência agendada para 21 de janeiro, a mandatária de João Rendeiro antecipou mais uma sessão breve e na qual será decidido um novo adiamento, a fim de dar tempo ao estudo da documentação.

“Nada de especial irá acontecer a 21 de janeiro. Vamos pedir adiamento para analisar os documentos e prepararmo-nos”, referiu, esclarecendo que não deverá estar presente nessa sessão, mas apenas nas audiências seguintes: “Assumirei o controlo após este adiamento”.

“Problema de preocupação” preocupa defesa

June Marks expressou ainda preocupação com o estado de saúde do antigo presidente do BPP, sublinhando, inclusive, que essa é atualmente a sua “maior preocupação” em relação ao caso. “Ele tem um problema de coração. O magistrado simplesmente assumiu que é saudável e nunca se preocupou em inquirir, deveria ter perguntado sobre a sua saúde antes de assumir que estava saudável”, notou, em alusão ao juiz Rajesh Parshotam, do tribunal de Verulam, concluindo: “No recurso, argumentaremos que deveria ter perguntado e não assumido”.

Em declarações à CNN, a advogada referiu que Rendeiro já foi observado pelo médico da prisão onde está detido, que terá ficado “preocupado que as condições na prisão e a tuberculose prevalente nas cadeias de África do Sul possam piorá-lo”. June Marks lembra que o ex-banqueiro partilha cela com 50 pessoas e quer que seja visto por um cardiologista.

Provado desfalque de 13,6 milhões

Detido em 11 de dezembro na cidade de Durban, após quase três meses fugido à justiça portuguesa, João Rendeiro foi presente ao juiz Rajesh Parshotam, do tribunal de Verulam, que lhe decretou no dia 17 de dezembro a medida de coação mais gravosa, colocando-o em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Westville.

O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já transitou em julgado e não admite mais recursos, com João Rendeiro a ter de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.

João Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado. O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.

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IRS anula aumentos automáticos da pensão a perto de 23 mil reformados

  • ECO
  • 15 Janeiro 2022

Nas pensões próximas dos valores limites dos escalões do IRS, a atualização até 1% à boleia da inflação aumentou os descontos a milhares de pensionistas, que receberem um valor inferior em janeiro.

Cerca de 1% do universo de 2,3 milhões de reformados e de 2,8 milhões de pensões, que correspondem àquelas que estão nos limites dos escalões do IRS, terão recebido em janeiro uma reforma de valor inferior à que recebiam no ano passado, apesar dos aumentos automáticos até 1% à boleia da inflação.

A situação é relatada pelo JN (acesso pago) na edição de sábado. Fonte oficial do Ministério do Trabalho e da Segurança Social (MTSS) explica que “as tabelas de retenção foram atualizadas para refletir os aumentos, mas podem existir situações em que as pensões estão nos valores limites dos escalões do IRS, o que, com o aumento, pode levar à alteração do escalão da taxa de retenção e dar origem a um maior aumento do valor do imposto retido”.

O ano de 2022 poderia ser o sexto consecutivo em que as pensões mais baixas beneficiariam de um aumento extraordinário, mas o chumbo da proposta de Orçamento do Estado levou o Governo a deixar cair essa medida. Com base na evolução da economia nacional e do Índice de Preços no Consumidor (IPC), as pensões até 886 euros foram atualizadas em 1%, entre 886 euros e 2.569 euros subiram 0,49% e acima de 2.569 euros cresceram 0,24%.

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Até 720 mil pessoas podem estar em isolamento no dia das eleições

  • Lusa
  • 15 Janeiro 2022

Cenários traçados pelo Instituto Ricardo Jorge indicam que 3% a 7% da população pode estar em isolamento a 30 de janeiro. Vacinação de reforço e das crianças vai determinar evolução epidemiológica.

Entre 3% e 7% dos portugueses poderão estar em isolamento devido à pandemia de Covid-19 no dia das eleições legislativas, altura em que a incidência de infeções deverá estar mais baixa, indicam os cenários do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

“Relativamente aos indivíduos em isolamento ou quarentena, a verificarem-se os cenários traçados, já deveremos estar em fase descendente nessa altura e, de acordo com as nossas simulações, esse valor a 30 de janeiro poderá estar entre 3% a 7% da população”, adiantou à Lusa Baltazar Nunes, investigador do INSA.

