Líder da Shell admite que governos taxem mais as energéticas
"De uma forma ou de outra é preciso uma intervenção governamental que se traduza [...] na proteção dos mais pobres", disse Ben van Beurden.
O líder da Shell, Ben van Beurden, considerou esta terça-feira que os governos vão provavelmente taxar mais as empresas de energia para proteger os mais pobres numa altura de crise energética. “Não podemos ter um mercado que se comporta desta maneira […] que inflige danos a uma parte importante da sociedade”, afirmou, na sessão de perguntas e respostas de uma conferência sobre energia (Energy Intelligence Forum), que decorre em Londres.
“De uma forma ou de outra é preciso uma intervenção governamental que se traduza […] na proteção dos mais pobres e isso provavelmente quer dizer que os governos devem taxar mais as pessoas que estão nesta sala para que paguem [essa proteção], afirmou perante uma assistência de executivos e dirigentes de empresas energéticas.
“Creio que devemos aceitar essa realidade social”, insistiu, para depois acrescentar que “isso pode ser feito de forma inteligente ou não”. As declarações de Ben van Beurden foram feitas numa altura em que se discute uma taxa adicional para as empresas de energia que têm registado um aumento dos seus lucros, após o início da guerra na Ucrânia, que levou a um aumento dos preços do petróleo e do gás nos últimos meses.
O presidente executivo da Shell, que anunciou que vai deixar as suas funções no fim deste ano, manifestou dúvidas quanto à ideia de se impor um valor limite ao preço do petróleo russo, uma iniciativa que os países do G7 defendem com o argumento de impedir que Moscovo se financie dessa forma para a intervenção militar na Ucrânia.
“Tenho dificuldade em perceber que um teto nos preços do petróleo russo possa ser eficaz”, declarou, segundo comentários publicados no Twitter e citados pela AFP.
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