“Receio muito que a desconfiança sistemática” na política “se vire contra nós”, diz Leonor Beleza
Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud, diz que o país já não é imune ao crescimento dos extremismos. "Precisamos de reconstruir a nossa confiança nos nossos sistemas", apela.
A presidente da Fundação Champalimaud está preocupada com o crescimento dos extremismos em Portugal e teme que a “desconfiança sistemática” em relação à política se vire contra o país. “Não me conformo com a ideia de que a gente possa acabar por só ter na política aqueles que não se importam nada que lhes chamem coisas”, diz Leonor Beleza em entrevista ao Jornal de Notícias e à TSF.
“Partilho da preocupação de muitos em torno de forças políticas que têm uma visão das coisas muitíssimo diferente daquela que eu própria tenho e que ameaçam a sociedade que foi construída, nomeadamente na sequência do 25 de Abril, e que é uma sociedade de tolerância, de liberdade, de discussão dos assuntos. Talvez tenhamos pensado durante algum tempo que em Portugal éramos mais imunes a isso. Mas já não somos. Precisamos de reconstruir a nossa confiança nos nossos sistemas”, afirma a antiga ministra da Saúde.
“Receio muito que este ambiente muito crispado, de desconfiança sistemática em relação a quem está na atividade política, se vire contra nós todos e a certa altura as pessoas não queiram simplesmente assumir riscos, porque a vida deles e a das suas famílias é excessivamente atingida de maneira negativa”, refere na entrevista. Defendendo que é preciso que os jovens “considerem que a atividade política é nobre”, diz que não se conforma “com a ideia de que a gente possa acabar por só ter na política aqueles que não se importam nada que lhes chamem coisas.”
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