Carvão não é “único vilão”. Índia propõe eliminação gradual de combustíveis fósseis

A Índia deverá propor a eliminação gradual de todos combustíveis fósseis na COP27, argumentando que carvão "não é o único vilão" na emissão dos gases poluentes.

A Índia irá apresentar na COP27 uma proposta que visa eliminar gradualmente a utilização dos combustíveis fósseis. À Reuters, duas fontes próximas do processo de negociação revelam que a Índia vai pedir aos países que cheguem a acordo quanto à redução gradual do recurso aos combustíveis fósseis, tal como aconteceu na COP26 relativamente ao carvão. Segundo a Bloomberg, a União Europeia e o Reino Unido deverão apoiar a emenda.

Caso se confirme, para a proposta indiana ser aprovada, seria necessário, uma vez mais, a “luz verde” de todas as delegações presentes na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 27), em Sharm el-Sheikh, no Egito, mas segundo a Bloomberg, países como a Arábia Saudita e a China deverão contestar. Na semana passada, o príncipe Abdulaziz bin Salman admitiu que o país “dificilmente” apoiaria um acordo que incluísse a redução gradual do petróleo.

O gás natural e petróleo também contribuem para a emissão de gases de efeito estufa. Fazer [do carvão] o único vilão, não está certo“, cita a agência de notícias indiana PTI um membro da delegação indiana presente nas negociações sobre o clima. Na Índia, três quartos da eletricidade gerada tem origens no carvão.

O presidente da COP27, Sameh Shoukry, inaugurou a segunda e última semana da cimeira do clima alertando que seria fundamental encerrar a cimeira, na próxima sexta-feira, 18 de novembro, com um acordo “significativo” e relembrou aos delegados presentes que o “mundo está de olho em nós”.

President Sameh Shoukry speaks during his press Conference, in Sharm El-Sheikh, in Egypt. EPA/KHALED ELFIQI

“O nosso objetivo comum é adotar medidas consensuais e conclusivas até sexta-feira que constituam resultados abrangentes, ambiciosos e equilibrados em Sharm el-Sheikh”, cita a Reuters as declarações do responsável. “Cabe agora a todos nós, aqui presentes, estarmos à altura da ocasião e responder às exigências e apelos das nossas comunidades. Não aceitaremos nada menos do que resultados significativos na COP27. O tempo não está do nosso lado e o mundo está de olho em nós”, frisou.

A proposta indiana surge depois de a organização sem fins lucrativos Global Carbon Budget ter apresentado um relatório na COP27 que informava que as emissões globais de combustíveis fósseis iriam aumentar, pelo menos, 1% ainda este ano. Segundo o documento, isso dificultaria os esforços para que fosse evitado níveis desastrosos de alterações climáticas.

Segundo o estudo, citado pela Reuters, existe uma diferença significativa entre as promessas apresentadas pelos governos, empresas e investidores e a execução delas. Sem uma ação clara e objetiva, as emissões de dióxido de carbono (CO2) deverão continuar a subir.

Só este ano, antecipa-se que seja libertadas cerca de 41 mil milhões de toneladas de CO2, com 37 mil milhões de toneladas resultantes da queima de combustíveis fósseis e outros quatro mil milhões de toneladas de fenómenos como a desflorestação.

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Acordo com Fidelidade ocorreu em contexto de pressão do regulador, diz ex-diretor da Tranquilidade

  • Lusa
  • 14 Novembro 2022

O ex-diretor da Tranquilidade testemunhou no Tribunal da Concorrência que o acordo da seguradora com a Fidelidade ocorreu devido a pressão regulamentar para assegurar solvência.

O ex-responsável pelos grandes clientes da Tranquilidade disse hoje ao Tribunal da Concorrência que o acordo desta seguradora com a Fidelidade para repartição de clientes aconteceu em 2016/2017 devido à pressão do regulador para garantir a solvabilidade das companhias.

Sérgio Teodoro está a depor hoje no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém, no âmbito dos recursos apresentados pela Lusitânia, pela Zurich e por quatro responsáveis destas empresas às coimas que lhes foram aplicadas pela Autoridade da Concorrência (AdC) em 2019, num valor global superior a 42 milhões de euros.

O ex-diretor da Tranquilidade, atualmente a trabalhar na Fidelidade, está a depor enquanto testemunha, já que viu o seu processo ser arquivado no âmbito do pedido de clemência apresentado pela Tranquilidade (atual Seguradoras Unidas) em maio de 2017, o qual deu origem à investigação da AdC que culminou com o perdão da coima aplicada a esta companhia e a redução das aplicadas à Fidelidade e à Multicare, que, por adesão ao pedido de clemência, pagaram no total cerca de 12 milhões de euros.

Sérgio Teodoro disse ao TCRS que, no final de 2014, iniciou contactos informais para troca de informação, “alguma confidencial”, com responsáveis pelos grandes clientes de seguradoras concorrentes, tendo havido um entendimento entre as administrações da Tranquilidade e da Fidelidade em 2016 para garantir que não seria apresentado um valor abaixo daquele que estava a ser proposto a um determinado cliente.

