Comissão Europeia anuncia Banco Europeu para o Hidrogénio

Von der Leyen reforçou os compromissos de descarbonização, anunciado um “banco de hidrogénio” de 3 mil milhões de euros para acelerar a produção na UE até 2030.

A presidente da Comissão Europeia anunciou esta quarta-feira a criação de um banco europeu para fomentar investimentos em projetos de hidrogénio na União Europeia (UE), orçado em três mil milhões de euros, para concretizar a meta de produção de dez milhões de toneladas de hidrogénio renovável até 2030.

“O hidrogénio pode mudar o paradigma para a Europa. Precisamos de criar um novo mercado para o hidrogénio, a fim de preencher o fosso de investimento”, anunciou Von der Leyen durante o discurso do Estado da União Europeia, esta quarta-feira, no Parlamento Europeu.

Este novo banco europeu para o hidrogénio ajudará “a construir o futuro mercado do hidrogénio”. “É assim que vamos construir a economia do futuro. Este é o nosso Pacto Verde para a Europa”, disse Von der Leyen, acrescentando que o objetivo é passar dos projetos de nicho a infraestruturas de larga escala.

A presidente do executivo comunitário referiu que “aumentar os investimentos em energias renováveis” é uma prioridade para a União Europeia, frisando que o objetivo passa por “colocar energia solar em todos os telhados e garantir que o sol e a energia eólica entrem numa nova era de produção energética europeia sustentável e acessível”.

E na sequência dos incêndios florestais registados um pouco por toda a Europa, como em Portugal, Espanha, França e Itália, Ursula von der Leyen alertou que a situação de seca vai continuar a agravar-se nos próximos anos e, por isso, o objetivo passa por “trabalhar incansavelmente na adaptação climática e fazer da natureza o nosso primeiro aliado”. Assim, a Comissão Europeia vai duplicar a capacidade de combate ao fogo através da aquisição de dez aeronaves anfíbias leves e três novos helicópteros, destacando que os 27 Estados-membros necessitam de mais meios, dado que os incêndios florestais são “cada vez mais frequentes e mais intensos”.

Ainda no âmbito da proteção do ambiente e da biodiversidade, a presidente do executivo comunitário anunciou que a União Europeia irá insistir “num acordo global ambicioso para a natureza”, tanto na Conferência das Nações Unidas sobre a Biodiversidade, que decorrerá em Montreal, no Canadá, em dezembro, como na Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP27) em Sharm el-Sheikh, no Egito. “Nenhum país pode lutar sozinho contra as condições meteorológicas extremas“, disse.

Este foi o terceiro discurso que a presidente da Comissão Europeia proferiu sobre o Estado da União Europeia, uma vez mais num contexto de crise, com a guerra, inflação e crise energética como pano de fundo. O momento em questão ganhou mais peso porque é a primeira vez desde a criação do debate sobre o Estado da União Europeia que este se realiza enquanto decorre uma guerra de grandes dimensões no continente europeu, lançada pela Rússia na Ucrânia em fevereiro passado.

(Notícia atualizada às 09h35 com mais informações)

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Comissão propõe taxa de 33% sobre lucros extra nos combustíveis fósseis

Presidente da Comissão anunciou medidas para angariar 140 mil milhões para travar preços da energia na Europa. Pacote inclui taxa sobre os combustíveis fósseis e limite nos preços das renováveis.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que o bloco europeu espera angariar 140 mil milhões de euros junto das empresas energéticas que entende estarem a beneficiar da crise na Europa. O pacote de medidas para o setor, conhecido esta quarta-feira, prevê um teto sobre os preços das renováveis, uma “contribuição temporária de solidariedade sobre os lucros excedentários” nos combustíveis fósseis e medidas de redução do consumo de eletricidade.

“A nossa proposta inclui os produtores de eletricidade com fonte fóssil, que terão de dar uma contribuição no âmbito da crise. Ao todo, a nossa proposta vai angariar mais de 140 mil milhões de euros para os Estados-membros acomodarem o golpe [com a crise energética]”, afirmou a presidente, no discurso do Estado da União Europeia, proferido esta quarta-feira no Parlamento Europeu.

Pouco depois, num esclarecimento publicado após o discurso, a Comissão explica que a contribuição solidária temporária, baseada nos lucros excessivos obtidos no ano fiscal de 2022 pelas empresas de petróleo, gás, carvão e refinação, deverá contribuir com 25 mil milhões para o “bolo” total. Somam-se 117 mil milhões obtidos através do limite temporário das receitas dos produtores inframarginais (por regra, os produtores de energia renovável), numa base anual.

Renováveis com limite de 180 euros/MWh e combustíveis fósseis com taxa de 33%

Para a líder europeia, “o atual desenho de mercado, que se baseia numa ordem de mérito, já não serve o seu propósito, já não é justo para os consumidores“, já que estes deveriam colher os benefícios das energias produzidas a baixo custo, como as renováveis. Nesse sentido, pretende “fazer uma reforma profunda e abrangente do mercado de eletricidade” e desvincular os preços da “influência dominante” do gás.

Em detalhe, a Comissão propõe um teto nas receitas das empresas que produzem eletricidade a baixo custo — tipicamente, os produtores renováveis –, que “estão a ter receitas com que nunca sonharam”, disse a responsável. Von der Leyen afirmou que “os lucros são positivos”, mas defendeu que, neste caso, estão a ser obtidos à custa do sacrifício dos consumidores e em benefício de uma situação de guerra. “Devem ser partilhados com aqueles que mais precisam”, indicou.

