Proteção Civil registou 200 ocorrências em todo o país devido à chuva em 16 horas

  • Lusa
  • 11 Dezembro 2022

A Proteção Civil registou em 16 horas perto de 200 ocorrências, a maioria relacionada com quedas de árvores e inundações, sobretudo no distrito de Lisboa e Setúbal.

A Proteção Civil registou em 16 horas perto de 200 ocorrências, a maioria relacionada com quedas de árvores e inundações, sobretudo no distrito de Lisboa e Setúbal, disse fonte do organismo.

Em declarações à Lusa esta manhã, José Costa, oficial de serviço da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANPC), explicou que entre as 16h00 de sábado e as 08h00 de domingo, foram registadas 199 ocorrências em Portugal Continental.

A maioria, 73, está relacionada com quedas de árvores, seguida de inundações (72), limpezas de via (25), quedas de estrutura (21), movimentos de massa (terra, sete) e um salvamento terrestre, enumerou.

De acordo com o responsável, os distritos mais afetados foram Lisboa, com 85 ocorrências, Setúbal, com 31, Faro, com 21, Santarém 12 e Beja, com 11.

Estiveram envolvidos 803 operacionais apoiados por 263 meios.

Às 09h00 terminaram os avisos amarelos decretados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera para os distritos de Lisboa e Setúbal relacionados com a agitação marítima e também terminou o aviso amarelo que vigorava para o distrito de Faro devido ao vento forte.

Não estão previstos mais avisos durante o dia de hoje, voltando só durante a noite, para a precipitação em vários distritos do país”, adiantou.

Contactada pela Lusa, fonte dos Sapadores Bombeiros de Lisboa revelou que a noite “foi calma, sem registo de grandes ocorrências”.

De acordo com a página do IPMA, os distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Coimbra, Porto, Guarda, Vila Real e Viana do Castelo vão estar sob aviso amarelo entre as 03:00 e as 12:00 de segunda-feira, dia 12, por previsão de precipitação por vezes forte e persistente.

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANEPC) decretou no sábado o estado de alerta especial de nível amarelo para o todo dispositivo do continente, o segundo mais grave de uma escala de quatro, devido ao agravamento das condições meteorológicas.

Na noite de quarta-feira, vários túneis da cidade de Lisboa ficaram inundados devido à chuva intensa que afetou também os municípios de, Loures, Odivelas, Amadora e Oeiras. Na noite passada, por precaução, os três túneis rodoviários na Avenida João XXI, Campo Grande e Entrecampos, em Lisboa, foram encerrados por causa da chuva.

Várias inundações cortaram estradas, acessos a estações de transporte e danificaram estabelecimentos comerciais, habitações e veículos, causando elevados prejuízos. Há a registar a morte de uma mulher em Algés, no concelho de Oeiras.

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Durão Barroso reconduzido na presidência da Aliança Global para as Vacinas

  • Lusa
  • 11 Dezembro 2022

Durão Barroso foi reconduzido este mês na presidência da Aliança Global para as Vacinas.

O antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso foi reconduzido este mês na presidência da Aliança Global para as Vacinas (GAVI), um caso de “multilateralismo que tem algum sucesso”, como o próprio destaca em declarações à agência Lusa.

“Quando fui designado para estas funções, de presidente da Aliança Global para as Vacinas, fi-lo sobretudo porque me foi dito que havia uma grande urgência, um grande dramatismo até na resposta à covid a nível mundial e dada a experiência que tenho de gerir organizações internacionais multiculturais”, pelo que se considerou que “eu poderia dar contributo e eu aceitei”, começou por dizer o também antigo primeiro-ministro português.

José Manuel Durão Barroso tinha sido nomeado presidente da GAVI em 29 de setembro de 2020.

“Confesso que naquela altura estava a pensar só nestes dois anos, mas agora pediram-me que continuasse, até porque” há a pandemia, “embora já não estejamos felizmente na zona mais (…) grave e perigosa”, prosseguiu.

Segundo disse, em 2022 “já houve mais casos de covid do que no ano de 2020 e 2001 juntos, só que não tem o efeito negativo que tinha porque, entretanto, há vacinas e já se geraram imunidades e, portanto, já não há, digamos, um grau tão grande de perigosidade como havia anteriormente”.

No entanto, “pediram que continuasse mais algum tempo, dois ou três anos e eu, pelo menos, para o ano que vem, 2023, continuarei porque ainda há uma série de dossiês importantes que tenho em mãos e, portanto, vou continuar pro bono a responder a este desafio”, afirmou à Lusa, sublinhando que a missão da GAVI vai muito além da resposta à covid.

“A GAVI já passou agora os 1.000 milhões de vacinas dadas a crianças, sobretudo em países em vias de desenvolvimento, nomeadamente em África, vacinas ditas de imunização de rotina, que são, digamos, a rubéola ou sarampo”, apontou

Estas crianças, “sem a nossa ajuda”, muitas delas “provavelmente” morreriam porque muitos desses países não tem financiamentos necessários para as proteger e imunizar.

“A GAVI não é apenas covid, a GAVI tem uma experiência de mais de 20 anos, 22 anos, na luta pela imunização e a luta pela proteção das crianças, sobretudo dos países em vias de desenvolvimento”, apontou, recordando que o seu primeiro presidente, a quem teve “muita honra” de suceder, foi Nelson Mandela.

Portanto, “a missão da GAVI não se esgota na covid”, defendeu.

Além disso, “acho que é importante que haja alguns casos – não há muitos, infelizmente, hoje em dia -, em que, apesar de fricções e das tensões geopolíticas, os diferentes países do mundo cooperem”, sublinhou o antigo presidente da Comissão Europeia.

“Por exemplo, na GAVI temos americanos, temos a Europa, os maiores doadores, mas também temos a China” e, neste momento, “já distribuímos vacinas só para a covid em 146 países”, reforçou.

Esta aliança global é um caso de “multilateralismo que tem algum sucesso, o que abre alguma esperança num mundo que está cada vez mais dividido”, rematou Durão Barroso.

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Parlamento Europeu suspende mandato da vice-presidente Eva Kaili

  • Lusa
  • 11 Dezembro 2022

A eurodeputada Eva Kaili foi detida na sexta na Bélgica, com outras quatro pessoas, no âmbito de uma investigação sobre um alegado lóbi ilegal do Qatar para influenciar decisões de Estrasburgo.

O Parlamento Europeu (PE) suspendeu o mandato de vice-presidente da eurodeputada social-democrata grega Eva Kaili, detida na sexta-feira na Bélgica.

“À luz das investigações judiciais em curso, realizadas pelas autoridades belgas, a presidente [do Parlamento Europeu, Roberta] Metsola decidiu suspender, com efeitos imediatos, todos os poderes, deveres e funções que foram delegados a Eva Kaili na qualidade de vice-presidente do Parlamento Europeu”, revelou hoje um porta-voz da líder do PE.

A eurodeputada Eva Kaili foi detida na sexta-feira na Bélgica, juntamente com outras quatro pessoas, no âmbito de uma investigação sobre um alegado lóbi ilegal do Qatar para influenciar decisões políticas em Estrasburgo.

As detenções ocorreram no seguimento de, pelo menos, 16 rusgas, numa investigação sobre suspeitas de pagamentos “substanciais” de um país do Golfo para influenciar as decisões dos deputados europeus.

O Ministério Público federal não nomeou o país, mas uma fonte judicial próxima do caso confirmou à agência AFP que se tratava do Qatar, como revelaram os meios de comunicação social Le Soir e Knack.

