Eurobic a caminho de resultado histórico em 2023
Incerteza relacionada com as guerras levam administração a assumir prudência até final do ano, mas duplicação dos lucros no primeiro semestre coloca banco a caminho de um resultado histórico em 2023.
Apesar da situação de indefinição na estrutura acionista, que se mantém desde 2020, o Eurobic prepara-se para um ano que pode ser histórico em termos de resultados. O banco praticamente duplicou os lucros no primeiro semestre à boleia da subida das taxas de juro e está a 20% do melhor ano da sua história. Ainda assim, a administração mantém prudência e não quer falar em resultados recorde.
O Eurobic lucrou 48,4 milhões de euros na primeira metade do ano, o que representa um aumento de 95% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com as demonstrações financeiras relativas a junho.
Não há propriamente uma novidade em relação ao que foi o motor dos resultados: o aumento das taxas de juro, como a generalidade do setor. As contas do Eurobic mostram que a margem financeira (que corresponde à diferença entre as receitas com juros e às despesas com juros) disparou 130% nos primeiros seis meses do ano, atingindo os 117,2 milhões de euros.
Com este desempenho, o banco liderado por José Azevedo Pereira está na rota de resultados históricos, apesar de manter um discurso de prudência quando questionado pelo ECO sobre o tema. Fundado em 2008, o antigo Bic teve até agora o melhor ano em 2019, antes de rebentar a polémica do Luanda Leaks, quando o lucro ascendeu a 61,1 milhões de euros. Só no primeiro semestre deste ano o Eurobic já conseguiu 80% desse resultado e tem mais um semestre para cumprir os 20% e muito provavelmente pulverizar o recorde de há quatro anos.
Para os lucros do primeiro semestre a instituição aponta o contributo das “condições gerais de mercado transversais a todo o setor bancário”, isto é, escalada das taxas de juro, mas também da “estratégia de asset-liability management” (gestão dos ativos e passivos) que foi implementada pelo banco.
Sobre os resultados históricos, a resposta é mais redonda: “Atentos os resultados do primeiro semestre e a informação já apurada relativamente ao terceiro trimestre, tudo aponta para que o Eurobic, apesar da postura de negócio marcadamente conservadora que evidencia, tenha condições para manter não só a tendência para a melhoria do seu desempenho operacional e financeiro, como também a propensão para o incremento dos níveis de solidez que tem vindo a patentear nos últimos anos”.
Ano histórico com venda pendente
O Eurobic também não faz comentários sobre o processo de venda. Há três anos que os acionistas tentam vender as suas participações, depois do caso Luanda Leaks ter pressionado a saída da empresária angolana Isabel dos Santos da estrutura acionista do banco português.
Há um acordo em cima da mesa para a venda da instituição financeira aos espanhóis do Abanca. Recentemente, o ECO noticiou que o Novobanco também mostrou interesse na aquisição do Eurobic, o que poderia trazer alguma incerteza quanto ao desfecho deste dossiê. Entretanto, o Jornal Económico adiantou depois que a venda ao banco galego irá mesmo avançar, sendo realizada em dois blocos: um primeiro bloco de 57,5% do capital avança já, incluindo a participação de Fernando Teles; posteriormente concretizar-se-á a venda de um segundo bloco de 42,5% relativo à participação de Isabel dos Santos.
Os valores do negócio com o Abanca não são conhecidos. O Eurobic tem vindo a cimentar a sua situação líquida com os bons resultados, potenciando um encaixe maior para os acionistas. Os capitais próprios do banco português – que serviram de base para determinar o valor da venda na primeira tentativa falhada – melhoraram para 657,4 milhões de euros no final de junho, mais 60,1 milhões do que há um ano e quase mais 100 milhões do que em junho de 2020.
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