Segundo afirmou, este acordo entre as duas maiores seguradoras portuguesas surgiu para garantir que as companhias conseguiam recuperar o prejuízo gerado por “clientes muito maus”, grandes empresas que apresentavam elevados índices de sinistralidade, gerando prejuízo, num momento em que se sentia “pressão” da parte da Autoridade de Supervisão de Seguros (ASF) para ser assegurada a solvabilidade das seguradoras.

Em causa estavam empresas com massa salarial acima dos cinco milhões de euros, com mais de 150 viaturas ou mais de 150 trabalhadores, sendo que, afirmou, algumas destas empresas apresentavam taxas de sinistralidade que implicavam indemnizações superiores ao valor dos prémios cobrados.

Em causa no processo está o acordo entre seguradoras nos ramos não-vida, nomeadamente, em acidentes de trabalho, automóvel e saúde, para apresentação de prémios mais altos do que os que eram propostos pela companhia que já detinha o seguro do cliente.

Sérgio Teodoro afirmou que a expectativa era, com o aumento proposto, conseguir recuperar o prejuízo, o que, disse, “não se conseguia num ano”.

“O que se pretendia não era aumentar o lucro. Era deixar de ter prejuízo”, declarou.

O antigo diretor de grandes clientes da Tranquilidade explicou os contactos com os concorrentes com a necessidade de verificar a veracidade da informação fornecida pelos corretores que consultavam o mercado procurando os melhores valores para os seus clientes, já que estes “muitas vezes davam informação distorcida”, nomeadamente quanto ao número de sinistros.

Afirmando que “alguns negócios eram muito maus” e que “iam ao mercado porque ninguém os queria”, disse que, quando recebiam uma proposta, se contactavam mutuamente para saber qual o valor real de sinistralidade e o aumento proposto, de forma a assegurar que a empresa se mantinha na carteira de clientes da seguradora.

Sérgio Teodoro afirmou que os contactos com a Lusitânia e a Zurich foram feitos de forma “muito irregular” e que o que ficou conhecido como os “almoços dos quatro” (Tranquilidade, Fidelidade, Lusitânia e Zurich) se resumia a discutir “o que se passava no mercado” e não os negócios.

Segundo afirmou, os contactos para troca de informação ocorriam sobretudo por telefone, muitas vezes com recurso ao pessoal porque procuravam “disfarçar o melhor possível”.

O atual diretor de grandes clientes da Fidelidade afirmou que a sua saída da Tranquilidade, em 2018, foi “negociada” e que ocorreu porque foi nessa altura que a administração lhe comunicou que devia abandonar as funções que exercia.

A audiência de hoje, que começou aberta, prossegue com escusa de publicidade a pedido do advogado de Sérgio Teodoro, que alegou a confidencialidade dos pedidos de clemência.

O julgamento dos recursos apresentados pela Lusitânia (coima de 20,5 milhões de euros), dois dos seus administradores e um diretor (com coimas entre os 6.100 e os 24.100 euros), pela Zurique (21,5 milhões de euros) e por um diretor (7.800 euros) iniciou-se na passada sexta-feira.

A AdC concluiu que o acordo celebrado entre as companhias para repartição de grandes clientes empresariais (cartel) de alguns sub-ramos de seguro não-vida, mediante a manipulação dos preços a constar das propostas que lhes eram apresentadas, foi restritivo da concorrência, tendo as visadas agido com dolo.

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“IA está a dar às seguradoras poderes divinos”, diz japonesa Sompo

  • Diana Rodrigues
  • 14 Novembro 2022

A seguradora japonesa Sompo recorre a IA e análise de Big Data de utentes dos seus lares para propor prémios e seguros de saúde feitos à medida. O chefe da empresa aponta conhecimentos "divinos".

A inteligência artificial (IA) e os programas informáticos de avaliação de informação de última geração permitem que os subscritores prevejam fatores como o clima, desastres naturais e até mesmo a probabilidade de desenvolvimento de patologias. Conhecimentos que, antes, “só Deus sabia”, diz o presidente da Sompo, uma das maiores seguradoras japonesas.

Mikio Okomura, chefe da empresa japonesa Sompo Holdings: “Vamos incentivar os nossos clientes a mudarem de comportamentos em relação à saúde, e tal solução pode ser aplicada aos seguros de saúde de indivíduos que ainda estão em idade ativa”.

A afirmação de Mikio Okumura, chefe da Sompo Holdings, surgiu enquanto a companhia anunciava o lançamento, no Japão, de um pacote de seguros de saúde focados no risco de demência. O produto, feito à medida, baseia-se na avaliação de informações clínicas, como batimentos cardíacos, necessidades alimentares e padrões de sono, captada a partir de dados de centenas de residentes em casas de repouso associadas à Sompo.

As declarações surgem após um investimento de 500 milhões de dólares da Sompo na Palantir, uma empresa americana especialista na avaliação de grandes quantidades de informação, ou big data’, e depois do anúncio da participação de 22% na startup japonesa de AI, Abeja.
“Poderemos agora analisar factores que, no passado, só Deus sabia, graças à tecnologia, incluindo a IA”, mencionou Okumura, ao apresentar um plano de seguros que não só compensa os clientes adequadamente se sofrerem de demência, mas que encoraja o atraso do aparecimento da doença, através do incentivo de mudanças de comportamento.