O caso surgiu a meio do Campeonato do Mundo em 2002, quando o país anfitrião teve de fazer esforços para defender a sua reputação de respeitar os direitos humanos, especialmente os dos trabalhadores.

O caso assumiu uma dimensão extra quando a identidade da quinta pessoa presa na sexta-feira à noite foi confirmada, tratando-se da eurodeputada grega Eva Kaili, uma antiga apresentadora de televisão de 44 anos de idade que se tornou uma figura da social-democracia no seu país. É ainda vice-presidente do Parlamento Europeu, juntamente com outros 13 deputados europeus.

Hoje, as audiências de cinco suspeitos prosseguiam em Bruxelas, segundo um porta-voz do Ministério Público federal.

A ação levou os eurodeputados verdes e social-democratas a anunciarem que se iriam opor na segunda-feira ao início das negociações sobre a liberalização dos vistos para os naturais do Qatar na União Europeia, uma vez que as suspeitas de corrupção envolvem este país.

Na segunda-feira, em Estrasburgo, os eurodeputados deveriam aprovar o início das conversações entre o Parlamento Europeu e os Estados-membros da UE para finalizar um texto que facilite o regime de vistos para os viajantes do Qatar e do Kuwait.

O texto, que já recebeu luz verde dos Estados membros no final de junho, isentaria os nacionais do Qatar e do Kuwait que viajassem para o bloco UE da obrigação de visto por um período máximo de 90 dias, sujeito a um acordo recíproco com ambos os países.

Tolerância zero para a corrupção. Os Verdes opor-se-ão ao mandato de iniciar negociações sobre a liberalização de vistos com o Qatar na segunda-feira”, disse o eurodeputado verde Terry Reintke no Twitter.

Por seu lado, o grupo social-democrata (S&D) apela à “suspensão dos trabalhos sobre todos os dossiês e votações relativos aos Estados do Golfo, em particular sobre a liberalização dos vistos”.

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Investimento captado em vistos gold sobe 40% em novembro

  • Lusa
  • 11 Dezembro 2022

O investimento captado através dos vistos gold atingiu os 65,6 milhões de euros em novembro, uma subida de 40% em relação ao mesmo período do ano passado.

O investimento captado através dos vistos gold em novembro aumentou 40% em termos homólogos e 48% face a outubro, para 65,6 milhões de euros, de acordo com contas feitas pela Lusa com base em dados do SEF.

No mês passado, o investimento angariado por via do programa de Autorização de Residência para o Investimento (ARI), que cumpriu 10 anos em outubro, totalizou os 65,6 milhões de euros, um aumento de 40% face aos 46,6 milhões de euros registados em novembro de 2021.

Face aos 44,3 milhões de euros captados em outubro, o investimento cresceu 48%.

Nos primeiros 11 meses do ano, o investimento realizado através dos vistos dourados soma mais de 575 milhões de euros, um aumento de 37% face a igual período de 2021, com base nas contas feitas pela Lusa com base nos dados fornecidos pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Em novembro foram concedidos 121 vistos gold, dos quais 95 para a aquisição de bens imóveis (36 para reabilitação urbana) e 26 por via da transferência de capitais.

Em termos acumulados, foram atribuídos este ano até novembro 1.130 vistos gold (94 em janeiro, 94 em fevereiro, 73 em março, 121 em abril, 112 em maio, 155 em junho, 80 em julho, 77 em agosto, 120 em setembro, 83 em outubro e 121 em novembro).

O investimento em compra de bens imóveis totalizou em novembro 54,6 milhões de euros, dos quais 12,3 milhões em reabilitação urbana. As transferências de capital ascenderam a 11 milhões de euros.

Por países, foram concedidos 18 vistos gold aos EUA no mês passado, seguidos do Reino Unido (14), da China (13), Brasil (10) e África do Sul (10).

No mês em análise, foram concedidas 138 autorizações de residência a familiares reagrupados, o que no total do ano corresponde a 1.341.

O programa ARI fez 10 anos em outubro passado (arrancou em 2012) e, neste momento, está a ser avaliada a sua continuidade.

Desde que o programa foi lançado já foram captados 6.674 milhões de euros. Desde montante, a maior parte corresponde à compra de bens imóveis, que no final do mês passado totalizava 5.981 milhões de euros.

Do total de compra de imobiliário, a aquisição com vista à reabilitação urbana correspondia a um investimento acumulado de 516 milhões de euros.

O investimento resultante da transferência de capitais atinge mais de 693 milhões de euros em mais de 10 anos.

No que respeita aos vistos dourados atribuídos desde a sua criação foram concedidos 10.488 para compra de imóveis (1.445 para reabilitação urbana), 874 para transferência de capitais e 22 por criação de postos de trabalho.

Os vistos dourados’ concedidos mediante o critério de criação de postos de trabalho têm um peso inexpressivo em mais de 10 anos de programa.

Desde a criação deste instrumento, que visa a captação de investimento estrangeiro, foram atribuídos 11.384 ARI: dois em 2012, 494 em 2013, 1.526 em 2014, 766 em 2015, 1.414 em 2016, 1.351 em 2017, 1.409 em 2018, 1.245 em 2019, 1.182 em 2020, 865 em 2021 e 1.130 em 2022.

Por nacionalidades, a China lidera (5.222), seguida do Brasil (1.158), Turquia (540), EUA (513) e África do Sul (493).

Desde o início do programa foram atribuídas 18.617 autorizações de residência a familiares reagrupados.

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Twitter anuncia segunda-feira novo sistema de subscrição com o famoso crachá azul

  • Lusa
  • 11 Dezembro 2022

Rede social de Elon Musk vai lançar um novo sistema de subscrição com funcionalidades exclusivas, incluindo o famoso crachá azul.

A rede social Twitter anunciou que vai lançar um novo sistema de subscrição esta segunda-feira que inclui um sistema de verificação com o conhecido crachá azul, após vários adiamentos por Elon Musk, proprietário da empresa desde outubro.

“Na segunda-feira vamos relançar o ‘Twitter Blue’. Inscreva-se na web por oito dólares por mês ou onze dólares por mês em dispositivos iOS – sistema operativo da Apple utilizado em iPhones – para ter acesso a funcionalidades exclusivas para assinantes, incluindo o crachá azul”, disse a rede social através de mensagens.

O documento detalhava que este distintivo seria de cor dourada para as empresas, enquanto um distintivo cinzento seria acrescentado mais tarde para as organizações “governamentais e multilaterais”. O crachá azul será atribuído aos assinantes, “uma vez que a conta tenha sido revista”.

Os assinantes também poderão editar os seus tweets, publicar vídeos de maior qualidade, um modo de leitura e alterar o seu nome no Twitter e exibir o seu nome ou imagem de perfil, embora tenha sido esclarecido que, “se o fizerem, perderão temporariamente o crachá azul até que a sua conta seja revista novamente”.

“Obrigado pela vossa paciência enquanto temos estado a trabalhar para melhorar o Twitter. Estamos entusiasmados e ansiosos por fornecer mais informações em breve”, indicou a rede social.

Musk anunciou em novembro a sua decisão de adiar até 29 de novembro o programa de verificação de pagamentos da plataforma até que possa garantir que é “sólida como uma rocha”, embora os prazos tenham sido alargados.

A decisão do Musk surgiu após vários dias em que os utilizadores da rede social que tinham optado por pagar 7,99 dólares por mês tinham comunicado que não podiam aceder às funcionalidades do Twitter Blue.

