Jornalistas querem anular condenação da Relação por violar segredo de justiça

  • Lusa
  • 20 Novembro 2023

As defesas dos jornalistas Carlos Rodrigues Lima e Henrique Machado vão pedir a nulidade da decisão do Tribunal da Relação que os condenou por violação do segredo de justiça e anulou a absolvição.

As defesas dos jornalistas Carlos Rodrigues Lima e Henrique Machado vão pedir a nulidade da decisão do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) que os condenou por violação do segredo de justiça e anulou a absolvição na primeira instância.

Em causa está a participação do juiz desembargador Rui Teixeira no acórdão de 8 de novembro que puniu os dois jornalistas, depois de já ter apreciado também o anterior recurso do Ministério Público (MP) relativamente à decisão instrutória, em 2022, revertendo então a decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal de não levar os arguidos a julgamento.

Carlos Rodrigues Lima (atualmente na revista Visão, mas que à data dos factos integrava a Sábado) foi agora condenado com pena de multa de 150 dias e 1.500 euros, por três crimes de violação de segredo de justiça, e Henrique Machado (atualmente na TVI/CNN, mas então ao serviço do Correio da Manhã) com pena de multa de 105 dias e 1.005 euros por um crime de violação do segredo de justiça.

Segundo o requerimento da defesa de Carlos Rodrigues Lima, a que a Lusa teve acesso, a participação do magistrado nas duas decisões representa uma violação do artigo 40.º do Código de Processo Penal, que prevê que um juiz não pode intervir num julgamento, recurso ou pedido de revisão num processo no qual já tivesse participado numa anterior decisão.

“A eventual relevância criminal dos factos objeto dos presentes autos deve ser apreciada de forma absolutamente autónoma, imparcial e isenta por forma a que, essa análise não possa ser contaminada por pré-juízos que, ostensiva ou involuntariamente, serão inevitáveis nos presentes autos. E a verdade é que, não foi”, lê-se no requerimento, que acrescenta que Rui Teixeira “já tinha uma ideia pré-concebida de toda a avaliação dos factos”.

Sublinhando que o desembargador devia ter-se declarado impedido, a defesa argumenta que as duas decisões (pronúncia e condenação) criaram uma “dúvida legítima e o justo receio de prejuízo sério” ao jornalista. Nesse sentido, indica que o acórdão deve ser considerado nulo e que o recurso deve voltar a ser apreciado por novos magistrados.

Contactado pela Lusa, também o jornalista Henrique Machado confirmou que a sua defesa vai avançar com o pedido de nulidade da decisão do TRL, com base no mesmo argumento de que o desembargador Rui Teixeira não poderia ter participado neste acórdão.

Na origem deste processo está a divulgação de notícias sobre os casos dos emails do Benfica, E-toupeira e Operação Lex pelos dois jornalistas em 2018.

Neste processo chegou a estar também acusado Pedro Fonseca, na altura coordenador (e hoje diretor) da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária, por abuso de poder, violação de segredo de justiça e falsidade de testemunho. No entanto, o então juiz de instrução Carlos Alexandre decidiu não o levar a julgamento, decisão que seria depois confirmada pela Relação de Lisboa, após recurso do Ministério Público.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Projetos da Start Campus, hidrogénio e aço verde entre os 17 que ganharam acesso à rede em Sines

O diploma que na Operação Influencer é referido como "despacho do bar aberto" permitiu que dois projetos da Start Campus ganhassem acesso à rede, além de outros 15, que incluem hidrogénio e aço verde.

Foram 17 os projetos que formalizaram o interesse de se ligarem à rede elétrica em Sines, através da entrega de uma caução. No conjunto, os projetos, sob a alçada de 12 entidades diferentes, requerem uma capacidade de 4,9 gigavolts-ampere. Entre eles estão dois da Start Campus, entidade que foi alvo das investigações da Operação Influencer.

Dos 17 projetos, nove são de Potencial Interesse Nacional (PIN) e um é Agenda Mobilizadora PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), indica o Ministério do Ambiente, em comunicado. Foram prestadas cauções no valor de 63 milhões de euros.

Em causa estão, segundo informação avançada pelo Ministério do Ambiente em resposta ao Capital Verde, projetos promovidos pelas seguintes entidades:

  • Águas de Santo André (3 projetos)
  • Start Campus (2 projetos)
  • Calb (1 projeto)
  • GreenH2Atlantic (1 projeto)
  • Iberdrola (1 projeto)
  • MadoquaPower2X (1 projeto)
  • MadoquaNH3 (1 projeto)
  • Petrogal (1 projeto)
  • Repsol (2 projetos)
  • Smartenergy (1 projeto)
  • WINPTX (1 projeto)
  • H2GreenSteel (2 projetos)

O número de projetos beneficiados pelo decreto contabiliza-se agora em 17, contudo, antes de o operador da Rede Elétrica de Serviço Público ter notificado os interessados e pedido que formalizassem esse interesse através da entrega de uma caução, a procura de capacidade de ligação ascendia aos 7,9 GVA, para o período entre 2024 e 2038. Essas manifestações de interesse correspondiam a 32 projetos de 25 entidades, dos quais 11 eram projetos de Potencial Interesse Nacional (PIN) e um da Agenda Mobilizadora PRR.

No quadro da transição energética, a realização de novos investimentos industriais estratégicos em Portugal tem gerado uma procura excecional de atribuição de capacidade de ligação à rede para instalações de consumo de energia elétrica na zona de Sines“, lê-se no comunicado do Governo.

Atribuição da rede “cruza-se” com Operação Influencer

A informação é avançada pelo ministério numa altura em que o diploma que permite a atribuição de capacidade em Sines é alvo de suspeitas no âmbito da Operação Influencer, o processo judicial que derrubou o atual Governo.