Concretamente, a Comissão quer aplicar um teto de 180 euros/MWh (megawatt-hora) sobre as receitas obtidas com a energia produzida, entendendo que este limite “ainda assegura um retorno do investimento razoável” aos produtores afetados, já que receberam “largos ganhos financeiros inesperados” nos últimos meses. O limite deverá vigorar até 31 de março de 2023, e aplica-se quer a negociação decorra em mercados organizados ou bilateralmente.

“Os Estados membros são encorajados, em espírito de solidariedade, a firmamrem acordos bilaterais para partilharem parte das receitas colhidas pelo Estado produtor em benefício dos consumidores de Estados membros com baixa geração de eletricidade”, lê-se ainda na mesma comunicação.

Já a contribuição solidária será aplicada pelos Estados-membros tendo por base os lucros de 2022 que fiquem 20% acima da média dos três anos anteriores. A taxa será de, “pelo menos, 33%”, indica a Comissão num comunicado.

Os valores colhidos serão usados para apoiar famílias e empresas, nomeadamente os negócios cuja atividade é intensiva no consumo de eletricidade. No entanto, também pode ser canalizados para ajudar à redução do consumo de energia ou a promover investimentos em renováveis por parte dos consumidores finais.

Reduções do consumo na mira

Na proposta detalhada, a Comissão define que os Estados membros deverão implementar medidas para baixar o consumo de eletricidade em pelo menos 10% até 31 de março de 2023. Já no que toca ao objetivo de baixar o consumo nas horas de pico, ou seja de maior procura – nas quais, geralmente, é o gás a marcar o preço e portanto a eletricidade sai mais cara – a Comissão quer impor uma redução de pelo menos 5% no consumo de eletricidade. As horas selecionadas representaram pelo menos 10% das horas de cada mês, nas quais se espera que os preços sejam mais elevados, o que se traduz em 3 a 4 horas diárias. O Executivo comunitário calcula que estas medidas permitam uma redução de 4% no uso de gás para produzir eletricidade durante o inverno.

Medidas mais ambiciosas serão aceites

De acordo com Von der Leyen, os preços da energia na Europa aumentaram mais de dez vezes face ao período pré-pandemia, com a Rússia, ainda hoje, “a manipular ativamente o mercado europeu”, ao mesmo tempo que a crise climática pesa também nos preços. “O mercado já não está a funcionar”, alertou.

No esclarecimento posterior ao discurso, está escrito que “os Estados membros têm o direito de introduzir medidas mais ambiciosas tanto em termos de redução de procura como de limitação de receitas dos produtores de eletricidade, desde que sejam proporcionais, não distorçam o funcionamento dos mercados grossistas da eletricidade, e não prejudiquem os sinais de investimento”.

Tetos no gás e compras conjuntas

Quanto aos preços do gás, o plano é criar um grupo de trabalho que faça uma proposta para os baixar “de forma sensata”. Vão estar sob análise “as melhores formas de colocar um teto nos preços do gás” e a hipótese de assinar acordos de preços baixos com fornecedores através de compras conjuntas voluntárias, acrescenta a Comissão no comunicado. Em paralelo, a presidente mencionou que vai ser desenvolvido em parceria com os Estados membros um conjunto de medidas para favorecer fornecedores de confiança, como a Nigéria, por oposição à Rússia.

Também este mercado está a falhar, na ótica da presidente, nomeadamente no que diz respeito ao contrato de gás de referência, o holandês TTF, que “não se adaptou” ao atual contexto energético. “Vamos trabalhar em estabelecer uma referência mais representativa para a negociação que reflita realmente as mudanças no mercado“, explicou Von der Leyen.

Olhando às dificuldades que as empresas energéticas europeias estão a enfrentar, Ursula von der Leyen acrescentou que a Comissão quer mudar as regras no que diz respeito aos colaterais que lhes são exigidos e também controlar a volatilidade no preço intradiário. Em outubro, o enquadramento que permite auxílios estatais vai ser emendado de forma a permitir novas ajudas da parte dos Estados membros, ao mesmo tempo que se pretende manter um mercado justo ao nível da concorrência.

Estas declarações foram feitas no âmbito do debate sobre o Estado da União Europeia, um discurso onde está em foco a solidariedade da UE com a Ucrânia e as sanções à Rússia e, em paralelo, as medidas para garantir o abastecimento energético da UE e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis russos, bem como os atuais picos de preços de energia.

Espera-se concretização em dezembro

O objetivo é que a Comissão Europeia consiga aprovar e pôr em vigor um conjunto de medidas de emergência para combater os preços da eletricidade até 1 de dezembro deste ano, e mantê-las pelo menos até 31 de março de 2023. Estas serão alvo de nova avaliação a 28 de fevereiro do próximo ano. As contribuições solidárias serão aplicadas durante um ano desde o momento da sua aplicação, e também estarão sujeitas a reavaliação, mas a 15 de outubro do ano que vem.

Para já, a proposta da Comissão terá de ser aprovada pelo Conselho Europeu, com maioria de voto, e o compromisso é o de acelerar ao máximo os procedimentos.

