Montepio vende participação em empresa de saúde à CUF por 1 milhão

Mutualista Montepio vende participação de 27% que tem na empresa de segurança e saúde do trabalho Sagies ao grupo CUF – que já controla 70% – por cerca de um milhão de euros.

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) vai vender a participação de 27% que detém na empresa de medicina do trabalho Sagies ao grupo de saúde CUF por um valor superior a um milhão de euros, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.

Com 30 anos de atividade na área da segurança e saúde do trabalho, a Sagies faz parte da CUF, que já detém 70,5% da empresa de saúde e prepara agora a compra da participação da mutualista por 1,05 milhões de euros. O grupo que gere uma rede de 20 hospitais e clínicas em todo o país vai passar a controlar 97,5% da Sagies, enquanto outros 2,5% estão nas mãos da Cruz Vermelha.

A operação ainda será sujeita a apreciação na assembleia de representantes da mutualista – que substituiu o conselho geral da instituição, mas com poderes reforçados, como aprovar e chumbar orçamentos e contas e decidir a venda de participações do grupo, entre outras competências –, que se reunirá de forma extraordinária no próximo dia 27. Questionada pelo ECO sobre esta transação, a mutualista não quis fazer comentários.

Regulador dá luz verde à extinção da Montepio Seguros

A mesma assembleia de representantes extraordinária tem outro ponto na ordem de trabalhos: discutir a reorganização do sub-grupo segurador, na sequência da extinção da holding Montepio Seguros SGPS, que já teve inclusivamente luz verde do regulador, e ainda o reforço da estrutura de capital da Lusitânia e Lusitânia Vida.

Com a extinção daquela holding, aprovada pela Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) no final do mês passado e que visou simplificar a estrutura societária e alcançar poupanças, as duas companhias de seguro passam a ser detidas diretamente pela mutualista liderada por Virgílio Lima.

Em relação ao reforço de capital, o ECO avançou no final de setembro que a AMMG teve de injetar 7,5 milhões de euros na Lusitânia, numa operação que visou reforçar o seu rácio de solvência e assim cumprir as exigências do regulador, depois das perdas registadas na bolsa este ano por conta da turbulência nos mercados financeiros. Parte das perdas estão relacionadas com a exposição a títulos de empresas russas, como o ECO revelou em primeira mão.

Na altura, fonte oficial da instituição adiantou ao ECO que o montante seria suficiente para “garantir rácios de conforto adequados”, mas deixou em aberto a necessidade de ter de voltar a apoiar a sua seguradora: “A futura evolução dos mercados financeiros, com particular destaque no mercado obrigacionista, determinará a necessidade de ação futura”.

Com mais de 600 mil associados, a AMMG é a maior mutualista do país, tendo registado lucros de 13 milhões de euros no primeiro semestre, tendo no Banco Montepio o seu principal ativo.

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TAP soube que estava a pagar a mais quando tentou renegociar com a Airbus

A companhia tentou renegociar o contrato assinado por David Neeleman com a Airbus. Foi depois disso que pediu uma auditoria a duas sociedades de advogados e uma consultora internacional.

O Governo recebeu da TAP, em setembro, uma auditoria ao contrato de aquisição de 53 aviões Airbus negociado por David Neeleman que indica que a companhia estava a pagar a mais que a concorrência pelas aeronaves, com elevados encargos financeiros. Foi quando tentou renegociar o contrato com o construtor europeu que se deu conta da discrepância. A auditoria, desencadeada pela atual administração, contou com a ajuda de duas sociedades de advogados e uma consultora internacional. Em causa podem estar suspeitas de corrupção e gestão danosa.

Para perceber a auditoria entregue pelos ministérios das Infraestruturas e das Finanças ao Ministério Público é preciso puxar o filme atrás. Depois de uma primeira tentativa falhada em 2012, o Executivo de Pedro Passos Coelho conseguiu fazer a privatização de 61% da TAP, no final de 2015, ao único comprador credível que apareceu, David Neeleman, dono da companhia área brasileira Azul. Antes de entrar no capital da transportadora portuguesa, o empresário decidiu renegociar a encomenda existente para 15 aviões A350. Prescindiu destas aeronaves de longo curso e avançou com um contrato de fornecimento de 53 aviões: 14 Airbus 330 – 900 Neo e 39 Airbus A320 e Airbus A321 Neo.

Segundo explicaram fontes sindicais ao ECO, a TAP e a Finnair seriam das primeiras companhias a receber os novos A350, aeronaves de nova geração, já com materiais mais leves. Como primeiro cliente, a companhia portuguesa esteve envolvida no desenvolvimento do novo modelo, com engenheiros da Manutenção & Engenharia deslocados na fábrica da Airbus em Toulouse e técnicos da construtora europeia na TAP. Ser o primeiro tinha uma vantagem: o preço das aeronaves era mais baixo, já que o investimento numa modelo de nova geração comporta riscos que as maiores companhias não gostam de correr.

Nas negociações com a Airbus, David Neeleman cedeu a posição da TAP – segundo as mesmas fontes a Azul terá ficado com o direito de receber um ou dois A350 – e avançou com uma encomenda de 53 aviões da família A330 e A320 Neo. O fabricante, que tinha entretanto uma longa lista de espera pelos A350, terá conseguido vendê-los por um valor bastante superior ao que a TAP pagaria.

O semanário Sol noticiou em junho de 2019 que o empresário terá recebido dinheiro da Airbus pelo negócio dos aviões, que usou para entrar no capital da TAP, através da Atlantic Gateway, consórcio em que participou também Humberto Pedrosa, dono da Barraqueiro, com uma posição minoritária. A Atlantic Gateway pagou 10 milhões diretamente ao Estado e fez entrar 234 milhões em prestações acessórias.

Tap Media Kit photos
Avião A320 Neo ao serviço da TAP.TAP

O empresário brasileiro abordou o negócio numa entrevista à revista Visão. “O que eu fiz foi ir à Airbus e dizer que não queria os A350, porque não faziam falta à TAP. Mas queria os A330 e os A321 LR (Longo Alcance) porque são mais rentáveis. A TAP pode, com os A321 LR, voar para Toronto, Boston, Nova Iorque e até Chicago, com custos mais baixos”, afirmou David Neeleman. “Eu não tirei nada da TAP. Estou a trazer este valor todo e não posso tirar um cêntimo enquanto a dívida bancária da TAP não estiver toda paga”, acrescentou.

