“Receio muito que a desconfiança sistemática” na política “se vire contra nós”, diz Leonor Beleza

  • ECO
  • 12 Março 2023

Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud, diz que o país já não é imune ao crescimento dos extremismos. "Precisamos de reconstruir a nossa confiança nos nossos sistemas", apela.

A presidente da Fundação Champalimaud está preocupada com o crescimento dos extremismos em Portugal e teme que a “desconfiança sistemática” em relação à política se vire contra o país. “Não me conformo com a ideia de que a gente possa acabar por só ter na política aqueles que não se importam nada que lhes chamem coisas”, diz Leonor Beleza em entrevista ao Jornal de Notícias e à TSF.

“Partilho da preocupação de muitos em torno de forças políticas que têm uma visão das coisas muitíssimo diferente daquela que eu própria tenho e que ameaçam a sociedade que foi construída, nomeadamente na sequência do 25 de Abril, e que é uma sociedade de tolerância, de liberdade, de discussão dos assuntos. Talvez tenhamos pensado durante algum tempo que em Portugal éramos mais imunes a isso. Mas já não somos. Precisamos de reconstruir a nossa confiança nos nossos sistemas”, afirma a antiga ministra da Saúde.

Receio muito que este ambiente muito crispado, de desconfiança sistemática em relação a quem está na atividade política, se vire contra nós todos e a certa altura as pessoas não queiram simplesmente assumir riscos, porque a vida deles e a das suas famílias é excessivamente atingida de maneira negativa”, refere na entrevista. Defendendo que é preciso que os jovens “considerem que a atividade política é nobre”, diz que não se conforma “com a ideia de que a gente possa acabar por só ter na política aqueles que não se importam nada que lhes chamem coisas.”

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Há muito trabalho ainda a fazer ao nível da literacia digital, alerta Pedro Siza Vieira

  • Lusa
  • 12 Março 2023

O antigo ministro da Economia e presidente do 32.º Congresso da APDC defende que é preciso alargar a literacia digital à população mais velha.

O presidente do 32.º Congresso da APDC, Pedro Siza Vieira, considera que “há muito trabalho a fazer ao nível da literacia digital” e o presidente da associação, Rogério Carapuça, destaca o caminho a percorrer “em determinadas faixas da população”.

Em entrevista à Lusa, em antecipação do congresso anual que decorre em 09 e 10 de maio, Pedro Siza Vieira destacou que “nos últimos anos houve” uma “transformação muito grande” no número de pessoas em Portugal que passou a usar com regularidade a Internet.

“Os anos da covid, os anos da pandemia foram anos em que os segmentos muito significativos da nossa população passaram, por exemplo, a fazer pagamentos à distância, a fazer compras à distância, compras eletrónicas, onde muitas empresas passaram a ter uma presença digital e a relacionar-se com os seus clientes através desses canais”, exemplifica.

E, portanto, “houve um acelerar muito grande e outra coisa muito curiosa é que parte muito significativa da nossa população, que era muito renitente na utilização das tecnologias digitais, passou a ter que funcionar nesse sentido”, prossegue o ex-ministro da Economia e da Transição Digital.

No entanto, “acho que há muito trabalho ainda a fazer ao nível da literacia digital”, […]”por exemplo, na população mais velha”, afirma. Ou seja, “se queremos (…) oferecer ao mais vasto número de cidadãos possível a possibilidade de operar no relacionamento com empresas ou com a Administração Pública, através de tecnologias digitais, nós vamos ter que familiarizar uma grande parte da nossa população com estes canais digitais”, aponta.

Um dos programas que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) procura é “a tentativa de dar noções básicas de utilização de tecnologia digital como fazer um pagamento bancário, fazer uma comunicação vídeo com familiares a 800 mil pessoas no nosso país, não são propriamente trabalhadores no ativo, mas são pessoas mais velhas, com mais tempo disponível e que, eventualmente, temos que arranjar canais de grande escala para conseguirmos fazer chegar isso”, refere o presidente do congresso, que este ano tem como tema ‘The Great Digital Tech Disruptions’ (as grandes disrupções digitais).

Esse “é um desafio, mas eu estou convencido que os portugueses têm uma boa capacidade de lidar com coisas novas”, remata.

“Eu concordo com o diagnóstico, nós temos de facto um trabalho a fazer, sobretudo em determinadas faixas da nossa população”, acrescenta o presidente da APDC, Rogério Carapuça, na entrevista à Lusa.

“Dou-lhe só um exemplo: quando eu terminei a minha licenciatura cerca de 8% das pessoas chegavam à universidade, 8% dos alunos. E hoje (…) mais de 35% dos nossos alunos chegam à universidade, o que significa que nas faixas mais novas da nossa população temos uma literacia muito superior como nunca tivemos, não só digital, como nas outras áreas”, aponta.

Porque “o digital tem essa característica também, como vai alterando todas as áreas da nossa vida, vai exigindo mais literacia, não só digital propriamente dita, mas literacia em todas as áreas“, acrescenta Rogério Carapuça.

E, se “queremos defender melhor uma sociedade futura das várias ameaças, a única resposta é termos mais literacia para as pessoas e a nossa dificuldade é precisamente em faixas mais idosas da nossa população, quer na população ativa, quer na população que já não está a trabalhar neste momento, mas que obviamente participa na sociedade e essa zona que nós temos que conseguir atingir de uma forma mais forte, com novas competências, quer digitais, quer outras, porque, reforço, o facto de dispormos hoje das tecnologias digitais obrigam-nos a ser mais literados também em todas as outras áreas”, sublinha o presidente da APDC.

“É também um objetivo (…) que é fundamental para o nosso país, além de outros como aumentar naturalmente a capacidade que as empresas têm de aproveitar a tecnologia digital” para melhorar a produtividade, a eficiência, “porque é uma coisa que a nossa economia precisa muito”.

