Ano letivo arranca com “nuvem negra” da falta de professores e nova normalidade

  • Lusa
  • 11 Setembro 2022

Diretores temem falta de professores na reabertura das escolas e alertam que as medidas do Governo para 2022/2023 só servem no curto prazo. Regresso às aulas quase lembra o período pré-pandemia.

Na próxima semana arranca um novo ano letivo sob a “nuvem negra” do já antigo problema da falta de professores, antecipam os diretores escolares, alertando que as medidas do Governo para 2022/2023 só servem no curto prazo.

“Do nosso lado, as coisas estão muito bem preparadas, mas há uma nuvem negra no panorama educativo nacional que pode ter implicações no decurso do ano letivo”, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

A nuvem negra a que Filinto Lima se refere é a falta de professores, tema recorrente a cada ano letivo que passa, mas um problema que tenderá a agravar-se, apesar de medidas recentes do Governo para o minimizar.

Este receio dos diretores contrasta, em certa medida, com um balanço mais otimista feito pelo ministro da Educação, João Costa, na sexta-feira, quando cerca de 97% dos horários pedidos pelas escolas em agosto já tinham sido preenchidos nas duas primeiras reservas de recrutamento, que decorreram nos dias 2 e 9 de setembro.

Antes disso, depois de concluídos os processos de mobilidade interna e contratação inicial, já tinham ficado por preencher apenas 2,3% dos horários, ainda que alguns tenham ficado entretanto desocupados, por exemplo, devido a baixas médicas.

“Neste momento, temos cerca de 600 horários que estão ainda em concurso e muitos deles estão já a migrar para a contratação direta pelas escolas”, disse João Costa na sexta-feira, acrescentando que alguns não correspondem sequer a aulas, mas outras atividades da escola.

Neste momento, temos cerca de 600 horários que estão ainda em concurso e muitos deles estão já a migrar para a contratação direta pelas escolas.

João Costa

Ministro da Educação

Por isso, o ministro fez um balanço positivo em vésperas do regresso às aulas e, comparando com os últimos dois anos, refere que o número de horários por atribuir após a segunda reserva de recrutamento, que não era tão baixo desde 2019, diminui 50%.

E atribuiu essa melhoria a um conjunto de medidas recentes, como a possibilidade de os diretores recorrerem logo à contratação de escola sem passar pelas reservas de recrutamento na ausência de professores disponíveis para preencher os horários ainda por ocupar, a renovação dos contratos anuais em horários completos e incompletos ou a redução das mobilidades estatutárias.

Outra das novidades na preparação do novo ano letivo foi a possibilidade de as escolas completarem os horários quando não houvesse candidatos, tornando-os mais atrativos, e a revisão das habilitações próprias, com novos requisitos que passaram a incluir os cursos pós-Bolonha, permitindo que docentes não profissionalizados possam ser contratados pelas escolas desde que tenham uma formação mínima na área da respetiva disciplina.

Apesar de admitirem que as medidas poderão minimizar a falta de professores no próximo ano letivo, os representantes dos diretores questionam se serão suficientes, sobretudo num ano em que se prevê a aposentação de cerca de dois mil docentes e em que antecipam um aumento exponencial das baixas médicas devido ao novo regime de mobilidade por doença, com novos critérios que resultaram em menos de metade do número de pedidos aceites face ao ano anterior.

Novas medidas para facilitar a contratação

O próprio Ministério da Educação reconhece que a pressão para a contratação será maior no próximo ano letivo e, por isso, está a preparar um outro conjunto de medidas que facilitem esse processo, por exemplo, através da acumulação de horários entre escolas ou da atribuição de determinadas tarefas, sempre que possível, a não docentes.

Mas para os diretores, são medidas de resposta apenas no curto prazo, mas não resolvem o problema estrutural: a pouca atratividade da profissão. “A solução passa claramente por investir nos recursos humanos das escolas”, sublinhou Filinto Lima, da ANDAEP, colocando o ónus não só no Ministério da Educação, mas também no Ministério das Finanças.

Sabíamos há dez anos, ou mais, que o problema que estamos a atravessar agora ia acontecer e a verdade é que os diferentes ministérios de Educação sempre optaram por soluções pontuais.

Manuel Pereira

Presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares

O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) partilha da mesma opinião e defende que a tutela deve olhar para o futuro a longo prazo. “Sabíamos há dez anos, ou mais, que o problema que estamos a atravessar agora ia acontecer e a verdade é que os diferentes ministérios de Educação sempre optaram por soluções pontuais”, apontou.

Valorizar a profissão docente. No fundo, é a isso que os diretores resumem as medidas que defendem ser necessárias e os pais subscrevem. “Temos que olhar para a carreira docente numa perspetiva diferenciador, motivar e acarinhar os professores”, afirmou Mariana Carvalho, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, que espera que as medidas recentes permitam, pelo menos, resolver a falta de docentes no ano letivo que agora se inicia.

Nova normalidade nas escolas

A escola não vai voltar àquilo que era até 2019, mas os diretores esperam que o novo ano letivo, que arranca a partir de terça-feira, traga uma nova normalidade apesar da pandemia de covid-19.

Pela primeira vez em dois anos, os diretores escolares prepararam o início do novo ano letivo sem a Covid-19 no topo das suas preocupações, para um regresso às aulas quase a lembrar o período pré-pandemia, mas refletindo tudo aquilo que as escolas aprenderam entretanto.

É o regresso possível a uma normalidade que pais, professores e alunos desejavam. “Acho que, nesse aspeto, o céu está azul”, disse à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

Segundo Filinto Lima, as escolas prepararam-se para o novo ano letivo, que arranca entre terça-feira e sexta-feira, mais ou menos como prepararam o início do ano letivo de 2019/2020, o último antes da pandemia e que começou sem quaisquer restrições.

Desde então, máscaras obrigatórias, distanciamento físico, horários desfasados, turmas organizadas em “bolhas”, circuitos para entrar e sair da escola, ou planos de contingência com o que fazer em caso de surtos de covid-19 passaram a fazer parte das preocupações dos diretores a esta altura.

No próximo ano, essas restrições já não farão parte do quotidiano dos alunos, mas o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) sublinha que a pandemia da covid-19 não está ultrapassada. “A escola de hoje não é a escola de 2019”, afirmou Manuel Pereira, sustentando que apesar de já não vigorarem medidas restritivas, as escolas também aprenderam algumas lições com a pandemia que se vão refletir nas pequenas coisas, por exemplo, o reforço da higienização dos espaços.

“Os tempos novos têm de ser vividos à luz do que se aprendeu nos tempos passados, e vamos ter de continuar a viver com a pandemia”, acrescentou o diretor que, por exemplo, quanto ao uso de máscara, considera positivo os alunos o façam nos transportes públicos, apesar de já não ser obrigatório.

