Hoteleiros pedem “planos B” até à construção do novo aeroporto de Lisboa para responder ao reforço da procura
Associação da Hotelaria de Portugal espera que a Comissão Técnica Independente apresente alternativas para responder ao reforço da procura turística até à conclusão da nova infraestrutura.
A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) espera que a Comissão Técnica Independente que estuda a solução para o novo aeroporto de Lisboa apresente alternativas para responder ao reforço da procura turística até à conclusão da nova infraestrutura.
Em declarações à Lusa a propósito da apresentação do relatório que a Comissão Técnica Independente (CTI) vai fazer, na terça-feira, que será a base para uma decisão política, mas que deverá ficar para o Governo saído das futuras eleições após a demissão do primeiro-ministro, Bernardo Trindade desvaloriza – dado o histórico do dossiê -, este atraso agora entre o anúncio de António Costa e o ato eleitoral agendado para março.
“Temporalmente, juntar cinco meses a 50 anos não tem grande significado”, começa por dizer o presidente da AHP, sublinhando que “o que é importante é que na decisão, no anúncio, esteja contemplado também o plano B e o Plano C em termos de responder a necessidades de reforço da procura”.
O relatório técnico preliminar feito pela CTI está, então, pronto e é mais um passo num tema com mais de 50 anos, que já foi alvo de vários estudos. “O interesse por Portugal é crescente. As companhias aéreas procuram capacidade para poder colocar os aviões a voar para Portugal (…) e a associação da hotelaria de Portugal e eu próprio temos reiterado este aspeto junto da Comissão Técnica Independente: apresentem também planos ‘Bs’ até à execução final do aeroporto”, considera.
“As obras da Portela [aeroporto de Lisboa], a utilização de outras infraestruturas, tudo isto é fundamental assegurar para que Portugal não se possa dar ao luxo de estar a dispensar procura”, acrescenta ainda.
Face aos acontecimentos inesperados dos últimos anos, desde a pandemia de Covid-19 até a dois conflitos, na Ucrânia e no Médio Oriente, à conjuntura de inflação e juros altos, o presidente da AHP deixa um alerta.
“Nós não sabemos o que vai acontecer nos próximos anos. Este ano de 2023 do ponto de vista da receita é um ano globalmente positivo. Bom, ficamos todos contentes, os agentes [económicos] ficam contentes. Porquê? Porque recuperámos mais rapidamente do que do que prevíamos, ainda que com duas guerras”, lembra.
Um feito que o responsável, que já foi secretário de Estado do Turismo, atribui ao trabalho que Portugal fez “ao longo de anos no sentido da sua visibilidade [enquanto destino turístico], da qualidade de serviços que entrega”. “Hoje estamos satisfeitos e o mundo quando olha para nós olha com confiança e isso é bom. Agora, eu não posso é restringir procura. Não posso é dizer ‘muito bem, o que atingimos (…) e não temos capacidade de crescer face a estes números [de capacidade aeroportuária atual]’. E isso é o que nos preocupa”, explica.
O Governo incumbiu a Comissão Técnica Independente (CTI) de analisar cinco hipóteses para a solução aeroportuária de Lisboa (Portela + Montijo; Montijo + Portela; Alcochete; Portela + Santarém; Santarém), mas previa que pudessem ser acrescentadas outras opções. Após uma primeira fase de receção e análise de outras propostas, foram acrescentadas ao estudo as opções Portela + Alcochete, Portela + Pegões, Rio Frio + Poceirão e Pegões.
A AHP “é uma associação nacional, é uma associação que tem associados e representantes em todo o país e não posso cortar esta dinâmica [de crescimento a que se assiste]. Tenho que no fundo continuar a assegurar no Porto, no Algarve, em Lisboa, no Alentejo, no centro, Regiões autónomas, de facto, crescimento”, afirma o representante.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse no sábado que vai formalizar a demissão do Governo na próxima quinta-feira, dia 07 de dezembro, e apontou a dissolução do parlamento para 15 de janeiro.
“Olhemos para o copo meio cheio. Ou seja, juntemos uma resposta às alternativas que se vão colocar ao país até à conclusão da nova infraestrutura. E foi isso que dissemos à Comissão Técnica Independente. Era isso que eu gostaria de ver” a CTI apresentar, conclui Bernardo Trindade.
Quanto mais tardar, “mais difícil será esconder anemia” da economia
A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) lamenta, por outro lado, que várias situações de “ineficiência” atrasem uma decisão para o novo aeroporto de Lisboa e acredita que quanto mais tardar mais a descoberto ficará a anemia da economia.
“É a constatação de que, sendo o maior custo do processo o custo da não decisão, uma vez mais, a decisão ficou atrasada, primeiro por ineficiência de quem a devia tomar, agora por uma contingência política que impede qualquer pessoa de a tomar”, afirmou o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, à agência Lusa.
Para além de mais este compasso de espera a aguardar por um novo executivo – as eleições legislativas marcadas pelo Presidente da República acontecem em 10 de março -, a associação que representa as agências de viagens teme que uma nova contrariedade possa vir a acontecer.
“Acresce que numa nova situação política, a vontade de continuar com o processo de acordo como ele estava organizado não está assegurada e, portanto, é evidente que é mais uma ineficiência do sistema”, reforçou. E assim sendo – lamenta – globalmente é o país que sai prejudicado.
“Quem está a sair prejudicado é a economia nacional, porque já todos percebemos que o crescimento da economia portuguesa é anémico. Essa anemia está é a ser escondida por um comportamento brutal do turismo e este comportamento brutal do turismo necessita da evolução no aeroporto, necessita de uma solução aeroportuária para Lisboa. Quanto mais tarde ela acontecer, mais difícil será esconder esta anemia e prejudicado é o bem-estar dos portugueses”.
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