Segundo o responsável pela Unidade de Investigação Epidemiológica do INSA, se o máximo tiver sido alcançado nos últimos dias e o país não ultrapassar os 40 mil a 50 mil casos diários, o cenário para o final do mês é de que o número de isolamentos estará “mais próximo dos 3% do que dos 7%”.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a população residente em Portugal é de cerca de 10,3 milhões de pessoas, o que quer dizer que poderão estar isoladas ou em quarentena no dia das eleições entre cerca de 310 mil e 720 mil pessoas.

Relativamente aos indivíduos em isolamento ou quarentena, a verificarem-se os cenários traçados, já deveremos estar em fase descendente [no dia das eleições].

Baltazar Nunes

Investigador do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA)

Baltazar Nunes salientou ainda que a situação epidemiológica a 30 de janeiro, dia em que os portugueses são chamados a eleger os 230 deputados, será, em grande parte, determinada pela eficácia das medidas de contenção implementadas durante a última semana de dezembro e as primeiras de janeiro deste ano.

Além disso, a situação da pandemia no final do mês depende do desenrolar da vacinação de reforço e das crianças dos 5 aos 11 anos, adiantou o especialista, ao avançar que, “quanto maior for a cobertura vacinal destes grupos, melhor será a situação epidemiológica a 30 de janeiro”.

 

De acordo com investigador do INSA, a incidência de infeções deverá começar o seu “processo descendente nas próximas semanas” e, caso se verifiquem os cenários previstos, no dia das legislativas é provável que o país esteja “com níveis de incidência acumulada mais baixos do que os atuais e que o índice de transmissibilidade (Rt) esteja abaixo ou perto de 1”.

Segundo avançou a Direção-Geral da Saúde na sexta-feira, a incidência por 100 mil habitantes está nos 3.813,6 a nível nacional e o Rt – que estima o número de casos secundários de infeção resultantes de cada pessoa portadora do vírus – registou uma descida, passando para 1,19.

Cuidados intensivos no máximo na primeira quinzena de fevereiro

Relativamente à pressão sobre os serviços de saúde, que tem aumentado gradualmente nos últimos dias, Baltazar Nunes adiantou que, também de acordo com os cenários, o máximo de ocupação de camas em unidades de cuidados intensivos (UCI) será registado entre a primeira e a segunda semana de fevereiro.

“Se os cenários delineados se verificarem, na semana de 30 de janeiro, estaremos próximos ou a atingir o máximo de camas em enfermaria e em unidades de cuidados intensivos. Os nossos cenários projetavam máximos em enfermaria que podem variar entre 1.300 e 3.700 e em UCI entre 184 a 453”.

Na sexta-feira, 1.699 doentes com covid-19 estavam internados em enfermaria e 162 nas unidades de cuidados intensivos dos hospitais de Portugal continental. Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.237 pessoas e foram contabilizados 1.814.567 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.

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Teixeira dos Santos não vê “grande margem de manobra” para descer impostos

  • Lusa
  • 15 Janeiro 2022

O ex-ministro das Finanças de Sócrates entende que repor o equilíbrio orçamental deve ser a prioridade e calcula que são precisos mais de 290 anos para Portugal igualar a produtividade da zona euro.

Fernando Teixeira dos Santos defende que o país não tem “grande margem de manobra” para descer a carga fiscal, defendendo que repor o equilíbrio orçamental deve ser a prioridade. “Não vejo grande margem de manobra para descidas de impostos e vejo também necessidade de haver alguma prudência nesse domínio”, disse em entrevista à Lusa.

Quando questionado sobre se uma redução dos impostos nos próximos três a quatro anos seria possível, Teixeira dos Santos afirmou não ver “grande margem de manobra”, porque o país atingiu “em 2019 uma situação de equilíbrio orçamental, que, entretanto, se desfez por causa das consequências que a pandemia teve sobre a economia e também sobre as finanças públicas”.

O ex-governante defendeu ser importante melhorar o desempenho orçamental “para criar condições para que isso seja possível”, considerando que uma redução da carga fiscal “é bom para o investimento e para o trabalho dos portugueses”.