A ‘tokenização’, representação de ativos físicos por digitais, os avanços da inteligência artificial e o potencial de ganhos da Administração Pública com o digital são alguns dos temas em debate na 32.ª edição do congresso da APDC, que vai realizar-se nos dias 09 e 10 de maio.

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GNR detém homem de 20 anos suspeito de burlas através da aplicação MBWay

  • Lusa
  • 12 Março 2023

A detenção foi feita "em flagrante" junto a uma caixa multibanco, quando estava a utilizar de forma suspeita o telemóvel.

Um homem de 20 anos foi detido pela GNR, no concelho de Avis, distrito de Portalegre, por suspeitas da autoria de burlas através da aplicação de pagamentos eletrónicos MBWay, divulgou hoje a força de segurança.

A detenção “em flagrante”, indicou, em comunicado, o Comando Territorial de Portalegre da GNR, foi feita, na passada terça-feira, por militares do Posto Territorial de Avis desta força policial, durante um patrulhamento.

Os militares da Guarda abordaram um cidadão a utilizar de forma suspeita o telemóvel e uma caixa multibanco, já referenciada como local de levantamento de dinheiro resultante de burlas através da aplicação MBWay”, adiantou.

Segundo a GNR, os militares apuraram que o suspeito “estaria a tentar cometer uma burla” através da aplicação MBWay e que, no dia anterior, já tinha “burlado a vítima em 400 euros”, pelo que “o telemóvel do suspeito foi apreendido”.

O homem foi detido, constituído arguido e os factos remetidos ao Tribunal Judicial de Fronteira.

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Crie energética dá lucro recorde de 151 mil milhões a petrolífera saudita

  • Lusa
  • 12 Março 2023

Resultado líquido disparou 47% em 2022, à boleia dos preços elevados da energia. Empresa quer continuar a aumentar produção nos próximos anos.

A gigante petrolífera Saudi Aramco anunciou ter registado lucro recorde de 161.000 milhões de dólares (151.000 milhões de euros) em 2022, obtidos graças à alta dos preços do crude.

No relatório anual, a empresa, conhecida formalmente por Saudi Arabian Oil Co., sublinhou que o lucro é “o maior de sempre”, devendo-se ao aumento dos preços da energia registado na sequência da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, que trouxe sanções e a limitação da venda de petróleo e gás russo nos mercados ocidentais.

No documento, a Aramco disse esperar aumentar a produção para aproveitar a procura do mercado, permitindo financiar os planos do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, para desenvolver paisagens urbanas futuristas para afastar a Arábia Saudita do petróleo.

Os planos surgem apesar das crescentes preocupações internacionais sobre a queima de combustíveis fósseis que aceleram as mudanças climáticas.

Dado que prevemos que o petróleo e o gás continuarão a ser essenciais no futuro próximo, os riscos de subinvestimento no nosso setor são reais — inclusive contribuindo para preços mais altos de energia“, disse o presidente executivo da Saudi Aramco, Amin H. Nasser, num comunicado.

Os lucros aumentaram 46,5% quando comparados aos resultados da empresa em 2021, de 110.000 milhões de dólares (103.200 milhões de euros). A Aramco faturou 49.000 milhões de dólares (46.000 milhões de euros) em 2020, quando o mundo enfrentou o pior do bloqueio da pandemia de covid-19, interrupções de viagens e preços do petróleo temporariamente negativos.

A Aramco colocou a sua produção de petróleo em cerca de 11,5 milhões de barris por dia em 2022 e indicou que espera atingir os 13 milhões de barris por dia até 2027. Para aumentar essa produção, prevê gastar até 55.000 milhões de dólares (51.600 milhões de euros) este ano em projetos de capital.

A Aramco também declarou um dividendo de 19.500 milhões de dólares (18.300 milhões de euros) para o quarto trimestre de 2022, a ser pago no primeiro trimestre deste ano.

O petróleo bruto Brent de referência é agora negociado em torno de 82 dólares (76,94 euros) o barril, embora os preços tenham atingido mais de 120 dólares (112,60 euros) o barril em junho.

A Amnistia Internacional (AI) considerou hoje “escandaloso” o lucro da maior petrolífera do mundo. “É escandaloso que uma empresa obtenha lucro de mais de 151.000 milhões de euros num único ano com a venda de combustíveis fósseis, o principal fator da crise climática”, disse a secretária-geral da AI, Agnès Callamard, num comunicado.

Para Callamard, “mais chocante” é o facto de o lucro ter sido acumulado “durante uma crise global do custo de vida e ajudado pelo aumento dos preços da energia decorrente da guerra iniciada pela Rússia com a invasão da Ucrânia”, em 24 de fevereiro de 2023.

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Roturas de stock de medicamentos genéricos nas farmácias vão continuar, diz Health Cluster Portugal

  • ECO
  • 12 Março 2023

O presidente da Direção do Health Cluster de Portugal, Guy Villax, diz que sem um acordo com o governo, medicamentos genéricos vão continuar a faltar. Preço baixo não compensa produção, alega.

Sem um acordo com o Governo que permita aumentar os preços de venda, os medicamentos genéricos vão continuar a faltar nas farmácias, alerta o presidente da Direção do Health Cluster de Portugal (HCP), em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1.

“Não compensa a erosão dos preços dos medicamentos em Portugal nos últimos 10 anos, nomeadamente os medicamentos mais baratos, nomeadamente os genéricos. E isto é muito grave, porque há, volta não volta, medicamentos que desaparecem do mercado. Porquê? Porque os preços são tão baixos que não há razão de os produzir e vender“, afirma Guy Villax.