No relatório e contas de 2015 da companhia aérea, a alteração da encomenda é justificada com a “diminuição do custo por passageiro”, sendo “os novos aparelhos mais baratos e eficientes para as viagens de longo curso, onde se verifica um maior investimento”. A nova frota permitiria ainda “posicionar a TAP entre as melhores companhias do mundo e garantir-lhe um papel cada vez mais decisivo nas ligações entre a Europa, África, Brasil e América do Norte”.

Além de perder o desconto nos A350, que Neeleman considerou que não se enquadrava na estratégia da TAP, a companhia terá ficado a pagar um valor excessivo pelos A320 e A330. “A administração, a determinada altura, suspeitou que nós estaríamos a pagar pelos aviões que foram encomendados pelo anterior acionista mais do que os concorrentes pagavam”, afirmou o ministro das Infraestruturas esta quarta-feira no Parlamento, quando anunciou o envio da auditoria para o Ministério Público.

Ao que o ECO apurou, a suspeita surgiu quando a atual gestão, encabeçada por Christine Ourmiéres-Widener, tentou renegociar o contrato com a Airbus para obter poupanças. Um contrato de que não pode sair e que prevê a entrega de mais aeronaves. A otimização dos custos operacionais é, de resto, um dos eixos do plano de reestruturação.

A atual gestão decidiu então fazer uma auditoria, que envolveu um escritório de advogados nacional, outro internacional e ainda uma consultora internacional do setor da aviação. O relatório foi remetido para os ministérios das Infraestruturas e das Finanças em setembro, que o enviaram a semana passada para o Ministério Público. O ECO contactou a TAP e a o Ministério das Infraestruturas, que não quiserem fazer qualquer comentário.

É neste contexto que podem ser lidas as críticas que Pedro Nuno Santos deixou quarta-feira ao PSD na audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação. “Em vez de terem vendido a um acionista que capitalizou a empresa, venderam a um acionista que endividou ainda mais a empresa”, afirmou o ministro.

A auditoria já está no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Segundo apurou o ECO, em causa podem estar suspeitas de corrupção e administração danosa em unidade económica do setor público (gestão danosa). Questionada, a PGR apenas disse que “relativamente ao assunto mencionado, confirma-se a receção na Procuradoria-Geral da República de uma participação apresentada pelo Ministro das Infraestruturas e da Habitação e pelo Ministro das Finanças. A mesma, e bem assim a documentação que a acompanhava, foram remetidas ao DCIAP para análise”.

Os Airbus não foram a única alteração na frota promovida por David Neeleman, que foi presidente da Jet Blue e lançou recentemente a Breeze Airways nos EUA. O empresário fez entrar na companhia portuguesa vários aviões Embraer e ATR, subalugados pela Azul, fundada e detida pelo antigo acionista da TAP. Segundo o site NewsAvia, das 165 aeronaves em regime contratual que a Azul tinha a 30 de junho de 2020, 15 estavam subalugadas à TAP.

Em 2017, já com António Costa ao leme do Governo, foi negociada uma reversão parcial da privatização da TAP, com a Atlantic Gateway a reduzir a sua participação para 45%. O Estado ficou com 50% e os trabalhadores mantiveram 5%. David Neeleman deixou de ter qualquer participação em 2020, com a aquisição da participação pelo Estado a troco do pagamento de 55 milhões de euros.

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Galp adianta que tem adquirido “gás de outras fontes com perdas significativas”

  • Lusa
  • 19 Outubro 2022

Para assegurar o fornecimento aos clientes, a Galp indica que tem comprado, "ao longo deste ano gás proveniente de outras fontes com perdas significativas”.

A Galp adiantou esta quarta-feira que “tem vido a adquirir ao longo deste ano gás proveniente de outras fontes com perdas significativas”, após o Presidente da República ter dito que o problema no fornecimento da Nigéria estava “parcialmente ultrapassado”.

“Devido a restrições de fornecimento da Nigéria e por forma a assegurar o fornecimento aos seus clientes, particularmente em Portugal, a Galp tem vindo a adquirir ao longo deste ano gás proveniente de outras fontes com perdas significativas”, lê-se numa nota da petrolífera portuguesa enviada à Lusa. A Galp afirma que “está a monitorizar os desenvolvimentos na Nigéria”.

Continua a não ser claro quando é que as operações no país serão restauradas ou se os impactos das cheias poderão resultar em ruturas adicionais de abastecimento para a Galp”, acrescenta. O esclarecimento da Galp surge depois de o chefe de Estado português ter relativizado a perspetiva da Galp sobre o assunto.

“Há outros países, por exemplo, que mostram interesse em fornecer a Galp e a Galp não tem mostrado interesse em ter esse fornecimento. A perspetiva da Galp é a perspetiva da Galp. A perspetiva do Governo português é a perspetiva de Portugal”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta aos jornalistas, em Dublin.

Interrogado se não são preocupantes os avisos da Galp, considerou que “não”, acrescentando: “Uma coisa são as prevenções que determinadas companhias fazem de vez em quando, outra coisa é a movimentação a nível de governos para ultrapassar esses problemas”.

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Resposta dos seguros aos desafios económicos e sociais de 2023 está hoje em conferência

  • ECO Seguros
  • 19 Outubro 2022

Vai hoje estar em debate a Resposta dos seguros aos desafios económicos e sociais de 2023, durante a 3ª Conferência Anual ECOseguros que decorre no Centro de Congressos de Lisboa.

A 3ª Conferência ECOseguros realiza-se esta 5ª feira no Centro de Congressos de Lisboa, tendo as inscrições esgotado para ouvir diferentes oradores especialistas no setor dos seguros e pensões apontarem os caminhos para uma boa vivência das empresas e dos seus clientes num ano de 2023 que não se apresenta fácil.

A Conferência tem início com o painel O impacto do contexto macroeconómico no setor segurador com a participação de Dora Leal (Senior Manager, Insurance, EY), António Castanho (Presidente do Conselho de Administração Executivo da CA Vida) e André Veríssimo (Redator Principal do ECO).