(Notícia atualizada às 15h00 com mais informação)

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PSI segue Europa e abre em queda, penalizado pela Galp

  • Joana Abrantes Gomes
  • 14 Setembro 2022

Tal como no resto da Europa, as perdas estão a marcar o início da sessão em Lisboa. Navigator e a Altri perdem, respetivamente, 1,33% e 1,11%. Greenvolt sobe mais de 2%. Galp cai 1,23%.

A bolsa de Lisboa iniciou a sessão desta quarta-feira em terreno negativo, em linha com as congéneres europeias, penalizada, sobretudo, pela Galp.

Este desempenho acontece um dia após Wall Street registar a maior queda em dois anos, sob pressão da inflação de 8,3% nos EUA no mês de agosto, um alívio que ficou abaixo do que era esperado pelos investidores.

Pouco após a abertura, o PSI cai 0,18%, para 6.016,41 pontos, com apenas três cotadas no verde: a Greenvolt, que valoriza 2,19%, o grupo Jerónimo Martins, a ganhar 0,69%, e o BCP, que sobe 0,55%. A Corticeira Amorim está inalterada.

Em contrapartida, a Galp cai 1,23%, para 10,46 euros por ação, prejudicando o desempenho do principal índice nacional.

O setor do papel segue a mesma tendência. Pouco depois da abertura, a Navigator e a Altri estão a perder, respetivamente, 1,33% e 1,11%, enquanto a Semapa recua 0,43%.

À semelhança do principal índice nacional, as restantes praças europeias também começaram o dia em queda: o índice alemão DAX desliza 0,5%, tal como o britânico FTSE 100 e o francês CAC-40, enquanto o índice de referência europeu, o Stoxx 600, recua 0,4%. A praça de Madrid, IBEX-35, abriu sem alterações face à sessão anterior.

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Reveja aqui o discurso de Von der Leyen sobre o Estado da União Europeia

  • ECO
  • 14 Setembro 2022

Crise económica, guerra, inflação e crise energética marcam o debate sobre o Estado da União esta quarta-feira. Reveja aqui o discurso da presidente da Comissão Europeia.

Guerra da Ucrânia, inflação e crise energética foram temas centrais do terceiro discurso sobre o Estado da União Europeia de Ursula Von der Leyen. A presidente da Comissão Europeia desde 2019 passou em revista os principais acontecimentos do último ano e apresentou as prioridades, objetivos e iniciativas para os próximos 12 meses. Reveja aqui o discurso e acompanhe o debate em direto, através do Facebook ou do Twitter.

Veja o discurso em direto no Facebook:

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Veja o discurso em direto no Twitter:

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Hoje nas notícias: ISP, CEO do SNS e apoios sociais

  • ECO
  • 14 Setembro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A Contribuição do Serviço Rodoviário, declarada ilegal pelo Tribunal de Justiça da União Europeia, deverá ser incorporada no ISP pelo Governo. Fernando Araújo ainda não respondeu oficialmente ao convite para ser CEO do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Conheça estas e outras notícias em destaque esta quarta-feira.

Governo incorpora no ISP taxa declarada ilegal

A Contribuição do Serviço Rodoviário (CSR), declarada ilegal pelo Tribunal de Justiça da União Europeia em maio, deverá passar a estar incorporada no Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP), o que permitirá ao Governo contornar o problema levantado pela justiça europeia. A ser aprovada esta proposta de lei, a receita do imposto destinar-se-á a financiar a Infraestruturas de Portugal (IP). No entanto, pode limitar as ações das gasolineiras que queiram pedir o reembolso da contribuição paga no passado.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Fernando Araújo ainda não aceitou (oficialmente) ser CEO do SNS

A escolha do Governo para a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é Fernando Araújo, que atualmente preside ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar de S. João, avançaram o Expresso e a SIC Notícias esta terça-feira. Mas o médico ainda não terá respondido ao convite, pelo menos oficialmente, porque aguarda a promulgação do diploma que cria o cargo para o qual foi convidado. O gabinete do primeiro-ministro não desmentiu a escolha ou o convite, mas também não a confirmou, sendo que ainda falta conhecer a equipa de Manuel Pizarro no Ministério da Saúde. Certo é que Fernando Araújo publicou na terça-feira a sua última crónica no Jornal de Notícias.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Governo em silêncio sobre aumento das prestações sociais em 2023

Ainda não é claro como é que o Governo vai atualizar, no próximo ano, o Indexante dos Apoios Sociais (IAS) — neste momento, é de 443,20 euros — que determina o acesso e o valor de vários apoios sociais, das propinas e do patamar de isenção de IRS. A sua atualização é feita de forma automática, tendo em conta a inflação e o crescimento económico – método este que é também aplicado às pensões. Porém, o Executivo anunciou na semana passada que, em 2023, iria suspender a fórmula de atualização das pensões, ficando por esclarecer se a atualização do IAS também ficará sujeita a novas regras.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Apoio à renda jovem atinge novo máximo em abril

O programa de apoio ao pagamento da renda, Porta 65 Jovem, contou com 3.240 novos beneficiários em abril, mais 12% do que há um ano, tendo sido ainda renovado o apoio a 3.668 agregados jovens, segundo dados do portal da habitação. O programa, que paga até 50% da renda de um imóvel a jovens ou casais até 35 anos de idade, superou em abril as 3.011 novas famílias apoiadas em igual período de 2021, fazendo um novo total de 6.908. No entanto, a subida do teto máximo da renda só acontece em 2023.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Agência Portuguesa do Ambiente autoriza extensão da linha vermelha do metro a Alcântara