Por outro lado, algumas escolas vão manter igualmente os planos de contingência e o contacto próximo com as autoridades de saúde para evitarem, tanto quando possível, casos de infeção e para saberem o que fazer se isso acontecer.

“Toda a gente deseja a normalidade”, acrescenta, por sua vez, a presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), que admitiu que uma das principais preocupações dos pais em vésperas do regresso às aulas se prende com a saúde mental dos alunos e professores depois de três anos com constrangimentos devido à pandemia.

Estamos muito melhor preparados e já temos muita experiência com os meios digitais e em aplicá-los nas aulas à distância.

Filinto Lima

Presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas

A atual situação epidemiológica permite que assim seja, mas o Governo não afasta a possibilidade de, com a chegada do outono e inverno, a situação se agrave e implique medidas adicionais. Os diretores esperam que eventuais medidas não voltem a afetar as escolas e o ensino, mas asseguram que, se for necessário, também estão preparados para isso.

“Estamos muito melhor preparados e já temos muita experiência com os meios digitais e em aplicá-los nas aulas à distância”, afirmou Filinto Lima, recordando que esse foi o grande desafio quando as escolas encerraram em 2020, mas, após dois anos com novos períodos de aulas ensino ‘online’, deixou de ser impeditivo.

Da parte da Confap, Mariana Carvalho concorda que entre as várias medidas implementadas devido à Covid-19, algumas poderão continuar a ser vantajosas neste novo período, como o reforço da higienização dos espaços e algum desfasamento de horários que permita facilitar a circulação à entrada das escolas.

Por outro lado, a representante dos pais alerta que para algumas crianças esse regresso à normalidade poderá ser estranho e, por isso, sublinha a necessidade de as escolas estarem também atentas a esse aspeto. “Acredito que conseguiríamos ajudar toda a comunidade educativa criando equipas multidisciplinares que estivessem presentes nas escolas e próximas das comunidades”, acrescenta.

Esse é também um dos eixos do Plano 21|23 Escola+, para a recuperação das aprendizagens afetadas durante a pandemia, que destaca igualmente o bem-estar da comunidade escolar e se vai manter durante o próximo ano letivo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Medina nega “brilharete orçamental” com receitas da inflação

  • ECO
  • 11 Setembro 2022

Ministro jura que “Estado não vai arrecadar mais do que aquilo que está a devolver e é obrigado a gastar por via do efeito da inflação”. Pede “reflexão” sobre fórmula da atualização das pensões.

O ministro das Finanças reconhece que “nenhum governo está em condições de, só por vi orçamental, conseguir compensar as perdas que a inflação está a trazer”, mas recusa estar a seguir uma política demasiado restritiva nesta fase. Fernando Medina assegura que não está a “poupar recursos” obtidos com as receitas adicionais do IVA e promete “devolver à economia e às famílias os acréscimos que o Estado obteve” com esse imposto sobre o consumo.

Em entrevista ao JN e TSF (acesso pago), o governante, que não se compromete com uma data para apresentar o pacote de apoio às empresas, frisa que “o Governo não está à procura de objetivos orçamentais que sejam significativamente melhores do que estão estimados” nem de “fazer um brilharete orçamental”. E calcula que, ao manter a meta para a redução do défice de 2,8% para 1,9%, “o Estado não vai arrecadar mais do que aquilo que está a devolver e do que aquilo que é obrigado a gastar por via do próprio efeito da inflação”.

O Governo não está a procurar fazer um brilharete orçamental. Não estamos a procurar poupar recursos que obtivemos com as receitas adicionais do IVA.

Fernando Medina

Ministro das Finanças

Já no capítulo da Segurança Social, depois de esta semana apresentar uma medida para os pensionistas que dá bónus em 2022 e perdas no futuro, o ministro das Finanças insistiu que é preciso “fazer uma reflexão relativamente à fórmula de atualização das pensões”, uma vez que ela não funcionou nos períodos de inflação baixa – “os pensionistas devem ter um mínimo assegurado superior àquele que a atual fórmula dita” – e “também não foi criada para períodos de inflação extraordinária, como os que estamos a viver”.

Questionado sobre se em cima da mesa, além da fórmula de cálculo, estarão outros temas, como o tempo de pensão ou a parceria com privados, Medina respondeu apenas que “o debate tem de decorrer com calma, com tempo, com ponderação, com muito envolvimento dos parceiros sociais”. “Temos uma elevadíssima responsabilidade com os atuais pensionistas, mas o sistema tem uma responsabilidade maior, que acresce a esta, que é uma responsabilidade intergeracional”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Quase 50 mil alunos colocados na primeira fase do acesso ao ensino superior

  • Lusa
  • 11 Setembro 2022

Só 19% dos candidatos não obtiveram colocação na primeira fase de acesso ao ensino superior. Metade assegurou lugar na primeira escolha e 82% conseguiu vaga numa das três primeiras opções.

Quase 50 mil alunos conseguiram entrar para o ensino superior na primeira fase do concurso nacional de acesso, em que só 19% dos candidatos não obtiveram colocação, segundo os resultados hoje divulgados.

No total, são 49.806 novos estudantes no ensino superior público, o segundo maior número em 33 anos, superado apenas pelos quase 51 mil alunos que ficaram colocados na primeira fase do concurso em 2020.

Por outro lado, diminuiu o número de alunos que, para já, ficaram de fora: dos 61 mil candidatos, 11.701 não conseguiram ainda colocação numa universidade ou politécnico, o equivalente a 19%, menos quatro pontos percentuais face ao ano anterior.

Essa diminuição, escreve em comunicado o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, reflete “um crescente ajustamento entre a procura dos estudantes e a oferta das instituições”.

No dia em que, finalmente, os novos caloiros ficam a conhecer o seu futuro, as notícias não poderiam ser melhores para cerca de metade dos candidatos, que asseguraram um lugar na sua primeira escolha, e um total de 82% conseguiu vaga numa das três primeiras opções.

Em linha com as expectativas e objetivos do Governo, houve algumas áreas em que o número de estudantes colocados aumentou comparativamente a 2021. Por exemplo, os cursos com maior concentração de alunos de excelência vão receber, para já, 4.911 novos estudantes (mais 2%) e no caso das competências digitais, ciências de dados e engenharias aeroespaciais o aumento é de 9%.

As licenciaturas de Educação Básica também recuperaram face aos anos anteriores, com um total de 727 alunos colocados e mais 14% em relação a 2021.

Para todas estas áreas, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior tinha aberto a possibilidade de as instituições aumentarem o número de lugares disponíveis, à semelhança dos cursos previstos nas candidaturas aos programas Impulso Jovens STEAM e apoiados, nesse âmbito, pelo Plano de Recuperação e Resiliência.

