“Sinais de abrandamento da economia acumulam-se” com inflação alta, diz INE
Os indicadores disponíveis apontam para uma desaceleração da economia portuguesa, nota o INE. Atividade económica registou a taxa mais baixa desde março de 2021.
Os “sinais de abrandamento da economia acumulam-se”, numa altura em que se verifica um nível de inflação elevada (que já superou até os 10% no último mês), alerta o Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira, na análise da conjuntura económica. A atividade económica registou a taxa mais baixa desde março de 2021.
“Os indicadores de curto prazo (ICP) relativos à atividade económica na perspetiva da produção, disponíveis para setembro, apontam para uma desaceleração da atividade”, adianta o gabinete de estatísticas.
Nesta síntese é analisada a atividade económica, que “desacelerou significativamente em setembro, após ter acelerado em agosto, retomando o perfil de abrandamento registado entre março e julho e registando a taxa mais baixa desde março de 2021″.
Já o indicador de clima económico, que sintetiza os saldos de respostas extremas das questões relativas aos inquéritos qualitativos às empresas, como explica o INE, “diminuiu entre agosto e outubro, reforçando o movimento descendente iniciado em março e atingindo o mínimo desde abril de 2021″.
Os índices de volume de negócios na indústria, serviços e comércio a retalho desaceleraram todos em setembro, abrandamento registado também no índice de produção na construção.
O consumo privado também está a travar, sendo que o “indicador de confiança dos consumidores diminuiu em setembro e outubro, atingindo um valor próximo do registado em abril de 2020 no início da pandemia”.
Este comportamento surge num “contexto de elevada inflação”, que atingiu os 10,6% na Zona Euro (tendo em conta o índice harmonizado de preços). Já em Portugal, a aceleração do Índice de Preços no Consumidor foi 10,1% em outubro de 2022 (10,6% no caso do IPHC, usado para comparações internacionais).
Estes dados seguem-se às estatísticas divulgadas pelo Banco de Portugal esta quinta-feira, que também mostram que a atividade económica e o consumo privado estão a abrandar. O indicador que mede a atividade económica registou uma variação homóloga de 6,2% em setembro, depois de uma subida de 6,5% no mês anterior. Já o consumo privado evoluiu 2,3%, abaixo dos 2,9% verificados em agosto deste ano, de acordo com as estatísticas da instituição liderada por Mário Centeno.
Recorde-se que a economia cresceu 0,4% em cadeia no terceiro trimestre, com uma evolução homóloga de 4,9%. Para o quarto trimestre, os economistas ouvidos pelo ECO falam de estagnação, valores marginalmente negativos, forte desaceleração. As estimativas apontavam para um crescimento do PIB este ano entre 6% e 6,5%, sendo que na proposta de Orçamento do Estado para 2023, o Executivo aponta para um crescimento de 6,5% este ano.
No entanto, o ministro das Finanças acredita que a economia portuguesa vai conseguir escapar a um cenário de contração no último trimestre deste ano. Medina apontou até que “mesmo que o crescimento [em cadeia] seja zero no quarto trimestre, vamos ter uma taxa de crescimento de 6,7% em 2022, uma das mais elevadas da Europa”.
(Notícia atualizada às 11h40)
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