O dia em direto nos mercados e na economia – 13 de julho

  • ECO
  • 13 Julho 2023

Ao longo desta quinta-feira, 13 de julho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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“Borla” nos bilhetes de museus para turistas vai mesmo acabar e preços vão subir

  • Lusa
  • 13 Julho 2023

Entrada nos museus, palácios e monumentos sob alçada do Estado vai passar a ser gratuita aos domingos e feriados para os residentes em Portugal e paga para os turistas estrangeiros.

Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

A entrada nos museus, palácios e monumentos sob alçada do Estado vai passar a ser gratuita aos domingos e feriados para os residentes em Portugal e paga para os turistas estrangeiros, anunciou o ministro da Cultura.

“Vamos fazer uma revisão da bilhética, estamos a terminar isso, que vai colocar a gratuitidade, integral [durante todo o dia], ao domingo e ao feriado para os residentes em Portugal — os portugueses e os estrangeiros que residem em Portugal — mas os turistas vão passar a pagar ao domingo e ao feriado”, afirmou Pedro Adão e Silva na quarta-feira à noite, durante o programa “Grande Entrevista”, na RTP3. Atualmente, a entrada é gratuita aos domingos e feriados, durante a manhã, para todos.

Pedro Adão e Silva lembrou que “70% dos visitantes dos museus portugueses são estrangeiros” e, dos 30% de visitantes portugueses, “só 15% é que paga bilhete inteiro, tudo o resto tem descontos muito significativos, de 50 a 60%”. “Nós podemos, com este género de alteração, ter um efeito na receita significativo”, defendeu.

De acordo com o ministro, a acompanhar esta alteração na gratuitidade das entradas, será também feita uma “pequena revisão [do valor] da bilhética, uma coisa não muito significativa”.

“Há uma espécie de política da indignação permanente”

Numa entrevista em que voltou a falar do modelo de reorganização da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e da transferência da gestão de alguns museus para as autarquias, Pedro Adão e Silva voltou a ser confrontado sobre as afirmações que tem feito nos últimos dias sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à tutela política da gestão da TAP.

“O que me preocupa é o modo como esta CPI [da TAP] demonstrou algumas tendências, que vão além da CPI, que se manifestam em Portugal e em todas as democracias ocidentais, e isso é que merece reflexão. Desde logo, uma subordinação da lógica política à lógica mediática”, afirmou Pedro Adão e Silva, retomando argumentos que já expusera em Évora, na segunda-feira, e em Melgaço, na terça-feira, em deslocações no âmbito da sua ação como ministro da Cultura, quando questionado por jornalistas sobre o mesmo assunto.

Adão e SIlva salientou “a sensação de que há uma espécie de política da indignação permanente, com um sensacionalismo que é acompanhado em loops noticiosos”, e defendeu que “merece reflexão a forma como aquilo que se passa no parlamento parece estar a decorrer para ser visto nas televisões, e depois ser comentado nas televisões, numa espécie de ciclo de 24 horas”.

Para Adão e Silva, “isso leva a uma tendência de alguma judicialização do Parlamento, que não é benéfica, e que tem enormes consequências”. “Acho que ninguém ganha com a política espetáculo”, afirmou.

No mesmo âmbito, o ministro da Cultura lamentou que a oposição esteja mais centrada neste tipo de questões do que em apresentar — nomeando o PSD – propostas para o setor que tutela.

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Cartão Universo lança unidade focada na poupança e investimento

  • Joana Abrantes Gomes
  • 13 Julho 2023

Nova unidade de negócio da Universo disponibiliza três produtos de poupança associados a fundos de investimento, sob a forma de seguro e com subscrição digital.

O Cartão Universo, que conta com mais de um milhão de clientes e uma carteira de crédito de aproximadamente 400 milhões de euros, vai ter uma nova unidade de negócio focada na poupança e investimento. A unidade de crédito ao consumo da retalhista Sonae juntou-se à seguradora MAPFRE para criar três produtos financeiros, estando ainda nos planos o lançamento de uma opção de capital garantido.

