Governo muda regras para contratos públicos

O Governo voltou a fazer alguns ajustes ao Código dos Contratos Públicos. Entre as mudanças consta a criação de um novo regime de conceção-construção. 

O Governo voltou a fazer alguns ajustes ao Código dos Contratos Públicos, de modo a “simplificar e agilizar os procedimentos de contratação pública”. Entre as mudanças consta a criação de um novo regime de conceção-construção especial.

“Foi ainda aprovado o decreto-lei que altera o Código dos Contratos Públicos, a lei que aprova medidas especiais de contratação pública e o decreto-lei que procede à simplificação de procedimentos administrativos necessários à prossecução de atividades de investigação e desenvolvimento“, anunciou o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, em conferência de imprensa, esta quinta-feira.

Segundo explicou André Moz Caldas, o objetivo é “simplificar e agilizar os procedimentos de contratação pública”, através de alterações “em linha com a agenda do trabalho digno e de valorização dos jovens no mercado de trabalho”, da “criação de um novo regime de conceção-construção”, bem como da “introdução de alguns ajustes” para coincidir com as diretivas europeias.

Em julho, o Governo tinha mexido no Código dos Contratos Públicos, mas o secretário de Estado sublinha que as alterações agora em causa “são fundamentalmente ajustamentos ou da experiência já da execução da lei” em vigor (Lei 30/2021)”, pelo que a “única transformação de fundo” face ao que tem sido discutido, inclusivamente, na Assembleia da República, diz respeito ao regime de conceção e construção.

“O que está em causa aqui é conseguir um regime dentro das medidas especiais. Em julho, propúnhamos que esse regime fosse já consagrado no Código, agora determinámos que esse regime integra as medidas especiais e, portanto, tem para já uma natureza temporária até 31 de dezembro de 2026 e período no qual será avaliado o seu impacto“, explicou o governante.

Nesse sentido, o secretário de Estado destacou ainda que haverá “uma alteração de fundo” no que toca ao “caderno de encargos do procedimento de conceção-construção”, dado que antes o Executivo propunha que “fosse apenas integrado por um programa preliminar” e agora propõe que “seja integrado por um estudo prévio”. Ou seja, antes de lançar o concurso de conceção-construção a “entidade pública tem que, pelos meios que entender”, adquirir o estudo prévio, de modo a que fiquem “consagradas as principais linhas orientadores da solução arquitetónica urbanística a implementar”. “Só depois é que pode recorrer ao desenvolvimento desse estudo prévio em projeto de execução no âmbito de um procedimento de conceção e construção”, afirmou.

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Macron diz que isolamento da Alemanha “não é bom” para a Europa

  • Lusa
  • 20 Outubro 2022

Presidente francês disse estar determinado em preservar “a amizade e a aliança” franco-alemã e a “unidade europeia”.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou esta quinta-feira “não ser bom” para a Europa que a Alemanha se isole, e reafirmou a intenção de trabalhar de forma estreita com o chanceler alemão Olaf Scholz. “Penso que não é bom nem para a Alemanha nem para a Europa que ela se isole”, declarou à chegada a Bruxelas para uma cimeira dos 27 Estados-membros dedicada à crise motivada pelo aumento exponencial dos preços da energia.

Num momento em que as relações entre os dois países atravessam um momento difícil, Macron disse estar determinado em preservar “a amizade e a aliança” franco-alemã e a “unidade europeia”. “Temos muito trabalho à nossa frente”, reconheceu no entanto o Presidente francês, que tinha um encontro previsto com Scholz antes do início da cimeira.

De momento cada um está a fazer coisas no plano nacional. Penso que é melhor consultarmo-nos, coordenarmo-nos”, prosseguiu, após sublinhar o “verdadeiro desejo” de encontrar “caminhos de convergência”. As divergências que se têm acumulado entre Paris e Berlim implicaram na quarta-feira o adiamento para janeiro do conselho de ministros franco-alemão previsto para 26 de outubro na cidade francesa de Fontainebleau.

“Sempre considerei que o meu dever consiste em tudo fazer para que encontremos os caminhos do acordo entre a Alemanha e a França, que permitam de seguida construir acordos europeus”, insistiu. As respostas a conceder à crise energética, cooperação militar ou projetos comuns de armamento, denunciaram divergências entre os dois países.