O prolongamento da linha vermelha do metropolitano de São Sebastião a Alcântara, em Lisboa, recebeu parecer positivo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), ainda que com condicionantes. O investimento de 304 milhões de euros compreende quatro novas paragens ao longo de cerca de quatro quilómetros, passando pelas Amoreiras, pelo Jardim da Parada em Campo de Ourique, pela Avenida Infante Santo, e termina num troço em viaduto por cima do acesso à Ponte 25 de Abril. Apesar da contestação ao projeto, o traçado irá manter-se, mas, no troço final da linha, o trajeto passará de túnel a viaduto.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

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Guerra, inflação e energia vão dominar discurso do Estado da União Europeia

  • Lusa
  • 14 Setembro 2022

Presidente da Comissão profere no Parlamento Europeu o discurso do Estado da União Europeia, uma vez mais num contexto de crise, com a guerra, inflação e crise energética como pano de fundo.

A presidente da Comissão Europeia profere esta quarta-feira, no Parlamento Europeu, o seu terceiro discurso sobre o Estado da União Europeia, uma vez mais num contexto de crise, com a guerra, inflação e crise energética como pano de fundo.

Ursula von der Leyen, que preside ao executivo comunitário desde 2019, vai proferir o seu discurso sobre o Estado da União novamente em modo de gestão de crise, depois de nos últimos dois anos as atenções terem estado centradas quase em exclusivo na resposta à pandemia da Covid-19, que forçou mesmo a que em 2020 este momento não tenha sido realizado, pela primeira vez, na sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, França, mas sim em Bruxelas.

Desta feita, no hemiciclo de Estrasburgo, Von der Leyen passará em revista os principais acontecimentos do último ano e apresentará as grandes prioridades políticas, objetivos e iniciativas para os próximos 12 meses.

O momento em questão ganha mais peso porque é a primeira vez desde a criação do debate sobre o Estado da União Europeia que este se realiza enquanto decorre uma guerra de grandes dimensões no continente europeu, lançada pela Rússia na Ucrânia em fevereiro passado.

Este vai ser o terceiro discurso do Estado da União a ser proferido pela presidente Ursula von der LeyenEuropean Union

Todas as atenções estão centradas no pacote de propostas que a Comissão Europeia adotou na véspera na reunião do Colégio de Comissários, mas que Ursula von der Leyen manteve em segredo para apresentar esta quarta-feira de manhã, com medidas de emergência a nível comunitário para a União Europeia (UE) fazer face à escalada dos preços no setor da energia, num contexto de inflação recorde na Zona Euro.

O executivo comunitário, que na semana passada, depois de um Conselho extraordinário de ministros da Energia, prometeu avançar com “medidas sem precedentes para uma situação sem precedentes” numa UE em crise energética, que abrangerão “todas as frentes”, deverá propor a imposição de um teto máximo para os lucros das empresas produtoras de eletricidade com baixos custos e uma “contribuição solidária” das empresas de combustíveis fósseis.

A Comissão liderada por Von der Leyen deverá também concretizar propostas para a definição de um teto de preço do gás russo importado por gasoduto – uma questão pouco consensual entre os Estados-membros -, a coordenação nas respostas dos 27 com vista à redução do consumo de eletricidade e soluções de emergência a nível de ajudas de Estado para garantir a liquidez financeira às empresas de serviços energéticos.

Inaugurado pelo antigo presidente do executivo comunitário José Manuel Durão Barroso, em 2010, o discurso do Estado da União tornou-se o “cartaz” das sessões plenárias de setembro, da chamada rentrée depois das férias de verão, sendo a oportunidade de o executivo comunitário e os eurodeputados discutirem os grandes desafios e prioridades para os 12 meses seguintes. O discurso sobre o Estado da União 2022 tem início às 9h00 locais em Estrasburgo, 8h00 de Lisboa.

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Fast food subiu 8%, leite 17% e óleo 36%. Veja os 30 preços que mais aumentaram desde o início da guerra

Veja os 30 preços que mais aumentaram desde o início da invasão da Ucrânia. Mas atenção. Só são considerados os produtos com um contributo superior a 0,05 pontos percentuais para a formação do IPC.

Comer uma refeição de fast food ficou 8% mais caro desde a invasão da Rússia à Ucrânia. Não é de admirar já que o preço do óleo subiu 36% desde fevereiro e as batatas 17%. Já a carne de bovino aumentou 11,8%.

“Desde o início da guerra na Ucrânia no final de fevereiro, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) tem refletido aumentos significativos de preços em grande parte dos produtos considerados na amostra”, explicava o Instituto Nacional de Estatística na segunda-feira quando revelou que os preços aumentaram 6,3% em Portugal desde o início da guerra na Ucrânia a 24 de fevereiro.

Mas quais foram os produtos que sofreram os agravamentos mais significativos? O topo da tabela é ocupado pelos voos internacionais (101,4% de aumento); hotéis, motéis, pousadas e serviços de alojamento similares (65,5%) e férias organizadas fora do território nacional (42,7%). Mas estes são produtos relacionados com o turismo e por isso fortemente influenciados pela sazonalidade. É normal que um quarto de hotel seja mais caro em agosto do que em fevereiro. Mas é claro que a dimensão destes aumentos também é influenciada pela guerra, já que muitos turistas optaram por passar férias em Portugal, o país mais ocidental da Europa, em detrimento de paragens mais próximas do conflito.

