Gentiloni considera que há margem para aumentar mais os salários em Portugal
Comissário europeu recusou comentar a instabilidade política em Portugal, mas num à parte humorístico recordou que sabe bem o que é instabilidade política tendo em conta os cargo políticos que ocupou.
O comissário europeu dos Assuntos Económicos considera que há margem para aumentar mais os salários em Portugal, tendo em conta que ainda não foram recuperados os níveis de poder de compra perdidos com a elevada taxa de inflação.
“Em alguns setores a procura foi muito forte e, por isso, houve um nível extraordinário de lucros, o que pode permitir que o setor privado e os sindicatos encontrem margem de manobra para aumentar o poder de compra” dos trabalhadores e “sem que esse aumento de poder se compra implique um aumento de inflação”, disse Paolo Gentiloni numa conferência de imprensa esta sexta-feira, em Lisboa.
O responsável, que esteve de passagem em Lisboa para discutir as novas regras europeias do pacto de estabilidade e crescimento, fez questão de sublinhar que as previsões de inflação da Comissão Europeia, atualizadas nas previsões da Primavera, “não diferem” muito das previsões do próprio Governo português ou do banco central, “andam todas em torno dos 5%”, sublinhou, justificando assim não estar preocupado com os efeitos de segunda ordem dos aumentos salariais em Portugal.
“O poder de compra em Portugal ainda é fraco, mas a inflação vai descer”, sublinhou, alertando que não se devem fazer avaliações apenas com base nos primeiros meses do ano.
O comissário europeu recusou comentar a instabilidade política em Portugal, mas num à parte humorístico recordou que sabe bem o que é instabilidade política tendo em conta os cargo políticos que ocupou em Itália, um país conhecido pelas sucessivas crise políticas. “Sou um perito em instabilidade política, digo não enquanto Comissão Europeia mas é uma piada face aos meus trabalhos anteriores”, disse.
Gentiloni elogiou o caminho que Portugal está a percorrer em termos de consolidação das contas públicas, uma consolidação feita ainda com crescimento, “mais o dobro da média europeia”.
A Comissão Europeia defende que os países devem ir abandonando as medidas mais amplas de apoio e Gentiloni sublinhou que “encoraja o Governo português a gradualmente fazer o phasing out das medidas, sobretudo as que não são direcionadas” para as camadas mais carenciadas da população. As previsões da Primavera já contemplam as medidas, como o apoio aos combustíveis ou até mesmo o IVA zero, medidas que pesavam 2% do PIB em 2022, 0,8% em 2023 e que a Comissão assume que serão gradualmente eliminadas em 2024.
Gentiloni rejeita a ideia de que as novas regras orçamentais possam prejudicar os países mais endividados do sul, que até têm registado um crescimento superior aos do Norte — mais dependentes da indústria para crescerem, logo mais afetados pelos impactos da guerra, os preços da energia e as perturbações nas cadeias de fornecedores — também devido às respostas comuns da União Europeia, seja ao nível da energia, da bazuca e agora também das regras orçamentais.
Queremos um enquadramento mais realista, mais diferenciado entre Estados-membros e que contém incentivos ao investimento disse Gentiloni referindo que as críticas que foram dirigidas à proposta da Comissão “de ambos os lados e de diferentes ângulos” são um sinal de que é “equilibrada”.
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