O papel dos mediadores no melhorar a proteção dos consumidores e otimizar os custos dos segurados será discutido por David Pereira (Presidente da Direção da APROSE – Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros), Gonçalo Baptista (Diretor Geral Innovarisk Underwriting) e Filipe Charters de Azevedo, Sócio-gerente Safe-Crop.

Segue-se o painel Tecnologia e seguros – O que esperar dos aumentos de eficiência e de novas oportunidades com a participação de João Veiga (Country Manager da MPM Software), Helena Leite (COO da Cleva Insurance Solution at Inetum) e Leandro Fernandes (CEO da lluni).

A esperança nos ramos de será abordado Vida/poupança/reforma – O virar da página nos seguros de Vida e Pensões, painel que conta com Isabel Castelo Branco (CEO da BPI Vida e Pensōes), Marta Graça Ferreira (Presidente do Conselho de Administração da Real Vida Seguros) e Nelson Machado (CEO Vida & Pensões Grupo Ageas Portugal).

A Longevidade, Seguros de saúde ou planos de saúde vai contar com a opinião de Eduardo Consiglieri Pedroso (Chief Healthcare Ecosystem Officer do Grupo Ageas Portugal) Luis Prazeres (Chief Technical Officer da Advance Care) e Maria João Sales Luís (CEO da Multicare).

O painel Os grandes desafios das seguradoras em ano económico desafiante vai juntar 100% da produção seguradora em Portugal através de José Galamba de Oliveira (Presidente da APS – Associação Portuguesa de Seguradores), Pedro Carvalho (CEO Tranquilidade/Generali), Rogério Campos Henriques (CEO Fidelidade), Steven Braekeveldt (CEO Grupo Ageas Portugal) e Teresa Brantuas (CEO Allianz Portugal).

O encerramento será realizado por Margarida Corrêa de Aguiar, Presidente da ASF, transmitindo A Visão da Supervisão.

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TAP escolhe novo operador para substituir White Airways

  • Lusa
  • 19 Outubro 2022

"A White Airways tem vindo a operar uma frota de seis aviões para a TAP, o que tem sido um desafio constante, com múltiplos aviões ATR a ficarem em terra por avaria", explica a empresa.

A TAP lançou um pedido de proposta a vários operadores para um contrato de prestação de serviços para dois aviões ATR, em substituição da White Airways, cujo contrato termina em 31 de outubro, indicou, em comunicado. “A TAP lançou um pedido de proposta a vários operadores de ATR, a fim de otimizar a frota a operar ao seu serviço, aumentar a fiabilidade e reduzir os custos”, disse a companhia, na nota.

Segundo a TAP, “das cinco propostas recebidas, a melhor oferta para operar dois ATR está a ser negociada e vai proporcionar a necessária regularidade operacional e evitar o impacto financeiro negativo que a TAP tem sofrido até agora devido à falta de fiabilidade da White”. A transportadora disse ainda que “o operador selecionado vai contratar tripulação e pessoal de manutenção português para os dois ATR”, ou seja, é um contrato de ACMI.

“A White Airways tem vindo a operar uma frota de seis aviões ATR para a TAP, o que tem sido um desafio constante, com múltiplos aviões ATR a ficarem em terra por avaria e a registarem uma regularidade operacional decrescente”, justificou a companhia, indicando que, de acordo com o seu plano de reestruturação, “tem uma limitação em termos de dimensão da frota, que não pode exceder as 99 aeronaves”.

A transportadora explicou depois que “esta limitação exige que a empresa potencie a oferta através da utilização de aeronaves com maior capacidade de lugares, em detrimento dos aviões da frota com menor capacidade, justamente os ATR”, acrescentando que “tem de reforçar a fiabilidade da sua frota, para evitar que os resultados operacionais sejam penalizados pela indisponibilidade de aeronaves”.

“De futuro, a TAP apenas necessitará de dois ATR, uma vez que vai contar com seis E-jets (Embraer) adicionais na Portugalia, dois dos quais já iniciaram as operações em setembro deste ano, enquanto os quatro restantes serão faseados até janeiro de 2023”, explicou a companhia.

De acordo com a transportadora, “só durante o último ano, a White Airways teve uma média mensal de 10 eventos AOG (Aircraft on Ground) devido a razões técnicas”, sendo que “entre novembro de 2021 e setembro de 2022, razões técnicas resultaram num agregado de 342 voos cancelados, com uma média de 31 voos cancelados por mês”.

“Só em setembro de 2022, a White teve 84 voos cancelados por razões técnicas”, referiu a empresa, adiantando que “em 2022 (acumulado), a White Airways tem 1,9 AOG por 100 voos, contrastando com a relação da TAP de 0,52 AOG por 100 voos. A White Airways operou 94% dos voos planeados, enquanto na TAP esta percentagem sobe para 98,2%”, destacou.

A TAP assinalou que, “desde janeiro de 2022, o baixo desempenho da frota ATR operada pela White teve um impacto financeiro negativo na TAP de 4,8 milhões de euros devido a cancelamentos, necessidade de troca de aviões com aumento de capacidade e indemnizações aos passageiros”.

Ainda assim, e “apesar da falta de fiabilidade operacional da White, a TAP tem vindo a pagar diretamente à White as horas voo e a suportar os custos dos alugueres das aeronaves e das reservas de manutenção”, indicou, detalhando que “entre 2016 e 2022, a TAP pagou 109 milhões de euros por horas de voo diretamente à White e 98 milhões de euros por alugueres de aeronaves ao serviço da White, mais 33 milhões de dólares para reservas de manutenção ao locador da aeronave”.

Com a pandemia, “a TAP continuou a apoiar a White, pagando 24 milhões de euros durante 2020 e 2021, o que representou uma diminuição média de apenas 20% em relação a 2019, embora em média as operações da White para a TAP tenham diminuído 42%”, explicou a transportadora.

Em abril deste ano, uma notícia do Negócios dava conta das dificuldades da White Airways, que pertence ao grupo Omni Aviation, referindo que a empresa estava mesmo em risco de insolvência. O contrato da White com a TAP “expira em 31 de outubro de 2022”, disse a companhia.

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Consórcio de Buffett adquire Alleghany por 11.6 mil milhões de dólares

  • ECO Seguros
  • 19 Outubro 2022

A Berkshire concluiu a compra de 11,6 mil milhões de dólares do grupo de seguros Alleghany. O consórcio é proprietário da Geico, General Re e outras companhias de seguros.