O presidente da Direção do HCP afirma que vão continuar, “inevitavelmente”, a existir roturas de stock. Para as resolver é necessária a intervenção do Executivo e “subir preços”. “Houve algum ajustamento feito recentemente, mas não é com ajustamentos pontuais que se resolvem problemas estruturais. Há que ponderar a sério o que o Governo quer que seja o papel do setor da saúde”, alerta.

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Despejos por falta de pagamento de rendas vão ser simplificados

  • ECO
  • 12 Março 2023

Governo pretende que senhorios possam recorrer ao procedimento especial de despejo, mesmo quando não consigam notificar os inquilinos da cessação dos contratos.

O Governo pretende introduzir alterações ao Balcão Nacional de Arrendamento, no âmbito do pacote Mais Habitação. Uma das medidas é a possibilidade de os senhorios recorrerem ao procedimento especial de despejo, mesmo quando não consigam notificar os inquilinos da cessação dos contratos, notícia o Público.

Vão também passar a estar previstos na lei prazos mínimos e máximos para que os inquilinos desocupem as casas quando houver uma decisão de despejo. Atualmente, não há qualquer definição legal para o momento em que os inquilinos devem deixar as casas após a emissão de um título de desocupação, exigindo, por isso, um acordo entre senhorio e inquilino para a definição do prazo.

Segundo o jornal, há também alterações para reforçar a proteção dos inquilinos, como a imposição da intervenção de um tribunal, mesmo quando os inquilinos não se oponham à notificação de despejo, para garantir que a argumentação apresentada pelos senhorios para o despejo é válida. Estas e outras alterações à legislação estarão em consulta pública até 24 de março.

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Nos prepara Festa dos Óscares com os olhos postos no futuro do cinema

Em preparativos para a Festa dos Óscares 2023, a NOS mantém-se confiante no futuro do cinema - bastante abalado pela Covid-19 - e antecipa o crescimento da indústria cinematográfica.

A ‘Festa dos ÓSCARES® Red Carpet’ da Nos realiza-se este domingo pela primeira vez na Praça Central Colombo, em Lisboa, local onde vão marcar presença muitas figuras públicas – entre 1500 convidados – e onde serão exibidos os principais nomeados às estatuetas.

Nesta noite de antecipação à 95.ª cerimónia de entrega dos Academy Awards, os presentes vão poder assistir aos filmes nomeados como Avatar: O Caminho da Água, A Baleia, Babylon, Os Fabelmans, Os Espíritos de Inisherin, Tudo Em Todo O Lado Ao Mesmo Tempo, Elvis ou Tár.

Os Óscares “continuam a ser o barómetro da indústria cinematográfica, um momento importantíssimo para o setor, com forte impacto e mediatismo a nível global, e que mantém o seu lugar especial nas audiências televisivas, como um dos acontecimentos ao vivo mais esperado para a indústria“, diz Susanna Barbato, diretora da Nos Audiovisuais, em antecipação a este dia “muito especial”.

Os Óscares “continuam a ser o barómetro da indústria cinematográfica, um momento importantíssimo para o setor, com forte impacto e mediatismo a nível global, e que mantém o seu lugar especial nas audiências televisivas, como um dos acontecimentos ao vivo mais esperado para a indústria”

Susanna Barbato

Diretora da Nos Audiovisuais

Inspirando-se no filme Babylon, a “Festa dos ÓSCARES® Red Carpet” promete transportar todos os presentes “para o ambiente da louca Hollywood dos anos 20, numa verdadeira homenagem à história do cinema”.

A sessão – feita numa parceria com a Sonae Sierra, à qual se juntam o Canal Hollywood, Canal Casa & Cozinha, a Audi e a Embaixada Britânica, havendo também a emissão em direto na RFM, rádio parceira do evento.

A Nos distribui 14 dos filmes nomeados para a 95ª edição dos prémios da Academia de Cinema dos Estados Unidos, com um total de 56 nomeações em 17 categorias. A cerimónia dos Óscares é apresentada por Jimmy Kimmel, sendo que a transmissão em Portugal é assegurada pela RTP, por volta das 01h00.

Os constrangimentos da pandemia e o futuro do setor

Em 2020 a pandemia trouxe consigo vários constrangimentos aos mais diversos setores e a indústria cinematográfica não foi poupada, sendo que em 2020 os cinemas em Portugal registaram uma quebra histórica de cerca de 75% em receitas de bilheteira e número de espectadores (comparativamente a 2019). Com a reabertura definitiva das salas de cinema em abril de 2021, a afluência “melhorou significativamente”, numa subida de cerca de 50% em receita bruta, em relação ao período homólogo, refere Susanna Barbato, diretora da Nos Audiovisuais ao +M/ECO.

Paulatinamente, o cinema têm-se recomposto e aumentado o número de espectadores e receitas, sendo que 2022 foi para a Nos Audiovisuais a “prova de que o cinema está vivo”, afirma a responsável, mencionando que este foi um ano de “crescimento para a indústria do cinema”, a qual atingiu 55.4 milhões de euros de receita bruta de bilheteira e registou 9.6 milhões de espectadores em sala, num aumento de 81% face a 2021, em receita bruta.

Esta performance é o resultado da apresentação de “grandes títulos” como Avatar: O Caminho da Água (7.9 milhões de euros) – ao dia de hoje o filme com maior receita bruta de sempre – Top Gun: Maverick (4.6 milhões de euros), Black Panther Wankanda para Sempre (2.5 milhões), Thor: Amor e Trovão (2.2 milhões), Doutor Estranho no Multiverso da Lourcura (2.2 milhões), Sorri (900 mil) – a surpresa do ano no género terror – e o filme português Curral de Moinas – Os Banqueiros do Povo (1.8 milhões), naquele que é o filme nacional com maior receita bruta até à data.