Para além dos desacordos sobre “toda uma série de sujeitos”, Berlim justificou o adiamento do conselho de ministros comum por “dificuldades logísticas” para diversos ministros. “Como existiam ministros que não estavam disponíveis do lado alemão, preferimos adiar para também preparar as decisões”, indicou Macron, ao referir-se exclusivamente a um “adiamento técnico”.

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Diretor da PJ alvo de processo disciplinar pelo Conselho de Deontologia da Ordem dos Advogados

Declarações de Luís Neves “são tanto mais graves quanto são proferidas por um funcionário público que dirige uma polícia de investigação criminal”, afirma Alexandra Bordalo Gonçalves, da OA.

A presidente do Conselho de Deontologia de Lisboa da Ordem dos Advogados, Alexandra Bordalo Gonçalves, considera que as declarações do diretor Nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, à Rádio Observador “atacam os fundamentos do Estado de Direito, são antidemocráticas e ferem as liberdades públicas” em Portugal.

Na estreia do podcast “Justiça Cega” da Rádio Observador, o diretor Nacional da PJ, Luís Neves, defendeu mudanças na lei para evitar que os advogados possam recorrer a expedientes dilatórios que arrastam processos, classificando esta atitude como “terrorismo judiciário”.

Em consequência disso, o bastonário da Ordem dos Advogados, Menezes Leitão, apresentou uma participação disciplinar contra o diretor da PJ ao Conselho de Deontologia de Lisboa da Ordem dos Advogados, uma vez que Luís Neves é advogado inscrito na Ordem dos Advogados, encontrando-se com a inscrição suspensa a seu pedido desde 1995.

No seu comunicado aos advogados, Alexandra Bordalo Gonçalves informa que a participação do bastonário “foi autuada com o nº 810/2022-L/AL” no Conselho de Deontologia de Lisboa e que, como as demais, “seguirá agora a devida tramitação”.

Seguidamente a presidente escreve que o Conselho de Deontologia de Lisboa “repudia veementemente as considerações do Senhor Diretor da Polícia Judiciária, o qual, na sua qualidade de funcionário público, que bem vincou na aludida entrevista, está obrigado ao dever de correção”.

Segundo Alexandra Bordalo Gonçalves, as declarações de Luís Neves, “para além de atacarem o bom nome dos advogados e de denegrirem a sua missão de defender os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos no Estado de Direito, pretendem diminuir, corroer e abafar os direitos de defesa dos arguidos que estão consagrados constitucionalmente”.

Para além disso, a presidente do Conselho de Deontologia de Lisboa afirma que as declarações de Luís Neves “são tanto mais graves quanto são proferidas por um funcionário público que dirige uma polícia de investigação criminal, dando um péssimo exemplo aos inspetores da Polícia Judiciária quanto à observância da lei, nomeadamente no que diz respeito à presunção de inocência e ao respeito que é devido a todos os cidadãos”.

Alexandra Bordalo Gonçalves conclui afirmando as palavras de Luís Neves são “aparentemente gratuitas”, uma vez que “não foram recebidas neste Conselho participações de qualquer tribunal quanto a manobras dilatórias de advogados, que conduzissem ao entorpecimento ou denegação da justiça em processos daquela natureza”.

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Conselho de Ministros aprova Estratégia Nacional de Ciberdefesa

  • Lusa
  • 20 Outubro 2022

A estratégia prevê a criação de uma escola de ciberdefesa no âmbito do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA).

O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministros a Estratégia Nacional da Ciberdefesa, cuja implementação ficará a cargo do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) e que prevê a criação de uma escola neste âmbito.

A ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, em conferência de imprensa no final da reunião, adiantou que este é “um documento orientador para reforçar o desenvolvimento da capacidade nacional de ciberdefesa” aumentando desta forma a “resiliência e soberania” do país nesta matéria.

A governante afirmou que esta estratégia será estruturada através da “consagração da organização do ciberespaço como um domínio de operações militares”, bem como “da formalização do reforço da capacidade de ciberdefesa nacional”.

O documento prevê também a “criação de uma escola de ciberdefesa no âmbito do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA)” e a “promoção da investigação, desenvolvimento e inovação no ciberespaço e de soluções de duplo uso”.

“Esta resolução estipula também mecanismos que nos permitem avaliar e monitorizar regularmente os objetivos propostos, para além de mandatar o EMGFA a desenvolver um plano de ação para a implementação desta estratégia, assegurando uma materialização concreta do seu conteúdo”, detalhou.