De acordo com o que explica o ministério na mesma nota em que dá conta dos 17 vencedores, foi criado o Decreto-Lei n.º 80/2023, de 6 de setembro, de forma a reconhecer a área territorial de Sines como Zona de Grande Procura, sujeita a um procedimento excecional de atribuição de capacidade de ligação à rede. O objetivo será assegurar as condições necessárias para a concretização dos projetos industriais estratégicos, dando previsibilidade aos investidores, garantindo o planeamento atempado da rede elétrica nacional e permitindo também a gestão eficaz da capacidade de rede ociosa.

No despacho de indiciação da Operação Influencer este diploma é referido como “o despacho do bar aberto”, aprovado em conselho de ministros em julho de 2023 e assinado na data de publicação pela secretária de Estado da Energia, Ana Fontoura Gouveia, e Maria Vieira da Silva, ministra da presidência, “e dele resulta um expresso favorecimento a projetos com estatuto de Potencial Interesse Nacional (PIN), bem como o estabelecimento de procedimento excecional quanto à área territorial de Sines”, escrevem os procuradores, que consideram o conteúdo favorável aos interesses da Start Campus em particular – empresa responsável por um projeto de um centro de dados em Sines sobre o qual recaem a maioria das suspeitas. Os responsáveis da empresa terão, na tese do Ministério Público, feito pressão no sentido de este diploma ser publicado.

Quando a Operação Influencer foi lançada, a Procuradoria Geral da República informou que eram três as frentes que estavam sob investigação. Uma delas, e que acabou por ter uma maior atenção da PGR, foi o projeto de construção de um centro de dados em Sines, desenvolvido pela Start Campus. No entanto, também foram investigados factos relacionados com as duas concessões de exploração de lítio que existem no país e, finalmente, “um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines – apresentado por consórcio que se candidatou ao estatuto de Projetos Importantes de Interesse Comum Europeu (IPCEI)”.

O Ministério Público não identificou o projeto em causa. No entanto, existe um, o H2Sines, que já era do conhecimento público, desde 2020, que estava na mira da Justiça, e que encaixa na presente descrição do MP. O H2Sines nasceu de um consórcio integrado pela EDP, Galp, Martifer, REN e Vestas, entre outros parceiros europeus, e previa um investimento de 1,5 mil milhões de euros na produção de hidrogénio verde em Sines. Alem disso, foi selecionado pelo Governo para ser candidato ao estatuto de IPCEI. No entanto, o consórcio acabou por se dissolver.

Agora, na lista de entidades que conquistaram o direito à rede em Sines, está o consórcio GreenH2Atlantic que não terá recebido o estatuto de IPCEI e portanto não deverá estar a ser investigado, sendo que a única ligação que tem com o projeto H2Sines são, em grande parte, os promotores. Junta novamente a EDP, Galp, Martifer e Vestas, além de outros nomes como a Engie, Bondalti, McPhy e Efacec. Em causa está um investimento de 150 milhões de euros, com uma capacidade de 100 megawatts (MW).

Rede agora sob estudo

À fase de confirmação da procura firme de capacidade de ligação à rede segue-se agora a avaliação, pelo operador da rede, do reforço de rede necessário, e a notificação dos detentores de capacidade ociosa para que a disponibilizem no âmbito do procedimento, informa a tutela.

No caso de a procura por capacidade de rede ser superior à oferta que resulta dos reforços de rede e da disponibilização de capacidade ociosa, será realizado um procedimento concorrencial para atribuição da capacidade, dando prioridade aos projetos de Potencial Interesse Nacional e às Agendas Mobilizadoras PRR.

Conheça as entidades promotoras

Na esfera do hidrogénio verde, o ministério aponta, além do já referido consórcio GreenH2Atlantic, a MadoquaPower2X. De acordo com a página da empresa, esta utilizará energia renovável e 500 MW de capacidade de eletrólise para produzir anualmente 50.000 toneladas de hidrogénio verde e 300.000 toneladas de amoníaco verde em larga escala, num investimento total de mais de 2,8 mil milhões de euros. O projeto de produção de amoníaco estará sob a égide da MadoquaNH3.

A CALB — China Aviation Lithium Battery Tecnology (CALB) propõe-se a construir uma unidade de baterias de lítio para veículos elétricos em Sines.

A Galp — “mãe” da Petrogal — indicou no passado mês de setembro que vai investir 650 milhões de euros numa unidade de biocombustíveis e outra de eletrolisadores para produção de hidrogénio verde em Sines. Ambas as unidades vão arrancar em 2025.

A Repsol é uma das empresas com os pés mais assentes em Sines. Este ano arrancaram as obras para a construção de duas novas fábricas de polietileno linear e de polipropileno, num investimento de 657 milhões de euros. Considerado o “maior investimento industrial realizado em Portugal nos últimos 10 anos e ainda de Potencial Interesse Nacional (PIN). A empresa chegou a mostrar interesse em avaliar oportunidades na área do hidrogénio verde em parceria com a EDP, mas não foi anunciado, até ao momento, nenhum projeto neste âmbito.

A Smartenergy apresenta-se como especialista no desenvolvimento de projetos solares, de energia eólica e de hidrogénio.

A H2GreenSteel, tal como o Capital Verde avançou na semana passada, estava à espera de resposta em relação à atribuição de rede para decidir se é em Portugal que irá instalar um projeto de 2,3 mil milhões de euros, em parceria com a Iberdrola, para a instalação de uma unidade de produção de 1 gigawatt de hidrogénio verde. A H2 Green Steel é uma empresa especializada na produção de “aço verde”, através da descarbornização do processo de transformação do minério de ferro. O hidrogénio verde é um dos elementos desse processo.

