Quase 40% das empresas tiveram prejuízos no último ano
Em 2021, os negócios portugueses continuavam menos rentáveis do que antes da pandemia. Vendas recuperaram e autonomia financeira prosseguiu trajetória de crescimento, mostram dados do BdP.
A percentagem de empresas que apresentaram resultados líquidos negativos em 2021 foi de 39,1% em Portugal, tendo descido face ao ano anterior (44,5%), que coincidiu com o início da pandemia, mas ficando ainda acima do valor de referência pré-Covid (36,9%). Está agora ao nível de 2015, após a saída da troika.
Os dados do Banco de Portugal mostram ainda que um terço das empresas (33%) apresentaram EBITDA negativo (38% em 2020) e que em 14,8% dos negócios o EBITDA gerado não foi suficiente para cobrir os gastos de financiamento, quase quatro pontos acima na comparação homóloga.
Ainda assim, na sequência do aumento de atividade e dos níveis de rendibilidade, o banco central indica que “os indicadores de risco apresentaram sinais de melhoria”, tendo a redução da percentagem de empresas em potencial situação de risco sido transversal à generalidade dos setores.
As estatísticas apuradas com base na Informação Empresarial Simplificada (IES) confirmam que, em 2021, o volume de negócios das empresas aumentou 15,2% face a 2020 e 4,6% em relação a 2019. Porém, na comparação com o nível anterior à pandemia, os setores ligados ao turismo ficaram ainda aquém desse registo.
O boletim publicado esta sexta-feira pelo BdP revela ainda que a rendibilidade do ativo (rácio entre o EBITDA e o total do ativo) subiu para 7,6% em 2021, igualando 2019; e que a rendibilidade dos capitais próprios (rácio entre o resultado líquido e o capital próprio) atingiu 8,3%, mais do que duplicando a percentagem de 2020 (3,5%) e ultrapassando os 7,4% observados em 2019.
Os setores mais penalizados com a quebra da atividade em 2020 — como é o caso dos transportes e armazenagem, e do alojamento e restauração — alcançaram valores de EBITDA positivos em 2021, mas ainda permaneceram com resultados líquidos e rendibilidade dos capitais próprios negativos.
Antes do início da guerra na Ucrânia, as empresas portuguesas mantiveram a trajetória de aumento da autonomia financeira. “No seu conjunto, continuaram a reforçar os capitais próprios, e a autonomia financeira (medida pelo peso do capital próprio no balanço) aumentou para 38,7% (38% em 2020). Este incremento observou-se na generalidade dos setores, com destaque para o dos transportes e armazenagem, que apresentou um aumento de 4,6 pontos percentuais, para 23,4%”, lê-se no relatório do BdP.
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