Autoeuropa retomou produção, mas só de segunda a quinta-feira
A paragem iniciada em 11 de setembro deveu-se à falta de peças provenientes de uma fábrica da Eslovénia afetada pelas cheias que ocorreram naquele país.
A fábrica de automóveis da Autoeuropa, em Palmela, retomou esta segunda-feira a produção, depois de uma paragem iniciada em 11 de setembro devido à falta de peças provenientes de uma fábrica da Eslovénia afetada pelas cheias que ocorreram naquele país. Mas, para já, os funcionários vão trabalhar apenas de segunda a quinta-feira.
A empresa do grupo Volkswagen anunciou no passado dia 20 setembro que iria retomar a produção no dia 2 de outubro, embora com menos turnos do que é habitual, mas antecipando em mais de um mês o reinício da atividade, que, inicialmente, só estava previsto para dia 12 de novembro.
“O que se sabe é que vamos voltar [ao trabalho] de uma forma gradual”, de segunda a quarta-feira, a três turnos, a que acresce o turno da noite de quinta-feira, disse à Lusa o coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, Rogério Nogueira.
“À data da passada sexta-feira, a informação que havia é que iríamos laborar assim até, sensivelmente, ao fim do mês”, acrescentou o representante dos trabalhadores, lembrando que a retoma de produção, que inicialmente estava prevista para dia 12 de novembro, foi antecipada em cerca de “um mês e meio”.
A Autoeuropa antecipou para esta segunda-feira o reinício da atividade, depois de ter garantido o fornecimento de uma peça fundamental para o T-Roc, único veículo produzido na fábrica de Palmela, no distrito de Setúbal, junto de uma empresa espanhola e outra chinesa, graças ao trabalho desenvolvido pelos departamentos de logística e de compras da marca alemã.
A empresa foi forçada a anunciar uma paragem de produção de nove semanas, de 11 de setembro a 12 de novembro, devido às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia, que foi fortemente afetado pelas cheias que ocorreram naquele país no início do passado mês de agosto.
De acordo com o coordenador da CT da Autoeuropa, todos os trabalhadores, incluindo 100 trabalhadores temporários, vão regressar ao trabalho de imediato, mas vão trabalhar menos turnos do que é habitual, segundo o esquema de produção anunciado, de segunda a quinta-feira.
Nas empresas do Parque Industrial da Autoeuropa, algumas com grande parte da produção dependente da fábrica da Volkswagen, o cenário é um pouco diferente, dado que nem todos os trabalhadores vão regressar de imediato ao trabalho, como refere Daniel Bernardino, coordenadora das Comissões de Trabalhadores de empresas do Parque Industrial da Autoeuropa.
“As empresas do Parque Industrial estão dependentes da produção da Autoeuropa. Vamos regressar gradualmente, mas há trabalhadores que se vão manter em lay-off, porque as equipas vão ser reduzidas. E há trabalhadores que ainda não vão ser chamados porque não são necessários. E, se aqueles que são do quadro não vão regressar todos, infelizmente, os temporários (325 trabalhadores) vão demorar ainda mais tempo a regressar. Vão pagar a ‘fava’, porque só vão regressar mais tarde”, acrescentou.
Apesar das dificuldades verificadas na Autoeuropa, as Comissões de Trabalhadores reconhecem o esforço do grupo Volkswagen na procura de outros fornecedores, o que permitiu assegurar o fornecimento da peça em falta junto de uma empresa de Espanha e outra da China, e antecipar em mês e meio o regresso ao trabalho, face ao que estava previsto.
“Temos de dar os parabéns a quem trabalhou para que isto acontecesse, porque os trabalhadores precisam é de trabalhar – e não de estar em casa – porque a situação está difícil. O contexto em que vivemos está difícil e qualquer perda de rendimento, mesmo que seja através de lay-off, é sempre uma situação muito complicada”, lembrou o representante da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa.
A Autoeuropa é uma empresa com grande impacto na economia portuguesa e que representa 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. A paragem de produção da fábrica de Palmela afetou dezenas de fornecedores portugueses, incluindo várias empresas instaladas no Parque Industrial da Autoeuropa, que, entretanto, já anunciaram o despedimento de 325 trabalhadores com vínculo precário.
A Autoeuropa, devido à paragem de produção, também tinha anunciado o despedimento de 100 trabalhadores temporários, mas garantiu desde o início que os mesmos seriam imediatamente chamados logo que fosse retomada a produção.
(Notícia atualizada pela última vez às 11h10)
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