A Iberdrola obteve no início deste ano a licença ambiental para construir em Portugal, na zona de Sines, o maior projeto fotovoltaico da Europa e o quinto maior do mundo, com 1.200 megawatts (MW) de capacidade instalada. Em 2022 mostrou-se interessada em lançar-se na área do hidrogénio verde em Sines mas, desde então, não concretizou.

 

(Notícia atualizada pela última vez às 17h com mais informação sobre as entidades)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Montenegro recusa andar a reboque do PS e quer marcar agenda própria

“Não vou fazer o frete ao PS de comentar o que fazem todos os dias”, disse aos jornalistas. "Estou concentrado no país, nas pessoas nos problemas que os portugueses querem ver resolvidos”.

Luís Montenegro foi claro e já definiu a estratégia para a campanha eleitoral que se avizinha: não vai andar a reboque do Partido Socialista nem dos temas que fazem a espuma dos dias e quer marcar a sua agenda própria.

Após três hora e meia de reunião com economistas e empresários, Montenegro recusou responder a qualquer pergunta relacionada com as relações entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, o Ministério Público ou até mesmo o artigo de opinião que a procuradora-geral adjunta, Maria José Fernandes, escreveu no Público (acesso pago). “Não vou fazer o frete ao PS de comentar o que fazem todos os dias”, disse aos jornalistas. “Estou concentrado no país, nas pessoas, nos problemas que os portugueses querem ver resolvidos”, como a habitação, a saúde, a educação e os transportes, elencou.

Perante as muitas insistências dos jornalistas, Montenegro repetia sempre a mesma ideia: “Portugal deve criar mais riqueza, ter uma fiscalidade mais amiga dos cidadãos e menos asfixia nas empresas, para que possam investir. Devemos fartar-nos de estar sempre na cauda da União Europeia e assumir o desígnio de deixar de ser um beneficiário de fundos europeus e passar a ser um contribuinte líquido”.

O líder do PSD acabou mesmo por responder “com toda a frontalidade” que não iria responder às perguntas colocadas porque, senão ninguém iria prestar atenção ao que foram fazer esta manhã ao Porto, na Associação dos Jovens Empresários (ANJE).

“Não vou andar a reboque da trica política”, anunciou. “Não é uma questão de contornar. Se lhe responder a essas perguntas ninguém vai ouvir o que estivemos a fazer aqui. É minha obrigação respeitar as mensagens que me foram passadas e falar dos temas que interessam à vida dos portugueses”, explicou.

“Tenha iniciativas em vários temas”, garantiu, quando questionado sobre as negociações com médicos e enfermeiros. Mas, “não é agora que quero falar sobre isso”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Câmara do Porto critica falta de planeamento da nova rede de autocarros da AMP

  • Lusa
  • 20 Novembro 2023

A AMP vai desembolsar um total de 311,6 milhões de euros, ao longo de sete anos, no âmbito da nova rede de transportes públicos rodoviários.

A Câmara Municipal do Porto criticou, esta segunda-feira, a “falta de planeamento” da nova rede de autocarros UNIR, da Área Metropolitana do Porto (AMP), antevendo um “impacto muito significativo” na cidade e “ainda mais problemas” do que os ocorridos em Lisboa.

“Podemos concluir que houve falta de planeamento e organização da AMP no arranque da rede UNIR, prejudicando o município do Porto e os municípios com grande interação com este, como é o caso de Maia e Matosinhos”, pode ler-se numa nota distribuída, esta segunda-feira, aos vereadores pelo executivo municipal liderado por Rui Moreira.

Na nota entregue na reunião privada do executivo, a que a Lusa teve acesso, a Câmara Municipal do Porto faz referência a que, “a partir do próximo dia 1 de dezembro de 2023, as linhas dos lotes 2, 3, 4 e 5 da rede UNIR entrarão em funcionamento”, mas não o 1, que servirá Maia, Matosinhos e Trofa.

Numa nota já publicada pelo operador Maré, que serve sobretudo Matosinhos, pode ler-se que “nas linhas da rede Maré não haverá alterações no dia 1 de dezembro de 2023”, pelo que “continuará em operação normal com os mesmos percursos e horários”, e “atempadamente serão divulgadas todas as informações relativas transição da rede Maré para a rede UNIR”.

Podemos concluir que houve falta de planeamento e organização da AMP no arranque da rede UNIR, prejudicando o município do Porto e os municípios com grande interação com este, como é o caso de Maia e Matosinhos.

Câmara Municipal do Porto

A nova rede UNIR e respetiva imagem irá substituir, em dezembro, os serviços efetuados pelos cerca de 30 operadores privados rodoviários na AMP, como por exemplo a Caima, AV Feirense, Transdev, UT Carvalhos, Gondomarense, Pacense, Arriva, Maré, Landim, Valpi, Litoral Norte, Souto, MGC, Seluve, Espírito Santo, entre outros, utilizando o sistema Andante.

A autarquia do Porto criticou também “os problemas ao nível da informação ao público” na UNIR, considerando que “é deficitária, pouco clara, gera muitas dúvidas e não existe um canal de comunicação prático e objetivo para o esclarecimento dos utilizadores”.

Segundo a autarquia, que detém a maioria do capital da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), até esta “tem recebido contactos de utilizadores dos antigos operadores privados (Espírito Santo, Valpi, MGC, Gondomarense) com pedidos de esclarecimentos, muitos perguntando se será a STCP a explorar as novas linhas”.

“Importa referir que a STCP nada tem que ver com a rede UNIR“, vinca a autarquia portuense.

No site, já lançado pela UNIR, é apenas visível um email para contacto, [email protected], não estando, contudo, disponível qualquer linha telefónica direta para esclarecimentos sobre o novo serviço.