Helena Carreiras adiantou que o documento vai também “contribuir para a cooperação dos vários organismos do Estado e das diferentes entidades relevantes, articulando-se com as estratégias já existentes no âmbito da cibersegurança e fomentar o desenvolvimento industrial, científico e tecnológico, quer seja em Portugal, seja no espaço euro-atlântico ou mesmo no contexto da CPLP”.

Questionada sobre os recentes ciberataques ao EMGFA, Helena Carreiras respondeu que “continuam as averiguações” e “há processos em curso”. “Vamos deixar a Justiça trabalhar”, apelou.

O Ministério Público abriu no passado dia 13 de setembro um inquérito ligado ao ciberataque contra o Estado-Maior-General das Forças Armadas em que documentos classificados da NATO foram extraídos e colocados à venda na darkweb.

Segundo uma notícia veiculada no início do mês de setembro pelo Diário de Notícias, o Governo português foi informado da situação pelos serviços de informações norte-americanos, por intermédio da embaixada em Lisboa, através de uma comunicação que terá sido feita diretamente ao primeiro-ministro, António Costa, em agosto passado.

O mesmo jornal mencionou que este caso é considerado de “extrema gravidade” e terão sido os ciberespiões norte-americanos a detetar “à venda na darkweb centenas de documentos enviados pela NATO a Portugal, classificados como secretos e confidenciais”.

Em 28 de setembro, o DN voltou a noticiar um segundo ciberataque à rede do EMGFA, “existindo a possibilidade de extradição de documentos e relatórios”.

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Portal das Finanças diz que não tem rendimentos? É a Segurança Social que lhe paga o cheque de 125 euros

Mensalmente, a Autoridade Tributária fará nova tentativa de transferir 125 euros para os portugueses cuja transferência foi devolvida por ter o IBAN incorreto. Operação será feita por seis meses.

Abriu o Portal das Finanças e não tem qualquer indicação sobre o pagamento do apoio extraordinário de 125 euros, porque não é titular de rendimentos? Não se preocupe. Vai ter direito ao apoio na mesma. Se é beneficiário de uma prestação social a transferência de 125 euros será feita a partir de segunda-feira pela Segurança Social.

“A Segurança Social vai fazer o pagamento do apoio dia 24, próxima segunda-feira, a todos os beneficiários”, indicou o gabinete da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, na acrescentando que em causa estão 1,6 milhões de pessoas.

O apoio é pago por transferência bancária, através do IBAN que conste no sistema de informação da Segurança Social, mas, caso não seja possível, será feito por vale postal.

Entre os beneficiários de prestações sociais com direito ao apoio estão as pessoas que recebem subsídio de desemprego, subsídio social de desemprego, subsídios de doença, Rendimento Social de Inserção (RSI), prestação social para a inclusão, Complemento Solidário para Idosos (CSI) e subsídio de apoio ao cuidador informal principal. Mas o seu rendimento bruto não pode exceder os 2.700 euros por mês.

Entre a Autoridade Tributária e a Segurança Social, o Estado vai fazer cerca de seis milhões de pagamentos, revelou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, em entrevista à CNN esta manhã.

Os portugueses podem consultar no Portal das Finanças a informação precisa e individual sobre o estado do seu apoio, nomeadamente quanto têm a receber em função do número de filhos que têm — cada criança até completar 25 anos, desde que dependente dos pais, tem direito a um apoio de 50 euros – e se já foi processada.

Aliás, o número de acessos ao portal foi tão elevado esta manhã que o site teve alguns momentos de indisponibilidade.

Na entrevista à CNN, Mendonça Mendes explicava que o Governo estava “a aproveitar toda a máquina bem oleada relativa ao pagamento do IRS, que tem sido rápida no pagamento dos reembolsos para fazer o pagamento desta prestação extraordinária”, que não está sujeita a tributação em sede de IRS.

Se no espaço de dez dias não receber a prestação a que tem direito também não se deve preocupar porque foi montando um esquema de segurança. “Temos identificado que algumas pessoas poderão ter o IBAN errado ou não tenham feito essa atualização e por isso a AT, durante os próximos seis meses, todos os meses irá fazer nova tentativa de fazer essa transferência”, explicou António Mendonça Mendes, deixando o conselho: os contribuintes devem ir ao Portal das Finanças verificar o estado do pagamento e se no cadastro têm identificado o IBAN correto.

No cadastro pode estar registado o IBAN onde normalmente recebe os reembolsos do IRS ou um IBAN de uma conta entretanto cancelada. É por isso que o Executivo tem feito vários apelos para que as pessoas verifiquem no portal se o IBAN é o correto.

