Empresas avançam com trabalho remoto durante Jornada Mundial da Juventude em Lisboa
Empresas respondem com a adopção de teletrabalho às preocupações de acesso à cidade durante o evento, período em que são esperadas 1,5 milhões de pessoas.
O grupo segurador Ageas Portugal, o banco BPI e a operadora Vodafone vão avançar com o trabalho remoto nos escritórios de Lisboa durante a semana da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), período em que são esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas e maiores dificuldades no acesso ao local de trabalho. E outras mais poderão tomar a mesma decisão. Empresas ouvidas pelo Trabalho by ECO admitem que essa é uma opção em cima da mesa e outras estão a facilitar a participação dos trabalhadores no evento através de políticas de flexibilidade e de voluntariado. A Câmara de Lisboa já recomendou teletrabalho de 31 de julho a 3 de agosto.
“O Grupo Ageas Portugal decidiu adotar o trabalho remoto como prioridade para as suas equipas e colaboradores de Lisboa, entre 31 de julho a 4 de agosto“, adianta Eduardo Caria, responsável de pessoas e organização do Grupo Ageas Portugal, em declarações ao Trabalho by ECO.
A seguradora tem a sede em Lisboa no Parque das Nações, zona da cidade que vai acolher um dos momentos do evento. A medida vai, assim, abranger “todos os colaboradores, estagiários, trabalhadores temporários e trabalhadores externos, de todas as empresas do Grupo Ageas Portugal, que trabalham no edifício Ageas Tejo, em Lisboa”, esclarece ainda o gestor. As exceções serão “pontuais” e apenas para “serviços-chave que exijam presença física”.
No setor da banca, o BPI deu o passo na mesma direção. “O banco irá flexibilizar o atual modelo de teletrabalho, permitindo aos colaboradores das zonas afetadas pelos constrangimentos de deslocações trabalharem mais dias a partir de casa podendo, nas situações em que se justifique, chegar aos 100%“, avança fonte oficial.
“A organização dos dias de teletrabalho ficará a cargo de cada direção, garantindo sempre a qualidade de serviço aos nossos clientes”, acrescenta.
O banco — que opera num modelo de trabalho híbrido, que permite aos colaboradores trabalhar a partir de casa até seis dias por mês, no caso dos serviços centrais, e até quatro dias por mês, no caso da rede comercial — justifica a decisão com a “afluência muito significativa de pessoas, que dificultará o acesso ao local de trabalho por parte dos nossos colaboradores que trabalham na cidade”.
O banco irá flexibilizar o atual modelo de teletrabalho, permitindo aos colaboradores das zonas afetadas pelos constrangimentos de deslocações trabalharem mais dias a partir de casa podendo, nas situações em que se justifique, chegar aos 100%. (…) Queremos ser parte ativa nos esforços que a cidade fará para melhor se organizar neste período.
“Ao mesmo tempo, queremos ser parte ativa nos esforços que a cidade fará para melhor se organizar neste período“, reforça a empresa, cujos serviços centrais em Lisboa estão concentrados em dois edifícios, o Monumental e a Casal Ribeiro 59, a escassos minutos uma da outra.
Com a sede na zona Oriente de Lisboa também a Vodafone — que adotou no pós-pandemia um modelo híbrido — está a recomendar o trabalho remoto durante o período das jornadas.
“A Vodafone dispõe de um modelo de trabalho híbrido muito flexível, que prevê a realização de oito a dez dias de trabalho presencial por mês, cuja gestão é dinâmica. Tendo em conta a realização da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa e os constrangimentos daí decorrentes, a Vodafone recomendou aos seus colaboradores do Edifício-Sede que trabalhem a partir de casa no período de 1 a 6 de agosto, salvo nos casos em que a sua presença seja imprescindível (como nas lojas Vodafone, por exemplo)”, adianta fonte oficial da operadora ao Trabalho by ECO.
A Konica Minolta, cujo escritório de Lisboa se situa no Prior Velho, admite que a hipótese de instaurar o teletrabalho a 100% durante este período está em cima da mesa. Apenas “com exceção de colaboradores que prestam serviço a clientes críticos, como hospitais e serviços públicos”, afirma Patrícia Pereira, diretora de recursos humanos.
Atualmente, na empresa japonesa, 77% dos colaboradores nacionais (220 pessoas) têm, habitualmente, um regime híbrido de trabalho que pode variar entre um a quatro dias de teletrabalho semanais dependendo do departamento e função.
Já na Galp, todo o mês de agosto será de trabalho 100% remoto para os colaboradores do escritório. Mas a JMJ não é o motivo principal. “Acresce que durante o período da Jornada Mundial da Juventude, a Galp estará envolvida no processo de mudança para um novo escritório de Alcântara, implicando que a maioria dos colaboradores das Torres de Lisboa estejam em modo 100% remoto durante todo o mês de agosto”, esclarece fonte oficial da companhia.