“Para se perceber o grau de impreparação, o que existe é uma mera aplicação que converte a designação das linhas antigas na designação das novas linhas da UNIR. Não há qualquer referência aos horários que serão praticados e onde podem ser consultados”, aponta ainda a autarquia liderada por Rui Moreira.

Importa referir que a STCP nada tem que ver com a rede UNIR.

Cãmara Municipal do Porto

Para a maioria na Câmara Municipal do Porto, esta “série de falhas consecutivas cometidas pela AMP no planeamento da rede UNIR” leva a “antever a possibilidade, diga-se muito real, de um impacto muito significativo no município do Porto“.

A autarquia afirma já ter contactado a AMP sobre a “preocupação pelo facto de ainda não terem sido dados a conhecer os horários”, cujos locais de afixação nos terminais do Porto “encontram-se completamente vazios, aguardando a chegada das informações”.

O município portuense revela ainda que, “nos últimos dias, a empresa AV Feirense tomou a decisão, à revelia” da autarquia, de avisar que o término das linhas no Porto, a partir de 1 de dezembro, seria na Rua Alexandre Herculano”, uma prática que “não será possível, nem autorizada”, já que “a Polícia Municipal estará a fiscalizar tal incumprimento do Código da Estrada”, avisa.

Além disso, “ainda não foi concretamente articulada e definida” entre o Porto e a AMP “a localização das paragens intermédias nos corredores de S. Roque da Lameira e da Rua do Freixo, assim como os lugares reservados à UNIR nas restantes interfaces/terminais”.

Até sexta-feira, a Câmara Municipal do Porto irá remeter à AMP e aos operadores UNIR “os locais autorizados para paragem intermédia e términos de linhas, bem como os espaços onde podem disponibilizar informações ao público e afixar a ‘bandeira’ da linha”.

A autarquia portuense recorda ainda os “problemas que existiram no arranque da operação da Carris Metropolitana na Área Metropolitana de Lisboa”, antevendo que “o arranque da UNIR poderá provocar ainda mais problemas”.

A AMP vai desembolsar um total de 311,6 milhões de euros, ao longo de sete anos, no âmbito da nova rede de transportes públicos rodoviários, segundo os contratos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Freixo de Espada à Cinta contraiu empréstimo 12,6 milhões de euros através do FAM

  • Lusa
  • 20 Novembro 2023

"Conseguimos negociar uma taxa mínima de 0,95% fixa pelo prazo de 20 anos, o que nenhum banco conseguia fazer", diz autarca de Freixo de Espada à Cinta.

O município de Freixo de Espada à Cinta recorreu ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), contraindo um empréstimo de 12,6 milhões de euros para fazer face às necessidades financeiras da autarquia, anunciou esta segunda-feira o autarca socialista Nuno Ferreira.

O presidente da Câmara Municipal explicou que o recurso ao FAM será a salvação do município de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança. Segundo ao autarca, depois de um ano e quatro meses de muito trabalho e empenho junto de Governo, finalmente foi conseguido uma solução estável e equitativa.

Trata-se de um programa excecional para o município, onde uma das nossas premissas foi a de não prejudicar os nossos munícipes, nomeadamente nas taxas do IMI, que se mantêm no mínimo. Conseguimos negociar uma taxa mínima de 0,95% fixa pelo prazo de 20 anos, o que nenhum banco conseguia fazer”, frisou.

Nuno Ferreira acrescentou que, assim, a autarquia vai conseguir poupar um milhão de euros e pagar 12 empréstimos que foram herdados desde há 25 anos. “Quando chegámos ao município encontramos um buraco financeiro bastante grande. A dívida de curto prazo era de 2,5 milhões de euros, mas após uma auditoria externa veio-se a provar que era de 5,6 milhões de euros”, destaca.

Conseguimos negociar uma taxa mínima de 0,95% fixa pelo prazo de 20 anos, o que nenhum banco conseguia fazer.

Nuno Ferreira

Presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta

“Devíamos aos fornecedores e credores muito dinheiro; só no concelho 1,6 milhões, o que é demasiado. Em 2018/2019, o anterior executivo [PSD] contraiu três empréstimos de sete milhões de euros, o que totaliza 12,6 milhões de euros”, quantificou.

Com esta adesão ao FAM, Nuno Ferreira acredita que o processo será a “salvação financeira do município” e que num período de uma década este empréstimo será pago. “Com este empréstimo de 12,6 milhões de euros, ao longo do tempo vamos acabar com a precariedade ao nível de recibos verdes (…) e ao mesmo tempo as taxas municipais serem negociadas”, disse.

Do lado da oposição PSD, a deputada municipal Ana Durana manifestou a sua preocupação, em nome do partido, “pela gestão financeira que está a ser assumida pelo executivo socialista de Nuno Ferreira, que assumiu o pior dos desnortes com a adesão e aprovação ao FAM, plano de saneamento de dívida, na sessão de Assembleia Municipal de 30 de outubro”.

“Esta fuga para a frente de quem gere, por enquanto, o concelho só acontece por sentir-se incapaz de ter rigor, planeamento e respeito; não apenas pelos dinheiros públicos, mas também pelos funcionários precários do município, principais vítimas da adesão ao FAM”, vincou a deputada.

Ana Durana considerou ainda que a adesão ao FAM era um ato escusado se o executivo decidisse gerir “com cuidado, rigor e organização, em vez de ter como preocupação comportar-se como uma comissão festivaleira”, e reiterou que o PSD sugeriu, responsavelmente, ao executivo que suspendesse a adesão ao FAM. “O executivo de Nuno Ferreira optou pela fuga para a frente, desvalorizando o que representa, na prática, o FAM: restrição e punição”, concluiu.

A Câmara de Freixo de Espada à Cinta é composta por três eleitos pelo PS e dois pelo PSD.

