Indústria do alumínio adverte que falta de mão de obra é um problema grave
“Estou a falar da falta de pessoas qualificadas, desde as linhas de produção à parte administrativa e de gestão”, diz Rui Abreu, presidente da Associação Portuguesa do Alumínio (APAL).
A Associação Portuguesa do Alumínio (APAL) adverte que a falta de mão de obra qualificada é um “grave problema e um desafio” para a indústria de alumínio em Portugal, realçando que o universo dos associados emprega aproximadamente 4.000 trabalhadores.
“As empresas associadas da APAL [53] empregam entre 3.600 a 4.000 pessoas”, mas há que ter em conta todo o “universo de centenas de pessoas” empregadas em micro e pequenas e médias empresas que têm “um peso muito importante” na área da construção, serralharias e dos pequenos armazéns e que “estão pulverizadas” por todo o país, disse o presidente da APAL, Rui Abreu, à agência Lusa, lembrando que o setor enfrenta um “grave problema” de falta de mão de obra qualificada.
A falta de mão-de-obra especializada “é algo com que todas as empresas lutam”, pois é “difícil encontrar pessoas”, realçou ainda o líder empresarial, especificando: “Estou a falar da falta de pessoas qualificadas, desde as linhas de produção à parte administrativa e de gestão”. “A falta de pessoas especializadas nas linhas de produção impacta diretamente na produção – e apesar de a sua escassez ser transversal a toda a Europa –, o que dantes era uma facilidade, é agora muito difícil”, acrescentou.
As empresas associadas da APAL, fundada em 1982, são representativas do universo da indústria do alumínio, pois além de terem produtores de alumínio integram também “todas ou a grande maioria” das empresas que dão apoio à produção de alumínio, desde os produtos químicos de tratamento de superfícies de alumínio até às tintas que servem para pintar os perfis deste material, pelo que a representatividade é “muito abrangente”.
A APAL abrange 90% das empresas de extrusão em Portugal, sendo que as exportações deste setor têm um peso de 40% e deste 99% têm como mercados de destino a Europa. “A proximidade ao transporte, num setor em que o custo de transporte tem muita influência, leva a que, ao nível da extrusão, os mercados europeus sejam importantes. Assim, a Espanha, França, Alemanha e o Benelux são os principais destinos das exportações portuguesas”, salientou o líder empresarial.
Quanto ao volume de negócios face ao peso no Produto Interno Bruto (PIB), tem vindo a aumentar rondando 1% do PIB, e com a faturação a atingir 1.000 milhões de euros no conjunto das empresas associadas da APAL (53) e de outras tantas empresas não associadas (50) que têm alguma dimensão. O líder associativo refere que este é um indicador que não é fácil de obter, pois há um número muito grande de micro e pequenas empresas que têm um tecido empresarial muito atomizado.
Para Rui Abreu, a indústria portuguesa de alumínio tem “evoluído e é mais versátil”, estando a “mover-se cada vez mais”, da construção para a indústria. “A diversificação do setor em relação à aplicação do alumínio tem sido muito grande e transversal a toda a indústria. Sem a construção e armazenistas representa 52%. Todo o resto é indústria, nomeadamente, engenharia eletrónica e equipamentos de escritório, o que é muito”, frisou à Lusa o responsável.
Estes últimos anos foram um desafio para esta indústria. A perspetiva a nível internacional aponta para um forte aumento do consumo de alumínio nos próximos anos. O estudo “Mission 2050” elaborado pela Associação Europeia de Alumínio aponta para que o consumo de alumínio aumente em vários setores até 2050, sendo que o crescimento na indústria automóvel é de 55%, na construção (8%) e na embalagem (25%).
Um aspeto que a APAL valoriza é a reciclagem, um “ponto-chave” que contribui igualmente para o aumento da procura, já que o volume de alumínio passou de nove milhões de toneladas para 13 milhões, segundo os últimos dados disponíveis, além de ser imperioso atingir a neutralidade carbónica. Já há setores como o automóvel, em que a reciclagem e recuperação é 90% e nas embalagens é de 75%, salienta o líder associativo.
Para Rui Abreu, as empresas portuguesas “têm de acompanhar essa procura, pelo que as exportações vão aumentar nos próximos anos para os mercados maduros e com poder de compra na Europa”. A grande vantagem do alumínio é a sua “capacidade para ser reciclado”, mantendo as suas “características infinitamente”, esclareceu.
As necessidades que vão existir num futuro próximo e a mais longo prazo, diz, são “muito grandes. Daí que o responsável considere ser necessário saber aproveitar “esta onda”. No caso da APAL, “queremos estar presentes, ter uma voz e afirmar-nos como ‘intermediário’ no setor indústria”, conclui.
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