O novo modelo de pagamento proposto pelo bilionário foi alegadamente suspenso depois de ter levado muitos utilizadores a fazer-se passar por entidades respeitáveis, prejudicando a reputação de empresas ou figuras públicas.

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Empresas “têm de aumentar margens de lucro”, diz bastonária dos Contabilistas

  • Lusa
  • 11 Dezembro 2022

As empresas "têm de aumentar as margens de lucro" e serem "mais sustentáveis" se quiserem aumentar salários, defende a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, Paula Franco.

A bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados defende que as empresas “têm de aumentar as margens de lucro” e serem “mais sustentáveis” se quiserem aumentar salários, reter talentos e conseguir competir na compra de bens.

“Têm de aumentar as margens de lucro, têm de se tornar mais sustentáveis, porque se querem aumentar salários, se querem equilibrar e reter talentos, se querem conseguir competir com a compra dos bens que são cada vez mais escassos a nível mundial, as empresas portuguesas têm de aumentar as margens”, caso contrário “não o conseguem fazer”, afirma Paula Franco, em entrevista ao Negócios/Antena1.

De acordo com a bastonária, “tudo está a sofrer um aumento”, considerando que “também há muita especulação nestes aumentos pela indefinição que existe”.

No entanto, “este ajustamento é necessário, não podemos pedir que exista um aumento de salários se as empresas não tiverem aumento das margens“, defende, porque tudo aquilo que está a ser pedido e exigido às empresas vai refletir-se “também no aumento dos preços”.

Paula Franco salienta que nas medidas do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) se vê “uma certa pressão para que os salários aumentem duma forma geral”.

Ou seja, “o que se quer é incentivar as empresas que não são obrigadas a aumentar salários, exceto o salário mínimo, a fazer este aumento dos 5,1%”, sublinha.

A bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados refere que “há um incentivo à valorização, que é uma majoração de 50%, mas que só se vai refletir no imposto a pagar em 2024″.

Portanto, “se as empresas já têm de começar a aumentar agora em janeiro ou durante o ano, quando decidirem, para terem esta majoração, é tarde não haver um incentivo neste momento”, afirma.

Na sua opinião, esta “pressão”, que está vertida no OE2023, “não será suficiente para convencer as empresas a aumentar salários”.

Contudo, “estamos a viver outra realidade, que é de uma rotatividade muito grande em termos de emprego e a retenção de talento nas empresas, e aqui é que a pressão é muito grande sobre as empresas”, aponta Paula Franco.

“Na minha ótica e na minha análise, os salários vão aumentar naturalmente pela necessidade de retenção de pessoas e de captar mão-de-obra“, considera.

O aumento dos salários “também traz mais receita ao Estado”, mas “poderia haver aqui um equilíbrio de prescindirmos todos deste aumento: as empresas aumentavam os salários e, portanto, prescindiam do seu lucro, o Estado prescindia dos seus impostos e beneficiava-se diretamente os trabalhadores”, argumenta.

Cada vez que os salários sobem, aumentam as taxas contributivas e o IRS.

Para incentivar esta “descolagem dos salários poderia haver um compromisso durante x tempo para aumentos que se considerariam razoáveis e até de determinado valor para abranger, por exemplo, a classe média, haver uma isenção desse aumento em termos de IRS e de taxa contributiva, por exemplo”, reforça. Com esta medida, “ninguém perdia e todos ganhavam”, considera.

Na entrevista, Paula Franco considera ainda “injusto” que o OE2023 não tenha incluído a dedução à coleta dos empréstimos de habitação feitos após 2011, apesar de ter havido propostas neste sentido.

“Foi um erro muito grande porque acho claramente que uma das situações que mais vai penalizar as famílias portuguesas no ano 2023 é o aumento das taxas de juro”, remata.

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Eleições: O que une e o que separa a candidata e o candidato a bastonário da Ordem dos Advogados?

Na terça-feira, os advogados vão de novo às urnas para escolher o próximo ou próxima bastonária: Fernanda de Almeida Pinheiro e Paulo Pimenta ganharam na 1ª volta, com 21,14% e 20,4% dos votos.

No dia 30 de novembro — para surpresa de muitos — Fernanda de Almeida Pinheiro, a única candidata mulher, e Paulo Pimenta, atual presidente do Conselho Regional do Porto, foram os candidatos ao cargo de bastonário da Ordem dos Advogados (OA) com mais votos, sendo que Fernanda de Almeida Pinheiro juntou mais 153 que o seu oponente. Um ato eleitoral que juntava sete candidatos, entre eles o atual bastonário Luís Menezes Leitão, que conseguiu um terceiro lugar, com 3.349 votos (16,16%).

Porém, as votações para eleger o 28.º bastonário da Ordem dos Advogados, que decorreram eletronicamente, não conseguiram os 50% dos votos necessários para que o próximo bastonário fosse eleito logo na primeira volta. No total, votaram 23.915 advogados, cerca de 70% do total da classe: 2.954 votaram em branco e 242 votos foram considerados nulos. No último ato eleitoral — em 2019 — votaram 24126 advogados. Agora — no dia 13, 14 e 15 de dezembro — as urnas reabrem para a realização da segunda volta.

O ECO/Advocatus apresenta-lhe agora o que une e o que separa Fernanda de Almeida Pinheiro e Paulo Pimenta nos perfis e respetivos projetos que têm para a Ordem dos Advogados no próximo triénio. Num contexto em que o número de advogados inscritos nunca foi tão elevado (33.937), em que 56% são mulheres e em que o salário médio de um advogado em Portugal é de 2.110 euros brutos, leia quem poderá vir a ser o próximo líder da classe.

Fernanda de Almeida Pinheiro, com 53 anos comemorados no dia em que soube que passaria à segunda volta das eleições, é advogada em prática individual e a única mulher na corrida pelo título de bastonário da OA. Inscrita desde 2002, a candidata tem exercido a profissão como in house entre 2002 e 2007 e como diretora de Recursos Humanos, junto de sociedades da área das Tecnologias de Informação. É advogada em prática individual na Comarca de Lisboa desde junho de 2008, encontrando-se inscrita no Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais desde 2010.

A advogada, que admite que Marinho e Pinto abriu a OA para lá da elite da advocacia e considera que Guilherme de Figueiredo foi um bastonário “determinante”, foi uma das líderes do grupo de advogados que juntou mais de 3500 votos para realizar um referendo sobre o sistema de previdência da classe. Referendo esse que acabou por dar-lhe razão e defender a possibilidade de opção entre a CPAS e o regime geral de Segurança Social para os advogados. Diz-se, aliás, nos bastidores, que foi esse mesmo referendo que a levou a ser a candidata mais votada. Apesar de alguns dos seus oponentes a terem apelidado da ‘candidata bloquista’, a advogada não milita em nenhum partido político. Se vencer estas eleições, irá exercer o mandato em exclusividade com o salário que o cargo de bastonário implica.

Fernanda de Almeida Pinheiro, candidata a bastonária da OA

Líder de uma campanha claramente mais ativista e de cariz social, Fernanda de Almeida juntou ao seu programa questões como adiamento de diligências em período pós parto, a defesa de vítimas de violência doméstica, a precariedade laboral dos advogados, criação de canais de denúncia para vítimas de assédio no exercício da profissão ou o apoio judiciário obrigatório para reclusos. Entre os pilares do seu programa — que pretende que responda “aos problemas reais e quotidianos dos/as advogados/as” — está a dignidade e a dignificação da profissão, dar voz à advocacia, conciliação da vida pessoal e profissional, defesa do atual regime do acesso ao direito e aos tribunais, revisão da tabela de honorários, defesa intransigente dos atos próprios da advocacia, defender a dignidade para todas as formas do exercício da profissão e os direitos sociais e continuidade da formação altamente qualificada dos profissionais.