São 72 licenciaturas em que, para já, entraram 3.383 novos alunos, registando uma taxa de ocupação média de 94% e que no caso de 53 cursos chegou mesmo aos 100%, incluindo 16 das 22 novas ofertas nestas áreas.

Há também mais alunos nas instituições localizadas em regiões com menor densidade populacional, onde foram colocados 13.351 novos caloiros. O número de colocados aumentou, por exemplo, nas universidades da Beira Interior, Évora e Trás-os-Montes e em vários institutos politécnicos do interior do país.

“O relevante crescimento dos colocados em instituições do interior, bem como o aumento dos candidatos em primeira opção para essas instituições, confirma a importância que os estímulos atribuídos à fixação naquelas regiões está a surtir”, sublinha o ministério.

Dos resultados do concurso deste ano, destaca-se o maior número de sempre de colocados através do contingente especial para estudantes com deficiência: 381 alunos, mais 66 do que em 2021.

Foram ainda colocados 489 estudantes emigrantes e lusodescendentes, crescendo 16% face ao ano anterior, quando tinham sido colocados 419 candidatos.

Para a primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior foram disponibilizadas 54.641 vagas, incluindo cerca de mil vagas adicionais incluídas no concurso na sequência de um despacho da tutela para responder ao elevado número de candidatos.

Desse total, sobram agora 5.284 vagas para a segunda fase, que arranca na segunda-feira e termina a 23 de setembro. Os resultados serão depois conhecidos no dia 30 de setembro.

Instituições pressionadas em contexto de inflação

O Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) “vê com muita satisfação” os resultados do concurso nacional de acesso, mas está preocupado com os efeitos da inflação nos orçamentos das instituições e pede uma “ação enérgica” de apoio ao Governo.

Em declarações à Lusa, a presidente do SNESup, Mariana Gaio Alves, olha para os resultados como “um sinal muito positivo da valorização que os jovens atribuem à formação de nível superior”, mas tem preocupações inerentes. A principal este ano é o peso da inflação, dado o contexto generalizado de aumento de preços, o que necessariamente tem consequências nos orçamentos das instituições, que “vão estar ainda mais sobre pressão”.

“O dinheiro que é transferido do Orçamento do Estado não chega já há vários anos para cobrir sequer os salários dos professores e dos outros profissionais que trabalham nas instituições e naturalmente estão ainda mais sobrecarregados este ano com os preços a aumentar, designadamente, as despesas de água e de luz e tudo isso”, disse a presidente do sindicato.

Face ao contexto, o que Mariana Gaio Alves espera é “uma ação enérgica da parte do Governo com medidas de apoio relativamente às condições de trabalho dos professores do ensino superior e às condições em geral das instituições para acolher este número crescente de estudantes”.

“O Governo tem mesmo de olhar para este aspeto. Não basta aumentar as vagas e esperar que assim por uma espécie de artes mágicas tudo corra bem nas instituições, precisamos de garantir condições, efetivamente”, acrescentou.

Sublinhou que nos últimos três anos o número de caloiros colocados na 1.ª fase tem rondado os 50 mil, mas acrescenta que também tem aumentado o número de estudantes em mestrados e pós-graduações. “Nas contas que fizemos, nos últimos três anos existem mais 40 mil alunos a frequentar as universidades e politécnicos em Portugal e aquilo que nos preocupa é que não tem existido da parte do Governo e das instituições um investimento nas condições para acolher estes estudantes que estão a aumentar”, disse.

Mariana Gaio Alves aponta “falta de condições físicas” nas instituições, ao nível de salas de aula e equipamentos, mas também “falta de condições de trabalho dos professores” para trabalhar com estudantes “cada vez mais diversos”.

“Nós temos uma lógica de funcionamento nos últimos anos no ensino superior em que os professores são cada vez em maior número contratados a prazo e contratados a tempo parcial. Cerca de 42% dos professores, nos últimos dados disponíveis, estão contratados a prazo e a tempo parcial. E isto é uma situação que nos preocupa muito, porque dificulta o trabalho das instituições e de constituir equipas estáveis docentes para planearem as atividades de ensino, para acolherem os alunos, para prepararem as aulas e as avaliações”, referiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O que são 100 kWh de consumo de eletricidade? Um frigorífico, duas máquinas, TV e luz

Só estes primeiros 100 kWh de consumo é que são abrangidos pela redução do IVA da eletricidade para 6%. Contas da ACEMEL e Deco Proteste revelam uma poupança até 1,60 euros/mês.

A partir de 1 de outubro e até ao final do ano, todos os consumidores, cuja potência contratada não supere os 6,9 kVA — cerca de 5,3 milhões de consumidores –, poderão beneficiar de uma redução de 13% para 6% no IVA da fatura da eletricidade, mas apenas nos primeiros 100 kWh de eletricidade consumidos em cada mês. A medida foi apresentada esta semana pelo Governo no âmbito do programa “Famílias Primeiro”.

Segundo as contas da Deco Proteste e da Associação dos Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado (ACEMEL), o desconto no IVA deverá traduzir-se numa poupança mensal entre 1,08 euros a 1,62 euros por mês para um casal com dois filhos. Mas em que é que se traduzem, na prática, 100 kWh de consumo mensal de eletricidade? A Deco Proteste cedeu alguns números ao ECO/Capital Verde, que mostram como esse patamar de consumo se atinge apenas através da utilização diária dos eletrodomésticos mais comuns.

Num cenário de um casal com dois filhos, cuja potência contratada não supere os 6,9 kVA, a Deco Proteste estima que um frigorífico a funcionar 24 horas por dia, uma máquina da louça e uma máquina da roupa, cada uma a fazer três lavagens por semana, uma televisão ligada quatro horas por dia e a iluminação da casa resultante de cinco lâmpadas com 10W de potência, durante seis horas por dia, são suficientes para alcançar um consumo de 99,08 kWh por mês.

Acrescentando a confeção diária de refeições numa placa de indução (assumindo que em alguns dias não é necessário cozinhar), o consumo mensal de eletricidade aumenta em 41,90 kWh. E se um dos membros do agregado familiar estiver em teletrabalho oito dias por mês, acrescem mais 6,4 kWh. Feitas as contas, um casal com dois filhos consome neste cenário 147,39 kWh por mês. No entanto, os itens considerados nesta simulação ficam aquém da realidade, uma vez que, de acordo com a Deco Proteste, uma família com estas características consome, em média, entre 350 kWh a 400 kWh por mês.

Já a ACEMEL, que criticou a decisão do Governo, também apresentou contas e sublinhou que o consumo mensal de uma família desta tipologia com uma potência 6,9 kVA contratada, costuma ser, por norma, superior. De acordo com a entidade, uma fatura mensal de um casal com dois filhos, em que o consumo mensal ronde os 417 kWh, resulta numa fatura de 97 euros por mês. Ou seja, a redução do IVA de 13% para 6% nos primeiros 100 kWh nesta fatura aplicar-se-ia apenas sobre 24% do total do consumo, traduzindo-se, assim, numa poupança de 1,60 euros na fatura. Feitas as contas, ao invés desta família pagar 97 euros na fatura daquele mês, com esta redução do IVA pagaria 95,4 euros.