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Ministra da Justiça diz que não faltou papel e que tribunais podem fazer compras individuais

  • Lusa
  • 20 Outubro 2022

Catarina Sarmento e Castro insistiu que não faltou papel nos tribunais e que se verificou apenas uma baixa de ‘stocks’, e sublinhou que foi dada autorização às comarcas para compras individuais.

A ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, insistiu esta quinta-feira que não faltou papel nos tribunais e que se verificou apenas uma baixa de ‘stocks, e sublinhou que, apesar da prática de compras centralizadas, foi dada autorização às comarcas para compras individuais.

Não faltou papel, os ‘stocks’ é que estiveram mais em baixo”, repetiu por várias vezes a ministra da Justiça à margem da abertura do congresso do Conselho Superior da Magistratura (CSM), que decorre até sexta-feira em Vila Nova de Gaia, comentando as notícias que dão conta de falta de papel para impressão de diligências e processos nos tribunais.

As declarações da ministra aconteceram já depois de o Ministério da Justiça ter emitido ao final da noite de quarta-feira um comunicado a reiterar a mesma ideia.

Catarina Sarmento e Castro insistiu que não faltou papel e que apesar da gestão de compras centralizadas de papel para todo o território nacional, com a subsequente distribuição consoante as necessidades manifestadas, há poder de gestão nas comarcas.

“As comarcas depois têm poder de gerir. Fazemos reunião com as comarcas, temos canal aberto com as comarcas, que fazem esta gestão. E as comarcas quando fazem chegar essa indicação [de falta de papel], então aí dá-se indicação para a comarca poder exercer a sua autonomia. Foi isso que se fez, deu-se essa instrução à comarca. […] Assim que a Direção-Geral [da Administração da Justiça] teve conhecimento desse assunto permitiu que se pudesse comprar individualmente em cada uma das comarcas”, afirmou a ministra.

Catarina Sarmento e Castro reiterou ainda que não houve instruções para cortes nas impressões nos tribunais. “Nem podíamos. O Governo não pode dar ordens aos magistrados no sentido do que eles fazem ou não fazem”, disse. A titular da pasta da Justiça acrescentou ainda que “está em curso uma nova contratação”.

Vamos continuar a debater-nos sempre com as questões do mercado internacional. É uma questão que não afeta só a Justiça”, alertou, já depois de ter sublinhado as dificuldades de oferta nos mercados por falta de matérias-primas e materiais.

O Ministério da Justiça, em comunicado, admitiu dificuldades em gerir os ‘stocks‘ de papel nos tribunais, apontando a escassez de matéria-prima, mas disse que nunca foi dada qualquer indicação às comarcas para cessarem a impressão de atos processuais.

Numa nota enviada às redações depois de ter sido noticiado que a falta de papel atrasou 20 processos cíveis no Tribunal de Braga, o Ministério da Justiça lembrou que a flutuação de preços tem “potenciado a dificuldade em determinar o preço-base dos procedimentos a lançar” e também está a resultar na celebração de contratos de curto termo (não superior a dois meses), pois “aos concorrentes não interessam contratos mais duradouros, que os vinculariam a preços unitários que rapidamente ficariam desajustados”.

Disse ainda que o fornecimento do papel “não tem sido contínuo” e sublinhou a importância de gerir bem os ‘stocks‘ existentes para “acautelar períodos transitórios entre contratos”.

Esta quinta-feira, depois de referir na sua intervenção na sessão de abertura do congresso o reforço de meios para a Justiça alocados na proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE203), a ministra foi questionada sobre as condições de alguns edifícios da Justiça, tendo afirmado que os levantamentos em curso são necessários, apesar de sucederem a outros já existentes.

Se as coisas não evoluírem possivelmente algumas ter-se-ão agravado, portanto é preciso voltar a fazer esse levantamento. A questão às vezes é na falta de manutenção das coisas. Se os edifícios não forem mantidos, vão-se degradando e não se vão degradando todos à mesma velocidade. Nós não estamos só a fazer um levantamento, estamos a fazer também uma definição de prioridades”, disse, sublinhando o foco nos serviços prisionais, com 12 visitas a estabelecimentos prisionais em seis meses.

Há também avaliações de necessidades em curso relativas a recursos humanos e apontou para breve novidades sobre a contratação de funcionários judiciais.

“Estamos neste momento a conversar com as finanças sobre a tal planificação que fizemos e contamos a breve trecho ter mais novidades sobre essa questão”, disse a ministra.