O óleo é o produto cujo consumo é mais ou menos constante ao longo do ano que mais aumento nos últimos. Os portugueses passaram a pagar em agosto mais 36,2% para levar da prateleira do supermercado a mesma garrafa de óleo alimentar face a fevereiro.

Segundo o INE, o subgrupo de óleos e gorduras registou “aumentos relevantes a partir de março”, atingindo máximos em maio, sendo de realçar o comportamento dos preços dos óleos alimentares, que registaram a maior variação no mesmo período (36,2%).

Um outro subgrupo que sofreu aumentos muito significativos é o dos produtos alimentares, mas este tem mais peso na formação do índice de preços. A carne de aves com uma subida de 25,1% e a carne de porco com um agravamento de 23,4% são dos alimentos que mais subiram de preço.

Produtos essenciais como o leite magro de vaca (17%), o queijo e requeijão (11,3%), a fruta fresca (14,4%) ou o pão (8,8%) não escaparam à escalada de preços e levaram o Executivo a criar um cheque de apoio às famílias de 60 euros (primeiro para beneficiários da tarifa social de eletricidade e de prestações sociais) que depois “engordou” para 125 euros para todos os que têm rendimentos anuais inferiores a 37.800 euros por ano.

Mas a invasão da Ucrânia e as consequentes sanções impostas a Moscovo ditaram também uma escalada dos preços da energia já que a Rússia era um dos principais fornecedores de gás do mercado europeu. E o gás é também utilizado para gerar eletricidade, o que contamina também os seus preços. De acordo com o INE, entre fevereiro e agosto deste ano, os preços do gás natural aumentaram 35,5% e os da eletricidade 28%.

Em Portugal o peso do preço do gás no da eletricidade foi superior ao habitual, porque devido à seca não foi possível contar com uma percentagem idêntica à de anos anteriores de energia gerada pelas barragens, que em muitos casos estavam dedicadas exclusivamente ao abastecimento das populações.

Perante este efeito de contágio, o Governo português em conjunto com o espanhol criaram uma limitação do preço do gás para efeitos de produção de energia elétrica, após Bruxelas dar luz verde à medida, que começou a produzir efeitos no mercado de eletricidade a 15 de junho.

O ECO pediu ao INE a listagem dos preços que mais aumentaram desde o início da guerra na Ucrânia. Mas atenção, só são considerados os produtos que têm um contributo superior a 0,05 pontos percentuais para a formação do Índice de Preços no Consumidor. “Os contributos individuais dos restantes sub-subgrupos não são significativos, pelo que recomendamos que sejam considerados” apenas estes explicaram os técnicos do INE. É por essa razão que, por exemplo, o vestuário e calçado, não constam da tabela já que o seu contributo foi de -0,007 p.p..

Veja os 30 preços que mais aumentaram desde o início da invasão da Ucrânia:

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Luís Laginha de Sousa sai do Banco de Portugal para presidir à CMVM

O substituto de Gabriel Bernardino na liderança do regulador dos mercados já está escolhido. A um homem sucede outro, o que põe em causa a rotatividade de género prevista na lei.

Do supervisor da banca para o supervisor dos mercados. O atual administrador do Banco de Portugal, Luís Laginha de Sousa, está em fim de mandato no Banco de Portugal e deverá substituir Gabriel Bernardino na presidência da Comissão do Mercado de Valores Mobiliário (CMVM), apurou o ECO junto de duas fontes. O ‘polícia das bolsas’ está com uma administração diminuída desde março, depois da renúncia de Gabriel Bernardino por razões de saúde, permanecendo em funções em situação demissionária.

Fernando Medina, ministro das Finanças, e João Nuno Mendes, secretário de Estado do Tesouro e Finanças, tinham há meses vários lugares por preencher nos reguladores. Como o ECO revelou, Clara Raposo vai ser vice-governadora do Banco de Portugal, preenchendo a vaga deixada por Elisa Ferreira. Mas faltava ainda as nomeações para a CMVM, até porque se trata mesmo do presidente do supervisor. Agora, a escolha recai sobre um gestor que já foi presidente da Euronext.

Oficialmente, o Ministério das Finanças escusa-se a confirmar as informações do ECO. O nome de Luís Laginha de Sousa não terá ainda sido enviado para a Cresap, a entidade de avaliação das nomeações para organismos públicos, mas é a escolha do ministro das Finanças.

Há, ainda assim, um risco nesta nomeação. A escolha de Laginha de Sousa poderá suscitar reservas, por causa da regra do género. A lei-quadro das entidades reguladoras é clara em indicar, no artigo 17º, que “o provimento do presidente do conselho de administração deve garantir a alternância de género”.

Até hoje, essa regra, aprovada 2013, tinha sido sempre respeitada: A Carlos Tavares sucedeu Gabriela Figueiredo Dias, seguida na presidência da CMVM por Gabriel Bernardino, que renunciou ao cargo por problemas de saúde depois de ter sido nomeado no ano passado. Desde a fundação do polícia dos mercados, em 1991, o cargo só foi exercido por uma mulher durante quatro anos e, agora, prepara-se para ter de novo um homem ao leme até 2027. A questão do género será, provavelmente, um tema na audição da Comissão parlamentar do Orçamento e Finanças na audição a Luís Laginha de Sousa.