O FAM tem por objeto a recuperação financeira dos municípios que se encontrem em situação de rutura financeira, bem como a sua prevenção, traduzindo-se na adoção de mecanismos de reequilíbrio orçamental, de reestruturação da dívida e de assistência técnica.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Estado diminui apoio à comunicação social regional e local para 874 mil euros em 2023

Para o ano passado, o Estado tinha aprovado um apoio total superior em mais de 210 mil euros em comparação com o montante atribuído este ano. Todas as CCDR viram diminuir o apoio que lhes é atribuído.

Em 2023, o Estado vai apoiar a comunicação social regional e local com perto de 874 mil euros, numa redução do apoio de cerca de 210 mil euros, segundo o despacho publicado esta segunda-feira em Diário da República. O montante total de 874.102,69 euros é distribuído pelas várias comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR).

“O montante total de apoios do Estado à comunicação social de âmbito regional e local a atribuir no ano de 2023, no âmbito do Decreto-Lei n.º 23/2015, de 6 de fevereiro, é de 874.102,69 Euros que são distribuídos pelas CCDR”, refere-se no despacho.

Entre as diferentes CCDR, a do Norte é que recebe a maior fatia do bolo, num total de cerca de 394,5 mil euros. Em segundo lugar das que mais recebem, encontra-se a CCDR Alentejo com quase 205,7 mil euros, seguida pela CCDR Centro (139,6 mil euros) e pela CCDR do Algarve (82,4 mil euros). A CCDR de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) é a que recebe menos dinheiro, num total de 51.881,95 euros.

para o ano passado, o Estado tinha aprovado um apoio total de cerca de um milhão de euros (1.084.253,72), num valor superior em mais de 210 mil euros em comparação com o montante atribuído este ano.

Todas as CCDR viram diminuir o apoio que lhes é atribuído, sendo que no caso da CCDR LVT – que em 2022 recebeu um total de 113.581,35 – a redução foi superior a 50%, ao ter recebido mais 61.699,4 euros em relação a este ano.

Já em termos de valores totais, a CCDR Centro – que em 2022 foi apoiada com 265.679,20 – foi a que sofreu a maior redução, com o valor do apoio a ser sido reduzido em mais de 126 mil euros.

A CCDR Alentejo (que em 2022 recebeu 219.836,04 euros) também viu o apoio ser reduzido em cerca de 14 mil euros e a CCDR Norte (que recebeu quase 402 mil euros em 2022) registou uma quebra de mais de sete mil euros. Já na comissão de coordenação e desenvolvimento regional do Algarve (recebeu 83.307,45 euros em 2022) a redução do apoio foi menos expressiva, não chegando a mil euros.

Com o presente despacho fica ainda garantida a repartição de verbas de forma transparente, equitativa e não discriminatória, fazendo refletir nas diferentes dotações as especificidades e prioridades de cada região”, refere-se no despacho desta segunda-feira, assinado por Fernando Medina, ministro das Finanças, Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, e Isabel Ferreira, secretária de Estado do Desenvolvimento Regional.

Ainda segundo o mesmo documento, “dentro da respetiva dotação orçamental, cada CCDR pode aprovar o financiamento das candidaturas apresentadas até ao limite máximo definido para cada tipologia de incentivo”.

O diploma estipula também um mecanismo flexível para que, caso a dotação fixada para cada tipologia de incentivo não seja totalmente comprometida, seja possível a sua reafetação para outras tipologias no seio de cada CCDR.

No início de 2023, Pedro Adão e Silva revelava que o Governo tinha como objetivo concluir este ano a revisão do regime jurídico para incentivos aos meios de comunicação social locais e regionais, para abrir candidaturas em 2024 com novas regras.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Altri já vale mil milhões de euros na bolsa após quarto aumento de preços este ano

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Novembro 2023

Títulos da papeleira valorizam mais de 4% na bolsa nacional na sequência do anúncio, aproximando-a de uma capitalização que atinge os mil milhões de euros.

Pelo quarto mês consecutivo este ano, a Altri anunciou esta segunda-feira uma nova subida dos preços da pasta de papel, acompanhando a decisão da Suzano, uma empresa brasileira que produz pasta branqueada de eucalipto. Os clientes da papeleira portuguesa na Ásia verão os preços aumentar 20 dólares por tonelada em dezembro, enquanto a subida na Europa e nos EUA será de 80 dólares por tonelada.

Na sequência deste anúncio, as ações da Altri na bolsa de Lisboa estavam a disparar 4,16%, para 4,858 euros, pelas 12h36, um desempenho que confere à papeleira uma capitalização bolsista a rondar os 1.000 milhões de euros. Desde o início do ano, a empresa portuguesa acumula ganhos de 15%, acima da valorização de 10,35% do PSI no mesmo período.

“A Altri vai acompanhar este aumento de preços” da Suzano, disse fonte oficial da papeleira ao ECO. Com o aumento previsto para dezembro, o preço de referência para a tonelada de pasta de papel passa para 1.250 dólares nos EUA e supera os 1.000 dólares na Europa (1.060 dólares).

Os agravamentos dos preços anunciados para dezembro são menos expressivos face àqueles anunciados para novembro para a China, que foi de 50 dólares. No caso da Europa e dos EUA, a subida é igual à do mês passado.

Segundo a Fastmarkets RISI, a Suzano “acredita que os novos aumentos de preços são apoiados por uma procura mais forte na China, especialmente no setor do papel higiénico”. Já na Europa, “apesar de uma reação mais tímida no quarto trimestre devido à sazonalidade, a empresa observou que os inventários estão a diminuir devido ao redirecionamento das vendas para a China nos últimos meses”.

Desde setembro, mês em que a Altri anunciou a primeira subida de preços neste ano, os preços da tonelada de pasta de papel já aumentaram 150 dólares na China e 260 dólares nos EUA e na Europa.