“Acho que a prioridade que temos que ter é a de repor esse equilíbrio orçamental. É importante que o equilíbrio orçamental seja reposto. Primeiro para assegurar que a poupança suficiente para o investimento na economia e segundo para assegurar condições de estabilidade financeira ao país”, justificou.

Em entrevista à Lusa, a propósito do lançamento do livro “Mudam-se os tempos, mantêm-se os desafios”, publicado pela Bertrand Editora, o antigo governante recordou a crise financeira que levou a intervenção da troika para defender que “ficou bem evidente a influência e a importância que a situação das finanças públicas tem no domínio financeiro e na estabilidade financeira do país”.

“É importante, principalmente, adotar políticas que fomentem o crescimento económico, porque se a economia crescer melhoramos a cobrança fiscal e melhorando a cobrança fiscal, então, aí sim podemos ganhar esse espaço necessário para a redução dos impostos”, disse.

No entanto, destacou também a Teixeira dos Santos diz . “É preciso que as pessoas possam saber com o que contar nesse domínio. Isso é muito importante para tomar decisões. Tem que se saber o que se pode esperar no futuro em termos dos encargos que vai ter que suportar com o Estado a este nível. Isto é fundamental”, disse.

Mais de 290 anos para igualar produtividade da zona euro

Fernando Teixeira dos Santos, que foi ministro das Finanças entre 2005 e 2011, tendo sido o responsável pelo pedido de ajuda externa de Portugal, estima ainda que, mantendo as atuais condições, Portugal precisa de mais de 290 anos para igualar a média de produtividade da zona euro.

O homem que presidiu à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) entre 2000 e 2005 e que entre 2016 e 2020 liderou a comissão executiva do Eurobic assinalou ainda que “não há possibilidade” de melhorar o nível de vida dos portugueses se não melhorar a produtividade. “Não há outra via, não há outro caminho. Não tenhamos ilusões quanto a isto”, defendeu.

“A correlação entre o nosso rendimento real e a produtividade é da ordem dos 98%/99%. Uma coisa anda a par da outra. Se o país quer melhorar o seu bem-estar, o seu nível de vida tem que melhorar a produtividade. Isto é um grande desafio a todos nós: ao Estado, às famílias, aos trabalhadores, aos empresários, a todos nós. É este o desafio que o país tem de enfrentar e, no meu entender, dar-lhe uma grande prioridade”, sublinhou.

Numa simulação integrada no livro que será lançado, respetivamente, em Lisboa e no Porto, em 19 e 20 de janeiro, Teixeira dos Santos calcula que, se se mantiverem as taxas de crescimento da produtividade em Portugal e na zona euro, serão necessários 45 anos para que o país atinja 60% da produtividade média dos países da moeda única e 154 anos para atingir os 75%.

Os cálculos têm como níveis de partida a média do nível de produtividade observada entre 2015 e 2019, recordando que a produtividade do trabalho em Portugal representa cerca de 54% da média da zona euro e o seu crescimento médio anual entre 1999 e 2019 foi de 0,93%, superior ao valor médio registado nos países da moeda única, de 0,72% ao ano.

Há pouco capital por trabalhador. Portanto os trabalhadores também não podem ser muito produtivos se não têm esses equipamentos, essas ferramentas, essas infraestruturas a apoiar o esforço produtivo.

Fernando Teixeira dos Santos

Economista

Teixeira dos Santos assinalou à Lusa que as taxas de crescimento da produtividade na última década são “muito baixas”, argumentando que “a crescer a esta média o progresso da produtividade é muito lento”. É que “à medida que nós progredimos, a zona euro também progride – pouco como nós, mas também progride”, explicou. “Estamos a perseguir um alvo que está em movimento e vai demorar muito tempo a apanhá-lo”, frisou.

O ex-governante salientou que o país tem um baixo coeficiente de capital e trabalho. “Há pouco capital por trabalhador. Portanto os trabalhadores também não podem ser muito produtivos se não têm esses equipamentos, essas ferramentas, essas infraestruturas a apoiar o esforço produtivo. Isso tem a ver com um baixo nível de investimento na economia portuguesa, que faz com que o stock de capital da economia seja reduzido”, disse. Destacou, neste sentido, que historicamente o stock de capital tende a aumentar, mas em Portugal “nos últimos anos está a diminuir, o que compromete o crescimento e a produtividade”.

