Chefe da NATO diz que Suécia já fez o necessário para aderir à Aliança
"Estou confiante que a Suécia será um membro da NATO. Não quero avançar com uma data precisa", disse Stoltenberg. Suécia está a planear o regresso do serviço militar obrigatório.
O secretário-geral da NATO considerou esta segunda-feira que chegou o momento da Suécia garantir o acesso à organização militar ocidental, pelo facto de ter feito o necessário para que a Turquia aprove a sua entrada. “Já referi que chegou o momento para terminar com o processo de ratificação da Suécia”, disse Jens Stoltenberg em entrevista ao diário sueco Aftonbladet.
Em maio, a Suécia e a vizinha Finlândia abandonaram as suas tradicionais políticas de não-alinhamento militar e apelaram à adesão na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia. A decisão requer aprovação unânime dos membros da Aliança.
A Turquia iniciou o processo, enquanto pressiona os dois países nórdicos para reprimir grupos que considera organizações terroristas e extraditar pessoas suspeitas de crimes relacionados com o terrorismo. Em dezembro, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Çavusoglu considerou que a Suécia ainda não tinha “feito meio caminho” para cumprir os compromissos destinados a garantir o apoio de Ancara.
As suas declarações surgiram após um tribunal sueco ter recusado extraditar um jornalista pretendido pela Turquia por alegadas ligações ao fracassado golpe de Estado de 2016. “Estou confiante que a Suécia será um membro da NATO. Não quero avançar com uma data precisa”, disse Stoltenberg. “Até agora, tem sido um processo de adesão raro, pouco usual e rápido. Normalmente, prolonga-se por vários anos”.
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, disse que a Suécia cumpriu os seus compromissos e que a decisão “pertence à Turquia”. “Tivemos um processo muito positivo juntamente com a Finlândia e a Turquia e estamos a fazer exatamente o que dissemos, e que a Turquia está agora a confirmar”, disse Kristersson no domingo, no primeiro dia da conferência Povo e Defesa em Salen, uma estância de esqui no centro da Suécia. A iniciativa contou com a presença de Stoltenberg e de peritos suecos em segurança e política externa.
“A legislação que proíbe a atividade de organizações terroristas está a ser aplicada, e a Turquia já designou os indivíduos que pretende extraditar. É também sabido que a Suécia possui legislação que é clara nesse aspeto, e a decisão cabe aos tribunais. Também não extraditamos cidadãos suecos para qualquer outro país”.
A Turquia não reagiu no imediato às declarações de Stoltenberg e Kristersson. Os parlamentos de 28 países da NATO já ratificaram a adesão da Suécia e Finlândia. A Turquia e a Finlândia são os únicos Estados-membros que ainda não forneceram a aprovação.
De acordo com um memorando, os dois países concordaram em atender às preocupações da Turquia, incluindo o pedido para a deportação e extradição de militantes curdos e pessoas com ligações à rede do clérigo muçulmano Fethullah Gulen, que vive nos Estados Unidos desde 1999. O Governo turco acusa Gulen de ser o mentor da tentativa de golpe em 2016, uma alegação que tem negado.
No entanto, um tribunal sueco recusou extraditar o jornalista Bulent Kenes, que a Turquia acusa de estar envolvido na conspiração. Kenes, que recebeu asilo da Suécia, era chefe de redação do diário Today’s Zaman em língua inglesa, que era propriedade da rede de Gulen e foi encerrado no decurso da repressão de Ancara contra o grupo.
Esta segunda, o Governo sueco disse estar a planear o regresso do serviço militar obrigatório e pediu a uma agência governamental que inicie a formação de pessoas que serão chamadas para serviços de emergência municipal no caso de um conflito militar.
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