Licenciado em Economia, pela Universidade Católica, e MBA na mesma instituição, Luís Laginha de Sousa conhece bem o mercado de capitais. Entre 2005 e 2016 esteve ligado à Euronext Lisbon, primeiro como administrador e depois como presidente. Em 2017 foi nomeado administrador do Banco de Portugal para um mandato que termina este mês. Tinha os pelouros da estabilidade financeira e dos recursos humanos.

A administração do regulador dos mercados tem mais duas vagas: o cargo de vice-presidente continua por preencher após a saída de Filomena Oliveira em 2019, e ainda há outro lugar de administrador por ocupar. A equipa tem ainda os vogais José Miguel Almeida e Rui Pinto (cujo mandato termina a 30 de novembro). Ou seja, hoje o conselho de administração da CMVM também não respeita a representação mínima de 33% de cada género prevista na lei.

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Lisboa-Madrid a nove horas de comboio a partir de outubro

As duas capitais ibéricas vão ficar mais próximas sobre carris mas ainda dependem de três comboios para chegar ao destino. Novo horário chega com quase três meses face às primeiras previsões.

Lisboa e Madrid vão ficar a nove horas de comboio a partir de 9 de outubro. À segunda tentativa, conseguiu-se arranjar forma de encurtar a viagem sobre carris entre as duas capitais ibéricas. Os horários já foram autorizados pela gestora da rede ferroviária nacional (IP) e estão publicados na página da CP. As mudanças chegam com mais de dois meses de atraso face à data original.

A partir de 9 de outubro passarão a ser necessários três, em vez de quatro, comboios para a viagem entre Lisboa e Madrid, num tempo total de oito horas e 48 minutos; no percurso inverso, a deslocação demorará nove horas e 30 minutos. No mesmo dia, a Linha do Leste passará a contar com dois comboios por dia e por sentido – até agora, tem sido apenas um.

Fabricada no início dos anos 1950 e remodelada na década de 1990, automotora Allan tem velocidade máxima de 100 km/h e presta serviço apenas na Linha do Leste.

De Lisboa para Madrid é preciso apanhar o Intercidades a partir de Santa Apolónia, pelas 12h30, com chegada ao Entroncamento pelas 13h29. É do Entroncamento que, sete minutos depois, sai o comboio regional até Badajoz, com chegada pelas 17h26 (hora espanhola). Em território espanhol, pelas 17h36, parte o comboio Intercity da Renfe, com chegada às 22h18 à estação de Madrid-Chamartín.

Da capital espanhola para a portuguesa, o comboio Intercity parte de Chamartín pelas 8h30 (hora espanhola), chegando às 13h24 a Badajoz. Pelas 14h09 segue o comboio regional da CP, com chegada ao Entroncamento pelas 15h52 (hora portuguesa). Oito minutos depois, o Intercidades sai do Entroncamento e termina viagem em Santa Apolónia pelas 17h00.

A ligação ibérica, contudo, não é assegurada ao fim de semana: aos sábados, não há Intercity entre Badajoz e Madrid; aos domingos, não há Intercity entre a capital espanhola e Badajoz.

Se apenas precisar do comboio para a Linha do Leste, os comboios saem do Entroncamento pelas 9h28 e 13h36, com chegada a Badajoz pelas 13h13 e 17h26, respetivamente e na hora espanhola. No sentido inverso, as composições partem de Badajoz pelas 14h09 e 19h41 (hora espanhola), com fim no Entroncamento pela 15h52 e 21h37, respetivamente.

O serviço regional na Linha do Leste mantém-se por conta de uma automotora diesel Allan, originalmente fabricada na década de 1950 nos Países Baixos e que foi remodelada nos anos 1990. A velocidade máxima é de 100 km/h.

Novos horários mais de dois meses depois

Os novos horários deveriam ter entrado em vigor em 31 de julho. Contudo, a falta de entendimento entre a IP e a homóloga espanhola (Adif) atrasou a situação. A Adif teve de ajustar os horários para que os comboios de mercadorias que seguem para o interior de Espanha sejam compatíveis com a disponibilidade para os serviços de passageiros.

Desde 17 de março de 2020 que está suspenso o comboio noturno que ligava as duas capitais ibéricas. O Lusitânia deixou de circular por decisão unilateral da Renfe, congénere espanhola da CP e parceira da transportadora nacional neste serviço. A ligação entre Lisboa e Madrid gerava prejuízos anuais de dois milhões de euros e está fora do contrato de serviço público.

Lisboa e Madrid, no entanto, poderiam estar a sete horas de distância, se CP e Renfe se entendessem com a realização de um comboio diurno pronto para circular em bitola ibérica e europeia e ainda sob tensão elétrica dos dois lados da fronteira (25 mil volts em Portugal e 3 mil volts em Espanha).

Mesmo depois das cimeiras ibéricas de 2020 e de 2021, os governos de Portugal e de Espanha não chegaram a acordo em relação às ligações ferroviárias entre Lisboa e Madrid. Em 2022 há novo encontro.

A viagem entre as duas capitais ibéricas poderá ser mais rápida a partir do final de 2023, quando estiver concluído o troço entre Évora e Elvas, que permitirá comboios a 250 km/h. Em condições normais, serão necessárias cinco horas de comboio entre Lisboa e Madrid.

Apesar de demorar menos hora e meia a partir de 9 de outubro, a viagem ferroviária entre as capitais ibéricas vai levar mais tempo do que em 1989. Na altura, o comboio direto Talgo Luís de Camões demorava sete horas e 58 minutos no Lisboa – Madrid e sete horas e 50 minutos no sentido inverso.