É de notar que, na semana passada, a Altri reportou um resultado líquido de 28,2 milhões de euros até setembro, menos 76% em relação ao mesmo período do ano passado. No comunicado enviado ao mercado, o CEO da empresa, José Soares de Pina, justificava a descida dos lucros com a “menor procura” no mercado das fibras celulósicas, que “leva invariavelmente a preços mais baixos, num contexto inflacionista que, obviamente, tem tido impacto nos players deste setor”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Insolvências disparam 27% em outubro no maior aumento do ano

Os serviços, a construção e o retalho foram os setores mais afetados. Os distritos do Porto e Lisboa registam o maior número de insolvências no mês de outubro.

As insolvências em Portugal aumentaram 27% em outubro, em comparação com o igual mês do ano passado, registando o maior aumento de 2023, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pela Companhia de Seguro de Crédito (Cosec).

As micro e pequenas empresas, com um volume de negócios inferior a 500 mil euros, continuam a registar o maior número de insolvências, à semelhança daquilo que tem acontecido desde o início do ano.

Os distritos do Porto e Lisboa registam o maior número de insolvências no mês de outubro. A análise por setores de atividade mostra que os setores dos serviços, da construção e do retalho registam os valores mais altos em termos de insolvências no mês de outubro.

A seguradora destaca que o aumento das insolvências prende-se com as “elevadas taxas de inflação, que tem retirado poder de compra às famílias e diminuído as margens das empresas”. As perspetivas da Allianz Trade indicam que Portugal está na lista de países que deverão registar os maiores aumentos em 2024, a par com Itália e Países Baixos.

“A Zona Euro continua a enfrentar vários desafios a nível económico. Os principais mercados externos de Portugal estão também a atravessar algumas dificuldades, o que se reflete na economia portuguesa. A Comissão Europeia reviu em alta a taxa de inflação em Portugal para 2023 e 2024, de acordo com as previsões de outono. Já o crescimento, também segundo estas estimativas, sofreu um corte. Neste sentido, acreditamos que a tendência de crescimento homólogo nas insolvências poderá continuar a ser verificada por mais algum tempo”, afirma Vassili Christidis, CEO da Cosec, em comunicado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Profissionais liberais valorizam novo modelo de retenção de IRS, mas têm reservas

Profissionais liberais veem com bons olhos aplicar taxas de retenção na fonte de IRS variáveis aos rendimentos dos trabalhadores independentes, mas têm reservas. Preferiam que Fisco sugerisse apenas.

Os trabalhadores independentes vão ter acesso a um novo modelo de retenção na fonte de IRS, que substitui a atual taxa fixa de 25% por um conjunto de taxas progressivas. Essa mudança é vista com “bons olhos” pela Associação Nacional dos Profissionais Liberais (ANPL), mas esta preferia que o Fisco apresentasse somente sugestões consoante os níveis de rendimentos e os profissionais tivessem autonomia para escolher a taxa de imposto a aplicar mensalmente aos seus rendimentos.

“A ANPL valoriza o princípio da aplicação de taxas de retenção na fonte variáveis, mas preferia que os profissionais liberais tivessem mais autonomia e liberdade para escolher qual a taxa de retenção na fonte que deverá ser aplicada, ainda que o sistema informático da Autoridade Tributária (AT) possa apresentar sugestões consoante os níveis de rendimentos auferidos, e possa emitir pagamentos por conta adicionais nos casos em que os profissionais liberais não estejam a aplicar taxas de retenção na fonte suficientes para fazer face ao imposto devido”, salienta a associação, numa nota enviada esta segunda-feira às redações.

Em causa está uma das medidas que ficou prevista no reforço do acordo de rendimentos assinado pelos parceiros sociais em outubro. Desse entendimento que contou com o “sim” da UGT e de três das quatro confederações patronais, consta o compromisso de aproximar a tributação dos recibos verdes à tributação do trabalho dependente, em caso de dependência económica do trabalhador face à entidade contratante.

Ora, na proposta de Orçamento do Estado para 2024 apresentada pelo ministro das Finanças, não estava previsto nada nesse sentido. E Fernando Medina explicou que tal aconteceria num diploma autónomo.

Mas na semana passada o PS decidiu apresentar uma proposta de alteração a esse documento que determina que no próximo ano serão feitas as alterações informáticas necessária para que os trabalhadores independentes tenham acesso a taxas de retenção na fonte progressivas.

“A ideia é que haja diferentes escalões, como para os trabalhadores dependentes, numa lógica de tributação progressiva”, esclareceu ao ECO o deputado do PS, Miguel Cabrita, frisando que estes trabalhadores tendem “a ser muito prejudicados e a ter não só menos segurança mas também condições menos favoráveis”.

Hoje quer tenham vários clientes ou apenas um, a generalidade desses prestadores de serviços retém mensalmente 25% de imposto.

Em reação, João Ascenso, membro da direção da ANPL, frisa que esta medida é vista com “bons olhos” pelos profissionais liberais, uma vez que vem permitir que aqueles que recebem menores rendimentos tenham uma remuneração líquida superior. “Por outro lado, também admite que a aplicação de taxas superiores a rendimentos de profissionais liberais mais elevados permitirão um melhor controlo dos montantes de imposto final a pagar ao Estado, tornando o rendimento líquido recebido por quem aufere remunerações mais elevadas num rendimento mais próximo do seu rendimento real”, salienta o responsável.

Ainda assim, a Associação Nacional dos Profissionais Liberais tem reservas.