A Sompo utiliza cerca de 500 unidades de informação obtidas a partir de dados de 80 mil residentes dos seus lares de idosos, um negócio em que a companhia apostou em 2015, e que impulsionam a criação de coberturas de seguros preventivos que prometem a adaptação ao estilo de vida e hábitos de cada utente.

Em 2020, estimava-se que 6,3 milhões de indivíduos sofressem de demência no Japão, e a estimativa é suscetível de atingir os 11 milhões até 2060, ou seja, pelo menos, um em três habitantes idosos, segundo estatísticas do governo japonês.

A experiência com a Palantir foi anunciada como uma forma de criar modelos que permitissem aconselhar melhorias nos planos de cuidados de saúde para cada residente dos lares. Mikio Okumura espera que os dados possam agora servir também a sua principal seguradora, permitindo à empresa desenvolver uma oferta de seguros que “evite riscos”.

“Vamos incentivar os nossos clientes a mudarem de comportamentos em relação à saúde, e tal solução poderia também ser aplicada aos seguros de saúde dos indivíduos que ainda estão em idade ativa“, sugeriu Okumura. “Se os segurados conseguirem retardar os sintomas de demência [por dois ou três anos], poderemos oferecer-lhes coberturas de seguro mais vantajosas”.

O líder explicou: “isto reduzirá os encargos para as famílias que os apoiam, prolongará a esperança de vida saudável dos clientes e diminuirá os encargos da seguradora. Como resultado, o sistema de segurança social tornar-se-á mais sustentável“, acrescentou Okomura.

A Sompo, em conjunto com diferentes seguradoras, está aberta a utilizar ferramentas cada vez mais eficazes para substituir os modelos das empresas de seguros num “mundo cada vez mais afetado pelos resultados das alterações climáticas”. Isto, numa altura em que as seguradoras, globalmente, têm enfrentado aumentos abruptos nos encargos relacionados a catástrofes naturais.

 

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Amazon planeia despedir 10 mil trabalhadores

Em dois anos, a empresa duplicou a sua força de trabalho, mas o início de 2022 foi de abrandamento no crescimento da gigante tecnológica.

A Amazon está a planear avançar com o despedimento de cerca de 10.000 pessoas a partir desta semana. A redução de pessoal incidirá, sobretudo, na organização dos dispositivos da Amazon, incluindo a assistente de voz Alexa, bem como na divisão de retalho e no departamento de recursos humanos da gigante tecnológica, avança esta segunda-feira o The New York Times.

A decisão ocorre depois de a pandemia ter criado a era mais rentável de que há registo na Amazon. Em dois anos, a empresa duplicou a sua força de trabalho, mas o início de 2022 ditou o abrandamento. O crescimento diminui para a taxa mais baixa das últimas duas décadas, colocando a companhia face a “custos elevados”, enquanto as “mudanças nos hábitos de compra” e a “inflação elevada” prejudicaram as vendas.

O despedimento de 10.000 trabalhadores representará uma redução de 3% da força laboral da companhia e menos de 1% da força de trabalho global, que é, essencialmente, composta por funcionários que trabalham à hora.

A concretizar-se o despedimento planeado durante uma época de habitual aumento do consumo, a Amazon junta-se à dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, que oficializou, na semana passada, que vai reduzir o número de trabalhadores em 13%, o equivalente a mais de 11 mil pessoas. A Meta justificou a decisão com as despesas crescentes e um mercado publicitário fraco.

O Twitter e a Microsoft são outras das companhias na indústria tech que estão a cortar os seus postos de trabalho este ano.

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Gomes Cravinho admite novo pacote de sanções à Rússia

Gomes Cravinho adiantou que o novo pacote de sanções à Rússia poderá abranger "mais indivíduos e mais entidades, incluído sanções bancárias sobre algumas entidades que ainda estão no SWIFT".

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, adiantou que um novo pacote de sanções à Rússia foi um dos temas discutidos na reunião desta segunda-feira dos chefes de diplomacia europeia, sinalizando que poderá abranger “mais indivíduos e entidades”.

“Vários países falaram da possibilidade de desenvolvermos um novo de pacote de sanções à Rússia”, afirmou João Gomes Cravinho, à saída de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), em declarações transmitidas pela RTP3. Lembrando que a UE já avançou com oito pacotes, o ministro acredita que “haverá um nono”, mas sublinha, no entanto, “esse pacote ainda não cristalizou”, dado que “ainda estão a ser discutidas as modalidades que podem fazer parte desse pacote”.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros português, este novo pacote poderá abranger “mais indivíduos e mais entidades, incluído sanções bancárias sobre algumas entidades que ainda estão no SWIFT”. Questionado sobre se poderão também ser aplicadas sanções aos diamantes, Gomes Cravinho disse que esses bens “não têm sido objeto de discussão”.

O governante reiterou assim que “há margem para mais sanções” à Rússia, mas sublinha que há também uma “preocupação em relação ao impacto que a guerra tem sobre a economia mundial”, nomeadamente no que concerne à tentativa de Putin “de instrumentalizar o escoamento de cereais e fertilizantes” no Mar Negro.