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Com aumento de 2%, Função Pública perde 8% em dois anos

Costa já disse que os aumentos da Função Pública não vão chegar ao valor da inflação estimada, de 7,4%. Atualização salarial será insuficiente para compensar subida de preços em 2022 e 2023.

O aumento da Função Pública para este ano, de 0,9%, acabou por levar uma onda de reivindicações devido à inflação elevada que acabou por se verificar. O Governo habitualmente utiliza o valor da inflação do ano anterior, em novembro, para o cálculo mas o primeiro-ministro já avisou que para o próximo ano os aumentos não vão atingir essa dimensão (que estima que seja de 7,4%), apontando um referencial de 2%. Se efetivamente os aumentos forem nesse montante, e tendo em conta as estimativas de inflação para este ano e o próximo, os funcionários públicos poderão ter uma perda de poder de compra de 8%.

Começando por este ano, o aumento salarial para a Função Pública foi de 0,9%, um valor definido tendo em conta a inflação média dos últimos 12 meses, calculada em novembro, excetuando a habitação. No entanto, a inflação do ano passado acabou por se fixar nos 1,3%. Já este ano a inflação disparou e o Governo estima que ronde os 7,4%, como indicou António Costa esta segunda-feira.

Mesmo estando a trabalhar nesse cenário, o primeiro-ministro rejeitou aumentos nesse valor. Ao invés, referiu que o Governo está a trabalhar para que a inflação em Portugal “chegue o mais rapidamente possível” a 2% e admitiu que essa “é uma referência, mas não obviamente o único dado a ter em conta” para os aumentos dos funcionários públicos. Ainda assim, note-se que aos valores de aumento na tabela salarial, haverá sempre aumentos por via das progressões e promoções, que se somam ao valor da tabela e afetam a chamada massa salarial do Estado.

Se o aumento for de apenas 2% no próximo ano, e tendo em conta as previsões mais recentes de inflação para 2023 (da Comissão Europeia, que prevê uma inflação de 3,6% em 2023), os funcionários públicos poderão vir a perder cerca de 8% em poder de compra.

É de salientar que existem também projeções de outras instituições, ainda que mais antigas, numa altura em que os números têm sido várias vezes revistos. As previsões do Banco de Portugal, de junho, apontavam para uma inflação de 2,7% no próximo ano. Já o Conselho das Finanças Públicas previa que este indicador se ia fixar nos 2,2% em 2023, em previsões divulgadas em março.

Apesar deste referencial, o primeiro-ministro sublinhou que há outros aspetos a ter em conta na atualização salarial da Função Pública, como a produtividade. Além disso, há ainda o processo negocial com os sindicatos, pelo que o valor final deverá ser mais elevado. Certo é que, segundo o primeiro-ministro, o aumento dos funcionários públicos nunca chegará aos 7,4%.

Isto depois de uma perda já em 2022, sendo que dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados em agosto mostraram que os salários reais caíram 4,6% em Portugal devido à inflação, com os funcionários públicos a mostrarem ser quem mais perde face há um ano. As contas dos sindicatos que representam a Função Pública apontam mesmo que as perdas rondam os 15%, em cerca de dez anos, como recordou ao ECO presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado.

A perda dos funcionários públicos “já toca e ronda os 16%”, pelo que “é necessário fazer atualização que vá ao encontro do que se pede aos serviços públicos”, disse. Já José Abraão reiterou que é “completamente inaceitável que se passe por cima de uma desvalorização dos salários de 7,4% e se avance com um número eventual de uma inflação futura”.

Os sindicatos ainda reivindicaram uma atualização adicional este ano tendo em conta a inflação, mas Fernando Medina rejeitou aumentos intercalares na Função Pública, por acreditar que a estratégia do Governo “é melhor na resposta ao problema com que estamos todos confrontados”. Isto apesar de o seu antecessor, João Leão, ter dito que Medina tem margem para aumentos e contratações na Função Pública.

Medina destacou, contudo, que se registou um aumento da massa salarial por via de progressões e de outros instrumentos, ressalva que já tinha vindo a ser feita pelo Governo e foi também reforçada pelo primeiro-ministro. O aumento da massa salarial é de 2,5%, número que pode atingir os 3,6% se forem consideradas as novas contratações que o Governo tem em vista fazer.

Estas atualizações têm impacto no orçamento, sendo que segundo o Quadro de Políticas Invariantes que o Governo entregou ao Parlamento para o próximo ano, as despesas com pessoal agravam as contas públicas em 553,9 milhões de euros, como noticia o Público. Este montante não inclui os aumentos dos salários da função pública, mas é preciso retirar o efeito positivo nas contas públicas decorrente do aumento da receita de IRS (através do aumento da massa salarial).

É ainda de ressalvar que o Governo aprovou aumentos nos salários de entrada de alguns trabalhadores na Função Pública que entraram em vigor já este ano, com retroativos. Em causa estiveram mais de 39 mil assistentes técnicos e técnicos superiores, que tiveram um “extra salarial” de 428 a 469 euros em agosto.

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5 coisas que vão marcar o dia

Enquanto por Estrasburgo se vai debater o estado da União Europeia, no Parlamento português os deputados vão ouvir os ministros das Finanças e do Trabalho.