Mas nem todas as empresas contactadas pelo Trabalho by ECO admitem que procederão a alterações, resultado da Jornada Mundial da Juventude. É o caso da EDP, CTT e NovaBase, onde continuarão a imperar os modelos de trabalho híbrido em vigor. O mesmo acontecerá na EY, embora a consultora admita que a expectativa é uma maior adoção do trabalho remoto.
A Vodafone recomendou aos seus colaboradores do Edifício-Sede que trabalhem a partir de casa no período de 1 a 6 de agosto, salvo nos casos em que a sua presença seja imprescindível.
“O trabalho híbrido é um modelo flexível e que assenta na liderança transformacional e em relações de confiança. Assim, durante as Jornadas Mundiais da Juventude, e porque também é época alta de férias, manteremos essa flexibilidade. A nossa expectativa é que possa vir a existir uma maior adoção do trabalho remoto por parte das nossas pessoas, à semelhança do que já podem fazer à luz do nosso modelo de trabalho híbrido aplicável a todos na EY”, refere a diretora de talento da EY Portugal, Teresa Freitas.
Câmara de Lisboa recomenda teletrabalho
Do lado da Câmara de Lisboa, já foi recomendado teletrabalho de 31 de julho a 3 de agosto. Além disso, segundo um despacho assinado esta segunda-feira pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, a Câmara vai conceder tolerância de ponto aos trabalhadores do município no dia 4 de agosto, para poderem participar na Jornada Mundial da Juventude. O município de Lisboa conta com cerca de 10 mil trabalhadores.
“No período de 31 de julho a 3 de agosto, os trabalhadores que não integrem as equipas operacionais de apoio ao evento e cujas funções o permitam deverão praticar teletrabalho por forma a racionalizar a circulação na cidade de Lisboa”, recomenda o presidente da câmara no despacho, noticiou a Lusa.
Já a tolerância de ponto, a 4 de agosto, tem como objetivo “permitir que os trabalhadores do município se associem às celebrações deste evento de relevância e dimensão única para a nossa cidade”.
De acordo com o despacho, os trabalhadores responsáveis por serviços considerados essenciais e em que a natureza das funções não permite beneficiarem da tolerância de ponto neste dia vão poder usufruir da medida “em data a acordar com o respetivo dirigente”.
Outras alterações para facilitar a vida a quem deseja participar
Há ainda companhias que estão também a optar por medidas que têm como objetivo facilitar a vida dos colaboradores que desejam participar na JMJ. Na Konica Minolta, uma das medidas que será levada a cabo tem como objetivo ajudar os colaboradores que, apesar de não serem de Lisboa, desejam participar no encontro.
“Apesar de ser época tipicamente de férias, vamos permitir que todos colaboradores que queiram participar na JMJ venham trabalhar no nosso escritório de Lisboa (vindos de Coimbra, Porto ou Faro) ou na casa de colegas que se voluntariem para os acolher“, avança Patrícia Pereira, diretora de recursos humanos da empresa.
Apesar de ser época tipicamente de férias, vamos permitir que todos colaboradores que queiram participar na JMJ venham trabalhar no nosso escritório de Lisboa (vindos de Coimbra, Porto ou Faro) ou na casa de colegas que se voluntariem para os acolher.
Além disso, todos os colaboradores poderão participar no programa do evento, beneficiando do programa de flexibilidade laboral da companhia. “Podem compensar as horas dedicadas ao evento noutro dia ou semana“, esclarece.
“A nossa prioridade é manter os serviços aos nossos clientes e, ao mesmo tempo, permitir a todos os colaboradores que queiram participar neste momento histórico para o país, o possam fazer”, conclui a gestora de talento da empresa.
Também a Galp quer incentivar os seus colaboradores a fazerem trabalho voluntário e, para isso, integrou a JMJ na sua plataforma de voluntariado.
“A Galp incentiva os seus colaboradores a fazer trabalho voluntário, atribuindo uma bolsa de 48 horas que pode ser aplicada tanto nas iniciativas da empresa, como nas de instituições sociais selecionadas. Ao integrar a JMJ na sua plataforma de voluntariado, os colaboradores da Galp poderão usar essas horas, ou parte dessa bolsa, como voluntários na JMJ”, adianta fonte oficial da companhia.
A Jornada Mundial da Juventude, considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas. As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, onde se dará o encontro entre o Papa Francisco e os jovens entre os dias 1 e 6 de agosto, a via sacra e a vigília; no Parque Eduardo VII, onde o patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, dará uma missa e fará a abertura oficial da JMJ; e no passeio marítimo de Algés, em Oeiras. Este último evento terá lugar depois de encerrada a JMJ e reunirá o Papa numa oração com os cerca de 30 mil voluntários da JMJ que são esperados.
Confira aqui o programa da JMJ Lisboa 2023.
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