Gomes Cravinho destacou ainda que a vitória ucraniana em Kerson “dá muito alento sobre as perspetivas mais positivas sobre o caminho da guerra“, mas sublinha que “será a Ucrânia a decidir quando será o momento certo para negociar com a Rússia”.

Já sobre o Irão, o ministro dos Negócios Estrangeiros diz que para já “não há provas” do fornecimentos de mísseis do Irão à Rússia, ao passo que no que toca aos drones há “provas perfeitamente cabais”. “No início negou ter fornecido (…), agora [o Irão] diz que só forneceu drones antes da guerra, [mas] temos fortes razões para duvidar da palavra das autoridades iranianas”, conclui.

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Transição energética: APREN quer passar dos planos à ação

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  • 14 Novembro 2022

A Associação Portuguesa de Energias Renováveis realiza, em novembro, o Portugal Renewable Energy Summit 2022. O evento junta os maiores especialistas da área e diz respeito a todos nós

Muito se tem falado sobre a saúde do planeta e da importância das energias renováveis na sua recuperação. Governos e organizações criam planos e estratégias mas, por vezes, a passagem à prática fica comprometida pelas realidades institucionais. É justamente o que a Associação portuguesa das Energias Renováveis, APREN, procura contornar no que toca à transição energética. Há que passar dos planos à ação. E este é justamente o tema principal do próximo Portugal Renewable Energy Summit 2022, que a APREN realiza, dias 16 e 17 de novembro, no Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa.

Debate e compromisso

Para debater os temas mais importantes da transição energética este evento — que a APREN realiza anualmente há mais de uma década — junta em Lisboa os maiores especialistas nacionais e internacionais na área das renováveis. Até ao momento, mais de 4 dezenas de personalidades já confirmaram a sua presença, incluindo o ministro português da Economia e do Mar, António Costa e Silva.

Em intervenções e painéis, o conhecimento e as propostas destes oradores e/ou moderadores vão trazer luz às questões mais pertinentes do setor, procurando tornar mais viáveis as soluções que façam da transição energética uma realidade em Portugal e no mundo.

Oradores são players de relevo

Para a participação neste Summit, a APREN escolheu personalidades de importância inquestionável no setor das renováveis cujo contributo neste evento poderá dar um novo ritmo à transição energética. Assim, estarão envolvidos nos trabalhos do PRES 2022, que visa “Passar dos Planos à Ação”, mais de 40 quadros de empresas públicas e privadas da Europa, incluindo representantes da Comissão Europeia, como Kerstin
Jorna, Diretora-Geral da CE para o Mercado Interno, Indústria, Empreendedorismo e PME ou Nicolás González Casares, Eurodeputado e membro da Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE) do Parlamento Europeu. O Ministro português da Economia e do Mar, António Costa, abrirá os trabalhos do segundo dia e Carlos Galamba, Secretário de Estado do Ambiente e da Energia de Portugal encerrará os
trabalhos. Algusn omes ainda não estão confirmados, mas pode saber mais sobre os participantes do PRES 2022 neste link.

Um programa intenso

Segundo o programa apresentado pela APREN, o Portugal Renewable Energy Summit 2022 (PRES2022) serão dois dias de intenso trabalho, durante os quais serão apresentados e debatidos os temas mais relevantes da área, sendo os seguintes no primeiro dia:

. Plano REPowerWU, criado pela Comissão Europeia, como resposta às perturbações no mercado global de energia devidas à invasão da Ucrânica pela Rússia.
. Desenho do Mercado Europeu de Eletricidade
. Modelo Europeu de Contenção dos Preços da Eletricidade
. Hidrogénio Verde Ibérico — oportunidades e ameaças

Ministro abre segundo dia

Os trabalhos do segundo e último dia do PRES 2022 serão abertos pelo ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva. A cerimónia de encerramento do evento ficará a cargo de João Galamba, Secretário de Estado do Ambiente e da Energia, que apresentará as conclusões do congresso.

Os temas apresentados e debatidos neste dia serão:

. As Renováveis Oceânicas
. Capacidade e acesso à rede
. Licenciamento de Projectos Renováveis, apresentado e debatido nos módulos
1) Revisão do “simplex ambiental” e
2) Guia de licenciamento de projectos renováveis onshore.
. Comunidades de Energia e Autoconsumo Individual e Coletivo
. As Tecnologias Centrais para o Cumprimetno das Metas de Descarbonização
. A Matriz Energética Portuguesa na Próxima Década

Identificar obstáculos

Desta forma, durante os dois dias em que decorrerá o PRES2022, o tema central, “Transição Energética: dos planos à ação” será aprofundado a nível europeu, ibérico e local. A APREN espera que, a partir das conclusões deste congresso, possam ser identificados os obstáculos que a transição energética enfrenta e a efetividade desta mudança — cada vez mais urgente e necessária — se torne realidade. Fique atento a este acontecimento e, para mais informações, consulte o site da APREN.