De acordo com os cálculos do antigo ministro de Estado e das Finanças, inscritos no livro, se por exemplo, a produtividade de Portugal crescer, em média 2% ao ano, o país atingirá “60% da média europeia no final da década e demorará quase meio século a igualá-la”.

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Costa critica “aventura fiscal” da IL, Cotrim Figueiredo responde que “não compensa trabalhar para subir na vida”

António Costa classifica o programa da Iniciativa Liberal como uma "aventura fiscal". João Cotrim de Figueiredo promete que "políticas liberais vão ter resultados diferentes".

Socialistas contra liberais dão posições claramente opostas. António Costa afirma que o programa da Iniciativa Liberal (IL) é uma “aventura fiscal”, mas João Cotrim de Figueiredo não poupa nas críticas ao PS e diz que, em Portugal, “não compensa trabalhar para subir na vida”. No debate televisivo desta sexta-feira, no âmbito das legislativas de 30 de janeiro, os dois líderes políticos falaram do crescimento económico, da Segurança Social, dos jovens e ainda da semana de quatro dias de trabalho.

“O país não tem crescido de forma satisfatória.” Foi assim que João Cotrim de Figueiredo deu o pontapé de partida no debate desta sexta-feira, no âmbito das eleições. “Armado de slides” — como atirou Costa entre risos, referindo-se aos documentos que o opositor desta noite trazia — o líder da IL afirmou que “há 11 países a crescer mais do que Portugal” e que o crescimento do país “corresponde a uma estagnação”.

António Costa recusou essas teorias. “Nos primeiros quatro anos [do Governo PS], Portugal cresceu sete vezes mais do que nos 15 anos anteriores”, disse, afirmando que “isso é virar a página da estagnação”. Mas o líder socialista foi mais longe e afirmou que “Portugal não se limitou a crescer” — “cresceu bem”. “Temos de nos comparar com países à nossa frente, de quem nos queremos aproximar.”

Mas o socialista notou que “a ambição não se deve dar por satisfeita” e que “é preciso avançar e crescer mais”. Para isso, apontou, “a receita” são dois “fatores fundamentais do crescimento moderno”: qualificações e inovação.

Do IRS à Segurança Social

João Cotrim de Figueiredo aproveitou o tópico das qualificações para referir “as dezenas de milhares de jovens” que emigram e “os vários setores com falta de mão-de-obra”. “Qualificações estamos a criá-las, mas não a aproveitá-las”, afirmou. Costa respondeu com o IRS Jovem e isto foi o trampolim para a discussão à volta de ideias mais concretas de cada um dos partidos.

O PS quer aumentar o número de escalões de IRS de sete para nove. A Iniciativa Liberal propõe uma taxa única de 15%, “com uma fase intermédia de duas taxas”. “É absolutamente normal”, diz João Cotrim de Figueiredo, recorrendo aos “slides” para afirmar que só um país na Europa tem tantos escalões de IRS. Aqui, apontou: “Não compensa trabalhar para subir na vida em Portugal.”

A Segurança Social foi o tema seguinte. António Costa diz que a IL defende que, “pelo menos metade dos descontos para a Segurança Social deve ser atribuída ao modelo de capitalização”, ou seja, “investida em bolsa”. “Isso deixa completamente desprotegidas as poupanças” dos portugueses, disse, tal como já tinha referido em debates anteriores.

O líder liberal defendeu-se, afirmando que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) “investe na bolsa”. “Os descontos para a Segurança Social são autênticos impostos porque as pessoas são obrigadas a descontar e o dinheiro não é seu, porque não podem ir buscá-lo a qualquer altura”, continuou, afirmando, por isso, ser “fundamental fazer a transição para pilares de capitalização”.

António Costa explicou que o FEFSS “aplica parte dos recursos para reforçar as receitas da Segurança Social” e que, no modelo atual, “o Estado garante a obrigatoriedade de pagamento” das reformas. “O seu modelo diz que, obrigatoriamente, uma parte fica para a Segurança Social e outra tem de ser aplicada numa capitalização. A partir daí, o risco — que agora fica por conta do Estado — passa a ficar por conta de cada contribuinte”.

