Portugal entre os países com menor subida dos preços da luz no segundo semestre de 2022
Apesar de os preços da energia terem batido recordes no segundo semestre de 2022, o preço do gás e da luz subiu apenas 2,4% em Portugal. Só Malta e Países Baixos tiveram uma evolução inferior.
Os preços da eletricidade e do gás bateram recordes na União Europeia no segundo semestre de 2022. De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat, quando o preço da eletricidade saltou de 23,5 euros por 100 killowatt/hora (kWh) no segundo semestre de 2021 para 28,4 euros por 100 kWh nos últimos seis meses do ano passado, os preços médios do gás no bloco europeu passaram de 7,8 euros por 100 kWh para 11,4 euros por 100 kWh, no mesmo período.
“Estes preços são os mais elevados de que há registo no Eurostat“, lê-se no boletim divulgado pelo gabinete de estatística europeu. Entre países, os aumentos foram generalizados.
Em Portugal, segundo o Eurostat, os preços do gás dispararam 65% no segundo semestre do ano passado, face ao segundo semestre de 2021. Mesmo assim, é um aumento que está longe das subidas verificadas em países como a Chéquia, que registou um aumento de 231%, da Roménia (165%), da Letónia (157%) e da Lituânia (112%).
Expressos em euros, os preços médios do gás para as famílias no segundo semestre de 2022 foram mais baixos na Hungria (3,5 euros por 100 kWh), na Croácia (4,5 euros) e na Eslováquia (4,9 euros) e mais elevados na Suécia (27,5 euros), na Dinamarca (20,8 euros) e nos Países Baixos (19,3 euros).
Fonte: Eurostat.
No mercado da eletricidade, Portugal figura entre os países da União Europeia com o menor aumento de preços entre o segundo semestre de 2021 e o segundo semestre de 2022: segundo o Eurostat, os preços da eletricidade aumentaram apenas 2,4% entre o segundo semestre de 2021 e o segundo semestre de 2022.
Com uma evolução dos preços inferior a Portugal só Malta e os Países Baixos, que registaram uma correção dos preços da eletricidade de 3,1% e 6,8%, respetivamente. Os maiores aumentos nos preços da eletricidade verificaram-se na Roménia (+112%), na Chéquia (+96,5%) e na Dinamarca (+70,3%)
Expressos em euros, os preços médios da eletricidade doméstica no segundo semestre de 2022 foram mais baixos na Hungria (10,8 euros por 100 kWh), na Bulgária (11,5 euros) e em Malta (12,8 euros). Em sentido oposto surgem os preços na Dinamarca (58,7 euros), na Bélgica (44,9 euros) e na Irlanda (42,0 euros).
Fonte: Eurostat.
Portugal com preços mais baixos que Espanha
Face aos dados do Eurostat, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) divulgou também esta quarta-feira um boletim onde é dado conta que, no segundo semestre de 2022, Portugal teve preços da eletricidade mais baixos que Espanha, que a média da União Europeia e que a Zona Euro, tanto para o segmento doméstico como para o segmento não-doméstico.
Segundo o documento, no segundo semestre de 2022, a eletricidade doméstica portuguesa esteve a 0,2363 euros por kWh — inferior aos 0,3495 euros por kWh em Espanha, 0,2912 euros por kWh na União Europeia e 0,2995 euros por kWh na Zona Euro.
No caso da eletricidade não doméstica, os preços em Portugal estiveram nos 0,1480 euros por kWh ao passo que em Espanha, na União Europeia e na Zona Euro os valores situaram-se entre os 0,2219 euros por kWh e 0,2455 euros por kWh.
No caso do gás, a ERSE revela que o preço médio de gás natural em Portugal apresentou um valor inferior ao de Espanha. No entanto, situou-se acima da média da União Europeia e da Zona Euro, em ambos os segmentos doméstico e não doméstico.
O boletim informa que no segmento doméstico português, os preços do gás em Portugal situaram-se nos 0,1510 euros por kWh contra os 0,1803 euros por kWh no país vizinho, enquanto na UE e na Zona Euro os preços estiveram abaixo dos 0,1460 euros por kWh.
Guerra na Europa provoca subida dos preços
O principal motivo para a subida generalizada dos preços do gás e da eletricidade prende-se com a crise energética que deflagrou no bloco europeu como resultado da guerra na Ucrânia.
Depois de um aumento significativo nos preços, os valores começaram a mostrar sinais de abrandamento nos últimos meses do ano, “em parte devido às políticas e intervenções dos governos da União Europeia“, explica o Eurostat.
Com o propósito de estabilizar os preços, os 27 Estados-membros adotaram várias medidas, entre elas a redução de impostos, isenções fiscais temporárias para os consumidores, limites máximos de preços ou a aposta nos preços regulados.
Como resultado destas medidas, a percentagem de impostos na fatura da eletricidade caiu acentuadamente de 36% para 16% (-18,3 pontos percentuais) e na fatura do gás de 27% para 14% (-15,8 pontos percentuais). “Estas medidas governamentais, embora reduzam os preços da energia para o consumidor final, sobrecarregaram as contas públicas“, alerta a instituição.
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