Banca volta ao mercado de malparado após semestre parado
Santander Totta, BPI, BCP e Novobanco têm em curso várias operações de alienação de créditos problemáticos, depois de um primeiro semestre muito pouco movimentado.
O mercado de malparado travou a fundo no primeiro semestre, mas os bancos estão agora a regressar: Santander Totta, BPI, BCP e Novobanco contam com várias operações em curso para limpeza dos balanços, na ordem dos 400 milhões de euros, e num contexto em que a subida das taxas de juro poderá trazer um aumento do incumprimento das famílias e empresas.
Segundo informações recolhidas pelo ECO, o Santander Totta tem três carteiras à venda — a Pool 58, 59 e 60 — com um valor global de cerca de 130 milhões de euros. São portefólios que incluem créditos hipotecários secured (com garantias) e unsecured (sem garantias). Estão três investidores na corrida, sendo que a fase de apresentação de ofertas vinculativas termina esta sexta-feira, dia 9.
Fonte oficial do banco liderado por Pedro Castro e Almeida confirma as três operações, considerando que são processos “habituais no âmbito da gestão de carteira de NPE [ativos não produtivos]”. Acrescentou ainda que registou “uma boa adesão” de investidores na fase das ofertas não vinculativas, “como vem sendo habitual sempre que colocamos carteira no mercado”.
Quanto à carteira Citrus do BPI, esta tem um valor próximo e também inclui um mix de empréstimos problemáticos com e sem garantias. O processo conta com uma short list de quatro finalistas, que terão de avançar com propostas firmes até 6 de julho.
Fontes do mercado revelaram ainda ao ECO que o BCP colocou no mercado uma carteira com single names (grandes devedores), mas sem adiantarem grandes detalhes sobre esta operação.
Nem o BPI nem o BCP responderam às questões colocadas pelo ECO.
No caso do Novobanco, como o ECO já revelou, está à venda a dívida de 100 milhões de euros da Heliportugal, uma exposição que já esteve para ser alienada na carteira Harvey, processo que foi travado na última hora pelo Fundo de Resolução. O banco liderado por Mark Bourke está agora a vender os single names da carteira Harvey de forma individualizada, em vez de ser em pacote.
Ano aquém das expectativas
Depois das vendas de 1,7 mil milhões de euros em 2022, uma queda de 45% em relação ao ano anterior, de acordo com os dados da Prime Yield, o mercado de malparado português poderá registar um novo afundanço em 2023 — a Caixa foi das poucas instituições ativas na primeira metade do ano. Os processos de venda agora em curso ascendem nem a 400 milhões e os operadores do mercado ouvidos pelo ECO falam num ano aquém das expectativas.
Nos últimos anos, os bancos portugueses empreenderam um verdadeiro esforço na limpeza dos seus balanços. Há cinco anos, o sistema ainda se defrontava com 31,8 mil milhões de euros em NPL, correspondendo a 13,6% do total do crédito. O rácio caiu para 3% no final do ano passado, abaixo do “número mágico” de 5%, num total de 6,5 mil milhões de euros.
Com o aumento da incerteza associada à subida da inflação e das taxas de juro, têm sido vários os alertas das entidades oficiais, nomeadamente dos reguladores, para monitorizarem a evolução da qualidade de crédito.
O medo de um novo aumento significativo do malparado fez soar os alarmes junto das autoridades, mas os bancos, na sua generalidade, asseguram que ainda não têm sinais de perigo. Em todo o caso, o trabalho de casa na melhoria da qualidade do balanço continua.
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