A recuperação dos números pré-pandemia passa pela estreia de grandes filmes, aliada a iniciativas diferenciadoras e a uma cobertura nacional ampla.

Nuno Aguiar

diretor da Nos Cinemas

Esta recuperação do setor é precisamente visível através dos números divulgados ao +M/ECO por Nuno Aguiar, diretor da NOS Cinemas, que refere que a Nos “mantém a liderança de mercado exibição cinematográfica”. Depois de registar 9.267.388 de espectadores em 2019, os cinemas da marca receberam nas suas salas nos três anos seguintes 2.308.279 (-75%), 3.450.312 (- 63%) e 6.246.666 espectadores (- 33%), respetivamente.

Embora ainda não tenha atingido os números pré-pandemia a distribuidora “vai continuar a investir na melhor experiência de ida ao cinema e em estar cada vez mais próxima dos espectadores”, refere Nuno Aguiar. A marca acredita “que a recuperação dos números pré-pandemia passa pela estreia de grandes filmes, aliada a iniciativas diferenciadoras e a uma cobertura nacional ampla, por via do número de salas de cinema NOS, que nos permite estar próximos de uma fatia muito alargada da população portuguesa”, diz o responsável. “Este é um eixo no qual temos continuado a apostar, como demonstra o novo complexo recentemente inaugurado em Aveiro“.

Relacionada com os Óscares, a Nos lançou uma campanha em fevereiro onde convida os espectadores a assistir aos filmes nomeados (estreias e reposições), por um preço especial de 5 euros. No verão passado foi também criado um passaporte de verão, no valor de 20 euros, concedendo acesso ilimitado a todos os filmes em exibição nas salas de cinema da NOS durante o mês de agosto. São “iniciativas impulsionadoras, criadas especialmente para que o cinema continue a fazer parte do dia-a-dia dos portugueses”, defende Nuno Aguiar.

A Nos Cinemas tem ainda apostado em conteúdos “diferenciados, em linha com o que os clientes valorizam e procuram”, que passam desde a exibição de séries até a uma programação artística com a transmissão de bailados ou concertos, pelo que “os clientes encontram os mais variados conteúdos atualmente nos Cinemas NOS e vivem uma experiência nova, transformadora e cada vez mais cultural“, explica o responsável, que reforça a importância dos equipamentos e tecnologias que apetrecham as salas da NOS Cinemas, “a única cadeia de exibição no mercado com formatos especiais como Imax, ScreenX, 4DX e NOS XVision“.

Para 2023, as perspetivas são “muito positivas”, afiança também Susanna Barbato, referindo que se estima que o mercado cinematográfico continue a crescer e que possa atingir os 66.6 milhões de euros de receita bruta de bilheteira (+20%/2022 e -20%/2019) e 11.3 milhões de espectadores (+18%/2022 e -27%/2019).

Os dados são bastantes positivos. Estamos muito confiantes e mantemos a nossa aposta numa oferta de conteúdos diferenciadores, com grandes filmes para todos e uma experiência cinematográfica totalmente imersiva e multissensorial que os Cinemas Nos têm à disposição, quer pela inovação tecnológica das salas, quer pelos formatos”, afirma a diretora da Nos Audiovisuais.

Estamos seguros, que rapidamente esses níveis de attendance vão ser recuperados e assim crescer de forma significativa na publicidade nos cinemas, voltando aos números de 2019 em 2025.

Miguel Magalhães

diretor da Nos Publicidade

Entre os “grandes blockbusters, filmes de referência nomeados aos Óscares, filmes de animação para toda a família e filmes premiados”, Nuno Aguiar destaca como principais estreias “SHAZAM! Fúria dos Deuses” (16 março), “Dungeons & Dragons: Honra entre Ladrões” (30 março), “Astérix e Obélix: O Império do Meio” (6 abril), “Guardiões da Galáxia Vol.3” (4 maio), “A Pequena Sereia” (25 maio), “The Boogeyman” (1 junho), “Transformers: O Despertar das Feras” (8 junho), “Indiana Jones and the Dial of Destiny” (29 junho), “Missão Impossível – Ajuste de Contas parte um” (13 julho), “Elemental” (13 julho), “Haunted Mansion” (27 julho), “Tartarugas Ninja: Caos Mutante” (10 agosto), “A Haunting in Venice” (14 setembro), “Os Mercenários 4” (21 setembro) e “The Hunger Games: A Saga Continua” (17 novembro).

Publicidade no cinema

Quanto à publicidade, o cinema captou, via agência de meios, cerca de 1,1 milhões de euros no último ano, com janeiro a começar com um crescimento de 16%, pelos que as perspetivas parecem animadoras para o crescimento da publicidade nos cinemas.

“Esperamos que a curto prazo o cinema volte aos níveis de audiência que tínhamos em 2019. As perspetivas para este ano são bastante animadoras, temos grandes conteúdos que chegarão às salas de cinema até ao final do ano. Estamos seguros, que rapidamente esses níveis de attendance vão ser recuperados e assim crescer de forma significativa na publicidade nos cinemas, voltando aos números de 2019 em 2025″, revela Miguel Magalhães, diretor da NOS Publicidade.

A NOS Publicidade criou recentemente um programa de relação com as marcas, no qual os espaços físicos dos cinemas NOS se transformam num meio no qual as marcas podem marcar presença. Este programa foi apresentado em dezembro de 2022, altura em que foi avançado que as expectativas podiam ir de um crescimento de 10% das receitas da NOS (numa primeira fase) até entre cerca de 25 a 30% (a médio/longo prazo).