Rejeita ainda a ideia do defensor público, fala na luta por direitos e prerrogativas processuais para os advogados impedidos de comparecerem em Tribunal motivo de doença, licença parental ou falecimento de familiar direto, quer permitir que as as advogadas grávidas possam fazer as diligências através de meios à distância, nas últimas semanas de gravidez e nos primeiros quatro meses após o parto, quer a possibilidade de adiamento de todas as diligências ou prazos judiciais não urgentes, a pedido da grávida ou recém mãe puérpera, ou do pai nos casos em que assuma a seu cargo os cuidados com o recém nascido, assegurar o adiamento de todas as diligências não urgentes por assistência à família e possibilitar que os ausentes sejam representados por advogado bem como os menores nos processos de regulação e incumprimento das responsabilidades parentais e ainda incentivar os estágios remunerados.

Já o atual presidente do Conselho Regional do Porto, Paulo Pimenta, está inscrito na OA desde julho de 1992 e é docente universitário na área de Direito Processual Civil na Universidade Portucalense. Tem 55 anos, é casado, tem duas filhas, não tem filiação a nenhum partido ou clube de futebol. Foi advogado em prática individual até 2019, ano em que passou a ser sócio de uma sociedade com outros cinco colegas, no Porto. Conta com o apoio do antigo bastonário Rogério Alves e Paulo Saragoça da Matta.

Apesar do atual mandato à frente do Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados, Paulo Pimenta já ocupou o mesmo cargo no triénio 2017-2019. Foi ainda membro da Comissão de Reforma do Processo Civil, em 2011, nomeada pelo Ministério da Justiça, cujo trabalho resultou o Código de Processo Civil de 2013.

No seu discurso — que é muito centrado muito na intervenção pública do bastonário da OA — defende que a OA deve gozar de reputação e respeitabilidade e deve dispor de capacidade de intervenção no espaço público. Numa crítica implícita ao atual e ainda bastonário, Paulo Pimenta diz ainda que a figura do bastonário “tem de ser respeitada, as suas intervenções devem ter eco na comunidade. Essa condição está intimamente ligada à postura e à atitude do próprio Bastonário, à firmeza e à clareza das suas convicções, ao seu prestígio e à sua independência face a todos e quaisquer interesses”.

Assume a “grave situação reputacional a que chegou a nossa Ordem e da profunda inércia de que está tomada, mas estamos
convictos de que conhecemos suficientemente a instituição e a sua orgânica para sermos capazes de lhe dar o rumo necessário, com uma gestão criteriosa e transparente”.

Advocatus Summit Porto - 22SET20
Paulo Pimenta, presidente do Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados e candidato a bastonário da OA.Hugo Amaral/ECO

Na apresentação da candidatura garantiu que caso seja eleito será um bastonário em total exclusividade e apenas cumprirá um único mandato. Ideia que o aproxima da sua oponente. Paulo Pimenta promete ser uma figura “agregadora e consensual, capaz de evitar guerras e disputas”. Entre os desafios apontou a necessidade de “repensar a estrutura orgânica e funcional” da OA e encontrar uma solução “segura” e “sustentada” para o sistema de previdência.

Com um programa com um pendor mais político (não partidário), o advogado do Porto considera como principais desafios no próximo triénio a defesa do sigilo profissional, o tornar percetível para todos (para o poder político, para aqueles que trabalham na área da justiça e para os cidadãos) que o patrocínio judiciário e o aconselhamento jurídico são condição necessária e indispensável para uma cidadania responsável e esclarecida, o de conseguir a consagração constitucional da OA desencadear a fiscalização preventiva da constitucionalidade das leis, o de colocar a OA na linha da frente na luta pela redução das custas judiciais e na busca de melhorias no sistema de administração da justiça, desde logo na jurisdição administrativa e fiscal e numa reflexão sobre o mapa judiciário atual.

O ECO/Advocatus apresenta-lhe agora o que une e o que separa Fernanda de Almeida Pinheiro e Paulo Pimenta nos respetivos projetos que têm para a Ordem dos Advogados no próximo triénio em diversas matérias.

Regime Fiscal dos Advogados

Fernanda de Almeida Pinheiro

Essa é uma das principais preocupações da candidata, “quer do ponto de vista da Retenção na Fonte (RF), quer também em termos da tributação em sede de IVA, que penaliza muitíssimo o constituinte individual, limitando dessa forma o seu acesso à justiça. A aplicação de uma taxa única de RF (atualmente de 25%), a todos os constituintes com contabilidade organizada, configura uma enorme distorção contributiva, uma vez é válida para uma faturação no valor de 25,00€ ou de 25.000,00€”.

Nesse sentido, “é muito importante, e faremos questão de sensibilizar o poder político para esta realidade, tornar esta taxa progressiva de acordo com o volume de faturação, sendo essencial que se aumente valor anual de isenção (atualmente fixado em 12.500,00€), que entendemos deveria passar para 20.000,00€/anuais. Também a taxa normal de IVA que é aplicada aos serviços jurídicos, deveria ser revisitada. A justiça é essencial num estado de direito sendo demasiado onerosa para o cidadão comum, em especial para a denominada classe média ou média baixa, que se vê arredada do Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais (SADT) por via dos seus rendimentos pouso superiores à RMMG”.

Paulo Pimenta

O regime do IVA que atinge os clientes particulares “é uma séria restrição no acesso à justiça e ao aconselhamento jurídico”, diz o advogado. “A taxa deveria ser reduzida ou deveria mesmo haver isenção (sabendo-se que é matéria comunitária que transcende o legislador nacional, isso não obsta à defesa desta posição). O regime da transparência fiscal das sociedades de advogados não tem razão para continuar a existir e é altamente penalizador. O fim da transparência fiscal poderia permitir uma ponderação acerca da admissibilidade de constituição de sociedades de advogados unipessoais”.

Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores. Quis iuris?

Fernanda de Almeida Pinheiro

Segundo a impulsionadora do referendo, este “já foi concretizado há mais de um ano, foi participado por cerca de 53% dos/as associados/as, tendo vencido a maioria que quer poder escolher entre os dois regimes de previdência (CPAS e RGSS), nos termos que acontece aqui ao lado em Espanha. Nesse seguimento, foi apresentada pelo atual CG uma proposta de alteração do arto 4o do EOA, para concretizar essa vontade já expressa. Naturalmente que, como primeiros subscritores da convocatória da AGE que aprovou o referendo que acabou por aprovar o “sim” a essa alteração do EOA, não poderíamos deixar de continuar a lutar junto do poder político, exigindo que essa mesma vontade seja cumprida, pugnando pela alteração legislativa necessária a garantir o direito opção entre o RGSS e a CPAS, uma vez que só assim se garantirão os direitos constitucionais previdências da classe”.

“No sistema atual de previdência dos profissionais falha tudo. Os advogados são todos os dias privados dos seus direitos básicos de parentalidade, as suas crianças não têm direito a receber o apoio e proteção dos seus pais, que claudicam perante prazos e diligências, que são sempre inadiáveis, quando estão em causa esses seus direitos. Não existe apoio na doença, não existe apoio em caso de perda abrupta de rendimento, não existem reformas dignas para a maioria dos profissionais, em suma, é um sistema que nada tem de assistencialista e, por isso mesmo, está totalmente ultrapassado em relação às necessidades que são fundamentais e exigíveis de acordo com os valores de um estado de direito democrático”, sublinha.

