Fed volta a subir taxa em 25 pontos base. Juros dos EUA já estão acima de 5%
A Reserva Federal norte-americana anunciou a 10.º subida consecutiva da taxa de juro, colocando a Fed Funds no intervalo 5%-5,25%. É o valor mais elevado desde setembro de 2007.
A Reserva Federal norte-americana (Fed) não surpreendeu o mercado. Esta quarta-feira, Jerome Powell, presidente da Fed, anunciou a 11.ª subida consecutiva da taxa de juro com mais um aumento de 25 pontos base. Com esta decisão, que resulta num agravamento acumulado de 525 pontos base no espaço de 14 meses, o banco central dos EUA coloca as Feds Funds no intervalo 5%-5,25%.
“É provável que as condições de crédito mais restritivas para as famílias e as empresas afetem a atividade económica, o mercado de trabalho e a inflação”, refere a Fed em comunicado, dando nota que “a extensão desses efeitos permanece incerta” e que o “Comité [de Política Monetária] continua muito atento aos riscos de inflação.”
No entanto, Powell deu também sinais de que a Fed prepara-se para fazer uma pausa no ciclo de subidas das taxas e afastou um cenário de recessão da economia dos EUA, apontando agora para um “crescimento modesto” da maior economia do mundo. “Em princípio, não teremos de aumentar tanto as taxas”, anunciou o presidente da Fed em conferência de imprensa.
Fonte: Refinitiv.
Pela primeira vez, a Fed adotou uma linguagem que abre uma porta para fazer uma pausa no ciclo de subidas das taxas. No entanto, durante a conferência de imprensa com os jornalistas, Powell sublinhou que “a decisão de uma pausa não foi tomada hoje.”
Além disso, a Fed referiu ainda que continuará a reduzir o seu balanço em obrigações do Tesouro norte-americano (Treasuries) e restantes títulos de dívida, como já tinha sido anunciado, reforçando que está “fortemente empenhada em fazer regressa a inflação ao seu objetivo de 2%”.
“A persistência de pressões inflacionistas subjacentes e a rigidez do mercado de trabalho, cuja normalização gradual é ainda muito incipiente, tornam aconselhável seguir com as subidas de taxas, apesar das turbulências financeiras iniciadas”, refere o BPI numa nota enviada aos clientes do banco a 27 de abril, em que dava nota da sua previsão para uma subida de 25 pontos base por parte da Fed.
Powell notou ainda que “as taxas reais são de cerca de 2%, o que é significativamente mais elevado do que a taxa neutra”, e que apesar da Fed ter previsto uma “recessão ligeira, a minha expectativa aponta antes para um crescimento mais modesto e não para uma recessão.”
Fed não antecipa mais negócios envolvendo bancos
A decisão anunciada esta quarta-feira pela Fed vem no seguimento de um sell-off sobre as ações dos bancos regionais norte-americanos, com os investidores a mostrarem-se nervosos após o colapso do Silicon Valley Bank em março; e com a inflação a manter-se ainda longe da meta dos 2%.
Todavia, Powell revela que “o sistema bancário dos EUA é sólido e resistente” e que não tem “planos para uma consolidação bancária adicional”, sublinhando ainda que “os fluxos de depósitos dos grandes bancos finalmente estabilizaram.”
No seguimento da sua intervenção em conferência de imprensa, o presidente da Fed sublinha que “é uma boa política não querer que os maiores bancos façam grandes aquisições, mas a aquisição do First Republic Bank é uma exceção que segue a lei da proposta de menos custo”.
Quanto à evolução da inflação, Powell acredita que os salários sejam o principal fator pela subida dos preços, notando que apesar de “não haver garantias, é possível que o mercado de trabalho continue a arrefecer sem um aumento significativo do desemprego.”
Além disso, o presidente da Fed antecipa que “os preços dos produtos e as margens das empresas diminuam à medida que as cadeias de abastecimento forem voltando ao normal.”
A decisão de subir as Fed Funds em 25 pontos base foi tomada de forma unânime por parte de todos os Governadores da Fed, refere o comunicado do Comité de Política Monetária da Fed.
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