ABerkshire, a empresa de Warren Buffett, completou a sua maior aquisição em anos hoje, com a compra de 11,6 mil milhões de dólares do consórcio de seguros Alleghany.

A aquisição, anunciada em março, irá expandir ainda mais as já consideráveis operações de seguros da Berkshire e acrescentar mais empresas ao negócio, incluindo um fabricante de aço e uma empresa de brinquedos, propriedade da Alleghany.

Tal como tem feito com outras aquisições, a Berkshire permitirá que a Alleghany, sediada em Nova Iorque, continue, em grande parte, a gerir-se a si própria.

O analista da Edward Jones, Jim Shanahan, disse que o CEO da Alleghany, Joe Brandon, que anteriormente dirigia uma Berkshire diferente, poderia um dia ser um candidato a substituir o Vice Chairman Ajit Jain e supervisionar todas as companhias de seguros da Berkshire.

A última grande aquisição da Berkshire ocorreu em 2016, quando pagou 32,36 mil milhões de dólares para comprar a fabricante de peças de aviação Precision Castparts.

Buffett sempre se mostrou relutante em pagar em excesso pelas aquisições, e disse que a Berkshire enfrenta hoje em dia mais concorrência por negócios de empresas de capital privado.

Mas Buffett colocou mais de 51 mil milhões de dólares para operar na bolsa de valores este ano, incluindo a compra de cerca de 12 mil milhões de dólares de ações da Occidental Petroleum e outros 20 mil milhões de dólares de ações da Chevron para apostar na produção de petróleo.

Ainda assim, no final do segundo trimestre, a Berkshire contava 105,4 mil milhões de dólares líquidos.

Para além de possuir mais de 90 empresas operacionais, a Berkshire detém uma considerável carteira de investimentos com participações importantes na Apple, Bank of America, American Express e Coca-Cola, entre outras empresas.

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Criptoativos, supervisão e mercados de capitais: o que defendem os novos administradores da CMVM

  • Lusa
  • 19 Outubro 2022

"É positiva a existência de legislação na matéria porque até agora o que tínhamos era um vazio (…) e isso também gera incerteza nos próprios investidores", disse Teresa Gil.

A administradora indigitada para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) Teresa Gil disse esta quarta-feira ser positiva a existência de legislação em matéria de tributação de mais-valias geradas com criptoativos, considerado que esta vem preencher um vazio.

Teresa Gil esteve a ser ouvida na Comissão de Orçamento e Finanças, no âmbito do processo de indigitação, tendo sido questionada sobre a mudança no regime de tributação dos criptoativos que consta da proposta do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) e sobre questões de regulação neste domínio. “Acho que é positiva a existência de legislação na matéria porque até agora o que tínhamos era um vazio (…) e isso também gera incerteza nos próprios investidores e nos próprios agentes que trabalham nesta área”, referiu Teresa Gil, atual subdiretora-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).

A proposta do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) contempla um novo regime de tributação de criptoativos, prevendo, entre outras medidas, que as mais-valias sejam tributadas a uma taxa de 28% quando aqueles são detidos por menos de um ano. Relativamente à questão da regulação, a administradora indigitada referiu que, neste momento, a CMVM “não tem poderes nesta matéria, excetuando as situações em que os criptoativos configuram valores mobiliários ou são derivados de valores mobiliários”.

Teresa Gil lembrou que a nível da União Europeia está a ser desenvolvido trabalho em duas vertentes, ou seja, através do regulamento dos mercados de criptoativos e de alterações à diretiva comunitária DAC 8 (prevendo-se o alargamento da troca de informação financeira aos criptoativos e dos intermediários relevantes). Neste contexto referiu ser importante haver mais regulação, mas “harmonizada, concertada” até “para não haver distorções e situações de concorrência desleal”.

Também a vice-presidente indigitada da CMVM, Inês Drumond, considerou que o regulador deve ter um papel proativo nas iniciativas de regulação das atividades associadas à digitalização financeira, mas sem constituir um obstáculo. Inês Drumond, ouvida na Comissão de Orçamento e Finanças, transmitiu esta posição quando falava dos riscos e oportunidades que a digitalização da economia coloca.

A utilização crescente de plataformas online, de criptoativos (…) podem trazer benefícios, mas também é necessário ter em conta que algumas das atividades associadas à digitalização financeira ainda estão fora do perímetro de supervisão e regulação”, referiu a vice-presidente indigitada para a CMVM. Tendo em conta as necessidades de regulação, Inês Drumond considerou que dada a sua natureza transfronteiriça, “as iniciativas de regulação destas atividades devem desenvolver-se, em grande medida, a nível internacional”, defendendo que a CMVM continue a ter um papel proativo neste processo.

A par dessa intervenção ativa, o supervisor dos mercados deve ainda, afirmou, “acompanhar de perto estes desenvolvimentos e intervir sempre que necessário, de forma tempestiva”, continuando a alertar os investidores, designadamente os de retalho, para os riscos associados a este processo de digitalização, mas fazendo-o “sem constituir um obstáculo à digitalização do sistema financeiro”.

Já o administrador indigitado para a CMVM, Juliano Ferreira, afirmou esta quarta-feira que a atual conjuntura de crise inflacionária não deve fazer esquecer das fragilidades que o mercado de capitais português já revelava anteriormente. Ouvido também na Comissão de Orçamento e Finanças, Juliano Ferreira assinalou que aos efeitos de uma pandemia viriam juntar-se os de uma guerra, realçando o impacto desta conjuntura no aumento generalizado dos preços, seguido de uma tendência de subida dos juros para tentar controlar a inflação.

Porém, “este contexto conjuntural, que não deve deixar de merecer atenção, não deve levar-nos a desconsiderar as insuficiências e fragilidades estruturais que o nosso mercado de capitais já antes revelava”, referiu. No seu entender, a conjugação de riscos emergentes com dificuldades já preexistentes “e a necessidade de dar uma resposta adequada a uns e outros representa o principal desafio e oportunidade que a CMVM enfrentará nos tempos mais próximos”.

Em 16 de setembro, o Ministério das Finanças anunciou ter escolhido novos elementos do Conselho de Administração da CMVM, indicando Luís Laginha de Sousa, ex-presidente da Euronext Lisbon e atual administrador do Banco de Portugal, para presidente da CMVM, em substituição de Gabriel Bernardino, que renunciou por questões de saúde após quatro meses em funções.

