Portugueses são dos que menos entendem na UE como funciona a inflação
Estudo feito para a Comissão Europeia mostra que 55% dos inquiridos em Portugal responderam corretamente a uma pergunta básica sobre inflação, a segunda percentagem mais baixa dos 27 países da União.
No último ano, a palavra inflação entrou vocabulário diário de milhões de cidadãos. Mas saberão realmente como funciona o fenómeno? Um inquérito feito para a Comissão Europeia, o primeiro deste tipo, abona pouco a favor dos portugueses, cujos inquiridos foram os segundos da União Europeia que menos acertaram a uma questão básica acerca desse flagelo, junto com os gregos.
Num Eurobarómetro para avaliar a literacia financeira na região, divulgado esta terça-feira, era exposto o seguinte problema:
"Imagine a seguinte situação: vão-lhe oferecer um presente de 1.000 euros dentro de um ano e, ao longo desse ano, a inflação mantém-se nos 2%.”
De seguida, era perguntado se “dentro de um ano”, com esses 1.000 euros, seria possível comprar mais do que hoje, a mesma quantidade ou menos do que atualmente. Era ainda dada uma quarta hipótese: “Não sei.”
Só pouco mais de metade (55%) dos 1.000 cidadãos portugueses inquiridos respondeu acertadamente – isto é, que dentro de um ano os 1.000 euros terão menos poder de compra do que no dia em que é exposto o problema. Foi a mesma percentagem de respostas certas registada na Grécia e pior só mesmo os cipriotas (48%).
De acordo com o inquérito, 32% dos inquiridos portugueses responderam que seriam capazes de comprar a mesma quantidade ao fim de um ano e 9% disseram mesmo que seria possível comprar mais do que atualmente, num cenário de inflação nos 2%. Houve 5% de respondentes que assumiram não saber a resposta.
Pontuação geral em conhecimento financeiro:
Estes dados comparam também desfavoravelmente com a média europeia, em que 65% dos cidadãos acertaram na resposta.
A inflação significa o aumento generalizado dos preços, o que significa que se a inflação se mantiver nos 2% ao fim de um ano, o que custa hoje 1.000 euros custará 1.020 euros no final desse período. O fenómeno oposto é a deflação, o que indica uma descida generalizada de preços na economia.
Comissão quer aumentar literacia financeira
Mas este inquérito não serviu só para avaliar os conhecimentos europeus em matéria de inflação. O estudo mostra também que 71% dos inquiridos em Portugal conseguiram pontuação média no questionário de literacia financeira, o que significa que acertaram em mais de cinco e menos de nove perguntas no inquérito.
É uma percentagem superior aos 64% de média europeia. No entanto, a percentagem de pontuações baixas (menos de cinco respostas certas) foi pior em Portugal do que na União Europeia, enquanto o peso das pontuações mais altas (entre nove ou dez respostas certas) foi menor do que no conjunto dos 27.
Este primeiro inquérito europeu à literacia financeira é uma chamada de atenção para nós e para os Estados-membros: juntos temos de fazer mais para melhorar os níveis de literacia financeira na União Europeia.
A Comissão Europeia olhou para os dados e viu o copo meio vazio. Percebendo que só 18% dos europeus têm níveis elevados de literacia financeira (contra 11% em Portugal), e notando grandes discrepâncias entre os vários países, admite, num comunicado divulgado esta terça-feira, a “necessidade de a educação financeira ser direcionada a grupos específicos, incluindo mulheres, jovens e pessoas com baixos níveis de educação”.
“Este primeiro inquérito europeu à literacia financeira é uma chamada de atenção para nós e para os Estados-membros: juntos temos de fazer mais para melhorar os níveis de literacia financeira na União Europeia. Dotar as pessoas de confiança e das capacidades para tomarem decisões informadas acerca do seu dinheiro é do interesse de todos”, afirma Mairead McGuiness, a comissária com a pasta da estabilidade financeira.
Curiosamente, os portugueses estão também entre os cidadãos que mais confiam no aconselhamento dado pelos bancos, seguradoras ou consultores financeiros: 46% dos respondentes disseram ter muita confiança ou alguma confiança de que essas recomendações vão ao encontro dos seus interesses.
Resultados da questão sobre confiança nos intermediários financeiros:
Mas aqui a correlação com a literacia financeira é difícil de estabelecer. Este indicador tem os finlandeses na frente (59%), que foram, simultaneamente, dos europeus que demonstraram saber mais sobre finanças.
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