Prémio APREN reúne conhecimento

No primeiro dia do Portugal Renewable Energy Summit 2022 a APREN vai revelar o vencedor do Prémio APREN deste ano.
Através deste galardão, a APREN distingue as melhores dissertações académicas de mestrado e doutoramento no âmbito da temática da eletricidade de origem renovável. Estimula, assim, o interesse pelo tema entre os estudantes universitários e, ao mesmo tempo, poderá estar a construir o futuro com mais consistência ao reunir o conhecimento produzido nas universidades. As teses candidatas foram avaliadas por um júri convidado composto pelos Professores Teresa Ponce de Leão (presidente do Júri), Edgar Fernandes e Jorge Maia Alves.

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Varsóvia assume controlo dos ativos da Gazprom na secção polaca do gasoduto Yamal

  • Lusa
  • 14 Novembro 2022

O ministro do Desenvolvimento polaco explica que a decisão é “necessária para o bom funcionamento da EuRoPol Gaz" e para garantir a segurança energética do país.

O Governo polaco assumiu o controlo da participação da Gazprom na empresa EuRoPol Gaz, que gere o troço polaco do gasoduto Yamal, para “garantir a segurança das infraestruturas críticas” do país, anunciou hoje o Ministério do Desenvolvimento, em comunicado.

Esta medida, tomada a pedido da Agência Nacional de Segurança (ABW) é “necessária para o bom funcionamento da EuRoPol Gaz, nomeadamente para evitar a paralisação desta empresa e para garantir a segurança das infraestruturas críticas de transporte de gás”, justificou o ministro do Desenvolvimento, Waldemar Buda, no comunicado, citado pela agência France-Presse (AFP).

A Gazprom controlava 48% daquela empresa, contra 52% do Estado polaco.

A decisão, lê-se ainda, “serve para melhorar a segurança energética e económica da Polónia, especialmente agora que é preciso lidar com a agressão da Rússia na Ucrânia e as ações de Putin, destinadas a desestabilizar a situação na Europa”.

O gasoduto Yamal-Europa, inaugurado em 1994, liga a cidade de Torjok, no centro da Rússia, via Polónia, à Alemanha, por mais de 2.000 quilómetros. Antes da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro, aquele gasoduto era um dos principais vetores do fornecimento de gás proveniente da Rússia à Europa. No final de abril, a Gazprom suspendeu completamente as entregas de gás para a Polónia.

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Produção automóvel nacional avança 12,2% em outubro

Portugal produziu 36.080 novos automóveis em outubro de 2022. No acumulado dos primeiros dez meses do ano, Portugal fabricou 255.720 unidades, um avanço de 9,8% contra igual período de 2021.

A produção automóvel nacional cresceu 12,2% em outubro face ao ano pandémico de 2021. Em outubro foram registados 36.080 novos automóveis, um aumento face ao mês homólogo de 2021. No acumulado dos primeiros dez meses do ano, saíram das fábricas portuguesas 255.720 unidades, mais 9,8% face ao registado em igual período durante o ano pandémico de 2021.

Em comunicado, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) indica que 97,8% dos veículos fabricados no país tem como destino a exportação. Neste sentido, a Europa continua a ser o principal mercado de exportação, sendo que 97,1% da produção nacional tem como destino esta região.

Por país, a associação identifica a Alemanha (22,6%) como o principal destino dentro da Europa, seguida da França (14,6%), Itália (11,5%) e Espanha (9,4%).

Já no que diz respeito à montagem de automóveis pesados, em outubro foram produzidos 21 veículos, o que representa um crescimento de 50% face a igual mês de 2021. Em termos acumulados, os primeiros dez meses de 2022 viram uma queda de 3,5% face ao período homólogo de 2021, o que se traduz num total de 164 veículos.

De janeiro a outubro foram ainda exportados 39,6% das unidades fabricadas, ou 65 veículos, das quais 50,8% destinaram-se à Alemanha e 49,2% ao reino Unido, os únicos destinos destas exportações. A associação automóvel nota ainda que entre janeiro e outubro de 2022, apenas foram montados veículos pesados de passageiros.

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Ministro da Economia reúne-se com jovens ativistas na terça-feira

  • Lusa
  • 14 Novembro 2022

António Costa Silva receberá os ativistas no ministério esta terça-feira às 17:00. A principal reivindicação dos estudantes é o fim dos combustíveis fósseis até 2030.

O ministro da Economia, António Costa Silva, vai reunir-se na terça-feira com os jovens ativistas que se têm manifestado para exigir o fim dos combustíveis fósseis e a sua demissão, avançou fonte oficial do ministério. Segundo a fonte do Ministério da Economia e do Mar, o ministro António Costa Silva receberá os ativistas no ministério, num encontro marcado para as 17:00 de terça-feira.

Ao longo da última semana, jovens ativistas promoveram um protesto que passou pela ocupação de escolas secundárias e faculdades em Lisboa a apelar à preservação do planeta. A principal reivindicação dos estudantes é o fim dos combustíveis fósseis até 2030, mas os estudantes manifestam-se também contra o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, que em maio afirmou não ter preconceitos contra projetos de exploração de gás.