Paulo Pimenta

O regime da previdência dos advogados “não se resolve pelo mero resultado do referendo. Aliás, o resultado do referendo não é sequer exequível, sendo evidente que não basta alterar o Estatuto da Ordem dos Advogados para lhe dar concretização. É interessante notar que não foram estudadas, menos ainda explicadas, as condições em que seria feita a transição para a Segurança Social. Acresce que a Segurança Social enfrenta ela própria sérios riscos quanto à sua solvabilidade. Com os dados disponíveis, é mais avisado defender a solução da permanência na CPAS, mas na condição de o próprio sistema ser revisto e revigorado, de modo a responder aos justos anseios dos advogados”.

No imediato, “sendo incontornável a permanência na CPAS, há que trabalhar para revigorar o próprio sistema da CPAS, respondendo aos justos anseios dos Colegas, desde logo na vertente da adequação entre as contribuições e a capacidade contributiva de cada um, segundo os seus rendimentos. Além disso, é importar reforçar as medidas de proteção, nomeadamente na doença e na parentalidade”.

Sistema de Acesso ao Direito/Apoio Judiciário

Fernanda de Almeida Pinheiro

A candidata, que faz parte como advogada do sistema de acesso ao direito, pretende a manutenção, mas com aperfeiçoamento, do atual Sistema de Acesso ao Direito (SADT), rejeitando de forma liminar o defensor público. Defende ainda a criação de consulta prévia obrigatória para aceder a este apoio, com prévia comunicação aos serviços da Segurança Social, incluir no SADT a remuneração com majoração de honorários para todas as diligências extrajudiciais que coloquem termo ao litígio e aplicar o sistema a todos os processos que envolvem reclusos.

Paulo Pimenta

O advogado assume que o modelo em uso “não agrada nem aos cidadãos beneficiários, nem aos advogados que se inscrevem no Sistema de Acesso ao Direitos e aos Tribunais (SADT). O apoio judiciário é inerente à advocacia. Tudo o que respeite ao patrocínio dos cidadãos mais carenciados deve ser gerido pela Ordem dos Advogados. Rejeitamos a funcionalização do apoio judiciário pelo Estado, chamando a si a criação de “defensores públicos”, ainda que originariamente advogados, pois isso é matricialmente incompatível com um genuíno patrocínio judiciário. Propomos um modelo gerido pela Ordem dos Advogados, através de um corpo de Advogados recrutados para desempenharem as respetivas funções por um período pré-definido, mediante remuneração mensal fixa e condigna, o que será garantia de estabilidade e previsibilidade remuneratória. Como é evidente, tratando-se de advogados que continuam a sê-lo, esse desempenho não deve e não tem de ser em regime de exclusividade”.

Valor dos honorários dos advogados oficiosos

Fernanda de Almeida Pinheiro

“Naturalmente que está na nossa agenda”, disse a advogada à Advocatus. “A esmagadora maioria dos/as advogados/as que fazem parte das nossas listas candidatas aos órgãos são profissionais que exercem em prática individual, muitos/as deles/as inscritos no SADT, conhecendo bem as injustiças da referida tabela e os seus valores exíguos, que não remuneram de forma adequada e digna o trabalho, a complexidade técnica, a responsabilidade e as despesas que acarretam cada uma das prestações de serviços que são asseguradas por estes profissionais. Esse dever de remuneração digna, justa e atempada é do Estado e esta tabela já não é revista desde 2004, com exceção de alguns (muito poucos) acréscimos pontuais, pelo que, não poderá deixar de ser um dos principais pontos do nosso programa eleitoral, pelo qual nos bateremos com total empenho”.

Paulo Pimenta

Aqui, ambos estão acordo num ponto: a tabela de honorários. “Esta tabela sem alterações desde 2004 estará seguramente desfasada e impõe-se uma revisão. Mas esse é somente um dos aspetos da questão. A reflexão deve ser feita de modo mais abrangente e nestes pressupostos: assegurar a exclusividade da Ordem dos Advogados na gestão do apoio judiciário; reequacionar o modelo de funcionamento do sistema do apoio judiciário; encontrar soluções remuneratórias mais atrativas e estáveis para os advogados oficiosos; reforçar a confiança dos cidadãos na vertente técnica e deontológica desta forma de patrocínio”.

Sociedades multidisciplinares: são para evitar?

Fernanda de Almeida Pinheiro

O regime relativo às mudanças das ordens profissionais foi um dos pontos mais recorrentes na campanha para estas eleições. “A não ser que este ponto venha a ser retirado do texto da lei ou modificado, não se vai conseguir evitar a sua aprovação”. O projeto de lei 108/XV (PS) foi aprovado no passado dia 30 de junho na AR com os votos a favor do PS, 3-PSD, IL e PAN, com a abstenção do PSD BE, L e do PCP e com o voto contra do CH. “Quer isto dizer que a lei segue agora para a sua discussão na especialidade, por isso baixou à Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão e vamos ver agora o que se vai conseguir revogar/alterar no texto da proposta, tendo em conta que a maioria já votou a favor da sua redação atual. Já pedimos para ser ouvidos, na tentativa de expor as nossas preocupações concretas sobre a proposta que foi aprovada e é claro que existem também outros meios que podem ser acionados, até para aferir da constitucionalidade do texto proposto, porém, sabemos bem que não vai ser nada fácil impedir que entre em vigor com muitas das propostas que constam já do seu texto, tendo em conta o número de apoiantes de que a mesma dispõe no parlamento”.

Paulo Pimenta

O regime das sociedades multidisciplinares “é dificilmente compatível com o exercício da advocacia, desde logo por ser praticamente impossível assegurar o cumprimento das exigentes regras deontológicas que dão forma à profissão, sobremaneira o sigilo profissional. Deste modo, qualquer solução que avance nesse sentido terá graves repercussões na profissão e tenderá a desfigurá-la”.

Regime que está a ser discutido relativo às mudanças das ordens profissionais. Como vai tentar propor alterações?

Fernanda de Almeida Pinheiro

A candidata mais votada defende que “não é possível evitar a aprovação da proposta de lei que se encontra em discussão das ordens profissionais, uma vez que mesma já foi aprovada na generalidade na AR, no passado dia 30 de junho de 2022. Ainda assim, e porque agora prossegue o debate na especialidade, fizemos questão de contribuir na sua discussão pública enviando parecer sobre a mesma, através da Associação Portuguesa da Advocacia em Prática Individual – APAPI-ADV (associação de que sou Vice-Presidente), explicitando o que, no nosso entendimento, deve ser alterado na proposta de lei, expressando as nossas profundas preocupações com o caminho que foi escolhido para endereçar certas questões, nomeadamente (mas não só), o estágio, a nomeação do Provedor do Cliente e também a composição do órgão de supervisão da classe. Estamos agora a aguardar a nossa audição na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão (que foi expressamente solicitada) para continuar a discussão, contribuindo ativamente para alterar o teor da proposta que, tal como se encontra redigida, compromete de forma intolerável a independência das associações públicas”.

Paulo Pimenta

Aquilo que se pretende consagrar em matéria de ordens profissionais “é da maior gravidade, sob todos os pontos de vista, e implica uma real ingerência do Estado nessas ordens”, defende Paulo Pimenta à Advocatus. “A situação é ainda mais grave quanto à Ordem dos Advogados, enquanto entidade que congrega os profissionais que representam e defendem os cidadãos perante os poderes públicos. A independência da advocacia, que é essencial num Estado de Direito, fica em causa se a entidade que regula a profissão não for ela própria independente do Estado. Num contexto de maioria absoluta no parlamento, a hipótese de a medida avançar é elevada. Isso não nos deve fazer esmorecer, pelo contrário. Para além de uma sensibilização dos cidadãos, e dos políticos, relativamente aos riscos desta medida legislativa, deveremos usar todos os meios disponíveis, nomeadamente junto do Tribunal Constitucional, para a fiscalização sucessiva da constitucionalidade, embora, infelizmente, a Ordem dos Advogados não possa tomar por si a iniciativa”.