Como administradores do supervisor das bolsas, as Finanças indicaram Inês Drumond, atual diretora adjunta do Departamento de Estabilidade Financeira do BdP, para a vice-presidência, e ainda Juliano Ferreira, atual diretor do Departamento de Emitentes da CMVM, e Teresa Maria Gil, atual subdiretora-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, com responsabilidade sobre os impostos sobre o rendimento e as relações internacionais.

Uma vez designados para as respetivas funções, juntar-se-ão ao administrador José Miguel Almeida.

O processo implica, após a designação pelo Conselho de Ministros dos nomes agora indicados, de parecer da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (Cresap) – que foi favorável – e desta audição e emissão de parecer pela Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia da República.

(atualizada às 21h38 com mais informação)

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Influência dos EUA e da UE deve diminuir nos próximos cinco anos

  • Lusa
  • 19 Outubro 2022

A amostra de população de Portugal é das mais confiantes sobre a manutenção do poder de influência dos Estados Unidos.

A influência dos EUA e da União Europeia (UE) deve diminuir nos próximos cinco anos, embora estas potências permaneçam como relevantes atores internacionais, revela um estudo transatlântico apresentado esta quarta-feira em Lisboa.

O relatório Tendências Transatlânticas, patrocinado pelo German Marshall Fund e pela Fundação Bertelsmann, revela que a maioria da população dos países da América do Norte e da Europa consideram que, nos próximos cinco anos, os Estados Unidos, China e UE vão ser, por esta ordem, as mais influentes potências mundiais.

Contudo, muitos dos inquiridos – em 14 países dos dois continentes, incluindo Portugal – acreditam que, nos próximos cinco anos, os Estados Unidos e a UE vão perder a capacidade de influir no rumo dos acontecimentos internacionais. O número é mais relevante no caso dos EUA (27% dos inquiridos deixaram de considerar este país muito relevante) do que no da UE (2% deixaram de considerar este bloco muito relevante), enquanto mais 12% atribuem um crescendo de relevância à China e 4% acredita que a Rússia vai ganhar mais prestígio.

A amostra de população de Portugal é das mais confiantes sobre a manutenção do poder de influência dos Estados Unidos, apenas ultrapassada neste otimismo pelos próprios norte-americanos e pelos lituanos. O relatório – que foi apresentado numa conferência em Lisboa, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) – indica ainda que a maioria (66%) dos inquiridos dos 14 países olha de forma positiva para o papel da UE nos acontecimentos internacionais, um sentimento mais comum do que aquele atribuído aos EUA (57%).

Mais uma vez, Portugal destaca-se na perceção otimista sobre estas duas potências e é mesmo o país que revela números mais elevados na visão positiva da influência da UE (87%). Para Pedro Magalhães – investigador do Instituto de Ciências Sociais e um dos comentadores convidados pela FLAD para a sessão de apresentação do relatório – os números mostram que, para os inquiridos dos 14 países, não há verdadeiramente um dilema entre os Estados Unidos e a União Europeia.

“Sobretudo para os portugueses, esse dilema não existe, mostrando que mantêm uma forte confiança nestes dois blocos”, explicou Pedro Magalhães.

Raquel Vaz Pinto – investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais e comentadora na sessão da FLAD – destacou o facto de, apesar da crença de que a China vai ganhar protagonismo num futuro próximo, haver um aumento de perceção negativa sobre o papel deste país asiático nos acontecimentos internacionais. “Ainda assim, realço o facto de um em cada três inquiridos ter dito que não tem uma opinião formada sobre se a China vai ser um parceiro fiável”, disse Raquel Vaz Pinto, na apresentação do relatório.

O documento mostra ainda que o sentimento sobre a influência da Rússia é negativo para 73% dos inquiridos, com uma larga maioria a defender que o país liderado pelo Presidente Vladimir Putin deve ser castigado pelos crimes de guerra que cometa na invasão da Ucrânia. A guerra na Ucrânia pode também estar por detrás dos números que revelam que, entre 2021 e 2022, a percentagem de inquiridos que atribuem importância à NATO tenha aumentado de 67% para 78%.

Um dos aspetos que surpreendeu os comentadores do relatório foi o facto de 81% dos inquiridos nos países da UE terem dito que este bloco de 27 países é muito importante para a segurança da sua própria nação, com Portugal à cabeça dos países confiantes na União para assegurar condições de segurança nacional. Portugal é também um dos países cuja população mais acredita que tem um regime democrático sólido, apenas ultrapassado pelos suecos. Em sentido contrário, os turcos, os italianos, os polacos e os norte-americanos mostram-se preocupados com a saúde da sua democracia.

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Diana Tato é a nova diretora de marketing e comunicação da Webhelp

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  • 19 Outubro 2022

Sofia Santos, até agora diretora de marketing e comunicação, passa a global marketing senior project manager da multinacional francesa, apoiando os 58 mercados onde o grupo está presente.

Diana Tato é a nova diretora de marketing e comunicação da Webhelp, multinacional francesa especialista em experiência do cliente (CX) e soluções empresariais. Sofia Santos, que até agora desempenhava estas funções, passa a global marketing senior project manager, com responsabilidades ao nível do mercado internacional. Esta progressão interna, justifica a empresa, “segue o princípio base da Webhelp de grande aposta na equipa atual, com base na filosofia think Human“.

“Participar no crescimento da Webhelp Portugal desde praticamente a sua chegada ao país, em 2016, tem sido uma enorme aventura e é com satisfação que estive presente em grandes momentos da evolução da marca no país. É com um sentimento de dever cumprido que passo o testemunho e aceito este novo desafio dentro da Webhelp, através do qual assumirei agora novas responsabilidades a nível global, apoiando os 58 países que fazem parte do grupo“, comenta Sofia Santos, citada em comunicado.

“Acredito que a Webhelp é uma empresa com um futuro muito promissor em Portugal. Aceitar este desafio vai permitir-me ser uma parte ativa do percurso que ainda será construído, fortalecendo todo o trabalho que a equipa atual já foi desenvolvendo com enorme dedicação e sucesso, ao longo dos últimos seis anos da multinacional em Portugal”, prossegue Diana Tato.