A Deco Proteste ressalva ainda que, em virtude do recém-criado mecanismo ibérico de controlo do preço da eletricidade, as faturas da eletricidade dos contratos celebrados ou renovados após 26 de abril passam a conter uma parcela adicional, sujeita, também ela, a IVA à taxa máxima de 23%. Olhando para os preços médios praticados em agosto, a entidade conclui que esta parcela adicional custa, em média, mais 15,32 euros na fatura da eletricidade, a que acrescem 3,52 euros de IVA.

“Daqui facilmente se conclui que os portugueses não sentirão alívio real na fatura da eletricidade. A parcela adicional cobrada em cada fatura será, na verdade, muito superior à escassa redução que a medida agora anunciada irá surtir no orçamento doméstico das famílias”, defende a Deco Proteste.

As estimativas divulgadas por ambas as entidades não fogem aos cálculos do Governo, que estima que, com esta redução, uma família com um consumo de 90 kWh por mês possa acumular uma poupança de 11,64 euros por ano, ou seja, 0,97 cêntimos por mês.

Muito “aquém” da real necessidade das famílias

Tanto a Deco Proteste como a ACEMEL atribuíram nota “insuficiente” ao pacote de medidas apresentada pelo Governo, ao considerarem que a redução do IVA para 6% fica muito “aquém” da real necessidade das famílias, numa altura em que a inflação atinge os 9%.

“A Deco Proteste já fez as contas ao impacto desta medida e fica muito aquém das expectativas criadas pela generalidade dos consumidores”, afirma a entidade ao ECO/Capital Verde, acrescentando que se a medida for aprovada em Parlamento (cenário mais provável, dado que o PS tem maioria absoluta nesta legislatura), “os consumidores continuarão a ver a restante parte do seu consumo sujeita à taxa máxima de IVA”, ou seja, os 23%.

Já a ACEMEL reconhece que, embora as medidas do pacote de ajuda às famílias sejam, de forma geral, “bondosas”, aquelas que dizem respeito à energia “ficaram aquém das expectativas (…) e muito aquém das medidas já anunciadas por outros países europeus”. Por exemplo, em Espanha, reduziu-se o IVA da eletricidade para 5% em julho (a taxa mais baixa permitida na União Europeia) e o mesmo imposto sobre o gás caiu para 5%, mantendo a medida em vigor, pelo menos, até dezembro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Presidente da ANMP avisa que descentralização não pode ser guerra de egos

  • ECO e Lusa
  • 10 Setembro 2022

A presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses adverte que o avanço do processo de descentralização não pode ser uma guerra de egos ou uma disputa entre autarcas.

“Isto não é uma guerra de egos, não é uma disputa entre municípios. É uma causa do serviço público que, a partir deste momento, tem condições de avançar e quem beneficiará são as pessoas, sobretudo as que à partida têm menor igualdade de oportunidades”, defendeu a presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro, num debate na Academia Socialista, na Batalha, referindo-se à descentralização de competências.

Sem mencionar os alvos dos seus reparos, a socialista Luísa Salgueiro deixou bem claro que a descentralização de competências “não é um assunto que gere divisões entre autarcas, não é esse o mote”.

“O processo de descentralização de competências tem de avançar – e está a avançar –, porque por esta via vamos servir melhor as pessoas. É essencial que as competências sejam exercidas a um nível mais próximo das pessoas, porque quem ganha são as populações. Continuamos empenhados em enfrentar as dificuldades, que resultaram primeiro da crise pandémica e agora do impacto da guerra na Ucrânia”, acrescentou Luísa Salgueiro.

O processo de descentralização de competências tem de avançar – e está a avançar –, porque por esta via vamos servir melhor as pessoas.

Luísa Salgueiro

Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses

Presente na sessão, a ministra da Coesão Territorial considerou, por sua vez, ser falsa a ideia de que, enquanto responsável do Governo, diz “sim a tudo” vindo dos autarcas e, com Luísa Salgueiro ao seu lado, até se definiu como uma negociadora difícil perante a ANMP.

Ana Abrunhosa afirmou que o processo de descentralização nas áreas da educação e da saúde “teve de ser feito em dois meses” para recuperar o tempo perdido em dois anos de pandemia da Covid-19. “Por exemplo, não se podia estar a descentralizar na área da saúde em pleno contexto de pandemia. Fizemos em dois meses o que não se fez em dois anos”, reforçou.

A titular da pasta da Coesão Territorial deixou depois um elogio ao primeiro-ministro, António Costa, e ao ministro das Finanças, Fernando Medina, após ter defendido que, no decurso das negociações, ficou com a ideia de que os autarcas “não têm medo de assumir mais competências e responsabilidades, mas queriam mais meios

A governante foi mais longe. “O Governo reconheceu que [os autarcas] tinham razão. Mas não tenho dúvidas de que a ministra da Coesão nada teria feito se não tivesse um ministro das Finanças e um primeiro-ministro que antes foram presidentes de Câmara”, assegurou.

Neste debate, as primeiras palavras de Ana Abrunhosa terão assustado alguns dirigentes socialistas que a ouviam, quando falou da sua experiência eleitoral como cabeça de lista do PS por Castelo Branco e se referiu “aos reportes vindos do Largo do Rato” [sede nacional desse partido] que recebia no período de campanha.

Com os jornalistas a ouvir, a ministra disse que perguntou ao seu mandatário, o antigo presidente da Câmara de Castelo Branco Joaquim Mourão, a razão pela qual da sede nacional do PS o seu círculo eleitoral, que elege quatro deputados, vinha com sublinhado a vermelho.

“Ele disse-me que isso significava que o PS estava a temer perder um deputado no círculo de Castelo Branco, ficando 2-2 em relação ao PSD. Mas eu falei com o quinto [primeiro suplente] da lista e disse-lhe: tu vai para o parlamento, porque o PS vai ganhar e dois de nós vamos para o Governo. E foi isso que aconteceu”, concluiu Ana Abrunhosa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Viticultores recebem apoios de 2,7 milhões até final do ano para compensar prejuízos

Ministra da Agricultura anuncia que vão ser entregues 2,7 milhões aos viticultores até ao final do ano para fazer face aos prejuízos causados pela seca, guerra da Ucrânia, inflação e pandemia.

A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, anunciou este sábado em Vila Nova de Gaia um apoio de 2,7 milhões de euros para cerca de 40 mil agricultores da área do vinho, uma verba que poderão receber até dezembro. “Os apoios que estamos a dar aos agricultores são para fazer face aos impactos de um conjunto de situações na agricultura e que agravam a situação dos agricultores, a quem queremos garantir o rendimento”, assegurou a ministra.