Enquanto por Estrasburgo se vai debater o estado da União Europeia, com a presidente da Comissão Europeia a apresentar os planos para os preços da energia, no Parlamento português os deputados vão ouvir os ministros das Finanças e do Trabalho. Além disso, o dia será também marcado pela inauguração da Airbus em Santo Tirso, onde estará o primeiro-ministro, bem como a divulgação de dados sobre a atividade turística em julho.

Medina é ouvido no Parlamento

Os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças vão ouvir o ministro das Finanças, Fernando Medina, numa audição regimental, que está prevista no regimento da Assembleia. O ministro deverá ser questionado sobre temas como o novo pacote de medidas para fazer face aos efeitos da inflação, bem como o Orçamento do Estado para 2023.

Bruxelas apresenta planos para travar os preços da energia

A Presidente da Comissão Europeia faz o seu discurso sobre o Estado da União Europeia ao Parlamento, seguido de um debate com os eurodeputados. Neste discurso, estarão em foco as medidas para garantir o abastecimento energético da UE e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis russos, bem como os atuais picos de preços de energia. Ursula von der Leyen vai também falar sobre o Pacto Ecológico Europeu e a solidariedade da UE com a Ucrânia e sanções à Rússia.

Mendes Godinho explica apoio ao cabaz alimentar

Na Assembleia da República há também uma audição à ministra do Trabalho, cuja primeira parte tem como temas o apoio ao cabaz alimentar, a redução do número de beneficiários do Programa de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas e as dificuldades no acesso a prestações sociais. Há ainda outra fase da audição que será regimental, com os temas que os deputados escolherem.

Como evoluiu o turismo em julho?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga esta quarta-feira dados sobre a atividade turística em Portugal, referentes ao mês de julho de 2022. Em junho, as receitas do turismo dispararam 157% para 545,4 milhões de euros, ficando assim já acima dos valores registados antes da pandemia, em 2019.

Airbus inaugura instalações em Santo Tirso com presença de Costa

Está marcada para esta quarta-feira a inauguração das instalações da Airbus Atlantic Portugal em Santo Tirso, numa cerimónia que vai contar com a presença do primeiro-ministro, António Costa. Esta operação industrial, que representou um investimento de 40 milhões de euros, conta já com cerca de uma centena de trabalhadores, prevendo chegar às 150 pessoas até ao final deste ano.

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Wall Street com a maior queda em dois anos, após dados da inflação

Bolsas norte-americanas fecharam com fortes perdas, com o Nasdaq e S&P 500 a tombarem mais de 4%, pressionados pelos dados da inflação nos EUA, que ficaram acima do esperado pelos analistas.

Os principais índices norte-americanos encerraram a sessão desta terça-feira com fortes perdas, com o Nasdaq e S&P 500 a tombarem mais de 4%, pressionados pelos dados da inflação nos EUA, que ficaram acima do esperado pelos analistas, o que aumenta as perspetivas de novas subidas das taxas de juro por parte da Fed.

O índice de referência S&P 500 recuou 4,25% para 3.935,67 pontos, enquanto o industrial Dow Jones perdeu 3,92% para 31.111,92 pontos. Ao mesmo tempo, o tecnológico Nasdaq tombou 4,99% para 11.654,85 pontos. Com este desempenho, os três índices registaram a maior queda percentual diária desde 11 de junho de 2020 e quebraram um ciclo de quatro dias consecutivos de ganhos.

Evolução do S&P 500 nos últimos dois anos

Evolução do S&P 500 nos últimos dois anos até dia 13 de setembro de 2022Fonte: Reuters

Nesta sessão, os investidores estiveram a digerir os dados divulgados esta terça-feira pelo Departamento do Trabalho norte-americano, que revelou que a taxa de inflação homóloga nos Estados Unidos desacelerou para 8,3% em agosto, o que representa um recuo de duas décimas face ao registado em julho e um recuo pelo segundo mês consecutivo.

Além disso, no que respeita à variação em cadeia, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) nos EUA aumentou 0,1% face ao registado em julho. Os analistas consultados pela Reuters antecipavam um recuo de 0,1%. Estes dados aumentam as perspetivas de que a Fed vai manter o posicionamento agressivo na subida dos juros, devendo proceder a um novo aumento das taxas na próxima reunião, marcada para 20 e 21 de setembro.

Os analistas apontam que o mais certo é que a Fed volte a aumentar as taxas de juro em 75 pontos base para conter a inflação, não obstante, e de acordo com a ferramenta FedWatch da CME, citada pela Reuters, há 18% dos analistas a admitirem aumentos superiores. Além disso, persistem os receios de que um período prolongado de aperto nas políticas da Fed possa conduzir a economia norte-americana a uma recessão.

Nesta sessão, as cotadas ligadas ao setor tecnológico estiveram entre as mais penalizadas. A título de exemplo, a Apple tombou 5,87% para 153,84 dólares, a Microsoft recuou 5,50% para 251,99 dólares e a Amazon caiu 7,06% para 126,82 dólares.

Em contrapartida os títulos do Twitter somaram 0,65% para 41,74 dólares, no dia em que os acionistas da empresa aprovaram a venda da rede social a Elon Musk por 44 mil milhões de dólares (43 mil milhões de euros). Recorde-se que o negócio está num impasse e o caso está atualmente no tribunal de Delaware, com um julgamento previsto para começar em meados de outubro.

(Notícia atualizada pela última vez às 21h27)

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