A semana de quatro dias de trabalho foi outro tema em cima da mesa. Os liberais consideram que essa proposta é “irrealista”. “Dizer às pessoas para trabalharem 30 horas por semana é arranjar problemas. Não vemos como é que isso pode trazer grandes vantagens à economia”, disse João Cotrim de Figueiredo. António Costa esclareceu que uma hipótese seria “trabalhar quatro dias por semana, mais horas em cada dia” e que “a pandemia mudou muita coisa” e criou a “necessidade de se abrir um debate” sobre essa questão.

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Risco de morte com vacinação completa é até seis vezes menor

  • Lusa
  • 14 Janeiro 2022

O risco de morte nas pessoas com a vacinação completa foi, em dezembro, três a seis vezes menor em relação às não vacinadas ou sem o esquema completo, avança a análise de risco da pandemia.

O risco de morte nas pessoas com a vacinação completa contra a Covid-19 foi, em dezembro, três a seis vezes menor em relação às não vacinadas ou sem o esquema completo, avança a análise de risco da pandemia.

Segundo as “linhas vermelhas” da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em dezembro, ocorreram 171 óbitos (46%) em pessoas com esquema vacinal completo, 32 (9%) em pessoas com dose de reforço e 168 (45%) em pessoas não vacinadas ou com vacinação incompleta.

Em Portugal, mais de 8,7 milhões de pessoas têm a vacinação primária completa e cerca de 3,6 milhões já receberam a dose de reforço.

“O risco de morte para os casos diagnosticados em dezembro, medido através da letalidade por estado vacinal, foi três a seis vezes menor nas pessoas com vacinação completa em relação às pessoas não vacinadas ou com esquema incompleto”, adianta o relatório hoje divulgado.

De acordo com as “linhas vermelhas”, nos idosos com 80 e mais anos, a dose de reforço reduz o risco de morte por Covid-19 quase seis vezes em relação a quem tem esquema vacinal completo e mais de 18 vezes em relação aos não vacinados ou com esquema incompleto.

O relatório adianta ainda que, em novembro, os casos com esquema vacinal completo “parecem apresentar um risco de hospitalização aproximadamente duas a cinco vezes inferior aos casos não vacinados”.

O risco de internamento no grupo etário dos 80 ou mais anos para as pessoas com um esquema vacinal completo foi menos de metade relativamente aos casos sem um esquema vacinal completo.

Mortalidade aumenta 25% numa semana

A mortalidade por Covid-19 aumentou 25% numa semana, estando agora nos 25,5 óbitos por um milhão de habitantes, valor acima do limiar definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças, alerta a análise de risco da pandemia.

“A 12 de janeiro, a mortalidade específica por covid-19 registou um valor de 25,5 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a um aumento de 25% relativamente ao último relatório”, indicam as “linhas vermelhas” da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Segundo o relatório, este valor da mortalidade pode indicar “uma inversão da tendência estável que se vinha a verificar, dado que se observa um aumento progressivo no número de óbitos diários na última semana”.

Relativamente ao número de pessoas com Covid-19 internadas nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), as autoridades de saúde revelam que se registou uma tendência estável, correspondendo a 64% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas.

Segundo a DGS e o INSA, o grupo etário com maior número de casos de Covid-19 internados em UCI é o dos 60 aos 79 anos, mas verificando-se uma tendência estável desde as últimas semanas de novembro.

As “linhas vermelhas” adiantam ainda que a fração de testes com resultado positivo nos últimos sete dias foi de 14,0%, quando tinha sido de 10,6% na semana anterior, valor que se encontra acima do limiar dos 4% e com tendência crescente.

O total de testes de despiste da Covid-19 realizados nos últimos sete dias foi de mais de 1,6 milhões.

A análise de risco da pandemia avança também que o número de infeções por SARS-CoV-2, por 100 mil habitantes acumulado nos últimos 14 dias, foi de 4.036 casos, com tendência fortemente crescente a nível nacional e em todas as regiões do país.

“Há uma tendência crescente da incidência cumulativa a 14 dias em todos os grupos etários. O grupo etário com incidência cumulativa a 14 dias mais elevada correspondeu aos indivíduos entre os 20 e 29 anos, com 6.811 casos por 100 mil habitantes”, referem as “linhas vermelhas”.