Revelando-se “satisfeita” por a proposta do OE2023 contemplar um aumento de verbas significativo para a área da Justiça, Catarina Sarmento e Castro disse, no entanto, que “todos os ministros querem, naturalmente, sempre mais meios para poderem prover às necessidades”, mas o ato do governar implica “fazer boas escolhas”.

Ainda questionada sobre as carências e falhas identificadas no mais recente relatório da Comissão de Acompanhamento e Fiscalização dos Centros Educativos, a ministra sinalizou, como já o tinha feito no discurso de abertura do congresso, mudanças nesta área, incluindo legislativas, que não devem passar por alterações orgânicas, mas por reforço de meios humanos, nomeadamente técnicos especializados, ainda que não se tenha comprometido.

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UTAO: Se nada mudar inflação será 7,8%, acima da estimativa do Governo

Tendo em conta a variação no nível de preços no decorrer do quarto trimestre, cálculos da UTAO apontam para uma inflação de 7,8% este ano.

A inflação poderá fixar-se nos 7,8% em 2022, se o nível de preços não variar ao longo do último trimestre do ano, estima a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). Este valor é superior à estimativa que o Governo inscreveu na proposta de Orçamento do Estado, que aponta para uma taxa de 7,4% este ano.

“Na eventualidade de não se registar qualquer variação no nível de preços no decorrer do quarto trimestre, Portugal terminará o ano de 2022 com uma taxa de inflação de 7,8% (medida pelo IHPC), um valor que se situa 0,4 p.p. acima da estimativa do Ministério das Finanças constante da POE/2023, que é de 7,4%”, indica a UTAO, no relatório sobre o OE.

Esta projeção foi feita tendo em conta os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística este mês, que indicam o IHPC com referência ao final de setembro de 2022. “De acordo com estes dados, a variação média do IHPC nos últimos 12 meses foi de 6,2% (5,4% no mês anterior)“, pelo que a UTAO calculou que se “o nível de preços se manter inalterado até ao final do ano, isto é, sem qualquer variação do nível do IHPC entre setembro e dezembro, Portugal terminaria o ano de 2022 com uma taxa de inflação de 7,8% (medida pelo IHPC)”.

Este valor já se aproxima mais do número calculado pelo Conselho das Finanças Públicas, que acredita que a inflação em Portugal este ano ficará nos 7,7%. A entidade liderada por Nazaré da Costa Cabral também já tinha apontado riscos à previsão do Governo para a inflação, nomeadamente no próximo ano, sinalizando que “Portugal sendo uma pequena economia aberta – e price taker por definição – é permeável à inflação externa. “O cenário da POE/2023, que perspetiva um abrandamento da inflação de 7,4% em 2022 para 4,0% em 2023, está assim sujeito a um risco de natureza ascendente”, sublinha.

A UTAO destaca ainda que “o aumento da inflação acima da taxa prevista no PE/2022–26 contribuiu para a revisão em baixa da poupança das famílias no biénio, caindo para mínimos da série estatística iniciada em 1995”. “A taxa de poupança do setor institucional famílias foi revista em baixa para o biénio 2022–2023 (5,6% e 5,8%, respetivamente) para níveis não só inferiores aos registados nos anos anteriores à pandemia de Covid-19, como também atingindo os mínimos da série estatística iniciada em 1995”, apontam, pelo que o cenário das Finanças “prevê que as famílias poupem em 2022 e 2023 abaixo da taxa média dos 28 anos desta série”.

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MdME passa a ter escritório próprio em Portugal e deixa parceria de dez anos com Morais Leitão

A MdME, sociedade internacional de matriz luso-chinesa com presença em Macau e Hong-Kong, reforça a aposta em Portugal com escritório próprio, após 10 anos de parceria com a Morais Leitão.

A MdME, sociedade internacional de matriz luso-chinesa com presença em Macau e Hong-Kong, reforça a aposta em Portugal com escritório próprio, após 10 anos de parceria com a Morais Leitão.

Fundada há mais de 15 anos, a MdME é um dos maiores escritórios em Macau e o único com presença em ambas as regiões administrativas especiais da China. A sociedade abriu novas instalações em Lisboa, na Rua Barata Salgueiro, tendo contratado uma equipa de advogados a algumas das principais sociedades de advogados portuguesas, liderada pelo sócio José Leitão.