Primeiro, a proposta do PS fala apenas nas alterações informáticas necessárias e não altera, para já, o modelo do imposto em si. Ou seja, será preciso ainda o Parlamento aprovar o novo modelo. “Trata-se, portanto, de uma mera declaração de intenções sem substância e concretização, sendo de questionar se é necessário que o Parlamento crie uma lei que imponha à AT alterar o seu sistema informático. A este propósito pergunta-se: não poderia esta adaptação ter sido já solicitada pelo Governo?”, atira João Ascenso.

Por outro lado, se as empresas que contratam os trabalhadores independentes tiverem conhecimento da taxa de retenção a aplicar, ficarão a saber que rendimentos aufere esse prestador de serviços, o que poderá prejudicar esses profissionais, nas negociações.

“Parece-nos que, numa altura em que a proteção de dados pessoais é tão relevante, esta solução é perniciosa porque poderá fragilizar a posição negocial do profissional liberal, especialmente nos profissionais liberais com menores rendimentos e maior dependência económica que poderão ver os seus contratos de prestador de serviços renegociados em baixa, aproveitando-se o adquirente dos serviços de uma possível situação de vulnerabilidade económica”, avisa o mesmo responsável.

Daí que a ANPL preferisse que o Fisco só sugerisse a taxa a aplicar, em vez de calcular diretamente, como acontece com os trabalhadores por conta de outrem. “A ANPL é contra propostas uniformizadoras em que os modelos dos trabalhadores dependentes são transpostos para os profissionais liberais sem que se reconheçam as particularidades e especificidades de quem exerce uma profissão liberal”, assegura a associação.

Por fim, a ANPL propõe que os profissionais liberais possam realizar pagamentos por conta do IRS facultativos, o que atualmente é uma impossibilidade. Hoje é o Fisco que calcula os pagamentos por conta a efetuar, com base nos rendimentos passados.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo quer “reduzir significativamente” período probatório dos professores

Ministério da Educação propõe "reduzir significativamente" o período probatório para os professores que entram para os quadros. Objetivo é "reconhecer o tempo que já foi prestado".

O Governo pretende “reduzir significativamente” o período probatório, que tem a duração mínima de um ano, para os professores que entram para os quadros do Ministério da Educação. Em cima da mesa de negociação com os sindicatos está a possibilidade de os isentar desse período, caso tenham uma “avaliação de bom”, revelou o ministro da Educação.

Apesar de as reuniões negociais entre sindicatos e Ministério da Educação desta segunda-feira estarem a ser conduzidas pelo secretário de Estado da Educação, o ministro quis “passar um bocadinho por todas as reuniões”, como forma de agradecimento às estruturas sindicais pelo trabalho conjunto que foi feito desde que João Costa assumiu a pasta da Educação. “Esta será, eventualmente, uma das últimas reuniões negociais que temos, se não a última“, justificou, realçando “os passos” dados “uma vezes com acordo outras vezes sem acordo”.

De acordo com o ministro da Educação, uma das três matérias que está esta segunda-feira em discussão com os sindicatos que representam o setor diz respeito à simplificação do período probatório dos professores, dado que esta “foi uma questão que foi levantada com a questão da vinculação de muitos professores”, à boleia da aprovação do novo regime de recrutamento e vinculação.

“Aquilo que estamos a fazer é reduzir significativamente esse período e quando há uma avaliação de Bom poder, inclusive, serem dispensados desse período”, explicou João Costa, em declarações transmitidas pela RTP3. ” Estamos a negociar entre 1 e 2 anos”, acrescentou.

Nesse contexto, segundo o ministro da Educação, a ideia é “reconhecer o tempo que já foi prestado”. Esta tem sido, aliás, uma das reivindicações dos sindicatos, dado que realçam que há professores que apesar de só agora entrarem para os quadros têm vários anos de serviço como professores contratados. O período probatório, tem a duração mínima de um ano escolar e refere-se ao primeiro ano em que o docente vincula e, segundo a legislação, tem como finalidade a verificação da capacidade de adequação do docente ao seu desempenho profissional.

Em setembro, uma nota publicada pela Direção-Geral de Administração Escolar (DGAE) estabelecia este ano letivo ficavam isentos deste período probatório os professores que cumprissem cumulativamente os seguintes requisitos: contabilizem, pelo menos, 730 dias de serviço efetivo nos últimos cinco anos no mesmo grupo de recrutamento em que ingressaram na carreira; e terem, pelo menos, cinco anos de serviço docente com avaliação mínima de “Bom”, entre o ano letivo 2007/08 e o 2022/23.

Por outro lado, está ainda a ser negociado o regime de vinculação dos professores que lecionam nas escolas portuguesas no estrangeiro, “com criação de quadros nessas escolas”, bem como permitir que “os professores contratados que têm mestrado e doutoramento possam progredir mais rapidamente, ou seja, beneficiar das mesmas condições dos seus colegas que estão na carreira”, resumiu João Costa.

À saída da reunião, o secretário-geral adjunto da Fenprof adiantou que a reunião visou sobre regime de vinculação dos professores de escolas portuguesas no estrangeiro, sendo que a ideia é criar “um mecanismo de vinculação”, dado que estes docentes “que não tinham nenhum mecanismo de vinculação”. “Há uma concordância genérica com que está ali foi proposto”, mas “precisamos evidentemente de analisar o documento” e “depois enviaremos uma proposta, eventualmente com alterações“, sinalizou José Feliciano Costa.

Ao mesmo tempo, o responsável indicou ainda, que, no breve encontro que teve com o ministro da Educação, pediu que o alargamento das quotas de algumas classificações aprovado para a Função Pública se aplicasse também aos professores, apesar de continuarem a defender o fim das vagas e das quotas para progressão na carreira. Por outro lado, a Fenprof alterou também para “o problema das reuniões intercalares”.