No entanto, devido ao estado ainda embrionário deste programa, Miguel Magalhães disse não conseguir adiantar muito, sublinhando no entanto, o exemplo da marca Lego, uma das marcas que participou no Brand Activation Day. “A ação consistiu em dar naming a uma sala no Colombo e outra no NorteShopping, durante 1 mês. As salas foram decoradas pela marca, e esta ação culminou com um evento da Lego, no Colombo com os representantes internacionais e os embaixadores da marca em Portugal, que contou com a presença de figuras públicas, como a Carolina Deslandes, Jorge Gabriel e Mafalda Ribeiro, e onde foi exibido o 1º episódio de uma nova série da Lego”, explicou.

Conheça todos os nomeados para os Óscares 2023, entre os quais se encontra um português.

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Um milhão nas ruas de França contra a reforma das pensões

  • Lusa
  • 11 Março 2023

As autoridades policiais disseram que na capital francesa foram detidas 26 pessoas e que, entre os manifestantes, se encontravam encapuzados.

Cerca de um milhão de pessoas manifestaram-se hoje em França contra a reforma do sistema de pensões do Governo, estimaram os organizadores do protesto, 300 mil das quais em Paris, onde foram detidos pelo menos 26 manifestantes.

As autoridades policiais disseram que na capital francesa foram detidas 26 pessoas e que, entre os manifestantes, se encontravam encapuzados que protagonizaram ataques a diversos estabelecimentos comerciais.

Esta jornada de protesto, a sétima mobilização semanal consecutiva, foi convocada pelos principais sindicatos franceses, liderados pela Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), e contou com a participação do líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, que esteve estado presente na manifestação de Marselha, que juntou cerca de 7.000 pessoas.

“Creio que necessitamos de uma saída democrática para esta situação de impasse”, afirmou o dirigente partidário da esquerda.

Já o secretário-geral da CGT, Philippe Martínez, desafiou, no início da manifestação de Paris, o Presidente Emmanuel Macron a “consultar os franceses” sobre a reforma que propõe para o sistema nacional de pensões.

“A maioria é absoluta na oposição a esta injusta reforma e no apoio à mobilização e às greves”, salientou Martínez, citado pela agência Europa Press.

A Direção Geral da Aviação Civil (DGAC) pediu hoje às companhias aéreas que cancelem 20% dos seus voos previstos para este fim de semana em vários aeroportos, incluindo París-Orly, devido à greve dos controladores aéreos.

Na quinta-feira, o Senado francês, com a maioria de direita, votou o adiamento da idade mínima de reforma de 62 para 64 anos, o principal ponto da alteração proposta pelo Governo para o sistema de pensões.

A votação aconteceu no final de uma maratona parlamentar de 15 horas de discussão sobre aquele artigo, tendo a esquerda apresentado centenas de emendas para impedir o debate e a direita recorrido a um dispositivo excecional para as ultrapassar.

Além do processo parlamentar, que pode terminar na próxima semana, o grande obstáculo para Macron têm sido os protestos na rua, organizados por todos os sindicatos, reunidos numa união considerada sem precedentes em França.

O Governo justificou o aumento da idade de reforma para responder à degradação financeira dos fundos de pensões e ao envelhecimento da população.

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O que levou ao maior colapso de um banco americano desde a crise de 2008

  • ECO
  • 11 Março 2023

Corrida aos depósitos levou ao colapso do Silicon Valley Bank. Revisão em baixa da classificação da dívida pela Moody's precipitou acontecimentos.

A meio da semana passada, o SVB Financial Group recebeu uma chamada da Moody’s Investors Service a dar conta de que a agência se preparava para baixar a classificação da dívida do banco, relata a Reuters. Foi o início do processo que levaria ao maior colapso de um banco deste a crise financeira de 2008.

A subida dos juros promovida pela Reserva Federal está a provocar uma queda no preço das obrigações, que se movimentam em sentido contrário às taxas. Uma tendência que se ampliou na terça-feira, quando o presidente do banco central veio admitir a possibilidade de voltar a acelerar a subida dos juros para travar a inflação. Depois das declarações, a taxa dos títulos do Tesouro americano a dois anos superaram os 5% pela primeira vez desde 2007.

A queda do valor das obrigações, onde o SVB tinha parte da sua tesouraria, levou a Moody’s a ligar aos executivos do banco. A agência de rating ia avançar com a revisão em baixa do rating. Preocupados que a decisão da agência abalasse a confiança dos investidores e dos clientes, contactaram o Goldman Sachs para encontrar uma saída, relata a Reuters.

O plano desenhado passava por vender obrigações com rentabilidades baixas, trocando-os por outros com juros mais elevados. Só que a venda de 21 mil milhões de dólares em ativos gerava uma perda de 1,8 mil milhões, que tinha de ser coberta com um aumento de capital. Para isso, o SVB avançaria com a venda de 2,25 mil milhões de dólares em novas ações, dos quais 500 milhões seriam comprados pela capital de risco General Atlantic.

Na quarta-feira, a venda da carteira de obrigações avançou e a Moody’s baixou a classificação do banco em um nível. Idealmente o aumento de capital seria concluído antes da reabertura do mercado na quinta-feira, mas o tempo para montar a operação era demasiado curto. O valor das ações afundou 60% nesse dia.

Em vez de sossegar os investidores e clientes, o plano assustou-os. Começaram a surgir notícias de que os fundos de capital de risco (venture capital) estavam a pedir às startups que levantassem o dinheiro que tinham no SVB, receando o encerramento do banco. A CNBC relata que gestoras como a norte-americana Pear VC ou a inglesa Hoxton Ventures endereçaram o apelo às empresas na sua carteira de investimentos, juntando-se a grandes players do setor como o Union Square Ventures e o Founders Fund. O que mostra a importância que a instituição financeira, criada no início da década de 80, tinha no meio. Aquele último fundo, gerido por um dos mais importantes investidores de Silicon Valley, Peter Thiel, tirou todo o dinheiro antes de o banco ser encerrado, segundo a Bloomberg.