“São 2,7 milhões só para o setor do vinho”, confirmou ao ECO Maria do Céu Antunes, à margem das comemorações do Dia Internacional do Vinho do Porto, adiantando que esta verba “vai abranger 40 mil agricultores da área da viticultura de todo o país”.

Os apoios aos agricultores são para fazer face aos impactos de um conjunto de situações na agricultura e que agravam a situação dos agricultores, a quem queremos garantir o rendimento.

Maria do Céu Antunes

Ministra da Agricultura

Por enquanto, o Governo diz que está “a ultimar todos os processos” e que, a partir do momento em que apresentar a reprogramação do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) em Bruxelas, “já se podem abrir as candidaturas”, assegurou a governante.

A ministra explicou ao ECO que o PDR tem regras próprias e “esta é uma medida excecional que foi aprovada pela Comissão Europeia e, portanto, é preciso reafetar verbas para se poder disponibilizar um total de cerca de 58 milhões de euros”. Ou seja, clarificou, “51 milhões de euros do programa e mais sete milhões do Orçamento de Estado para apoios a vários setores. O objetivo, como reiterou, “é começar a pagar ainda este ano” aos agricultores da vinha.

para o setor das culturas permanentes ou temporárias de regadio e de sequeiro, onde a vinha está incluída, são cerca de 26 milhões de euros, avançou ainda a governante, em declarações ao ECO.

A ministra já tinha referido que os apoios estão “distribuídos pela pecuária extensiva, ovinos e caprinos, o setor hortofrutícola – nomeadamente dando privilégio às organizações de produtores que estejam a fazer retiradas de mercado e a distribuí-las por quem precisa de alimentação -, depois para os secadores de cereais, milho e arroz porque têm custos acrescidos com a eletricidade e para as culturas vegetais”.

Quanto à identificação das causas dos prejuízos sentidos pelos agricultores na área do vinho, a ministra respondeu que “não se consegue distinguir se as repercussões na cadeia de abastecimento decorrem da pandemia, dos efeitos da guerra na Ucrânia ou desta seca prolongada que se faz sentir”.

O Governo entende, por isso, que urge avançar com um pacote de medidas. “Os apoios que estamos a dar aos agricultores são para fazer face aos impactos que este conjunto de situações traz para a agricultura e agrava a situação dos agricultores a quem queremos garantir o rendimento”, conclui Maria do Céu Antunes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Costa dá mais dinheiro a Pizarro para gerir Saúde em 2023

Primeiro-ministro garante novo reforço orçamental na Saúde, que este ano teve despesa recorde de 13,3 mil milhões de euros, mas avisa o novo ministro que precisa de “investir na gestão e organização”.

António Costa disse este sábado que Manuel Pizarro “tem todas as condições para prosseguir a execução do programa de Governo e dar continuidade às reformas que estão em curso, e prosseguir a estratégia de reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

António Costa cumprimenta Manuel Pizarro na cerimónia de tomada de posse como ministro da Saúde, no Palácio de Belém.Rodrigo Antunes / Lusa 10 setembro, 2022

Para cumprir essa tarefa, o sucessor de Marta Temido poderá contar com mais dinheiro. “Desde que sou primeiro-ministro, o orçamento do SNS já subiu mais de 40% e o número de profissionais de saúde mais de 20%. Iremos continuar a reforçar o plafond e haverá um novo reforço em 2023”, adiantou o governante.

Este ano, a despesa do SNS cresceu para um valor recorde de 13,321 mil milhões de euros, com o peso da Saúde na despesa total das Administrações Públicas a representar 13,2%. A “fatia de leão” dos gastos da Saúde vai para as despesas com pessoal (5,204 mil milhões de euros), e também para a aquisição de bens (2,595 mil milhões de euros) e para pagar aos fornecedores (4,751 mil milhões de euros).

O financiamento é quase todo feito através de transferências do Orçamento do Estado, sendo as receitas próprias como as taxas moderadoras quase residuais. Em 2022, a Saúde vai receber ainda o dinheiro da cobrança do imposto sobre as bebidas alcoólicas, bem como a contribuição extraordinária da indústria farmacêutica e sobre os dispositivos médicos.

Gestão e organização no caderno de encargos

No entanto, tal como já alertou o ministro das Finanças, Fernando Medina, além de dinheiro, é preciso “investir muito na gestão e na organização”. Lembra a aprovação do estatuto do SNS, em julho, que dará “novas perspetivas para a carreira – designadamente a possibilidade de regulamentar a dedicação plena dos médicos”, como as “ferramentas para ter não só mais meios como sobretudo melhor organização e uma gestão mais eficiente”.

Quanto à escolha de um diretor executivo para o Serviço Nacional de Saúde, António Costa respondeu aos jornalistas, no final da tomada de posse de Manuel Pizarro, que “depende de o Presidente da República promulgar o diploma” aprovado no último Conselho de Ministros. “Só na sequência disso é que poderemos tomar decisões sobre a próxima direção executiva do SNS”, completou.

Serão sempre necessários mais meios e é também muito importante utilizar da forma mais eficaz possível os meios de que dispomos.

Manuel Pizarro

Novo ministro da Saúde

No Palácio de Belém, depois de ser empossado no cargo, Manuel Pizarro concordou que “serão sempre necessários mais meios e é também muito importante utilizar da forma mais eficaz possível os meios de que dispomos”. E disse “[abraçar] este desafio muito exigente com determinação e vontade de trabalhar em prol da saúde dos portugueses e do SNS”.

Já Marta Temido confirmou que se demitiu do cargo de ministra da Saúde devido à morte de uma grávida no processo de transferência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e por sentir que já fazia “mais parte do problema do que da solução” devido à falta de confiança evidenciada pelos agentes do setor.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Temido saiu do Governo por ser “mais parte do problema que da solução”

Ex-ministra demitiu-se após morte de uma grávida, que "exigia que houvesse uma responsabilidade pessoal”. Abandona o cargo com “marcas negras no coração” e por não ter confiança dos agentes do setor.

Marta Temido confirmou este sábado que se demitiu do cargo de ministra da Saúde devido à morte de uma grávida no processo de transferência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, por falta de vagas na neonatologia, que foi “um episódio de gravidade tal que era necessário que houvesse uma responsabilização”.

“A primeira responsável pelas coisas que correm bem ou mal é a ministra. Entendi que estava criado o ambiente que exigia que houvesse uma responsabilidade pessoal — e entendi que ela devia ser minha”, adiantou a ex-governante, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém.