“Com este reforço da aposta em Lisboa, a MdME pretende tornar-se na sociedade líder na assessoria ao capital Chinês em Portugal, bem como no apoio ao investimento lusófono na China. ”, indica Rui Pinto Proença, Managing Partner da MdME.

MdME Lawyers, Macau

“Temos um conhecimento profundo da realidade jurídica e económica da Grande China, adquirido ao longo de 15 anos a assessorar clientes empresariais em grandes transações na região, bem como investimentos chave de capital Chinês em Portugal, o que nos confere uma proposta de valor que acreditamos ser única a nível internacional”, explica o Managing Partner.

O escritório de Lisboa assessora Clientes nos seguintes setores: Banca / área Financeira, Tecnológicas, Fundos de investimento, Construção e Infra-estruturas, Ambiente e Renováveis e Investimento Lusófono na China.

No total, são 35 advogados, sendo a equipa total nas três jurisdições de 70 profissionais.

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“Piloto automático” da Tesla sem aprovação do regulador em 2022

Utilizadores do programa "Full Self-Driving" irão beneficiar de atualização no final do ano, na América do Norte, mas CEO admite que veículos não estão preparados para ser completamente autónomos.

O sistema de condução automática da Tesla, também conhecido por Autopilot, não irá obter aprovação regulatória norte-americana em 2022, avançou o CEO da fabricante automóvel, Elon Musk, após anunciar lucros de 3,3 mil milhões de dólares no terceiro trimestre.

O “piloto automático” da Tesla trata-se de um programa de software que permite ao veículo acelerar e travar automaticamente, dentro da faixa de rodagem. A Tesla disponibiliza ainda um programa complementar, no valor de 15 mil dólares, que permite aos seus veículos mudar de faixa e estacionar de forma autónoma, o “Full Self-Driving” (FSD).

No entanto, estes programas de assistência continuam a exigir supervisão humana, e um veículo completamente autónomo iria exigir aprovação dos reguladores do setor automóvel. Os utilizadores do FSD na América do Norte irão beneficiar de uma versão atualizada do programa no final do ano, embora o CEO tenha admitido que os veículos ainda não estão preparados para ser completamente autónomos, citou a Reuters (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Elon Musk admitiu ainda que a Tesla espera oferecer uma atualização do FSD em 2023, de modo a mostrar aos reguladores que os seus veículos são mais seguros do que o condutor comum. A Tesla tem como ambição distribuir um veículo totalmente autónomo, mas tem falhado repetidas vezes as suas próprias metas neste sentido. Elon Musk refere que esta funcionalidade será futuramente a fonte de lucro “mais importante para a Tesla”.

As declarações de Musk surgem após divulgação dos resultados financeiros da fabricante automóvel, na passada quarta-feira. A Tesla informou que o seu lucro referente ao terceiro trimestre mais do que duplicou o valor homólogo, para os 3,29 mil milhões de dólares. Apesar da subida, o resultado ficou abaixo das previsões de Wall Street.

A empresa espera não cumprir com a sua meta de entregas para 2022, e Musk desvalorizou os receios com uma revisão em baixa da procura. Segundo Musk, alguns desafios relacionados com a logística irão persistir, com as entregas relativas ao quarto trimestre a crescer menos de 50%, enquanto a produção aumenta igualmente 50%. “Eu não diria que somos à prova de recessão, mas somos certamente resistentes “, garantiu o CEO.

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Advogados de penal contestam diretor nacional da PJ

Diretor Nacional da PJ acusou os advogados de fazer “terrorismo judiciário com recursos permanentes e incidentes processuais”, no programa 'Justiça Cega', do Observador.

A Associação de Advogados Penalistas critica, através de um comunicado, as declarações do diretor Nacional da PJ, Luís Neves, em que acusava os advogados de exercerem “terrorismo judiciário com recursos permanentes e incidentes processuais”, o que acaba por atrasar o andamento da Justiça.

Depois do bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Menezes Leitão, e do presidente do Conselho Regional de Lisboa, João Massano, agora foi a vez deste grupo de advogados penalistas — onde se incluem nomes como Paulo Saragoça da Matta, João Medeiros, Rui Patrício, José António Barreiros, Manuel Magalhães e Silva, Paulo Sá e Cunha, Cláudia Amorim, Inês Almeida Costa, Carlos Pinto de Abreu, Rogério Alvez, Raul Soares da Veiga, Carlos Melo Alves, Nuno Cerejeira Namora, Teresa Serra, João Matos Viana, Telmo Semião, entre outros — se manifestarem contra as declarações de Luís Neves.