Qual a função da Ordem dos Advogados?

Fernanda de Almeida Pinheiro

A principal função da Ordem dos Advogados (OA) “é, e será sempre, a defesa do Estado de Direito e a defesa dos direitos, liberdades e garantias e nessa senda zelar também pelo acesso ao direito. Porque é a associação pública profissional da Advocacia, deve defender e zelar pela função social, dignidade e prestígio da profissão e, por fim, exercer o poder disciplinar sobre os advogados. São estas, em resumo, para mim, de entre o vasto elenco das alíneas do artº 3º do Estatuto da Ordem dos Advogados (EOA), as principais funções da OA”, explica a candidata.

“É função da ordem acautelar os direitos dos seus associados e associadas, nomeadamente os direitos sociais, entre os quais o direito à parentalidade, ao apoio na doença, na quebra de rendimentos, sem nunca esquecer a situação dos advogados que são falsos recibos verdes (e que prestam serviço sem quaisquer direitos ou garantias), podendo, de um dia para o outro, serem dispensados. Quando for eleita Bastonária tudo farei para garantir os interesses de todos os advogados, quer exercem em regime de subordinação, em empresas, sociedades ou em prática individual. Uma Advocacia forte como um todo, é a imediata garantia da defesa do Estado de Direito e da defesa dos direitos, liberdades e garantias”, concluiu.

Paulo Pimenta

Paulo Pimenta explica à Advocatus que “qualquer discussão em torno da Ordem dos Advogados deve começar por ter presente o seu Estatuto e o seu enquadramento jurídico-constitucional. Em matéria de atribuições da Ordem dos Advogados, as mesmas estão enunciadas no art. 3º do Estatuto. A primeira delas consiste em defender o Estado de Direito e os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e em colaborar na administração da justiça. Tal atribuição, sendo a primeira, está longe de esgotar aquilo que a Ordem dos Advogados pode e deve fazer, como resulta do teor do referido preceito”.

O dever de um bastonário, perante os advogados

Fernanda de Almeida Pinheiro

O dever da OA perante os Advogados é o de “defender a dignidade e prestígio dos profissionais, garantindo que os mesmos consigam exercer com total liberdade e independência técnica, os mandatos que lhe são conferidos pelos seus constituintes. Para que tal possa suceder é essencial que os direitos constitucionais (tantas vezes desrespeitados pelo poder político) sejam honrados, cabendo à OA defender as suas prerrogativas profissionais em todas as realidades e circunstâncias”, acrescenta Fernanda de Almeida Pinheiro.

Paulo Pimenta

Para Paulo Pimenta, neste campo, a resposta tem duas vertentes. “Uma coisa é aquilo que, no plano institucional e estatutário, compete ao bastonário, enquanto presidente da Ordem dos Advogados, com consagração no art. 40º do Estatuto da Ordem dos Advogados. Outra coisa é aquilo que o bastonário pode e deve fazer em termos de assegurar que a Ordem dos Advogados cumpra realmente as suas próprias atribuições, por referência ao acima mencionado art. 3º do Estatuto. Entre essas atribuições, são de salientar as seguintes: zelar pela função social, dignidade e prestígio da profissão de advogado, promovendo a formação inicial e permanente dos advogados e o respeito pelos valores e princípios deontológicos; representar a profissão de Advogado e defender os interesses, direitos, prerrogativas e imunidades dos seus membros, denunciando perante as instâncias nacionais e internacionais os atos que atentem contra aqueles; defender a solidariedade entre os Advogados. Nesta vertente, que designaria por vertente política do mandato, há muitas dimensões a considerar e muitos patamares de intervenção, mas isso supõe que o Bastonário tenha características que o habilitem a tal”.

As quotas cobradas pela instituição

Fernanda de Almeida Pinheiro

A Ordem não é uma mera cobradora de quotas. “Mais grave que ser uma mera “cobradora de quotas”, é ter-se transformado num desfile de vaidades, de gastos inadequados e sem qualquer acréscimo para a dignificação da profissão e dos associados. E é isto que mata a instituição, este distanciamento dos problemas reais dos profissionais, esta imagem de “revista cor de rosa” que é divulgada a cada evento que é organizado pela instituição, o protagonismo excessivo de muitos dos seus membros, em detrimento da missão de serviço à classe e aos cidadãos, que é causador principal desse desinteresse da classe pela instituição”.

Paulo Pimenta

O candidato do Porto defende que “o pagamento de quotas radica na necessidade de assegurar as condições para o exercício da profissão de advogado, a começar pela estruturação da própria Ordem e pela afirmação de um estatuto profissional garantido por prerrogativas e imunidades funcionais. Tal pagamento tem como contrapartida todo um conjunto de serviços determinantes para o exercício da profissão”.

A ação disciplinar na Ordem dos Advogados e o corporativismo

Fernanda de Almeida Pinheiro

A ação disciplinar da OA “tem de ser muito melhorada, tem de ser mais célere e eficaz, porém, não me parece que se levantem questões de corporativismo. Por vezes, acontece até precisamente o inverso”.

Na opinião da advogada — e essa é uma das preocupações no programa — o principal problema dos órgãos disciplinares “é a falta de meios humanos e tecnológicos, que garantam uma resposta rápida aos constituintes que apresentam as suas queixas, mas também ao profissional que se vê a braços com uma questão disciplinar. Uma das nossas propostas é criar condições para que os órgãos disciplinares se tornem financeiramente autónomos para que possam dessa forma impulsionar o funcionamento dos mesmos. O processo de Apreciação Liminar (AL) tem de ser bastante mais célere, garantindo que as partes são ouvidas e a decisão de conversão em procedimento disciplinar é conhecida rapidamente, garantindo-se depois que o processo é também tramitado sem grandes contingências, salvaguardando sempre os direitos de defesa dos visados”.

Paulo Pimenta

O principal problema da ação disciplinar na Ordem dos Advogados “radica na falta de meios humanos e técnicos e isso deve-se ao facto de, nos últimos anos, ninguém ter investido seriamente na busca de soluções para agilizar e modernizar os procedimentos. Tudo isto provoca graves atrasos e tem o efeito perverso de parecer que há corporativismo, o que não é verdade”, defende.

E a medida com mais rasgo é….

Fernanda de Almeida Pinheiro

A advogada optou por destacar a que entende “ser absolutamente fundamental para garantir a defesa da dignidade e prestígio da profissão: é nossa intenção criar um gabinete próprio de defesa das prorrogativas da profissão, que visará apoiar os profissionais nas situações de desrespeito com que são diariamente confrontados nos tribunais, nas repartições públicas, nos órgãos de polícia criminal, no seu exercício de defesa do Estado de Direito democrático, quando devidamente mandatados pelos cidadãos. Este é um modelo que existe, por exemplo, no Brasil, onde a OA poderá ser chamada a intervir junto dos vários organismos e instituições, em defesa das prorrogativas da profissão, garantindo assim, que a lei e a constituição são objetivamente respeitadas”.

