Consolidar investiu em 11 empresas. Só 5,8% do programa chegou aos beneficiários finais
Growth tem mais três investimentos em pipeline, a rondar 3,3 milhões de euros. Expectativa é que um possa ser fechado já em janeiro – uma empresa portuguesa de componentes de automóveis.
Mais de um ano depois de ter sido lançado no terreno, são 11 as empresas que integram o Programa Consolidar. Em causa estão 63 milhões de euros investidos em beneficiários finais, mas a execução do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), que foi lançado no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), é de apenas 5,8%.
Este programa arrancou no terreno com a escolha de 14 capitais de risco, em setembro de 2022, mas, entretanto, o leque foi reduzido para 11. Contudo, a meta continua a ser a mesma – injetar 500 milhões de euros em PME e mid caps até 31 de dezembro de 2025.
A mais recente atualização do Consolidar, divulgada a 20 de novembro, da conta de 11 empresas, mas na verdade só nove receberam verbas do FdCR, porque, duas das empresas em que a Growth Partners Capital investiu estão localizadas em Espanha e as regras do programa ditam que “fundos podem concretizar operações de investimento fora do território nacional até ao montante total dos fundos privados”.
“Há uma condição importante a ser observada: cada Fundo de Capital de Risco (FCR) deve investir, em empresas sediadas ou a operar em Portugal, um valor no mínimo igual à quantia investida pelo Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR) nesse mesmo fundo”, explicou ao ECO fonte oficial do Banco Português de Fomento. Embora os investimentos internacionais sejam permitidos, “está contratualmente estabelecido que o Fundo deverá investir em empresas estabelecidas ou a operar em Portugal num montante, pelo menos, igual à dotação realizada pelo FdCR no FCR”, acrescentou a mesma fonte.
A Growth investiu 7,73 milhões de euros na Sistemas Kern e 7,49 milhões na ID Energy, ambas empresas espanholas, que não receberam qualquer verba do FdCR. Miguel Herédia explicou ao ECO a opção, com o facto de o fundo ser “assumidamente ibérico” e a sua “estratégia passar por investir em empresas em Portugal e Espanha”. “Uma estratégia definida antes mesmo de a Growth saber se seria ou não escolhida para integrar o Programa Consolidar”, garantiu.
“Integrar o Consolidar facilitou o levantamento de 35 milhões de capital privado”, explicou ainda Miguel Herédia, precisando que a maior parte foi mesmo “levantado em Espanha”. No entanto, o responsável reconhece que investir em empresas espanholas não ajuda à execução do FdCR e que, por isso, não puderam ter um reforço do capital público no verão.
Os fundos de investimento constituídos para a capitalização de empresas obedeciam a uma regra: no máximo, 70% das verbas eram garantidas pelo Fundo de Capitalização e Resiliência e, no mínimo, 30% de investimento privado.
O responsável avançou que tem mais três investimentos em pipeline, a rondar os 15 milhões de euros. A expectativa é de um deles possa ser fechado já em janeiro. Em causa está uma empresa portuguesa de componentes de automóvel, revelou.
Apesar de ser a capital de risco com maior número de investimentos (4), estes somam 21,63 milhões de euros, ficando assim atrás dos três investimentos da Crest Capital Partners que ascendem a 26,06 milhões. As restantes capitais de risco investiram apenas numa empresa, sendo que dois desses investimentos já ocorreram neste último trimestre do ano e ambos na área da saúde.
A Core Capital investiu sete milhões (dos quais 4,79 são do FdCR) na PSHC- Gest e, segundo o Jornal de Negócios (acesso pago), entrou na produtora de paletes de madeira Palsystems (60%), num investimento que deverá rondar os 7,8 milhões de euros. Já a Horizon Equity Partners investiu três milhões (2,1 milhões do FdCR) na Dilectus – Residências Assistidas, uma empresa do Funchal.
A ActiveCap, Oxy Capital, 3XP Global, Inter-Risco e Hcapital ainda não têm qualquer investimento divulgado, apesar de as duas últimas terem avançado ao ECO, em setembro, que contavam fechar as primeiras operações ainda nesse mês.
Recorde-se que as capitais de risco têm de ter os investimentos concluídos até ao final de 2025, caso contrário, o montante de FdCR recebido terá de ser devolvido. Inclusivamente, se já tiver sido adiantado dinheiro, que não foi investido, esse tem de ser devolvido, conforme estabelecido no PRR. Razão pela qual, desde início, as capitais de risco criticaram a demora na seleção das candidaturas. As regras determinam ainda que depois de 2025, nos cinco anos seguintes, os fundos terão de ir retirando as posições que constituíram nas empresas.
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