Diana Tato tem cinco ano de experiência na indústria de business process outsourcing, como senior content creator e e também communication manager. A carreira começou como jornalista, com passagens pela RTP e pela TVI.

Sofia Santos, global marketing senior project manager

Sofia Santos passou pela Agência Lusa e pelo Jornal Luso-Americano, nos Estados Unidos, seguindo-se a colaboração em duas agências de comunicação.

A Webhelp conta com 2.400 colaboradores em Portugal, repartidos por Oeiras, Lisboa, Braga e Aveiro. O objetivo, diz, é chegar aos 3.000 colaboradores em território nacional no próximo ano.

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Câmara do Porto discute contratar empréstimo de 50 milhões para cobrir investimentos

  • Lusa
  • 19 Outubro 2022

A proposta apresentada pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), com uma taxa de juro indexada à Euribor a seis meses e a 15 anos, foi considerada a mais favorável.

A Câmara do Porto delibera, segunda-feira, submeter à aprovação da Assembleia Municipal a contratualização de um empréstimo de 50 milhões de euros, pelo prazo de 15 anos, para cobrir “necessidades de investimento” a inscrever no orçamento de 2023.

Na proposta, a que a Lusa teve acesso e que o executivo municipal discute na reunião pública de segunda-feira, o vereador com o pelouro da Economia da Câmara do Porto, Ricardo Valente, esclarece que o município pretende contratar um empréstimo bancário, de 50 milhões de euros, para cobrir “necessidades de investimento a inscrever no orçamento municipal para 2023”.

O procedimento de contratação de empréstimo iniciou-se a 6 de setembro, por despacho do vereador, tendo sido convidadas a apresentar propostas dez instituições financeiras, “das quais seis apresentaram propostas”. “Da análise das propostas, resulta como mais favorável para o município a proposta apresentada pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), com uma taxa de juro indexada à Euribor a seis meses, acrescida de um spread de zero vírgula quarenta e oito por cento”, esclarece Ricardo Valente.

Como os investimentos a inscrever no próximo orçamento municipal “ultrapassam 10% do investimento previsto” no orçamento municipal deste ano, a contratualização do empréstimo tem de ser “objeto de autorização” pela Assembleia Municipal. Paralelamente, o contrato em causa está também sujeito à fiscalização prévia do Tribunal de Contas, sendo que o município “apenas fará a primeira utilização [do montante em empréstimo] a partir de 2023”.

Nesse sentido, o executivo municipal vai deliberar submeter a aprovação da Assembleia Municipal a contratualização do empréstimo a longo prazo por um montante de 50 milhões de euros para a execução do programa de investimentos.

Entre os investimentos, que constam num documento anexo à proposta, destacam-se a construção de habitação multifamiliar de renda acessível na freguesia de Lordelo do Ouro, por um montante de 15 milhões de euros, a antiga estação de recolha da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), por seis milhões de euros, a estabilização da Escarpa da Alfândega, por um milhão de euros, e a construção do loteamento do Monte Pedral, por 800 mil euros.

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Segurança Social paga apoio de 125 euros na 2.ª feira a 1,6 milhões de pessoas

  • Lusa
  • 19 Outubro 2022

"A Segurança Social vai fazer o pagamento do apoio dia 24, próxima segunda-feira, a todos" os que recebem prestações sociais, segundo o ministério, apontando para 1,6 milhões de beneficiários.

O apoio de 125 euros vai ser pago na segunda-feira pela Segurança Social a quem recebe prestações sociais, abrangendo 1,6 milhões de beneficiários, avançou à Lusa fonte oficial do Ministério do Trabalho.

A Segurança Social vai fazer o pagamento do apoio dia 24, próxima segunda-feira, a todos os beneficiários”, indicou o gabinete da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, acrescentando que em causa estão 1,6 milhões de pessoas.

Em causa está o apoio de 125 euros e de 50 euros por descendente, criado pelo Governo com o objetivo de mitigar o impacto da inflação. Nos casos de beneficiários de algumas prestações sociais, o apoio é pago pela Segurança Social e, no caso de titulares de rendimentos, é efetuado pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).

Aos titulares de rendimentos, o apoio é pago pela AT a partir de quinta-feira, dia 20, a um ritmo diário de 500 mil pagamentos por dia, anunciou na terça-feira o ministro das Finanças, Fernando Medina. O apoio é feito por transferência bancária, através do IBAN que conste no sistema de informação da Segurança Social, mas, caso não seja possível proceder ao pagamento por esta via, será realizado por vale postal.

A medida abrange quem tem um rendimento bruto até 2.700 euros por mês, abrangendo titulares de rendimentos e também beneficiários de determinadas prestações sociais.

Entre os beneficiários de prestações sociais com direito ao apoio estão as pessoas que recebem subsídio de desemprego, subsídio social de desemprego, subsídios de doença, Rendimento Social de Inserção (RSI), prestação social para a inclusão, Complemento Solidário para Idosos (CSI) e subsídio de apoio ao cuidador informal principal. O Governo estima que o apoio abranja um total de 5,8 milhões de pessoas.

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Kwarteng vs. Hunt: o antes e o depois do “mini-orçamento” do Reino Unido

  • Joana Abrantes Gomes
  • 19 Outubro 2022

Kwasi Kwarteng apresentou um plano de corte de impostos e apoios para pagar as contas da energia. Três semanas depois, Jeremy Hunt toma o seu lugar e reverte "quase tudo". O que mudou?

Nem um mês depois da apresentação do “mini-orçamento”, que previa a maior descida de impostos em décadas e que obrigou a uma intervenção do banco central, o Governo britânico viu-se obrigado a recuar no seu ambicioso programa económico para tentar acalmar os mercados financeiros e estabilizar a libra. Traduzindo à letra, o novo plano, anunciado na segunda-feira pelo sucessor de Kwasi Kwarteng, chama-se mesmo “reviravolta” (U-Turn, em inglês): isto é, afinal, já não serão postas em prática as reduções de impostos e as medidas de apoio a famílias e empresas para fazer face à crise energética serão encurtadas para seis meses.

Foi no dia 23 de setembro que o agora ex-ministro das Finanças do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, revelou os detalhes do “mini-orçamento”, com vista a implementar a principal promessa que marcou a campanha da primeira-ministra, Liz Truss, na corrida à liderança do Partido Conservador – uma redução generalizada de impostos. O objetivo era dinamizar o crescimento económico, num cenário de crise energética e inflação elevada, sobretudo na sequência da guerra que assola o leste da Europa.