A General Atlantic e outros investidores desistiram de investir no aumento de capital. A corrida aos depósitos precipitou a intervenção dos reguladores da Califórnia, que determinaram o encerramento do SVB, que passou a estar sob controlo da Federal Deposit Insurance Corporation, a agência que garante a segurança dos depósitos.

O banco liderado por Greg Becker era o 16.º maior dos EUA em valor dos ativos: 209 mil milhões de dólares, no final de 2022. Tinha 175,4 mil milhões de dólares em depósitos. O colapso ecoou através dos mercados acionistas globais, provocando perdas generalizadas nas bolsas, com o setor financeiro a ser o mais penalizado. Na Ásia, o índice japonês Nikkei 225 tombou 1,67% e em Hong Kong o Hang Seng perdeu 3%. O dia foi também de perdas na Europa, com o índice Stoxx 600 a cair 1,35%. Em Wall Street, o S&P500 tombou 1,45% e o Nasdaq 1,76%.

Janet Yellen garante que setor está resiliente

A notícia avivou os receios de que o aperto monetário que a Reserva Federal tem em curso para travar a inflação provoque uma deterioração das condições financeiras da banca, pondo em causa outras instituições. O site MarketWatch identifica este sábado uma lista de 20 bancos com maior risco de incorrerem em perdas não contabilizadas, como os 1,8 mil milhões que o SVB teve de assumir.

A secretária de Estado do Tesouro, Janet Yellen, reuniu com reguladores do setor na sexta-feira, emitindo depois um comunicado a afirma que “o sistema bancário continua resiliente e que os reguladores têm ferramentas eficazes para lidar com este tipo de situação”. As exigências de capital são mais elevadas do que na crise de 2008 e os bancos são alvo de testes de stress regulares. Antes, na Câmara de Representantes, afirmara que o Tesouro estava a monitorizar um conjunto pequeno bancos.

Além do SVB, também o Silvergate, um banco focado em criptomoedas, anunciou a liquidação na sexta-feira, devido ao levantamento massivo do dinheiro pelos clientes. As ondas de choque da queda do banco de Silicon Valley atingiram este sábado a USD Coin, uma criptomoeda indexada ao dólar (stablecoin), que tinha 3,3 mil milhões de dólares no SVB. A moeda digital, que é suposto valer sempre um dólar, chegou a cotar abaixo dos 87 cêntimos, recuperando depois para os 95 cêntimos.

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MetroBus da Boavista: Como vai funcionar o metro sem carris do Porto?

Autocarros a cada quatro minutos por sentido, entrada e saída de passageiros por todas as portas ao mesmo tempo e validação dos bilhetes nas paragens são os destaques do MetroBus do Porto.

Não é um metro ligeiro como há no Porto mas também não é um autocarro como os que circulam nas estradas do Porto. Em meados de 2024, a cidade Invicta vai estrear um sistema pioneiro de transportes: o MetroBus quer combinar a frequência, a pontualidade e a regularidade de um transporte em carris com a flexibilidade de um veículo sobre rodas. Em termos técnicos, a solução designa-se por BRT, Bus Rapid Transit.

Foi afastada a hipótese de apenas melhorar a faixa exclusiva para autocarros que ainda existe na Avenida da Boavista, com uma via mais à direita em alguns pontos e na faixa central noutras localizações. “Não seria uma solução melhor do que o BRT“, refere em entrevista ao ECO, o líder da empresa Metro do Porto, Tiago Braga.

Decidiu-se, por isso, avançar com o projeto do MetroBus, num investimento total de 66 milhões de euros, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência. O orçamento inclui obras na via e construção das estações, os sistemas de segurança, a compra dos autocarros a hidrogénio e a central de produção de hidrogénio verde. A empresa Metro do Porto está à frente do projeto mas os veículos serão operados pela STCP, a empresa municipal de autocarros.

Ilustração do veículo do MetroBus sobre a atual Avenida da Boavista.

O autocarro articulado com 18 metros de comprimento vai circular na Avenida da Boavista. Tal como na rede do Metro do Porto, o BRT terá um tronco comum, entre a paragem Casa da Música e o cruzamento com a Avenida Marechal Gomes da Costa, onde haverá um autocarro a cada quatro minutos na hora de ponta. Entre a Casa da Música e a Anémona, a viagem irá demorar 17 minutos (um veículo a cada oito minutos); entre a Casa da Música e a Praça do Império, a deslocação será de 12 minutos (um veículo a cada 10 minutos). O serviço vai funcionar todos os dias das 6h até à 1h da madrugada.

O tempo de viagem tem gerado críticas porque alegadamente não é competitivo com o automóvel individual. “Na análise de custo-benefício, um dos benefícios sociais e ambientais medidos é o tempo, através do descongestionamento do tráfego. Não é correto comparar um sistema desenhado para dar resposta aos desafios de circulação que se colocam nas horas da ponta da manhã e da tarde“, responde.

Tiago Braga refuta as acusações e pede que a comparação entre o carro e o MetroBus seja feita com a viagem nas horas de ponta. “As 21 mil validações médias diárias vêm claramente dar-nos razão e apontar para uma mudança modal”, refere o gestor a partir dos dados do estudo de procura.

Para garantir o cumprimento dos tempos de viagem, o MetroBus vai circular quase sempre numa via dedicada. A única exceção será no percurso a partir do cruzamento entre a Avenida Marechal Gomes da Costa e a Praça do Império, onde apenas “os primeiros 120 metros da Marechal terão tráfego segregado, junto à bomba de combustível”, refere Tiago Braga.