No sábado, durante uma marcha pelo clima, dezenas de manifestantes invadiram um edifício em Lisboa onde decorria um evento privado onde estava António Costa Silva, que mais tarde considerou a manifestação “absolutamente legítima”.

Em declarações à Lusa, António Costa Silva mostrou-se solidário com os movimentos climáticos e disse que nos últimos 20 anos não foi apologista de maior uso do petróleo, manifestando disponibilidade para se reunir com os ativistas. Após as declarações do ministro, os jovens ativistas climáticos convidaram-no, no domingo, a visitar a ocupação no Liceu Camões, em Lisboa, e assistir a uma palestra.

Já esta segunda, o ministério tinha dito à Lusa que iria contactar os estudantes para organizar uma reunião e mais tarde uma das porta-vozes da Greve Climática Estudantil, por detrás do protesto integrado no movimento internacional “End Fossil: Occupy!”, disse à agência Lusa que o movimento fora contactado pelo Ministério da Economia e do Mar.

Esta segunda, os estudantes fecharam a cadeado o Liceu Camões, em Lisboa, mas aceitaram que a escola retome o normal funcionamento na terça-feira, anunciou o diretor da escola secundária, informação entretanto confirmada pelo movimento.

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Alemanha nacionaliza antiga Gazprom Germania para evitar insolvência

Depois da Uniper, o governo de Sholz avança com a nacionalização da SEFE, antiga Gazprom Germania. Alemanha vai assumir participação total da energética e conceder um empréstimo de 13 mil milhões.

Depois da nacionalização da Uniper, o governo alemão vai nacionalizar a importadora de gás SEFE (Securing Energy for Europe), a antiga Gazprom Germania, numa tentativa de proteger a gigante do risco de insolvência.

De acordo com a notícia avançada esta segunda-feira pelo ministro da Economia Robert Habeck, o governo alemão vai assumir uma participação total da energética e conceder um empréstimo de 13 mil milhões de dólares. Segundo o governante, a medida foi necessária perante o sobre-endividamento da SEFE e a ameaça de insolvência que, juntos, colocavam “em risco a segurança de abastecimento na Alemanha”, cita a Bloomberg as declarações do governante.

A decisão surge depois de no sábado passado, 12 de outubro, a Comissão Europeia ter aprovado uma ajuda de 225,6 milhões de euros destinada à SEFE para salvaguardar a segurança energética do país.

Este é o segundo resgate da Alemanha num espaço de dois meses. Em setembro, o governo confirmou a nacionalização da Uniper, a maior importadora de gás do país, e injetou oito mil milhões de euros para estabilizar a operação isto numa altura, em que a estatal russa Gazprom deixara de enviar gás para a Alemanha e, como resultado, os preços no mercado subiram. Foi considerado o maior resgate financeiro da história do país.

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Conversas com Energia. Preservação do ambiente também passa pelos rios

  • Capital Verde
  • 14 Novembro 2022

Jose Sá Fernandes, ex-vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Lisboa, recordou o papel fundamental que os rios tiveram para o desenvolvimento da sociedade no Conversas com Energia.

Não existe preservação do ambiente, sem que a água seja, também, protegida. Esse foi o principal apelo do ex-vereador do Ambiente, Clima e Energia da Câmara Municipal de Lisboa durante a sua intervenção na última sessão do Conversas com Energia. Segundo, José Sá Fernandes, “o aspeto mais importante no ambiente, é a água”, não só pelos recursos que fornece à vida humana e animal, mas por ser, também, um “elemento que nos une”.

Perante a exposição “Retroactivar” na Central Tejo, uma coprodução do MAAT e da Trienal de Arquitetura de Lisboa 2022, o ex-autarca referiu aos cerca de 40 estudantes da Escola Básica e Secundária de Ermesinde que, apesar de existir uma distância superior a 300 quilómetros entre e freguesia de Valongo e Lisboa, existe um “elemento que nos une: os rios”, neste caso, o rio Tejo e o rio Leça. “Ambos os lugares existem por causa do rio”, afirmou diante os alunos do 11º e 12º anos, presentes na sessão organizada pela Fundação EDP e da qual o ECO/Capital Verde é media partner.

“E qual é a importância do rio?” questionou, recontando que outrora “o rio fornecia água para bebermos. Era algo básico porque nenhum de nós vive sem água”, e, ainda peixes que serviam como alimento “Há sete séculos, diziam que o rio Tejo era um sítio maravilhoso. Dois terços são peixe e um terço é água“, recontou o ex-vereador.

Mas essa realidade deixou de existir, devido aos elevados níveis de poluição provocados pelas sociedades que se foram desenvolvendo nas margens. “O homem, ao longo de sete séculos, foi estragando o rio. Chegámos a um ponto, há cerca de 20 anos, em que não existia peixe”, alertou, acrescentando que o mesmo fenómeno aconteceu com o rio Leça, que começou por ser uma fonte de alimento, mas que acabou por ficar, também, poluído.