“Acreditamos que impostos elevados reduzem o incentivo ao trabalho, impedem o investimento e são um entrave ao empreendedorismo. Vamos rever o sistema fiscal para o tornar mais simples, mais dinâmico e mais justo para as famílias”, defendeu Kwasi Kwarteng, nesse dia, diante do Parlamento britânico.

O “mini-orçamento”, ou o novo Plano de Crescimento, estimava um corte de impostos avaliado em 45 mil milhões de libras (51.680 milhões de euros à taxa de câmbio atual), mais pelo menos 100.000 milhões de libras (cerca de 114.910 milhões de euros) para financiar diretamente os custos da energia para famílias e empresas durante dois anos. Entre as principais medidas do plano económico do Governo liderado por Liz Truss, constavam:

  • Reversão do aumento da contribuição para a Segurança Social, introduzido em abril por Rishi Sunak para ajudar a financiar os custos adicionais no setor da saúde;
  • Cancelamento dos aumentos de impostos para bebidas alcoólicas;
  • Fim do teto para os prémios de remuneração dos banqueiros, para tentar atrair mais investimento do setor financeiro;
  • Corte no imposto sobre a compra de habitação;
  • Isenção de IVA para turistas;
  • Cancelamento da subida prevista para os impostos sobre as empresas (o equivalente ao IRC em Portugal);
  • Fim do escalão mais alto do imposto sobre os rendimentos (equivalente ao IRS) a partir de 2023, que taxa a 45% os cidadãos que ganham mais de 150 mil libras por ano, passando estes a pagar apenas 40%;
  • Descida da taxa de 20% para 19% no escalão mais baixo do imposto sobre os rendimentos;
  • Congelamento das faturas de energia durante dois anos, sendo que, para as empresas, o Governo propunha financiar quase metade das contas durante seis meses.

Para suportar estas medidas e compensar a quebra na receita fiscal, o Governo britânico decidiu recorrer ao endividamento público. Além disso, o anúncio do plano não se fez acompanhar de previsões económicas independentes do órgão fiscalizador do Reino Unido – o Gabinete de Responsabilidade Orçamental (na sigla em inglês, OBR – Office of Budget Responsibility) –, nem por medidas para reduzir a despesa, colocando em causa, desde logo, a sustentabilidade da dívida pública, que se encontra em 96,6% do Produto Interno Bruto (PIB).

A pressão sobre os mercados financeiros fez-se sentir imediatamente. O valor da libra caiu a pique, chegando a desvalorizar 5% face ao dólar entre a data de apresentação do “mini-orçamento” e 26 de setembro, dia em que registou a cotação mais baixa, e 1,2% desde 23 de setembro até 14 de outubro, quando Kwasi Kwarteng foi demitido. Ao mesmo tempo, as taxas de juro da dívida dispararam e arrastaram com elas os juros dos empréstimos à habitação. A yield das obrigações do Tesouro britânico a 10 anos passou de uma taxa de 3,3% a 21 de setembro para 4,5% a 27 de setembro, tendo a partir de então e até esta terça-feira, 18 de outubro, baixado para os atuais 3,9%.

"Foi uma ideia demasiado audaz e muito pouco refletida. Do ponto de vista da reação do mercado, é o pior que se pode fazer. Porque isto não é fazer um corte na despesa. Isto é dizer que vamos manter a mesma despesa, mas à custa do dinheiro dos investidores.”

João Duque

Economista e Professor do ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa

 

De facto, os mercados não alinharam no plano económico de Kwasi Kwarteng e até o Fundo Monetário Internacional (FMI) criticou a estratégia do Governo britânico. Vários bancos retiraram do mercado centenas de produtos de crédito à habitação nos dias que se seguiram ao anúncio, devido à expectativa de analistas de que as taxas de juro poderiam aumentar até 6% em 2023.

Este cenário obrigou o Banco de Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), que já estava a tentar controlar a inflação, a uma compra de emergência de títulos soberanos (as chamadas gilts) no valor de quase 75 mil milhões de euros, evitando assim o colapso de alguns fundos de pensões com grandes investimentos em títulos do Tesouro.

A reação “enérgica” do BoE, além do nervosismo dos mercados, é um “sinal que algo sério se passou e ainda está a passar”, sublinhou ao ECO o ex-presidente da AICEP Pedro Reis. Já Antoine Bouvet, do ING Group, considera que embora tenha reagido “como devia”, a intervenção do banco central do Reino Unido ocorreu “demasiado tarde e de forma limitada”. “Deveria ter durado mais tempo”, afirmou o economista, em declarações ao ECO.

Neste contexto, foi aumentando a pressão sobre Liz Truss para demitir o seu ministro das Finanças, inclusive dentro do seu próprio partido. No dia 4 de outubro, Kwarteng reverteu aquela que era a medida mais polémica do “mini-orçamento”: a abolição do imposto de 45% sobre os rendimentos superiores a 150 mil libras anuais. “Nós apenas falamos com as pessoas. Ouvimos as pessoas. Eu percebo isso. Além de falarmos com as pessoas, também vimos como reagiram”, justificou.

Esse recuo, no entanto, não foi suficiente para devolver a credibilidade junto dos mercados, e Liz Truss acabou mesmo por demitir Kwasi Kwarteng na passada sexta-feira, reconhecendo que os seus planos económicos tinham ido “mais longe” do que os investidores esperavam. “Ainda bem que ele saiu, não tinha qualquer hipótese”, considera o economista João Duque.

Hunt faz “marcha-atrás” em nome da estabilidade

Sob forte pressão política, a chefe do Governo britânico não tardou a anunciar a nova escolha para a pasta das Finanças. A nomeação de Jeremy Hunt, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e duas vezes candidato à liderança do Partido Conservador, foi confirmada ainda em 14 de outubro, dia em que Liz Truss anunciou mais um recuo no plano económico, repondo a subida do imposto sobre as empresas (de 19% para 25%) que tinha sido decidida pelo anterior Governo, quando Rishi Sunak era ministro das Finanças.