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“Esvaziar os direitos dos arguidos, começando por atacar os seus advogados, nunca pode ser a solução. Na verdade, quanto mais robustos forem os direitos de defesa, mais certa será a realização da Justiça”, apontam os advogados.

“O senhor diretor nacional da Polícia Judiciária ter-se-á esquecido de referir que os Inquéritos, por vezes, demoram longos anos, após o incumprimento constante dos prazos e a condução pouco racional da investigação, com diligências repetidas e inúteis”, apontam os penalistas.

“Ora, são os recursos dos arguidos que atrasam, efetivamente, a Justiça? Que recursos interlocutórios conhecerá o senhor diretor com efeitos de suspensão do andamento do processo?”, questionam acrescentando ainda se Luís Neves conhece “outra lei que não a vigente”.

“O que atrasa os processos é, na grande maioria dos casos, as delongas e entropias da investigação, em clara violação do direito à realização da justiça num prazo razoável, com graves prejuízos para todos os envolvidos”, concluem os advogados.

O Conselho Geral da Ordem dos Advogados (OA), liderado pelo bastonário Luís Menezes Leitão, quer que o seu conselho de deontologia investigue as declarações do diretor da Polícia Judiciária.

“Uma vez que o Estatuto da Ordem dos Advogados durante o tempo de suspensão da inscrição, o advogado continua sujeito ao poder disciplinar da Ordem dos Advogados, e dado que constitui dever do advogado para com a Ordem dos Advogados, não prejudicar os fins e prestígio da Ordem dos Advogados e da advocacia, o Conselho Geral decidiu solicitar ao Conselho de Deontologia de Lisboa a apreciação da eventual relevância disciplinar destas declarações”, explicou Luís Menezes Leitão, em comunicado.

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Há acordo para gasoduto entre Península Ibérica e França. MidCat dá lugar a novo projeto de “corredor de energia verde”

O primeiro-ministro espanhol revelou que Portugal, Espanha e França "chegaram a acordo" para a criação de um gasoduto, um projeto designado "corredor de energia verde".

Portugal e Espanha chegaram a acordo com França sobre o gasoduto ibérico. A confirmação foi dada esta quinta-feira pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, à margem da reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, dando conta de que os três países concordaram em substituir o projeto do Midcat pela construção de “um corredor de energia verde”.

Chegámos a um acordo para substituir o projeto do Midcat [o projeto do gasoduto que ligaria a Península Ibérica a França] por um novo projeto que se vai designar ‘Corredor de Energia Verde’, que vai unir a Península Ibérica a França, e portanto ao mercado energético europeu“, disse Pedro Sanchéz. Segundo o mesmo, a ligação vai instalar-se entre Barcelona e Marselha, com o objetivo de servir para a circulação de gases renováveis como o hidrogénio verde mas transitoriamente poderá ser utilizado para o transporte de gás natural. Em paralelo, serão reforçadas as interconexões elétricas.

Nos dias 8 e 9 de dezembro, em Alicante, os três governos deverão voltar a reunir-se para trabalhar em três aspetos fundamentais, que ainda estão em aberto: os prazos de investimento, a distribuição dos custos e o volume de recursos económicos necessários para tornar o projeto realidade.

Sanchéz agradeceu a abertura do governo francês, a solidariedade do primeiro-ministro português e considerou que esta era uma “boa notícia” para os três países em causa “mas fundamentalmente para a Europa”.

Após as declarações de Sanchéz, o primeiro-ministro, António Costa, veio acrescentar que o novo projeto permitirá completar a interconexão entre Portugal e Espanha, entre Celorico da Beira e Zamora, avançando depois entre Barcelona e Marselha por via marítima. “Conseguimos ultrapassar um bloqueio histórico em torno das interconexões da Península Ibérica com o conjunto da Europa”, sublinhou o primeiro-ministro português, afirmando ainda que “houve muito trabalho a ser feito ao longo deste último ano, quer do ponto de vista técnico quer do ponto de vista político” e considerando este “um bom contributo que Portugal e Espanha dão para o resto da Europa”.

O Presidente da República também reconheceu que o acordo é “muito importante para a Europa” por permitir que todo o bloco beneficie do projeto face à situação de crise energética.

Em declarações aos jornalistas, na Irlanda, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “Portugal está a trabalhar, já há muito tempo, com os Países Baixos e com a Alemanha no hidrogénio verde”, e portanto “junta-se aquilo que pode ser positivo para os três [França, Portugal e Espanha] sobretudo para a Europa como um todo”.

