China já admite acabar com política de “Covid zero”
Após onda de protestos em várias cidades chinesas contra a estratégia de “zero casos”, vice-primeira-ministra salienta que a virulência da Covid-19 “está a enfraquecer” e sinaliza fim das restrições.
A vice-primeira-ministra chinesa encarregue de supervisionar as políticas de prevenção epidémica reconheceu esta quinta-feira que o país se encontra numa “situação nova” e que a virulência da Covid-19 “está a enfraquecer”, sinalizando o fim da estratégia “zero casos”.
Sun Chunlan “ouviu as opiniões e sugestões dos especialistas” da Comissão Nacional de Saúde da China sobre como “aprimorar as medidas de contenção”, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.
Além de a variante Ómicron da Covid-19 ter uma virulência “reduzida”, a responsável salientou que “cada vez mais pessoas estão a ser vacinadas” e que “está a ser acumulada maior experiência na contenção do vírus”.
Foi a Sun – a única mulher no Politburo do Partido Comunista Chinês, até ao 20.º Congresso realizado em outubro – que coube o papel de se deslocar às cidades que registavam surtos do novo coronavírus, para instar à imposição de confinamentos e restrições, ao longo dos últimos dois anos.
A responsável pediu agora esforços para “otimizar” a resposta contra a Covid-19 e “melhorar” as medidas de diagnóstico, deteção, tratamento e quarentena, exigindo que o sistema de saúde aumente as reservas de medicamentos e outros recursos para o tratamento de pacientes.
A reunião de Sun com os especialistas ocorreu após os últimos dias, sobretudo no fim de semana, terem ficado marcados por protestos em várias cidades da China contra a estratégia de “zero casos” de Covid-19.
A política da China inclui a imposição de bloqueios em bairros ou cidades inteiras, que podem demorar semanas ou meses, a realização constante de testes em massa, e o isolamento de todos os casos positivos e respetivos contactos diretos em instalações designadas, muitas vezes em condições degradantes.
Esta estratégia gerou uma sucessão de tragédias e casos de abuso da autoridade, culminando em protestos em larga escala, suscitados por um incêndio mortal, num prédio na cidade de Urumqi, no noroeste da China, na sexta-feira da semana passada.
Os manifestantes dizem que os bloqueios no bairro, no âmbito das medidas de prevenção epidémica, atrasaram o acesso do camião dos bombeiros. Os moradores também não conseguiram escapar do prédio, cuja porta estava bloqueada.
Até à data, a liderança chinesa justificou as medidas extremas com o facto de a China ter uma grande população, níveis desiguais de desenvolvimento entre regiões e “recursos médicos insuficientes”.
Segundo dados oficiais, desde o início da pandemia morreram 5.233 pessoas na China devido a infeção pelo novo coronavírus. Estudos sustentam que a estratégia chinesa salvou milhões de vidas.
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