A empresa, no entanto, admite fazer mais alterações neste percurso: “Se verificarmos, em conjunto com a câmara municipal e a STCP, que a operação está a ser prejudicada, rapidamente conseguiremos colocar mais área segregada para beneficiar o funcionamento do sistema. Uma das vantagens do BRT, em comparação com sistemas ferroviários, é a sua flexibilidade”. Na Avenida Marechal serão colocadas marcas no chão a indicar a passagem do MetroBus.

Pontualidade à risca

Quem viaja de autocarro sabe que o horário é uma mera orientação, podendo chegar antes ou depois do tempo programado. Tudo depende do trânsito, do estacionamento indevido ou mesmo das dificuldades que às vezes existem para entrar e sair dos veículos.

Para garantir ao máximo a pontualidade, as paragens do MetroBus vão ter validadores e a entrada e saída dos passageiros vão ser feitas em simultâneo por todas as portas, que poderão ficar à esquerda ou à direita conforme o sentido. Em alguns pontos, os cais vão ficar no meio da estrada. “O tempo de paragem é menor porque há mais fluidez e o veículo funciona como o sistema de metro”, nota Tiago Braga.

A chegada do autocarro a horas também será possível com a existência de “sistemas de apoio à exploração” e colocação de câmaras de vigilância nas estações. Os semáforos também vão garantir prioridade para o MetroBus ao longo dos cruzamentos.

Exemplo de paragem do MetroBus do Porto.

Outra particularidade deste sistema é que a estrada poderá continuar a ser atravessada por peões enquanto não passar por lá o autocarro, como acontece junto às estações de metro da Avenida da República em Gaia ou na estação da Senhora da Hora em Matosinhos. As ambulâncias em marcha de urgência também poderão usar as faixas do BRT se tal for necessário.

“Temos uma inserção urbana muito mais simples, muito mais integradora do contexto, em que os modos suaves e coletivos se conseguem conjugar num espaço com uso preferencial. É a partir daí que devemos começar”, refere Tiago Braga. Afastada está a hipótese de se construir um sistema de BRT dentro de muros, como existe na cidade brasileira de Curitiba, em que a rede deste tipo de autocarros supera os 80 quilómetros.

Ligação ao metro convencional

A Casa da Música será o ponto principal do MetroBus do Porto, onde será construída uma microrotunda para que o autocarro a hidrogénio faça a mudança de sentido em 30 segundos. Um passageiro que saia do metro e que pretenda apanhar o autocarro terá de fazer um percurso a pé à superfície de 200 metros entre a saída da estação subterrânea junto à Rotunda da Boavista e o ponto de partida do BRT, em frente ao Café da Música.

Confrontado com a crítica sobre a necessidade de um transbordo entre meios de transporte, o líder do Metro do Porto afasta eventuais problemas. “Não é correto colocar a distância como um fator de dissuasão da intermodalidade. A Avenida dos Aliados, durante décadas, foi um ponto intermodal da cidade do Porto, pois partiam e chegavam daqui as linhas de autocarro. As pessoas atravessavam a avenida. Não podemos falar da importância de andar a pé e depois levantar problemas por as pessoas fazerem 200 metros.”

Por combinar diferentes meios de transporte, Tiago Braga sinaliza também que a zona junto à Rotunda da Boavista vai passar a ser um local intermodal, como a Asprela, Devesas, Campanhã e Trindade, como um local intermodal. “Em Campanhã, as pessoas não saem do comboio e têm o metro ao lado. Essa coisa de numa estação estar tudo à medida tem limitado muito o desenvolvimento da intermodalidade. São investimentos pesados e estamos sempre à espera deles quando podemos tomar opções muito mais simples”, avalia o líder do Metro do Porto.

Não é correto colocar a distância como um fator de dissuasão da intermodalidade. A Avenida dos Aliados, durante décadas, foi um ponto intermodal da cidade do Porto, pois partiam e chegavam daqui as linhas de autocarro. As pessoas atravessavam a avenida. Não podemos falar da importância de andar a pé e depois levantar problemas por as pessoas fazerem 200 metros

Tiago Braga

Presidente do Metro do Porto

A hipótese de construir um túnel com uma praça foi afastada, tendo em conta o exemplo do atravessamento subterrâneo da estação de Alcântara-Mar, em Lisboa: “São locais que não costumam funcionar e que têm tendência para serem abandonados”.

O que acontecer no Porto será olhado por outras cidades portugueses, como Braga, Guimarães, Loulé, Faro e Olhão, que estão a considerar a implementar de um sistema BRT na sua rede de transportes. Em Coimbra, esta solução também estará disponível a partir do final de 2024.

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Patrões reenviam carta a pressionar Marcelo sobre alegada inconstitucionalidade nas alterações à Lei do Trabalho

  • Lusa
  • 11 Março 2023

Cerca de uma dezena de associações decidiram reenviar ao Presidente a carta que lhe foi dirigida pelo Conselho Nacional das Confederações Patronais, que alega inconstitucionalidades.

Associações patronais de múltiplos setores de atividade estão hoje a reforçar o apelo ao Presidente da República para que avalie eventuais inconstitucionalidades no diploma da Agenda do Trabalho Digno, feito pelo Conselho das Confederações.

Várias associações inscritas na Confederação Empresarial de Portugal (CIP) decidiram reenviar, ao longo do dia de hoje e com a respetiva chancela, a carta que foi dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa pelo Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP) no início da semana passada, disse à Lusa fonte oficial da CIP.

Ao início da manhã já se tinham associado a este movimento cerca de uma dezena de associações, como as da Indústria Farmacêutica (APIFARMA), a de Centros Comerciais (APCC), ou das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel (APIGRAF).