Temido mostrou-se “grata por cada um dos dias em que [teve] oportunidade de servir o país”, mas diz ter “consciência de que há momentos na vida política em que a forma como [se é] encarado é de fazermos parte da solução ou do problema”. “Considerei que a forma como o setor perspetivava a ministra da Saúde era como fazendo mais parte do problema do que da solução”, acrescentou.

Considerei que a forma como o setor perspetivava a ministra da Saúde era como fazendo mais parte do problema do que da solução.

Marta Temido

Ex-ministra da Saúde

Poucos minutos depois da tomada de posse de Manuel Pizarro, a ex-ministra recusou uma saída do cargo ministerial com amargos de boca por causa das críticas reiteradas dos médicos ao seu trabalho – “todos temos algumas marcas mais negras no coração”, desabafou – e adiantou que vai assumir o lugar de deputada na Assembleia da República.

É o fim da sua carreira política? “A política não é um exercício que se faça só no palco ou na exposição. É um exercício de cidadania. Não acredito em quem diz que não é político. Tenho a política dentro de mim porque isso significa escolhas públicas”, respondeu Marta Temido, em declarações transmitidas pela RTP3.

Poucos minutos após a concretização da troca de ministro, António Costa revelou que Manuel Pizarro poderá contar com um reforço de verbas no Orçamento do Estado para 2023, cuja proposta vai ser entregue em outubro na Assembleia da República. Este ano, a despesa do SNS cresceu para um valor recorde de 13,321 mil milhões de euros, com o setor a pesar 13,2% na despesa das Administrações Públicas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Consulado virtual vai entrar em funcionamento em junho de 2023

  • Lusa
  • 10 Setembro 2022

Projeto do consulado virtual avança no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e deve estar operacional três anos antes do previsto, avança secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafofo, disse hoje que o consulado virtual deverá estar em funcionamento no próximo dia 10 de junho e garantiu que as comunidades portuguesas “são a prioridade número 1 do Ministério”.

“Tínhamos planeado, no âmbito do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], o consulado virtual estar em funcionamento em 2026, mas estamos a antecipar e queremos que no próximo dia 10 de junho este consulado virtual esteja já operacional e ao serviço dos portugueses e portuguesas que vivem no estrangeiro“, disse Paulo Cafofo.

Durante uma entrevista ao programa “Decisão Nacional”, da RTP Internacional, o governante admitiu que esta reorganização “implica diversas áreas governativas, que precisam de estar articuladas”, mas assegurou que “é um trabalho muito útil para não requerer a presença física no consulado e permitir que determinados assuntos possam ser tratados pela via digital”, entre os quais estão vários pagamentos.

Na entrevista, Paulo Cafofo assegurou que as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo são a principal prioridade do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e confirmou que o relatório sobre a reorganização da rede consular está já feito.

“Temos o trabalho de casa feito, dentro do MNE, sobre as necessidades e o número de funcionários consulares de que necessitamos, temos já uma revisão das tabelas salariais”, afirmou, explicando que a aprovação da implementação do relatório está dependente do Orçamento do Estado para o próximo ano.

“No âmbito do MNE, esta é a prioridade número 1, o que significa que para a política externa as questões das comunidades não são questões marginais, secundários ou anexas, portanto a prioridade estabelecida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Cravinho, foi precisamente esta questão do funcionamento e reorganização e reforma consular“, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Da gestão às carreiras, quais os desafios de Manuel Pizarro aos “olhos” da saúde?

Novo ministro já tomou posse. Representantes dos médicos defendem ao ECO mudança de políticas no setor, ao nível da gestão e atratividade do SNS. Enfermeiros pedem que "corrija erro" nas carreiras.

Manuel Pizarro tomou posse este sábado como ministro da Saúde, substituindo Marta Temido, que se demitiu no final de agosto. Ao ECO, o bastonário da Ordem dos Médicos e o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) consideram que esta é uma escolha “sensata” e “equilibrada”, mas reforçam que é preciso mudar as políticas na Saúde, nomeadamente ao nível da gestão e da atratividade do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Já a bastonária da Ordem dos Enfermeiros lembra que o governante foi o responsável pelo fim da carreira destes profissionais, pelo que diz que é uma “oportunidade para corrigir essa questão”.

Com um currículo político extenso e formado em Medicina, Manuel Pizarro foi escolhido pelo primeiro-ministro para liderar a pasta da Saúde. Ao ECO, o bastonário da Ordem dos Médicos diz que esta foi “uma escolha sensata”, dado que o novo ministro “conhece bem o sistema de saúde português, não só o SNS, mas também o setor privado e social”. Bem como os sistemas de saúde na União Europeia devido à passagem pelo Parlamento Europeu. “Tem a noção daquilo que está a acontecer e a fazer-se noutros países, o que é importante porque não estamos sozinhos no mundo, nem na Europa”, sinaliza.

Miguel Guimarães enaltece ainda a “relação mais empática” e “fácil” de Manuel Pizarro com as pessoas, o que lhe permite ser, acredita o bastonário, “um bom gestor de recursos humanos”. “Além disso, tem poder político porque é um homem que se dedica à política há muitos anos”, acrescenta o mesmo responsável, sublinhando que isso “significa que tem peso político dentro do próprio Governo“, o que “pode ser um aspeto positivo”.

Por outro lado, o presidente da ANMSP aponta a nomeação de Pizarro para ministro como “uma escolha equilibrada” entre a manutenção das políticas de António Costa “e uma aproximação às vontades e às reclamações dos profissionais de saúde”. “É alguém próximo do Dr. António Costa e, portanto, vai, claramente, seguir a linha que o Governo já traçou. Mas pode trazer uma oportunidade aos restantes profissionais de saúde, coisa que não existia no tempo da Dra. Marta Temido“, atira Gustavo Tato Borges.

O primeiro-ministro disse que as políticas de saúde são aquelas que estão definidas independentemente do ministro que vem. Se for assim, nada será resolvido ou pouca coisa será resolvida.

Miguel Guimarães

Bastonário da Ordem dos Médicos

Não obstante, tanto o bastonário da Ordem dos Médicos como o presidente da ANMSP admitem, à partida, que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças poderão travar algumas mudanças na área da Saúde. “É preciso lembrar que o primeiro-ministro disse que as políticas de saúde são aquelas que estão definidas independentemente do ministro que vem. Se for assim, nada será resolvido ou pouca coisa será resolvida”, afirma Miguel Guimarães, pedindo ao chefe de Governo que adapte essas políticas ao novo titular da pasta.

Já Gustavo Tato Borges avisa que Manuel Pizarro pode “trazer um consenso aprimorado [com] algumas das soluções que vão sendo apontadas pelo setor”. Desde que António Costa e Fernando Medina “lhe deem as condições e o espaço” necessários”, acrescenta.