Ministro não fecha a porta a integrar futuro Governo

Questionado pelos jornalistas sobre a sua disponibilidade para integrar um futuro Governo, tendo em conta que manifestou apoio ao candidato Pedro Nuno Santos para próximo secretário-geral do PS, João Costa garantiu, citado pela Lusa, estar “sempre disponível para servir o país, seja em funções governativas” quer na “vida académica”.

Sobre o que responderia se fosse desafiado a continuar no cargo, João Costa disse tratar-se ainda “de especulação”, sublinhando que preferia que o país não estivesse a atravessar a atual crise política, até porque havia um programa para cumprir até 2026.

(Noticia atualizada às 16h35 com as declarações do secretário-geral adjunto da Fenprof)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Maria Kol é a nova diretora de recursos humanos da Microsoft Portugal

Maria Kol é a nova "human resources lead" da Microsoft Portugal. Promete "contribuir diariamente para que a colaboração, a inclusão e a experiência do colaborador sejam uma prioridade".

A Microsoft Portugal tem uma nova diretora de recursos humanos. Maria Kol ficará responsável pela “gestão estratégia dos recursos humanos” do ramo português da gigante criada por Bill Gates.

“A Microsoft anuncia a nomeação de Maria Kol para o cargo de human resources lead em Portugal, onde ficará responsável pela gestão estratégica dos recursos humanos da subsidiária portuguesa, desde a relação com os colaboradores, captação e retenção de talentos à implementação de práticas e iniciativas que promovam um local de trabalho culturalmente diversificado e inclusivo”, sublinha a empresa numa nota enviada às redações.

Maria Kol irá reportar a Silvina Uviz D’Agostino, diretora de recursos humanos da Península Ibérica.

“Pretendo contribuir diariamente para que a colaboração, a inclusão e a experiência do colaborador sejam uma prioridade, tendo sempre presente a importância do crescimento e capacitação de cada colaborador, parceiro e cliente”, sublinha a nova responsável.

Com mais de dez anos de experiência, Maria Kol tem no seu currículo passagens, nomeadamente, pela Cisco (como human resources country lead), pela Autoridade da Concorrência (como diretora de recursos humanos) e pelo Itaú Unibanco, em São Paulo.

“Maria Kol é licenciada em Ciências Psicológicas pelo Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, tendo, posteriormente, investido em formações, desde mestrado, pós-graduações e MBA, em Desenvolvimento de Liderança, Recursos Humanos e Gestão de Empresas”, explica a Microsoft.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Costa anuncia contratos com mais mil investigadores e novas residências universitárias

  • Lusa
  • 20 Novembro 2023

No próximo dia 18 de dezembro, será aberto um um concurso que prevê "a contratação sem termo de mil investigadores", indicou o primeiro-ministro demissionário.

O primeiro-ministro afirmou esta segunda-feira que, em dezembro, serão contratados sem termo mais mil investigadores e que, na próxima sexta-feira, será inaugurada em Lisboa uma nova residência universitária.

António Costa deixou estas garantias na inauguração do novo centro de investigação e desenvolvimento do ISCTE, em Lisboa, no seu primeiro ato oficial nacional desde que pediu a demissão da liderança do executivo no passado dia 7.

“Conseguiu-se mudar o paradigma da bolsa para o do contrato, o que é muito importante para garantir proteção social. E é fundamental continuarmos a evoluir do modelo do contrato para o do contrato sem termo”, sustentou.

Neste contexto, adiantou que, no próximo dia 18 de dezembro, vai abrir um concurso que prevê “a contratação sem termo de mil investigadores”.

Neste Orçamento do Estado para 2024, introduz-se uma norma importante em que se assegura que o Estado assegura um terço do pagamento desses contratos, complementando o terço pago pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o restante que é obtido através de financiamentos concorrenciais”, disse.

Ainda de acordo com o primeiro-ministro, o Governo apostou num PRR que reforce “a democratização no acesso ao Ensino Superior”. “Não é apenas baixar-se o valor das propinas de licenciatura de mil euros para 697 euros. Atualmente, o grande desafio é resolver o problema do alojamento estudantil e com o PRR vamos quase duplicar a capacidade de camas. Na sexta-feira – aqui ao lado do ISCTE -, será inaugurada uma residência. No caso do ISCTE, das atuais 79 camas, passará a ter 767 no final de 2026″, estimou.

António Costa referiu então que, na última reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), reforçou-se o investimento em ciência “na ordem dos 43%, sem contar com as agendas mobilizadoras, e indicou que nas duas últimas décadas “mais do que quadruplicou” o número de investigadores.

Na parte mais política do seu discurso, António Costa repetiu a ideia de que hoje, em Portugal, “já é consensual que o modelo de desenvolvimento sustentável para o País tem de assentar no conhecimento e na inovação, e não nos baixos salários e no empobrecimento dos cidadãos”.

“O progresso extraordinário que teve o sistema educativo é também o caminho que as empresas vão ter de fazer. As empresas que querem triunfar no mundo global não basta serem competitivas na venda, têm de começar por ser competitivas na contratação e retenção do talento. Esse é um campeonato em que as empresas portuguesas têm de vencer se quiserem triunfar no mercado global”, acentuou.

Antes, o discurso da reitora do ISCTE destinou-se a destacar os padrões de qualidade e de exigência da sua instituição, salientando que o novo centro de investigação irá concentrar mais de mil investigadores.

A antiga ministra da Educação destacou a importância de se juntar num espaço aberto áreas tão diversas de investigação como as telecomunicações, a História, a inteligência artificial e a sociologia, visando um trabalho “colaborativo e multidisciplinar”.

Maria de Lurdes Rodrigues elogiou também a arquitetura do novo edifício, na Avenida das Forças Armadas, em Lisboa, “projetado com a prata da casa”, sendo “sustentável” do ponto de vista ambiental e climático.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.