Paulo Pimenta

Já Paulo Pimenta não se mostrou capaz de eleger uma apenas. “Face ao estado de degradação a que deixaram chegar a Ordem dos Advogados, a intervenção do novo bastonário e do novo Conselho Geral tem de ser desenvolver-se num plano integrado e não numa medida ou outra, por importante que seja”.

No plano interno, “impõe-se diligenciar pelo fim da crispação entre os diversos órgãos da Ordem dos Advogados, reorganizar todos os serviços administrativos da Ordem dos Advogados e implementar canais de comunicação eficazes, dar voz a todos os advogados, o que significa que o bastonário, a exercer funções em exclusividade. No plano externo, é necessário encetar contactos com todas as entidades que atuam na área da justiça (Conselhos Superiores, presidentes de Tribunais Superiores, presidentes das Comarcas, etc.) e com o poder político, a todos mostrando que a Ordem dos Advogados tem condições e massa crítica para se envolver na busca das melhores soluções para o funcionamento do sistema de justiça”.

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Portugal perde com Marrocos e está fora do Mundial

Um golo da seleção africana na primeira parte acabou com o sonho português no Qatar.

Ronaldo entrou aos 50 minutos, mas não foi capaz de ajudar a seleção a inverter o resultado.EPA/Georgi Licovski

Portugal está fora do Mundial do Qatar. Marrocos fez o único golo no final da primeira parte, aproveitando um lance em que o guarda-redes Diogo Costa saiu em falso a um cruzamento e não ficou bem na fotografia. A seleção nacional não foi capaz de superar a sólida muralha marroquina, apesar do forcing em toda segunda parte. Ronaldo (entrou aos 50 e saiu com lágrimas após a partida) e companhia caíram nos quartos.

Depois de eliminar Espanha na eliminatória anterior, a seleção marroquina já tinha avisado a concorrência ao que vinha: defender em bloco para lançar contra-ataques rápidos. Com Portugal não foi diferente.

Foi preciso meia hora para o jogo registar a primeira jogada de maior perigo: um remate de João Félix – um dos homens mais perigosos do ataque português – desviou no corpo do defesa adversário e ia enganando o guarda-redes. Logo a seguir Marrocos visou a baliza de Portugal com perigo por duas vezes seguidas, antes do golo aos 42 minutos, por En Mesyri, que se antecipou a Diogo Costa num cruzamento da esquerda. O momento de infelicidade do guarda-redes português acabaria por ser decisivo no desfecho da partida.

Em cima do apito para o intervalo, Bruno Fernandes quase ia repondo a igualdade, mas o travessão impediu um golo que ia ser memorável para o número dez português.

Passavam cinco minutos da segunda parte quando Fernando Santos começou a arriscar: fez entrar Ronaldo e Cancelo, tirando Rúben Neves e Raphael Guerreiro.

Com Marrocos cada vez mais fechado, foram sucedendo as oportunidades para o lado de Portugal, que ia sendo tomado pela ansiedade à medida que a bola teimava em não entrar: Bruno Fernandes, outro dos mais inconformados, voltou a ter o golo no pé pouco depois da hora de jogo, mas o remate ao entrar da grande área passou por cima. Já perto do fim, João Félix também rematou com muito perigo, mas o guarda-redes marroquino voltou a ser o herói do jogo como diante de Espanha.

“O balneário está destroçado, estamos todos desolados. (…) Estávamos convictos de que poderíamos chegar à final e vencê-la”, disse Fernando Santos, selecionador nacional, no rescaldo do jogo.

Quanto ao seu futuro, deixou a porta da saída em aberto. “Quando regressarmos a Portugal, eu e o presidente [da Federação Portuguesa de Futebol] iremos conversar e analisar o que vamos fazer”, disse.

(Notícia atualizada às 17h43)

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BCE deverá aumentar taxa de juro em 50 pontos base na próxima semana

  • ECO
  • 10 Dezembro 2022

Apesar dos sinais de recessão na Zona Euro, o banco central de Christine Lagarde vai continuar a subir as taxas de juro para controlar a escalada da inflação.

O Banco Central Europeu (BCE) deverá aumentar a taxa de depósitos em 50 pontos base para 2% na próxima semana, apesar de a economia da Zona Euro estar a caminho de uma recessão, de acordo com uma sondagem realizada pela agência Reuters junto dos analistas.

Desde que começou a sua campanha contra a escalada da inflação, em julho, o banco central liderado por Christine Lagarde já aumentou as taxas ao ritmo mais elevado de sempre, tendo subido já em 200 pontos base a sua taxa de depósito, elevando-a para 1,5%.

De acordo com a sondagem da Reuters, os bancos irão assim passar a ganhar 2% nos depósitos no banco central depois da reunião que está marcada para quinta-feira, a taxa mais elevada desde 2009. A taxa de refinanciamento também irá registar uma subida de 50 pontos para 2,5%.

Dos 60 economistas sondados, dois admitiram que o BCE poderá mostrar-se mais cauteloso e sete apostam que a autoridade monetária vai adotar uma abordagem mais agressiva, ou seja, aumentar os juros em 75 pontos base, como na anterior reunião de outubro.

A semana fica ainda marcada pela reunião da Reserva Federal norte-americana, que deverá também aumentar as taxas diretoras em 50 pontos base na quarta-feira, depois de quatro reuniões em que anunciou aumentos de 75 pontos base.

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Partido Socialista Europeu “completamente surpreendido” com detenções

  • Lusa
  • 10 Dezembro 2022

O Partido Socialista Europeu ficou “completamente surpreendido” com as detenções de sexta-feira, que envolveram a vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili.

O Partido Socialista Europeu ficou “completamente surpreendido” com as detenções de sexta-feira, que envolveram a vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili, falando num “balde de água fria” e num “choque” para o movimento sindical europeu.

Fonte do Partido Socialista Europeu (PES) disse à agência Lusa que declarações recentes de Eva Kaili – que, numa sessão plenária em novembro, tinha caracterizado o Qatar como um “pioneiro dos direitos laborais” – provocaram estranheza, mas nunca “passaria pela cabeça de ninguém que isso pudesse ter, pelo menos supostamente, outras origens”.

Falando num “balde de água fria” para o PES, a fonte em questão também considera que a detenção do secretário-geral da Confederação Internacional de Sindicatos (ITUC, na sigla em inglês), Luca Visentini, constitui um “choque” para o movimento sindical europeu.

“É preocupante, até porque há muitas vezes a tentação de colar a ITUC excessivamente aos socialistas, e agora aparecerem no mesmo caso os socialistas e a ITUC… É mau para o movimento sindical europeu”, considera.

A fonte refere que, de acordo com informações iniciais, deverá ter sido o ex-eurodeputado socialista Pier Antonio Panzeri – também detido na sexta-feira – que originou a investigação por detrás das detenções.

O PES espera agora que não haja mais detenções, uma vez que o Parlamento Europeu é “extremamente exigente” em matéria de transparência quanto a relações com lóbis, de forma a evitar conflitos de interesses.

Sobre o eventual envolvimento de eurodeputados socialistas portugueses, a fonte em questão garante “ninguém tem qualquer ligação ao Qatar” e, portanto, não deverá surgir “absolutamente nada” nesta investigação que envolva a delegação portuguesa.

Apesar disso, o PES considera este caso terá “custos” na imagem do Parlamento Europeu, mas considera que o tamanho dos danos irá depender da evolução da investigação.

Para já, realça que, tanto o Parlamento Europeu como o PES, foram “muito claros em negar qualquer envolvimento” no caso e em “manifestar a sua disponibilidade para cooperar” com as autoridades policiais.