Menos otimista está a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, que prefere esperar que o ministro diga quais as políticas que quer implementar. Mas insta, desde já, o governante a corrigir o erro nas carreiras. “Quando, em 2009, o Dr. Pizarro foi secretário de Estado, terminou com a nossa carreira, que tinha precisamente o risco, a penosidade, fazia a distinção e a valorização de graus académicos de todos os profissionais, uma idade de reforma mais baixa”, explica Ana Rita Cavaco. A bastonária lembra que na altura ficou acordado criar um outro, em substituição, que nunca entrou em vigor. “Portanto, agora o Dr. Pizarro tem oportunidade de corrigir essa questão”, confia.

Quando, em 2009, o Dr. Pizarro foi secretário de Estado, terminou com a nossa carreira, que tinha precisamente o risco, a penosidade, fazia a distinção e a valorização de graus académicos de todos os profissionais, uma idade de reforma mais baixa.

Ana Rita Cavaco

Bastonária da Ordem dos Enfermeiros

No rescaldo da demissão de Marta Temido, os partidos com assento parlamentar exigiram transformações profundas no SNS. A posição é partilhada pelos responsáveis ligados ao setor, ouvidos pelo ECO depois do anúncio do sucessor de Marta Temido. Para o bastonário da Ordem dos Médicos, o novo ministro terá dois grandes desafios pela frente.

O primeiro diz respeito ao capital humano. “Temos muitos médicos em Portugal, mas cerca de 50% está fora do SNS. E, portanto, o ministro tem o desafio de criar as condições adequadas para que os médicos possam optar por ficar no SNS e não irem trabalhar para o setor privado ou para o estrangeiro”, aponta Miguel Guimarães. A opinião é, aliás, partilhada por Gustavo Tato Borges, que estende esta necessidade a outras categorias profissionais do setor, como os enfermeiros.

Por outro lado, o bastonário da Ordem dos Médicos defende que é “urgente” criar um novo modelo de gestão do SNS que valorize a flexibilidade de processos e procedimentos para contratar pessoas, para comprar equipamentos”, que dê autonomia às unidades de saúde — quer sejam hospitais quer sejam agrupamentos de centros de saúde (ACES) — e que permita que o financiamento destas unidades de saúde seja feito “de acordo com as necessidades que têm perante a sua população de referência”. Isto é, que sejam “orçamentos reais e não orçamentos fictícios, como tem acontecido até agora”, critica.

É preciso tornar o SNS mais atrativo naquilo que às carreiras médicas e também de enfermagem e dos restantes profissionais diz respeito, criando condições para cativar e manter os profissionais no SNS.<br />

Gustavo Tato Borges

Presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP)

Gustavo Tato Borges insiste igualmente na “autonomização das diferentes entidades funcionais do SNS”, dotando-as de “um financiamento adequado e dando-lhes competências e ferramentas”. Recorde-se que o novo estatuto do SNS, aprovado em julho, pretende, entre outras medidas, dar mais autonomia aos ACES, nomeadamente nas contratações.

Centros de saúde, carreiras e juntas médicas

Na sexta-feira, o Presidente da República associou a escolha de Manuel Pizarro para novo ministro da Saúde ao decreto-lei que cria uma direção executiva do SNS, enquadrado no novo estatuto do SNS, e que Marcelo Rebelo de Sousa considerou ser uma aproximação à sua opinião sobre esta matéria. “Tudo indica que é uma solução que evolui para uma posição próxima daquela que tinha defendido, no sentido de haver uma separação clara entre as decisões políticas ao nível de ministro e ministério e a gestão mais independente, mais autónoma, mais isenta através de outra instituição que não diretamente o Ministério”, explicou o chefe de Estado.

Além do capital humano e do novo modelo de gestão, o bastonário da Ordem dos Médicos elenca ainda outros problemas a resolver no que concerne aos serviços de urgência e aos cuidados de saúde primários. “Não temos atualmente médicos de família para todos os portugueses e é importante atingir este objetivo. E existem meios para o fazer porque existem médicos de família suficientes no país para que cada doente possa ter médico de família”, conclui.

Numa altura em que o SNS enfrenta maiores debilidades na sequência da pandemia de Covid-19, especialmente na área da obstetrícia, com encerramentos de urgências, Gustavo Tato Borges sublinha que o desafio “mais urgente a ser resolvido é a questão da organização dos dos serviços de urgência hospitalares e a maneira como eles se articulam uns com os outros e com os cuidados de saúde primários”.

Por outro lado, e no que toca especificamente à área da saúde pública, o presidente da ANMSP refere ainda a urgência de acabar com as juntas médicas nas unidades de saúde públicas, para que estas “possam desenvolver o seu trabalho adequadamente”. Bem como dotar estas unidades do financiamento necessário para possam responder às necessidades. Gustavo Tato Borges dramatiza ainda a necessidade de criar um sistema de informação em saúde pública, que permita aos médicos analisar os dados e “servir melhor a população”.

Da equipa de Sócrates até Bruxelas

O socialista Manuel Pizarro foi empossado este sábado ministro da Saúde pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa cerimónia no Palácio de Belém que aconteceu pouco depois das 18h. O sucessor de Marta Temido tem 58 anos e foi secretário de Estado da Saúde no segundo executivo de José Sócrates, quando Ana Jorge tutelava a pasta.

Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Manuel Pizarro foi especialista em Medicina Interna no Hospital de São João, no Porto, e diretor clínico do Hospital da Ordem da Trindade, também na cidade Invicta.

No panorama político, Pizarro foi por duas vezes candidato a presidente da Câmara Municipal do Porto, derrotado pelo independente Rui Moreira. É o líder da Federação do Porto do PS e foi o nono nome na lista de candidatos a eurodeputados socialistas nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, tendo recentemente substituído Carlos Zorrinho na liderança dos eurodeputados do PS em Bruxelas.

Na sexta-feira, o ministro indigitado elogiou a titular cessante da pasta, Marta Temido, tendo dito que regressa a Portugal “cheio de determinação” para defender o Serviço Nacional de Saúde. À direita, a oposição criticou a escolha de um ministro que pertence ao aparelho do PS, enquanto à esquerda os partidos pediram que a mudança de ministro seja acompanha por políticas diferentes e de reforço do SNS.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Douro representa 70% das exportações de vinhos DOP

Região Demarcada do Douro representa 70% das exportações de vinhos com denominação de origem e 44% das exportações totais. Conheça os projetos premiados no Dia Internacional do Vinho do Porto.

“Se Portugal é o 9º país na exportação de vinhos, ficamos orgulhosos por vermos a Região Demarcada do Douro a representar 70% das exportações de vinhos com denominação de origem e 44% das exportações de vinho”. Os números foram lembrados pelo presidente do Instituto de Vinhos do Douro e Porto (IVDP) durante as comemorações dos 266 anos da região, em Vila Nova de Gaia.