Para contrariar essa degradação, José Sá Fernandes recordou que as entidades públicas tomaram ação, nomeadamente a Câmara Municipal de Lisboa. “As entidades públicas perceberam que não podiam continuar a tratar mal o rio, desde a nascente até à foz”, explicou, frisando que as águas dos esgotos passaram a ser tratadas nas Estações de Tratamento de Água antes de serem novamente devolvidas ao meio ambiente. “Para salvar o nosso rio temos que fazer qualquer coisa para não o prejudicar. Esse comportamento foi adotado noutras regiões, como Almada, Amora e Seixal, e hoje já aparecem golfinhos [no rio Tejo]”, contou.

O Conversas com Energia faz parte da segunda edição da iniciativa lançada pela Fundação EDP, projeto que já contou com a participação de o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e a artista plástica, Joana Vasconcelos. Esta segunda edição decorre na Central Tejo, no âmbito da exposição Retroactivar, uma coprodução do Maat e da Trienal de Arquitetura de Lisboa 2022, patrocinada também pela ERP Portugal e pela Novo Verde.

Os oradores das próximas sessões serão Ricardo Neto, presidente da ERP Portugal e da Novo Verde; Vera Pinto Pereira, presidente da Fundação EDP; e Bernardo Corrêa de Barros, presidente do Turismo de Cascais e presidente da Sailors for the Sea, associação sem fins lucrativos dedicada à sustentabilidade dos oceanos e mares.

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Conferência Q-Day 2022: um dia de muitas lições sobre o futuro

  • ECO
  • 14 Novembro 2022

“Inovação a partir de dentro” foi o mote da 13.ª edição do Q-Day: eis o que importa saber sobre o encontro mais aguardado da área

Existem várias formas de falar sobre o futuro: há quem atire bitaites para o ar, há quem faça projeções certeiras sobre o dia que ainda não chegou, há quem preveja com mais ou menos propriedade para fazê-lo, mas o que muitas vezes falta é pensar o presente com vista a integrar as tendências do momento que constroem o nosso amanhã: é essa a proposta da Q-Day Conference, que há 13 anos acontece em Portugal.

Foram mais de 500 as pessoas que se juntaram, presencialmente e online, via live streaming, no Q-Day 2022, que decorreu no passado dia 21 de setembro em Lisboa, no auditório Emílio Rui Vilar, espaço da Culturgest. Mais do que destacar o futuro, os painéis de conferencistas convidados para partilhar a sua experiência e conhecimento revelaram o que pode ser feito já hoje, no presente. A partilha de boas práticas com vista a fomentar o talento dentro das empresas e organizações é o primeiro passo rumo ao sucesso.

A 13.ª edição da Q-Day Conference, evento anual organizado pela Quidgest – empresa tecnológica multinacional de origem portuguesa, aconteceu este ano sob o mote “Inovação a partir de dentro”. Pioneira na geração automática de software, a empresa reuniu ao longo de quatro painéis conferencistas que debateram aquelas que são as principais tendências desta área: o impacto da cultura da inovação no desenvolvimento económico e na competitividade das nações; o papel da transformação e da inteligência artificial na inovação; e casos de estudo que fomentam a inovação de dentro para fora, transformando as competências de cada colaborador em vantagens competitivas no mercado.

A conferência foi marcada pela sessão de abertura, conduzida em primeiro lugar por João Neves, Secretário de Estado da Economia. Segundo o político, “há um mundo por desbravar” e Portugal precisa de “multiplicar a sua capacidade de gerar conhecimento”, destacou, bem como desenvolver mais a sua Ciência, proteger as suas patentes e “cruzar essa produção de conhecimento com o valor económico”. Também David Xavier, Secretário-Geral da Presidência do Conselho de Ministros surpreendeu a audiência quando surgiu em palco dentro de uma caixa de papelão para ilustrar um dos pontos principais do seu discurso: antes de pensar fora da caixa, devíamos pensar “dentro da caixa”, porque é lá, no analógico, que continuam a estar os desafios e as pessoas, referiu.

Os convidados presentes nos quatro painéis, referências no setor público e empresarial, deram continuidade à agenda do dia, motivando o debate de ideias entre todos os participantes.

A proposta do primeiro painel “Fórmulas de sucesso para a Inovação a partir de dentro” propunha a exploração das “fórmulas mágicas” associadas ao sucesso: existem? Como medir o sucesso? A transformação digital, a modelação e a inteligência artificial têm um papel importante na inovação?

Para responder a estas questões subiu ao palco João Paulo Carvalho. O Co-fundador e Senior Partner da Quidgest falou de revolução digital, referindo que o futuro passa pelo aumento dos “produtores digitais”, os citizen developers ou business technologists, bem como os inovadores internos ou intraempreendedores, capazes de criar a inovação a partir de dentro. Também Hélder Sousa Silva, Presidente da Câmara Municipal de Mafra, partilhou com a audiência um caso de estudo de inovação aplicado à gestão educativa. Por seu turno, Gloria Guimaraes, Presidente do Ayo Group, referiu-se à inovação como “uma ação que agrega valor ao que já existe”, facilita e melhora os processos tanto para as pessoas que fazem essa inovação como para as que vão beneficiar dela.

