Quase metade das empresas portuguesas atribui prémios de desempenho aos trabalhadores
Em mais de metade das inquiridas pelo INE, a atribuição do prémio deveu-se ao desempenho da empresa, enquanto em 47,8% dos casos a recompensa foi dada mediante o desempenho individual do trabalhador.
Quase metade das empresas atribuiu, no ano passado, prémios de desempenho aos trabalhadores, uma prática que também aumentou nas empresas jovens e de micro dimensão. O incentivo à autonomia dos trabalhadores e a aposta na contratação de quadros especialistas foram as principais práticas de gestão, revela o “Inquérito às Práticas de Gestão” do Instituto Nacional de Estatística, conhecido esta quinta-feira. No ano passado, apenas 38% das pessoas com funções de gestão eram mulheres.
O incentivo à autonomia dos trabalhadores foi a prática de gestão mais referidas pelas empresas inquiridas pelo INE, tendo sido apontada por 45,5% das sociedades que responderam, uma subida de 10,4 p.p. face a 2016. Segue-se a aposta na contratação de quadros especialistas, indicada por 42,1% das sociedades, mais 7,0 p.p. do que em 2016.
Práticas como avaliação de desempenho formal (41,8% vs 33,8% em 2016), programas de formação (40,7% vs 37,9%) ou aposta na contração de recém-licenciados (35,8% vs 31,9%) também ganharam força no ano passado.
Destaque ainda para a disponibilização de programas de incentivo aos trabalhadores, prática levada a cabo por mais de um terço das empresas (31,4%), tendo cerca de um terço apostado na mobilidade interna dos colaboradores. Apesar de numa percentagem bem mais reduzida, 9,5% das empresas passou a disponibilizar programas de incentivo à retenção de jovens talentos, uma subida em relação aos 6,4% registados em 2016.
O inquérito, pela primeira vez, questionou as empresas sobre modelos de flexibilidade do trabalho — talvez fruto da transformação imposta pela pandemia –, com os dados do INE a revelarem que essa prática de gestão foi levada a cabo por 32,9% das empresas.
“Apenas 8,5% das sociedades referiram não ter levado a cabo nenhuma prática de gestão em 2022, percentagem consideravelmente inferior à observada em 2016 (18,5%)”, aponta o INE, com base num inquérito com 3.254 respostas válidas.
Por dimensão da empresas, entre as cinco práticas de gestão de recursos humanos mais escolhidas, “mais de 61% das sociedades de grande dimensão privilegiaram a avaliação de desempenho formal (61,9%), os programas de formação formal (61,7%) e a aposta na contratação de quadros especialistas (61,6%)”, refere o INE. Já “o incentivo à autonomia dos trabalhadores foi a prática de gestão de recursos humanos mais valorizada entre as sociedades de pequena e média dimensão (43,8%) e as micro (42,5%).”
Mais empresas atribuem prémios de desempenho
No ano passado, mais de 40% das empresas tinham processos formais de avaliação de desempenho, e cerca de metade (48,2%) atribuiu prémios de desempenho aos seus trabalhadores, mais 3,3 p.p. do que em 2016.
“Mais de metade das sociedades com pelo menos 20 anos de idade, integradas em grupos económicos e de grande dimensão atribuíram prémios de desempenho (52,9%, 58,6% e 66,9% respetivamente). Ainda assim, destaca-se o crescimento da percentagem de sociedades jovens e de dimensão micro a atribuir prémios de desempenho em 2022: +4,4 p.p. e +6,2 p.p. face a 2016, respetivamente”, destaca o INE.
Em mais de metade das inquiridas (56,5%), a atribuição do prémio deveu-se ao desempenho da empresa, enquanto em 47,8% deveu-se ao desempenho individual do trabalhador.
“Já a atribuição de prémios de desempenho aos trabalhadores sem cargos de gestão baseou-se, para a maioria das sociedades (54,7%), no desempenho individual do trabalhador. O desempenho da equipa de trabalho como critério de atribuição de prémios de desempenho foi referido por menos de 35% das sociedades”, aponta o relatório.
Ao nível de promoção dos quadros, em mais de metade das empresas, as pessoas foram promovidas apenas com base no desempenho e capacidades: 50,4% no caso das pessoas com funções de gestão e 53,3% no caso do pessoal sem cargos de gestão (em 2016 estas percentagens situaram-se abaixo dos 50%).
Face a 2016, a percentagem de sociedades que referiram não ter promovido as pessoas ao serviço em 2022 decresceu consideravelmente: um recuo de 12,7 p.p. no caso das pessoas com funções de gestão e de 10,4 p.p. no caso das pessoas sem cargos de gestão, revela o relatório. Ainda assim, 38,6% de pessoas com funções de gestão e 33,9% das pessoas sem funções de gestão não foram promovidas no ano passado.
Mulheres com menos representatividade na gestão
No ano passado, mais de metade (54%) das empresas eram detidas pelos fundadores ou familiares, um recuo de 2,6 p.p. “Esta percentagem foi superior nas sociedades adultas, com idade entre 6 e 19 anos (58,1%, superior em 2,7 p.p. ao valor de 2016), nas sociedades não inseridas em grupos económicos (73,4%, mais 3,4 p.p. que em 2016), nas sociedades micro (69,4%, +2,1 p.p. face a 2016) e nas sociedades da Agricultura, silvicultura e pesca (69,1%, superior em 3,0 p.p. ao valor de 2016)”, aponta o INE.
Em 2022, mais de um terço (37,8%) do total de pessoas ao serviço com funções de gestão nas sociedades respondentes eram mulheres, valor que representa um recuo de 3,5 p.p em relação a 2016.
“As mulheres com cargos de gestão representavam 9,5% do total de pessoas ao serviço do sexo feminino (-6,2 p.p. face a 2016) e apenas 4,4% do total de pessoas ao serviço nas sociedades respondentes em 2022 (-2,1 p.p. face a 2016). Pese embora a tendência decrescente, a proporção de mulheres com funções de gestão de topo no total de pessoas ao serviço com este tipo de funções foi 29,0% (+2,1 p.p. que em 2016)”.
O destaque do INE revele ainda que, no ano passado, 62,6% das sociedades tinham gestores de topo com grau académico de licenciatura ou superior (+1,6 p.p. face a 2016).
“Nas sociedades seniores (com 20 ou mais anos de idade) esta percentagem foi 66,5% (61,6% em 2016), nas sociedades integradas em grupos económicos atingiu 77,4% (80,8% em 2016) e nas sociedades de grande dimensão 81,9% (82,9% em 2016). Os setores das Outras atividades de serviços e da Energia, água e saneamento destacaram-se com, respetivamente, 79,8% e 76,9% de sociedades com gestores de topo com grau de licenciatura ou superior”, aponta ainda o relatório.
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