Segundo Gilberto Igrejas, “o Vinho do Porto representa 58% das exportações de vinhos com denominação de origem protegida (DOP) e 36% das exportações totais de vinho”. Tendo em conta estes números que colocam o Douro nas bocas do mundo, o presidente do IVDP apelou à união entre as associações durienses: “Teremos de agregar as instituições que contribuam para o progresso do Douro, tragam riqueza e a distribuam de forma justa”.

Teremos de agregar as instituições que contribuam para o progresso do Douro, tragam riqueza e a distribuam de forma justa.

Gilberto Igrejas

Presidente o IVDP

O nascimento, a 10 de setembro de 1756, da Região Demarcada do Douro “foi de grande arrojo e de uma visão invulgar, de longo prazo, com olhos foçados no futuro”. Mais, realçou Gilberto Igrejas antes da entrega das distinções do melhor que se faz em viticultura, enologia e enoturismo no dia do Vinho do Porto: “Nascia em 1756 com esta iniciativa pioneira a primeira marca coletiva portuguesa”.

Para Gilberto Igrejas, “este modelo, por ser uma forma eficaz de estruturar a economia local e de acrescentar valor aos vinhos que aqui eram produzidos, permitiu que se estivesse na génese, na inspiração do que foram as denominações de origem vitivinícolas por todo o mundo, que hoje tão fervorosamente preservamos e defendemos”.

Durante a celebração do Dia Internacional do Vinho do Porto, foram distinguidos a Quinta das Murças, o enólogo João Rosa Alves, a Quinta do Portal e a Comissão Intermunicipal (CIM) Douro pelo trabalho desenvolvido na região com o Projeto “Douro+Sustentável”. Foram homenageados pelos “projetos que contribuem para o desenvolvimento economicamente viável, com boas práticas ambientais e promovendo a elaboração de projetos consistentes que valorizem a proteção da região e do seu património”, frisou o líder do IVDP.

A Quinta dos Murças foi distinguida na categoria de Viticultura pelo Plano de Gestão de Biodiversidade e Ecossistemas. “Um projeto que envolve vários parceiros dos meios académicos e científicos e teve início em 2017, centrando-se na avaliação de vários indicadores de biodiversidade e do estado ecológico das vinhas e sua área envolvente, de forma a compreender o impacto das boas práticas de gestão agroecológica na biodiversidade da fauna e flora, e na dinâmica das interações entre potenciais pragas e fauna auxiliar”, descreve o IVDP.

João Rosa Alves, da Menin Wine Company, arrecadou o prémio na área da enologia, sendo considerado “um dos mais promissores enólogos da nova geração”, sublinha o IVDP, realçando que “Wine Company lançou recentemente um programa de apoio que visa contribuir para o desenvolvimento da comunidade local e dirige-se a instituições que tenham um papel ativo na comunidade, com projetos de comprovado valor em prol do desenvolvimento social, económico e cultural da região”.

Já a Quinta do Portal arrecadou o prémio na área do enoturismo como o “projeto único que reúne, num só local, a dupla essência do Douro: a vinha e o vinho”. Destaque para o monumental armazém de envelhecimento de vinhos desenhado pelo arquiteto Siza Vieira, vencedor do Prémio de Arquitetura do Douro.

Por fim, a Comunidade Intermunicipal do Douro foi distinguida na categoria Revelação, na sequência da “forma como promoveu a região internacionalmente, tendo sido reconhecida além-fronteiras ao ser escolhida para Cidade Europeia do Vinho em 2023, numa candidatura conjunta de 19 municípios, que teve a virtude e a visão de unir terras distintas num só território, sob o lema All Around Wine, All Around Douro”, resume o IVDP.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Medidas de apoio iguais para todos os concelhos afetados por incêndios

  • Lusa
  • 10 Setembro 2022

Medidas de apoio para a habitação, equipamentos, infraestruturas municipais, agricultura e floresta “serão iguais em todos os territórios”, referiu a ministra da Coesão, Ana Abrunhosa.

A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, garantiu este sábado que as medidas de apoio governamentais que estão a ser trabalhadas para repor os danos dos incêndios ocorridos no território nacional vão ser iguais para todos os municípios.

“As medidas a desenhar de compensação dos danos e prejuízos serão iguais para todas as pessoas”, disse a governante, que esta manhã visitou o município de Alvaiázere, no distrito de Leiria, onde em julho ardeu 20% da área florestal e cinco casas de primeira habitação, além de arrumos e alfaias agrícolas.

Segundo a ministra da Coesão Territorial, as medidas de apoio para a habitação, equipamentos, infraestruturas municipais, agricultura e floresta “serão iguais em todos os territórios” nacionais, desde “que se incluam nos critérios de elegibilidade”.

“A única diferença em relação ao Parque Natural da Serra da Estrela – para o qual o Governo declarou o estado de calamidade, devido ao impacto terrível na biodiversidade – é que naquele território vai ser desenvolvido um plano de revitalização”, enfatizou.

O relatório dos prejuízos dos incêndios [deste ano] fará parte da ordem de trabalhos do próximo Conselho de Ministros e que estamos a trabalhar para que seja aprovado nessa reunião.

Ana Abrunhosa

Ministra da Coesão Territorial

O conjunto de medidas, “que não discrimina território”, deverá ser apresentado no próximo Conselho de Ministro, “se tudo correr como planeado”, juntamente com o relatório dos prejuízos, que esteve previsto ser apresentado na última quinta-feira.

“Posso garantir que o relatório dos prejuízos dos incêndios [deste ano] fará parte da ordem de trabalhos do próximo Conselho de Ministros e que estamos a trabalhar para que seja aprovado nessa reunião”, frisou Ana Abrunhosa, que não levantou o véu sobre os montantes estimados, referindo que primeiro serão informadas as autarquias.

O presidente da Câmara de Alvaiázere, João Guerreiro, que chegou a pedir que também fosse declarado o estado de calamidade para o concelho, mostrou-se satisfeito com as garantidas dadas pela ministra da Coesão Territorial.

“Com esta reunião de trabalho conseguimos perceber que, não sendo através da situação de calamidade, o Governo está a fazer propostas em cada uma das áreas para dar resposta àquilo que são as ansiedades da nossa população”, disse.

O autarca salientou que sai satisfeito “porque se percebe que existe esta vontade e dedicação” para que haja “ao dispor meios que vão permitir ajudar a população que tão atingida foi neste incêndio”.

Instado a pronunciar-se sobre as estimativas dos prejuízos no concelho, João Guerreiro de Alvaiázere não quis revelar montantes, salientando que o apuramento dos valores foi efetuado através de índices “que são indicativos e que depois, caso a caso, terão de ser reajustados, e, nessa altura”, conseguir-se-á “ter, com certeza, esse detalhe”. “São valores elevados, mas não temos um número redondo para atribuir”, sublinhou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.