Já o índice de transmissibilidade (Rt) está nos 1,19 a nível nacional, com a região Norte a apresentar o valor mais elevado neste indicador (1,23).

“A análise dos diferentes indicadores revela uma atividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional. A pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são elevados”, conclui o documento.

Dado o rápido aumento de casos, mesmo tendo em consideração a “provável menor gravidade da variante Ómicron, é expectável um aumento de pressão sobre todo o sistema de saúde e na mortalidade, o que faz com que a análise de risco recomende a manutenção de todas as medidas de proteção individual e a intensificação da vacinação de reforço.

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Rui Rio vota contra OE se António Costa vencer e apresentar proposta igual

  • Lusa
  • 14 Janeiro 2022

O presidente do PSD afirmou que, se o PS vencer as eleições legislativas de 30 de janeiro e António Costa apresentar o mesmo Orçamento do Estado para 2022 que foi chumbado, o partido votará contra.

O presidente do PSD afirmou que, se o PS vencer as eleições legislativas de 30 de janeiro e António Costa apresentar o mesmo Orçamento do Estado para 2022 que foi “chumbado”, o seu partido votará contra.

“Sim, se for o mesmo Orçamento, é evidente”, afirmou Rui Rio, numa entrevista à CMTV, questionado se o PSD votará contra se António Costa “forçar” a votação de um documento igual ao que foi rejeitado.

Para Rui Rio, se o PS vencer as legislativas, António Costa deve ter “predisposição para negociar o OE com os outros partidos”, incluindo o PSD. “Mas ele não diz nada disso, diz que se o PS ganhar logo se vê. Logo se vê é instabilidade”, criticou.

Na entrevista à CMTV, Rio voltou a dizer que o cenário que considera “mais provável” como resultado das eleições antecipadas de 30 de janeiro é o PSD vencer, mas sem maioria absoluta.

“Aí eu espero que os outros partidos, em particular os que me são mais próximos, negoceiem comigo para que possamos ter um Governo. Estou disposto a fazer exatamente a mesma coisa se o resultado for o contrário, uma vitória do PS sem maioria absoluta”, afirmou.

“Democraticamente negoceio, não é dizer ‘apresenta o que queres que está passado’, nem quero que façam o mesmo comigo”, ressalvou.

Na mesma entrevista, Rui Rio reiterou que, se tivesse sido primeiro-ministro nos últimos anos, teria deixado falir a TAP para criar outra empresa de raiz, como fizeram outros países com as suas companhias de bandeira devido à pandemia de Covid-19.

“Olhando para todo o historial, não confio que a TAP consiga libertar-se de uma série de vícios que tem dentro para se tornar uma empresa rentável”, admitiu.

Ainda assim, o presidente do PSD comprometeu-se a, se vencer as eleições, prosseguir a capitalização da TAP conforme previsto no plano de reestruturação para depois, “com calma, vender bem” a empresa.

“Depois de meter 2 mil milhões de euros não ia perder esse dinheiro todo. Depois de capitalizar, obviamente temos que privatizar a TAP para acabar com esta pressão nos impostos dos portugueses”, reiterou.

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PAN acusa Chega de não ter propostas no ambiente, Ventura diz que “não há milagres”

  • Lusa
  • 14 Janeiro 2022

Inês Sousa Real (PAN) e André Ventura (Chega) debateram esta sexta-feira à noite. Chega foi criticado por não ter propostas para o clima, mas Ventura respondeu que "não há milagres".

A líder do PAN, Inês Sousa Real, notou esta sexta-feira que o Chega não tem qualquer proposta para combater as alterações climáticas. Já André Ventura admitiu que o assunto é relevante, mas diz que “não há milagres”.

O debate que decorreu na SIC Notícias começou praticamente com André Ventura a criticar o PAN e a tentar colá-lo ao PS.

“O PAN viabilizou todos os Orçamentos do Estado socialistas”, acusou André Ventura, considerando que o PAN, ao mostrar disponibilidade para apoiar um Governo à esquerda ou à direita, está a “faltar à verdade”.

O presidente do Chega recordou que o PAN viabilizou Orçamentos de um país que tem hoje “a quinta eletricidade mais cara da Europa e uma das gasolinas mais caras da Europa”, alegando que o país tem a maior carga fiscal da Europa (a carga fiscal em Portugal em 2020, segundo o Instituto Nacional de Estatística, foi de 34,8% do PIB, abaixo da média europeia).