As associações patronais consideram inconstitucionais algumas alterações que foram introdudizas na legislação laboral e alegam que estas mudanças deveriam ter sido apreciadas na Concertação Social e pedem a Marcelo Rebelo de Sousa que avalie os alertas deixados no documento antes de decidir sobre o diploma. O diploma que estabelece a Agenda para o Trabalho Digno foi enviado sexta-feira para Belém, para promulgação ou veto.

A Associação Empresarial de Braga (AEB) e a dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) e a Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares, mas também a Associação da Indústria da Península de Setúbal e da dos Distribuidores Farmacêuticos estão entre as que reforçaram o apelo a Marcelo, e “muitas outras declararam que vão fazê-lo”, adiantou à Lusa fonte oficial da CIP.

Marcelo Rebelo de Sousa dispõe de 20 dias para promulgar ou vetar o diploma, a partir da data em que o recebeu, ou oito dias no caso de entender suscitar ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva da constitucionalidade.

Algumas normas do diploma aprovado pela Assembleia da República enfermam de inconstitucionalidade e outras implicarão consequências certamente danosas e da maior gravidade na vida das empresas e dos próprios trabalhadores.

Carta do Conselho Nacional das Confederações Patronais

“Algumas normas do diploma aprovado pela Assembleia da República enfermam de inconstitucionalidade e outras implicarão consequências certamente danosas e da maior gravidade na vida das empresas e dos próprios trabalhadores“, pode ler-se na carta enviada pelo CNCP, a que a Lusa teve acesso.

No documento, o CNCP refere também que durante o processo legislativo foram feitas alterações à legislação laboral que não foram objeto de apreciação na Concertação Social ou de apreciação pública previamente à respetiva discussão.

Em causa estão questões como o regime de teletrabalho, a impossibilidade de extinção dos créditos laborais por via da remissão abdicativa, alterações ao procedimento de despedimento coletivo ou o aumento dos números de dias de faltas justificadas por falecimento do cônjuge, de 05 para 20 dias consecutivos de trabalho, aponta o CNCP.

Entre as normas que os patrões consideram inconstitucionais está a que estabelece que as empresas que efetuem despedimentos coletivos passam a ficar impedidas de recorrer a contratação externa (‘outsourcing’) durante 12 meses para satisfazer necessidades que eram asseguradas pelos trabalhadores despedidos.

As alterações laborais da Agenda do Trabalho Digno foram aprovadas dia 10 de fevereiro de 2023 em votação final global com os votos favoráveis apenas do PS, a abstenção do PSD, Chega, PAN e Livre e votos contra do BE, PCP e IL.

A proposta do Governo entrou no parlamento em junho de 2022, sem o acordo da Concertação Social, tendo sofrido alterações durante a especialidade, com a inclusão de algumas iniciativas dos partidos. A entrada em vigor das novas regras laborais está prevista para abril.

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Sindicatos acusam Macron de “brincar com o fogo” com aumento da idade da reforma

  • Lusa
  • 11 Março 2023

França volta a ser palco de mobilizações nacionais contra a alteração do sistema de pensões. Sindicatos prometem seguir com a contestação nas ruas, mas sem cair "na violência e na radicalidade".

Os sindicatos franceses acusaram hoje o Governo de “brincar com o fogo” ao ignorar a forte contestação social às alterações ao sistema de pensões e reformas, considerando que a posição do executivo francês é “uma provocação”.

“O que é preciso fazer mais?”, questionou-se Philippe Martínez, líder da confederação sindical CGT, na frente da manifestação que percorre Paris esta tarde, naquela que já é a sétima jornada de grandes mobilizações nacionais desde janeiro contra a alteração do sistema de reformas. Martínez foi mais além e desafiou o Governo de Emmanuel Macron a consultar os cidadãos, se está tão seguro que a sua iniciativa é a necessária e a única possível.

“Hoje a única coisa que podemos dizer é: se [Macron] está tão seguro de si mesmo, que consulte os franceses”, disse o líder da CGT, em resposta à postura do presidente francês face à contestação nas ruas dos sindicatos, que esta semana pediram, sem êxito, ser recebidos no Eliseu.

Também Laurent Berger, secretário-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) afirmou, na manifestação de hoje, que os que dirigem o país “devem abandonar esta forma de negação do movimento social”, apelando também a uma consulta aos franceses. “De tanto se brincar com o fogo, fazem-se disparates”, advertiu o sindicalista.

Os sindicatos adiantaram que esperam uma grande jornada de luta, porque o apoio ao movimento social contra a reformas das pensões é, nas palavras de Martínez, “mais do que absoluto”. Disseram também que, apesar de o processo parlamentar prosseguir de forma acelerada, a batalha ainda não está perdida e prometeram seguir com a contestação nas ruas, mas sem cair “na violência e na radicalidade”, garantiu Berger.

A principal alteração proposta por Macron passa por aumentar a idade mínima da aposentação dos 62 para os 64 anos, algo a que os sindicatos se opõem frontalmente. O principal argumento do executivo é garantir o equilíbrio financeiro do sistema de pensões até 2030, afirmando que, se nada for feito, dentro de 10 anos o défice será de cerca de 150 milhões de euros.

O projeto de lei está a ser debatido no Senado, onde o ministro do Trabalho francês, Olivier Dussopt, anunciou na sexta-feira o recurso a um mecanismo constitucional para ultrapassar as centenas de emendas apresentadas pela oposição com o objetivo de bloquear a tramitação e forçar um voto sobre o conjunto do texto.

Na prática, o recurso ao artigo constitucional vai permitir o voto na câmara alta — onde a direita tem maioria — do texto que apenas vai incluir as emendas propostas pelo executivo de Macron. Com isto, evita-se o cenário de chegar ao final do prazo dado ao Senado, que termina à meia-noite de domingo, para que a câmara alta não pudesse pronunciar-se sobre a reforma.

A esquerda na oposição criticou duramente esta medida, assim como os sindicatos.

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