Inflação sobre rodas: há carros que aumentaram 10% em 2022
Inflação e falta de matérias-primas são apontadas como principais razões para disparo dos preços entre os 15 modelos mais vendidos em Portugal. No entanto, há duas exceções no mercado nacional.
Os preços dos carros não conseguiram fugir à estrada da inflação. Desde o início do ano, há automóveis que custam mais 10% do que no final de 2021. Aos efeitos da Covid-19 no fornecimento das peças, a Guerra na Ucrânia juntou o combustível da inflação e agravou as dificuldades em renovar a frota dos portugueses.
Dos 15 modelos de carros ligeiros de passageiros mais vendidos em Portugal desde o início do ano, 13 ficaram mais caros, com aumentos que oscilam entre os 1,96% e os 14,85%. Em euros, os custos subiram entre 380 e 2.669 euros. Para este trabalho, o ECO solicitou à plataforma FleetData os preços de venda ao público de dezembro de 2021 e de novembro deste ano. A indicação dos 15 modelos mais vendidos foi fornecida pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
O Seat Arona 1.0 TSI, a gasolina, lidera a tabela: são precisos mais 2.669 euros para comprar o SUV crossover da marca espanhola. O disparo de 14,85% tem a ver com o atual contexto e com a introdução de novos equipamentos. “A evolução de preços está relacionada com o aumento considerável do custo das matérias-primas, que impacta de forma transversal todos os custos de produção e aquisição de componentes. Além disso, passámos a incluir o cockpit digital na oferta nacional”, refere ao ECO fonte oficial da importadora.
Em termos de valor, o segundo maior aumento vai para outro SUV: um Renault Captur 1.0 a gasolina está 2.090 euros mais caro do que há um ano. A inflação ajuda a explicar o agravamento de 9,98%: só o aço, segundo fonte oficial da marca francesa, “registou um aumento superior a 60% nos últimos meses”, com “reflexos ao nível do custo de produção” pois um automóvel “tem, em média, 800 quilos” desta matéria-prima. Os preços da energia também contribuíram para a subida dos veículos da Renault”, embora a fabricante sustente que os “ajustes” no preçário têm sido feitos “de forma contida”.
Mais baixo em altura é o Peugeot 308, cuja versão 1.2 a gasolina de 130 cavalos implica pagar mais 2.070 euros do que no final de 2021. A nível percentual, são 7,34%.
Entre os mais vendidos, o Dacia Duster era o segundo carro mais barato no final de 2021. Ao longo deste ano, o preço subiu 12,16% (mais 1.735 euros) e passou a ser o terceiro automóvel mais económico entre os mais procurados em Portugal.
O carro mais caro da tabela, o Volvo XC40, passou a custar mais 1.875 euros (+4,99%) e ficou mesmo à beira do patamar dos 40 mil euros. “É neste momento mais caro produzir este automóvel devido a disrupções na cadeia de abastecimento, aumento do custo das matérias-primas e dificuldades logísticas. A subida considerável dos preços fez com que fôssemos obrigados a refletir parte desse acréscimo no valor final do automóvel. Estas oscilações são constantes mas a Volvo manterá, para já, o valor atual deste e dos demais modelos da sua gama”, explicou, por escrito, a diretora de marketing da Volvo Car Portugal.
O Mercedes Classe A custa mais mil euros desde o início do ano por causa da “subida do valor da marca” e do agravamento dos impostos automóveis, no caso, do imposto sobre veículos, pago na compra de um carro, sustenta fonte oficial da fabricante de Estugarda. Apesar de custar mais 1.670 euros do que em 2021, o Peugeot 2008 foi o modelo mais vendido desde o início do ano.
Há carros mais baratos
Apesar do agravamento generalizado dos preços, há dois modelos que seguem em sentido contrário na estrada da inflação. Paga-se menos 300 euros por um Toyota Corollla 1.2 a gasolina e menos 1.019 euros por um Citroën C3 com motor 1.2 também a combustível. O ECO tentou obter um comentário junto das marcas nas últimas duas semanas mas as insistências não surtiram efeito. O mesmo aconteceu com as restantes insígnias da aliança automóvel Stellantis aqui representadas (Peugeot e Opel).
Apesar de mais uma dificuldade na hora de comprar um automóvel, as vendas de veículos ligeiros de passageiros até novembro estão 5,6% acima (141.552 unidades) dos números de 2021 (134.029). Contudo, na comparação com 2019, antes da pandemia, este mercado ainda está 31,3% abaixo das matrículas de 2019 (206.073).
Na galeria abaixo, veja quais foram os 15 modelos mais vendidos desde o início do ano em Portugal.
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