Portugal e Espanha vão trabalhar em armazenamento ibérico de energia

Além da decisão do gasoduto, António Costa e Pedro Sanchéz aproveitaram ainda o encontro desta manhã para discutirem “um novo projeto de armazenamento conjunto de energia“, disse Costa. Sanchéz afirmou que os dois governos vão agora começar a trabalhar neste que é um “segundo pilar” que complementa o chamado mecanismo ibérico que agora vigora, e que veio atuar nos preços da eletricidade através de um teto nos preços do gás natural que é usado para a produção desta energia. O objetivo é que a Península Ibérica se torne mais resiliente e competitiva no que toca ao mercado de eletricidade, afirmou.

“Há varias formas de o fazer”, nomeadamente, através das barragens ou através do hidrogénio, mas “há um projeto para podermos desenvolver baterias de grande capacidade que no futuro“, indicou Costa. “Isso ajudava a valorizar um recurso natural da Península Ibérica, que é o lítio, de forma a termos baterias que possam servir para ajudar a armazenar, em grande escala, energia, para responder a situações de crise como a que estamos a viver. Com a seca temos menor produção de eletricidade hídrica”, completou o primeiro-ministro.

(Notícia atualizada às 15:33 com as declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa)

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Liz Truss demite-se. É o mandato mais curto de sempre no Reino Unido

Primeira-ministra mantém-se em funções até que seja conhecido novo nome. Eleições internas no partido Conservador estão marcadas para a próxima semana.

Liz Truss demitiu-se do cargo de primeira-ministra do Reino Unido ao 45.º dia. É o mandato mais curto de sempre de um chefe de Governo no país. Truss ocupou o cargo durante apenas seis semanas – sucedendo a Boris Johnson – e anunciou a sua saída após uma declaração de apenas um minuto em frente à sua residência oficial, no número 10 de Downing Street, em Londres.

Não posso cumprir o mandato para a qual fui eleita“, declarou a agora primeira-ministra demissionária. Liz Truss tomou posse dia 6 de setembro de 2022, no dia seguinte após ter assumido a liderança do partido Conservador, que tinha vencido as eleições internas contra Rishi Sunak.

Apesar de muito curto, o mandato de Liz Truss teve impacto na economia britânica. A enfrentar uma taxa de inflação superior a 10%, a primeira-ministra tentou dar um choque: a 23 de setembro, o então ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, apresentou um mini-orçamento, a principal promessa que marcou a campanha de Truss junto dos conservadores.

Através de uma redução generalizada de impostos, no valor de 45 mil milhões de libras, o objetivo era dinamizar o crescimento económico, num cenário de crise energética e inflação elevada, sobretudo na sequência da guerra que assola o leste da Europa.

No entanto, a pressão sobre os mercados financeiros fez-se sentir imediatamente: o valor da libra caiu a pique, chegando a desvalorizar 5% face ao dólar entre a data de apresentação do “mini-orçamento” e 26 de setembro, dia em que registou a cotação mais baixa. Ao mesmo tempo, as taxas de juro da dívida dispararam e arrastaram com elas os juros dos empréstimos à habitação.

Kwasi Kwarteng foi demitido em 14 de outubro e foi substituído por Jeremy Hunt no mesmo dia. O novo ministro das Finanças reverteu praticamente todo o plano, dia 17 de outubro, numa tentativa de controlar o aumento da divida pública e recuperar a credibilidade do Governo. Para reduzir especulações “inúteis”, Hunt decidiu revelar mais mudanças ao “mini-orçamento” original antes da apresentação do plano orçamental de médio prazo, que acontece em 31 de outubro.

Em reação ao pedido de demissão da primeira-ministra, os juros associados à dívida britânica aliviavam para 3,853% no prazo a dez anos. E a libra recuperava terreno, ganhando 0,44% para 1,1263 dólares.

Liz Truss vai continuar em funções até que seja encontrado um novo chefe de Governo. Haverá uma nova eleição interna no partido Conservador na próxima semana. No entanto, os trabalhistas reclamam que sejam convocadas novas eleições gerais.

Até agora, o mandato mais curto de sempre de um chefe de Governo datava de 1827. George Canning ocupou o lugar durante apenas 119 dias, depois de ter morrido. Ainda assim, Liz Truss irá parar à história do Reino Unido como a última primeira-ministra empossada pela rainha Isabel II, que morreu em 8 de setembro.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h07 com mais informação)

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