Já Miguel Amado, Partner da EY, frisou que “Inovar por inovar não vale a pena”, explicando que é preciso evitar o “teatro da inovação”, prendendo-a aos fatores errados. Por fim, José Crespo Carvalho, Presidente da Comissão Executiva do ISCTE, abordou a importância da liderança organizacional, destacando que a prioridade passa por nos conhecermos a nós próprios e conhecermos os outros, para uma melhor gestão e compreensão do relacionamento interpessoal que está na base da criação da inovação.

O evento prosseguiu para o segundo painel do dia, “A Inovação a partir de dentro como força competitiva”, e neste ponto foram apresentados exemplos de organizações que mobilizam e otimizam a inovação a partir de dentro, transformando esse foco em vantagem competitiva sustentável.

Miguel Mira da Silva, Professor de Sistemas de Informação no Instituto Superior Técnico, mencionou que os alunos são um espelho da sociedade do futuro e que por aí podemos prever que aprender e trabalhar online é uma realidade sem volta atrás. O futuro é interativo, inclusivo, digital e vai acontecer fora de salas e escritórios. Já Inês Relvas, Chief Strategy Officer no Universo – Grupo SONAE, destacou o tema do sucesso. “O que nos trouxe 1 milhão de clientes no passado não é o que nos vai trazer 1 milhão de clientes no futuro”, partilhou a conferencista, sublinhando que “se fosse fácil inovar, todas as empresas seriam inovadoras”. Isabel Ventura, Digital Innovation and Deputy Director no Luz Saúde Group, partiu da sua experiência profissional, ao nível da inovação interna, para comentar os desafios na implementação de mudanças de alta velocidade.

O terceiro painel do dia, conduzido em inglês, “Innovation from within and from scratch”, foi uma lição importante acerca da criação de valor empresarial dentro das organizações a partir do zero. Jonathan Littman, Fundador da RedBridge Lisbon e co-autor de vários bestsellers, incluindo “The Ten Faces of Innovation” e “The Art of Innovation”, explicou que “A inovação é como as flores selvagens” e precisamos de “sair da nossa bolha” para fazer diferente e inovar. De seguida, Carolina Rendeiro, CEO e Fundadora da Connect2Global, referiu que a força de trabalho de hoje é cada vez mais multigeracional, multicultural e multidisciplinar e “nem todas as empresas estão preparadas para aceitar e incorporar esta realidade”. Luísa Baltazar, Fundadora da SOMA Services, explicou que, para se criar valor a partir do zero, primeiro será preciso encontrar o “market fit”, sob o risco de criarmos produtos que não têm outro destino que não o fracasso. Seguiu-se André Marquet, Cofundador da Beta-i e da PRODUCTIZED, que partilhou algumas técnicas úteis para qualquer empreendedor, nomeadamente a “5 whys technique”, usada para aferir se estamos perante “um problema real” e “uma solução adequada”. A encerrar o painel, Julian Herbstein, Managing Director & Investment Committee Member do CGN Private Equity Fund Management Beijing Co, identificou as três palavras-chave essenciais a “todos os inovadores que não são o Steve Jobs”: “Build, Measure and Learn”.

O quarto painel do dia, “Business technologists lead the Innovation from within”, debateu o futuro das profissões, a requalificação de competências e a democratização de ferramentas digitais. A apresentação de Chakib Rifi, Fundador da SGPP Europe, destacou que o papel do ser humano ganha hoje uma nova dimensão provocada pela crescente simbiose homem-máquina, que permite aos profissionais aperfeiçoar competências essenciais, como a liderança ou a programação, para fazer face a um futuro eminentemente digital e inteligente. Baseado na sua própria experiência profissional, George A. Polisner, Fundador da CivicWorks, confessou que o “medo é o maior obstáculo à inovação dentro das organizações” e pode sufocar as ideias e ações das equipas. A encerrar o painel, Alberto Carvalho, Superintendente Geral do Distrito Escolar Unificado de Los Angeles, recordou como a pandemia foi um catalisador de mudança na educação a vários níveis.

No encerramento deste último painel do Q-Day, falou ainda João Nobre, Growth Manager na Quidgest, que deixou nota positiva sobre a existência de uma “nova geração de inovadores internos capacitados para criar soluções digitais” com a ajuda de ferramentas como o Genio, uma plataforma ágil para geração automática de software.

Um dos pontos altos da 13.ª edição da Q-Day Conference foi sem dúvida a entrega dos 12 prémios de Co-Inovação, que reconheceram os projetos dos clientes e parceiros da Quidgest que estão na vanguarda da tecnologia em áreas como Transformação Digital (IEFP), Agilidade (IMPIC), Inovação Contínua (NAOS), Clientes com História (Instituto Hidrográfico e ICNF), Comunidade Genio (Marinha Portuguesa), Privacidade Digital (Lusoponte) ou Desporto (IPDJ). A nível internacional, foram reconhecidos os parceiros EY (Europa), Baker Tilly (LATAM) e SGPP Europe (Formação Genio).

A próxima edição da Q-Day – a 14.ª, regressa no próximo ano, com um novo tema atual e pertinente. Se não conseguiu acompanhar o evento, fique a saber que a gravação integral está disponível no canal de YouTube da Quidgest. Pode também assistir ao vídeo com os melhores momentos da Conferência Q-Day 2022.

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