Em resposta, Inês Sousa Real frisou que o partido tem linhas vermelhas para desenhar possíveis acordos após as legislativas, apontando para questões como a proteção animal, uma maior ambição na retoma económica, o fim de “borlas fiscais” às petrolíferas e o combate às alterações climáticas.

“Temos que ir mais longe. Temos que taxar as atividades poluentes”, frisou, recordando que o partido pretende um Ministério do Ambiente e das Alterações Climáticas, para que seja “o clima a marcar o passo”.

Nesse ponto, a porta-voz do PAN, dirigiu-se a André Ventura, para notar, tal como o Livre já o tinha feito, que o programa do Chega “tem zero propostas sobre as alterações climáticas”, não havendo qualquer referência no documento de nove páginas ao ambiente ou à proteção animal.

Confrontado, Ventura admitiu que as alterações climáticas “são um problema”.

Sem apresentar propostas para a problemática, o líder do Chega optou por criticar o PAN, alegando que a solução daquele partido ambientalista passa por “criar mais impostos para as pessoas e para as empresas”.

“Não há milagres. Nós podemos ter uma conversa muito bonita sobre aquecimento global, mas se isso equivaler a destruir as famílias, o seu rendimento e o das empresas, isso não vale a pena”, referiu Ventura, que procurou sempre colar o PAN a um partido que quer “taxar, taxar” e “proibir, proibir”.

“Somos um partido progressista que é muito diferente” de um partido proibicionista, frisou Inês Sousa Real, salientando que se devem proibir atividades como a tourada ou a caça, por serem “anacrónicas”.

Essas atividades “não deviam ter lugar no século XXI, em que é possível matar animais à paulada, animais como o coelho-bravo, um animal que até lhe deve ser muito próximo, tendo em conta que é detentor de uma coelha, a Acácia”, constatou.

A líder do PAN frisou ainda que recusa a ideia de reduzir o mundo rural a essas duas atividades, considerando que isso “é até ofensivo para o mundo rural”.

Indo contra a ideia de um partido apenas preocupado com os animais, Inês Sousa Real afirmou que foi “pela mão do PAN” que se alargou a tarifa social de energia a mais 100 mil famílias, que o partido propõe uma redução de IRC e de IRS para ajudar famílias e empresas.

Já quase no final do debate, questionado pela moderadora sobre o porquê de uma das medidas do Chega ter uma lógica punitiva de obrigar desempregados a serviço comunitário, André Ventura referiu que essa situação será apenas para pessoas com Rendimento Social de Inserção (RSI).

“É RSI e não subsídio de desemprego. Isso é falso”, afirmou, apesar de a medida, publicada no site do partido, referir que será “instituído serviço comunitário obrigatório durante a concessão de subsídio de desemprego”.

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TAP perde segundo membro do Conselho Fiscal numa semana

Depois da renúncia de Maria de Fátima Geada por "motivos pessoais", a TAP informa agora que também Sérgio Rodrigues renunciou ao cargo de vogal do Conselho Fiscal, sem justificar.

Sérgio Sambade Nunes Rodrigues renunciou ao cargo de vogal do Conselho Fiscal da TAP, anunciou a empresa através da CMVM, a segunda baixa no órgão de fiscalização independente da companhia aérea em sete dias. Não é revelado o motivo da decisão.

“Por carta dirigida à sociedade, datada de 7 de janeiro de 2022, o Dr. Sérgio Sambade Nunes Rodrigues apresentou renúncia ao cargo de vogal do Conselho Fiscal da TAP”, lê-se na nota.

O comunicado acrescenta que o gestor “é substituído pelo membro suplente que se encontra nomeado”, designadamente José Manuel Fusco Gato. Este mantém-se no cargo “até nova designação ou até à primeira assembleia anual na qual se proceda ao preenchimento das vagas”.

Em 7 de janeiro, a TAP anunciou que Maria de Fátima Geada também renunciou ao cargo de vogal do Conselho Fiscal da TAP, “com efeito a partir de 31 de dezembro de 2021”, por “motivos pessoais”. A gestora também faz parte do Conselho Fiscal da Galp Energia.

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