Republicanos usam falhas nas urnas para espalhar teorias da conspiração
Falhas pontuais estão a ser usadas por Donald Trump e por outras figuras do Partido Republicano para espalhar teorias da conspiração e tentar descredibilizar as eleições intercalares.
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e outras figuras do Partido Republicano estão a transformar pequenos problemas, que ocorreram nas votações nas eleições intercalares, em teorias da conspiração e falsas alegações, para semear desconfiança sobre as vitórias Democratas. Este é um esforço que dura desde 2020, quando o magnata Republicano perdeu as eleições para o Democrata Joe Biden, mas nunca admitiu a derrota e alegou a existência de fraude eleitoral, sem nunca a ter comprovado.
A terça-feira de eleições intercalares decorreu sem grandes ou generalizados problemas nas votações, mas alguns candidatos do Partido Republicano têm procurado distorcer a gravidade destas falhas, noticiou a agência Associated Press (AP).
No maior condado do Arizona registaram-se problemas temporários em urnas de voto, enquanto em Detroit, eleitores foram erradamente informados que já tinham votado.
“O mais preocupante é a forma como estes incidentes isolados estão a ser utilizados para espalhar desinformação e mentiras sobre as eleições, na tentativa de minar a confiança e a fé das pessoas no processo”, realçou Sylvia Albert, diretora de votações e eleições da organização Common Cause, que defende questões de democracia.
Em 2020, as conspirações sobre uma eleição fraudulenta foram alimentadas por relatos infundados de malas cheias de boletins de voto falsos numa operação de contagem de votos na Geórgia.
O Partido Republicano tem mantido esta retórica desde então e lançou as bases para contestar as eleições intercalares deste ano, com mais de 100 ações judiciais a terem sido movidas em todo o país antes das eleições, que visaram regras para o voto por correspondência, segurança de urnas ou o acesso de observadores a sondagens partidárias.
A derrota de Trump para Biden no Arizona por pouco mais de 10.000 votos levou o republicano e apoiantes a promoverem uma série de alegações sobre irregularidades eleitorais que nunca foram demonstradas.
Dois anos volvidos, este Estado continua a ser fundamental e os democratas mantinham hoje às 19:00 de Lisboa uma vantagem curta na luta por um lugar no Senado, entre o Democrata Mark Kelly (51,4%) e o Republicano Blake Masters (46,4%), com 66% dos votos apurados.
Na luta para o lugar de governador a Democrata Katie Hobbs liderava por 50,3% face ao Republicano Kari Laque (49,7%).
Trump e aliados tentaram dar maior ênfase a falhas nos equipamentos de apuramento de votos em cerca de 25% dos locais de voto no condado de Maricopa, onde se concentra a maioria da população do Estado.
Os códigos nos boletins de voto foram mal impressos e causaram dificuldades de leitura nos scanners, criando a confusão. Os eleitores afetados tiveram que optar por deixar o seu voto numa urna naquele local de voto ou deslocar-se para outro centro de votação.
Os críticos destas eleições também se concentraram numa falha em Detroit, onde alguns cadernos de votação eletrónica exibiam uma mensagem de erro a informar que o código para o boletim de voto já tinha sido atribuído para um voto por correspondência. Neste caso, os funcionários eleitorais utilizaram cadernos de votação em papel.
Na corrida a governador do Michigan, a Democrata Gretchen Whitmer foi reeleita, com os democratas a vencerem também as eleições para procurador-geral e secretário de Estado, derrotando Republicanos que questionaram as eleições de 2020.
Os Republicanos somam 48 lugares no Senado, os mesmos que os Democratas, com quatro lugares na câmara alta em disputa, um dos quais, no Alasca, sem hipóteses para os Democratas.
Com 77% dos votos apurados no Nevada, o Republicano Adam Laxalt segue na frente com uma vantagem de 2,7 pontos sobre a Democrata Catherine Cortez-Masto.
Os Democratas seguem na frente também no Arizona (66% dos votos contados), com Mark Kelly a cinco pontos à frente do Republicano Blake Masters.
Já o Estado da Geórgia irá novamente a eleições em dezembro para nomear um senador para o Congresso, depois de nenhum dos candidatos ter atingido a marca de 50%, informou a imprensa norte-americana, num local que pode ser decisivo para determinar a maioria na câmara alta do Congresso.
Para manter o controlo do Senado, os Democratas terão de ganhar pelo menos duas destas três corridas, perfazendo 50 dos 100 lugares, os mesmos que tinham antes destas eleições.
Para a Câmara dos Representantes, segundo as projeções de vários media norte-americanos, os Republicanos estão neste momento com uma vantagem de 200 lugares contra 174 dos Democratas.
Para chegar à maioria, os Republicanos precisam de conquistar mais 18 lugares, de 61 ainda em disputa.
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