Entretanto, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, afirmou este sábado que a instituição europeia que lidera irá fazer “tudo o que puder” para ajudar a investigação.

“O nosso Parlamento Europeu é firmemente contra a corrupção. Nesta fase, não podemos tecer comentários sobre qualquer investigação em curso, a não ser para confirmar que cooperámos e continuaremos a cooperar plenamente com todas as autoridades judiciais e policiais relevantes”, escreveu Metsola numa mensagem publicada na sua conta oficial na rede social Twitter.

A vice-presidente do Parlamento Europeu (PE), a social-democrata grega Eva Kaili, está entre os cinco detidos na Bélgica no âmbito de uma investigação sobre alegado lóbi ilegal do Qatar para influenciar decisões políticas em Estrasburgo, segundo a imprensa belga.

Eva Kaili, que ocupa uma das 14 vice-presidências do PE, foi detida na sexta-feira no âmbito desta investigação e a sua casa alvo de buscas pelas autoridades, noticiaram os jornais “Le Soir” e “Knack”.

Fonte ligada ao processo adiantou à agência France-Presse (AFP) que Eva Kaili foi “detida para ser interrogada” pela polícia.

Em Atenas, o Partido Socialista Grego (Pasok-Kinal), do qual Kaili é membro, anunciou que esta foi “demitida”. O PES entretanto também já anunciou a suspensão de Kaili com “efeitos imediatos”.

A polícia de Bruxelas realizou 16 buscas domiciliárias e efetuou as detenções, entre as quais o companheiro de Kaili, atual colaborador ligado ao grupo dos Socialistas e Sociais Democratas no PE, adiantaram as mesmas fontes.

“Le Soir” e “Knack” tinham avançado na sexta-feira de manhã a existência de uma investigação sobre um alegado caso de corrupção, organização criminosa e branqueamento de capitais iniciado pela Procuradoria-Geral da República da Bélgica em julho, por suspeita de que o Qatar teria tentado influenciar o posição do PE.

“Há vários meses que investigadores da polícia suspeitam que um Estado do Golfo tenta influenciar as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu”, adiantou, na sexta-feira, o Ministério Público Federal belga em comunicado.

Este Estado teria executado esta estratégia através do “pagamento de quantias substanciais de dinheiro, e oferecendo presentes importantes a terceiros, a pessoas com uma posição política ou estratégica importante dentro do Parlamento Europeu”, acrescentou.

Embora o Ministério Público belga não mencione explicitamente o Qatar, os dois meios de comunicação belgas citam várias fontes que confirmaram que se trata do país que organiza o Mundial de futebol.

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Portugal continental sob aviso amarelo com quatro distritos em aviso laranja

  • Lusa
  • 10 Dezembro 2022

Distritos de Setúbal, Santarém, Lisboa, Leiria em aviso laranja devido à chuva forte prevista para a meia-noite de domingo.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) elevou este sábado para laranja o aviso em vigor para os distritos de Setúbal, Santarém, Lisboa, Leiria devido à chuva forte prevista para a meia-noite de domingo.

Na sua página oficial, o IPMA refere que estes quatro distritos do continente vão estar sob aviso laranja entre as 00h00 e as 03h00 de domingo enquanto no distrito de Portalegre estará ativo entre as 03h00 e as 06h00, devido à previsão de chuva forte e persistente.

Entretanto, o IPMA elevou, desde o início da manhã deste sábado, para os 18 distritos de Portugal Continental sob aviso amarelo devido à previsão de queda de neve, chuva persistente, ventos fortes, e também agitação marítima.

Os avisos amarelos nos distritos de Beja, Lisboa, Leiria, Faro e Setúbal estão ativos entre as 21:00 de hoje e até às 06h00 de domingo e referem-se a situações de precipitação persistente e por vezes forte e de vento, com rajadas da ordem de 75km/hora.

Durante a madrugada de domingo estão ativos os avisos laranja nestes distritos.

No distrito de Évora o aviso amarelo para a precipitação e vento tem início às 00:00 de hoje e prolonga-se até às 06:00 de domingo, prevendo-se chuva forte e persistente e rajadas de vento na ordem dos 75 km/hora.

O IPMA prevê para os distritos de Santarém e de Portalegre chuva forte e persistente tendo acionado o aviso amarelo entre as 00:00 de hoje e as 06:00 de domingo.

Os distritos de Braga, Castelo Branco, Viana do Castelo, Vila Real, Guarda, Viseu, e Bragança, de domingo, devido à previsão de queda de neve acima de 1.100 metros, com acumulação acima de 1.200 metros, que poderá ser de 5 cm.

Como impactos prováveis, o IPMA refere “perturbação causada por queda de neve com acumulação e possível formação de gelo (por exemplo em vias condicionadas ou interditas, danos em estruturas ou árvores, abastecimentos locais prejudicados)”.

O aviso laranja implica uma situação meteorológica de risco moderado a elevado, já o aviso amarelo é emitido pelo IPMA sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

O IPMA colocou ainda os distritos do Porto, Setúbal, Viana do Castelo, Lisboa, Leiria, Aveiro, Coimbra e Braga sob aviso amarelo devido à agitação marítima, entre 03h00 e as 09h00 de domingo (em Lisboa) e depois os oito distritos entre as 09h00 e as 21h00 de segunda-feira, devido à ondulação que poderá chegar aos cinco metros.

A Câmara de Lisboa alertou no final de sexta-feira para a chuva “persistente e por vezes forte” que se espera no sábado à noite e pediu à população para tomar precauções.

“Considerando que o IPMA colocou o distrito de Lisboa sob aviso amarelo, com período mais crítico entre as 22h00 do dia 10 de dezembro e as 06h00 do dia 11, onde se espera precipitação persistente e por vezes forte, a Câmara Municipal de Lisboa apela à população para que tome precauções”, indicou a autarquia num comunicado.

Na mesma nota, a câmara disse que os agentes de Proteção Civil da cidade, os serviços operacionais municipais e elementos das Juntas de Freguesia “estão de prevenção para a mais pronta resposta à cidade”.

Este alerta da autarquia lisboeta surge depois de a cidade ter sido afetada pelo mau tempo na quarta-feira à noite, sendo os municípios de Lisboa, Loures, Odivelas, Amadora e Oeiras aqueles que sofreram mais danos após a forte chuva que caiu.

Várias inundações cortaram estradas, túneis, acessos a estações de transporte e danificaram estabelecimentos comerciais, habitações e veículos, causando elevados prejuízos.

Há a registar a morte de uma mulher em Algés, no concelho de Oeiras, e dezenas de pessoas desalojadas.

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📹 Procura por carros elétricos dispara na União Europeia

A procura por carros elétricos e híbridos, plug-in e não plug-in na União Europeia continua a aumentar. Em 2021, a UE exportou cerca de 42 mil milhões de euros em carros "verdes".

Com o avançar da transição energética, a procura por carros elétricos e híbridos na União Europeia (UE) continua a aumentar.

De acordo com o Eurostat, em 2021, a UE importou quase 30 mil milhões de euros em carros híbridos plug-in e não plug-in, e em carros totalmente elétricos. Este valor foi inferior ao montante total de carros “verdes” exportados para fora da UE no mesmo ano, cerca de 42 mil milhões de euros.

O aumento é notável. Comparativamente a 2017, o gabinete de estatística europeu revela que as exportações de carros elétricos e híbridos aumentaram quase 800%, ao passo que as importações subiram 400%. Nesse ano, o valor das exportações destes veículos foi de apenas 4,7 mil milhões de euros, já as importações ficaram avaliadas em 5,6 mil milhões de euros, também em 2017.

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