Bastaram dois dias para o sucessor de Kwasi Kwarteng começar a fazer mudanças e a primeira medida que tomou foi mesmo anular quase por inteiro o “mini-orçamento”, numa tentativa de controlar o aumento da dívida pública. “Vamos inverter quase todas as medidas fiscais anunciadas no plano de crescimento há três semanas que ainda não iniciaram a legislação no Parlamento”, admitiu Jeremy Hunt, numa comunicação transmitida em televisão na passada segunda-feira.

Para reduzir especulações “inúteis”, o novo ministro das Finanças decidiu revelar mais mudanças ao “mini-orçamento” original antes da apresentação do plano orçamental de médio prazo, que acontece em 31 de outubro. Eis as principais medidas anunciadas:

  • Sem cortes nas taxas de impostos sobre dividendos;
  • Mantém-se o IVA para turistas;
  • Os aumentos das taxas sobre bebidas alcoólicas não serão congelados;
  • O imposto sobre as empresas afinal vai aumentar de 19% para 25% no próximo ano;
  • Taxa básica do imposto sobre os rendimentos vai manter-se “indefinidamente” nos 20%, em vez de baixar para 19%;
  • Mantém-se o escalão máximo de 45% do imposto sobre os rendimentos, que Kwarteng pretendia abolir inicialmente;
  • O plano de Garantia de Preços da Energia, destinado a apoiar famílias e empresas, foi encurtado para durar até abril de 2023 e não durante dois anos.

Do “mini-orçamento” apresentado em 23 de setembro no Parlamento mantêm-se apenas a redução da contribuição para a Segurança Social e um desconto no imposto sobre a compra de habitação (“stamp duty”), visto que ambas as medidas já começaram a ser legisladas.

Antecipando que o cancelamento da redução de impostos vai permitir angariar mais cerca de 32.000 milhões de libras (37.000 milhões de euros) anualmente em receitas fiscais, Jeremy Hunt justificou as alterações com o facto de os mercados exigirem, “com razão, o compromisso com finanças públicas sustentáveis”.

O objetivo do novo ministro das Finanças passa agora por mostrar aos mercados financeiros que o Governo britânico vai ser prudente nas políticas económicas, abdicando de qualquer medida que conduza a um aumento dos níveis de endividamento público e esperando que o valor da libra recupere terreno e que as taxas de juro da dívida pública do país deixem de subir.

Certo é que, desde a demissão de Kwasi Kwarteng na sexta-feira até esta terça-feira, 18 de outubro, a libra já valorizou 1,2% face ao dólar norte-americano, enquanto na segunda-feira a moeda britânica ganhava 0,83% em relação ao euro e as gilts mostravam sinais de recuperação. E se, inicialmente, o OBR previa que, incluindo as medidas do “mini-orçamento” original, o Governo britânico enfrentava um défice de 72 mil milhões de libras, este valor estará agora mais próximo dos 50 mil milhões de libras em resultado das mudanças anunciadas por Hunt, de acordo com o ING Group.

As novas medidas estão a ser recebidas com recetividade pelos economistas, embora considerem difícil que venham colmatar a lacuna nas finanças públicas. Com o “mini-orçamento”, Kwarteng queria fazer do Reino Unido “um laboratório social”, critica João Duque, frisando que o objetivo de Jeremy Hunt deve ser recuperar a confiança dos mercados, eventualmente cortando na despesa para controlar o défice.

Para Antoine Bouvet, do ING Group, as novas medidas são “uma evolução muito positiva, porque dão mais receitas ao orçamento e também representam um sinal para os investidores de que o Governo está a levar a sério a sustentabilidade”. Porém, assinala que o mercado das gilts continua “muito frágil”. “A não ser que o BoE intervenha por um período de tempo mais longo”, será difícil que a yield caia muito, remata, acrescentando que tal dependerá, em último caso, do que acontecer com a inflação – que atingiu os 10,1% esta quarta-feira.

Até 31 de outubro ainda serão anunciadas mais medidas de reversão do “mini-orçamento”. Mas persiste “um problema de sustentabilidade, e atrás disso a credibilidade, e atrás disso a estabilidade, e atrás disso todo o crescimento que (o Governo britânico) tem de acautelar”, aponta Pedro Reis, que denota que o novo ministro das Finanças se depara com uma “equação muito difícil” num ano em que “o mundo está demasiado perigoso”. “Para fechar o tal buraco (da sustentabilidade), ou vai por medidas de corte de despesas, ou vai por medidas de abdicar de corte de receita – na prática, abdicar de mais receita“, disse o ex-presidente da AICEP.

Jeremy Hunt terá de tomar uma série de opções orçamentais nas próximas semanas numa altura em que ainda existe um clima de incerteza política sobre o futuro da primeira-ministra, com as críticas a crescer no seio da sua maioria parlamentar e alguns deputados conservadores a começarem a pedir a sua substituição. Segundo o economista Antoine Bouvet, é outra razão pela qual a volatilidade dos mercados financeiros permanecerá elevada. Uma nova intervenção do BoE pode estar em cima da mesa, visto que acalmar os mercados depois de atingir a credibilidade da gestão das finanças públicas “é muito complicado”, considera Pedro Reis.

"Ou o ministro das Finanças empresta credibilidade a Liz Truss e ela recupera alguma coisa, ou então, se os mercados continuarem reativos e nervosos, não me surpreenderia que o Banco de Inglaterra intervenha para estancar o problema, não olhando ao impacto político da agenda.”

Pedro Reis

Economista e ex-presidente da AICEP

Liz Truss, por seu lado, parece decidida a defender a sua posição. Na segunda-feira, numa tentativa de justificar as reversões ao plano económico inicial, escreveu na sua conta do Twitter que “os britânicos querem estabilidade”. “Tomámos ações para delinear um novo rumo para o crescimento que apoie e responda às necessidades das pessoas do Reino Unido”, afirmou.

Esta quarta-feira, no entanto, o Governo britânico já sofreu um novo revés, com a demissão da ministra do Interior, Suella Braverman, menos de uma semana depois da saída de Kwasi Kwarteng. Em causa estará uma violação das regras, ao ter enviado um documento oficial através do seu e-mail pessoal. Resta esperar pela apresentação do plano orçamental de médio prazo no final do mês, para perceber se a mudança de direção em Downing Street será suficiente para “dar gás” novamente aos mercados e salvar não só as obrigações e as taxas de juro, como também a relação de paridade entre a libra e o dólar.

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