Em comunicado, a Universo detalha as três opções de carteiras de fundos de investimento: uma com perfil Defensivo, uma com perfil Equilibrado e outra com perfil Dinâmico Ações.

Direcionada para investidores conservadores, com expectativa de deter a poupança durante pelo menos três anos, a carteira com perfil Defensivo tem, neste momento, uma exposição objetivo de aproximadamente 25% a ações e 75% a obrigações. A exposição a ações pode variar entre 10% e 35%.

A carteira com perfil Equilibrado tem, à data do lançamento, uma exposição objetivo de aproximadamente 50% a ações e 50% a obrigações, sendo destinada a investidores que procuram rentabilidade e que esperam deter a poupança durante um período mínimo de cinco anos. Neste caso, a exposição a ações pode variar entre 30% e 60%.

Para quem procurar maximizar a rentabilidade e tiver a expectativa de deter a poupança durante, pelo menos, oito anos, a carteira com perfil Dinâmico Ações tem uma exposição objetivo de aproximadamente 70% a ações e 30% a obrigações. A exposição a ações estará compreendida entre 50% e 90%.

“Cada uma das três carteiras disponíveis alocará diferentes proporções do valor investido, entre ações, obrigações, imobiliário e ouro. Além disso, todos os produtos investem parte do seu portfólio em empresas que cumprem determinados critérios de sustentabilidade”, escreve a Universo no comunicado, acrescentando que a exposição a ouro e imobiliário é de cerca de 2%.

No futuro, a Universo planeia ainda lançar uma opção de Capital Garantido, direcionada para investidores que procuram a garantia total do seu capital.

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5 coisas que vão marcar o dia

O INE divulga preços da habitação do primeiro trimestre de 2023, CPI aprecia e vota relatório final e Eurogrupo reúne-se em Bruxelas esta quinta-feira.

Esta quinta-feira, dia 13 de julho, o Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar a estimativa dos preços de habitação do primeiro trimestre de 2023 e ainda as estatísticas rápidas do transporte aéreo em maio. Já a Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP vai votar o relatório final. O Eurostat divulga a produção industrial na União Europeia em maio. Por fim, o Eurogrupo reúne-se esta quinta-feira em Bruxelas.

INE divulga preços da habitação

O gabinete de estatísticas vai divulgar esta quinta-feira a estimativa dos preços de habitação ao nível local referente ao primeiro trimestre de 2023. Em 2022, o preço mediano da habitação vendida em Portugal foi de 1.484 euros por metro quadrado, subindo 14,4% face a 2021, com uma subida de 2,6% no último trimestre no ano face ao terceiro trimestre.

Votação do relatório final da CPI

Esta quinta-feira vai ficar marcada pela apreciação e votação do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP pelas 15h00. Esta comissão tomou posse em fevereiro e após 141 dias chega ao fim, após ter ouvido centenas de personalidades e analisado toda a documentação. Este relatório final segue depois para apreciação no plenário da Assembleia da República.

Eurostat divulga produção industrial na União Europeia

O Eurostat vai divulgar os preços da produção industrial no mercado interno relativos a maio de 2023. Em abril, os preços na produção industrial recuaram 3,2% na Zona Euro, face ao mês anterior, e 2,9% na União Europeia. Já se a comparação for feita com abril de 2022, os preços subiram. Em Portugal, os preços na produção industrial caíram tanto em cadeia como face ao período homólogo.

Ministros das Finanças reúnem-se em Bruxelas

O Eurogrupo vai reunir-se esta quinta-feira em Bruxelas. Os ministros dos Estados-membros da zona Euro responsáveis pelas Finanças irão debater a situação económica e orçamental na zona euro e as orientações de política orçamental para 2024, o papel internacional do euro, o futuro dos mercados financeiros e de capitais europeus e ainda o euro digital, na sequência do pacote legislativo sobre a moeda única publicado pela Comissão Europeia.

INE revela estatísticas sobre viagens aéreas

Também esta quinta-feira o INE vai avançar com as estatísticas rápidas do transporte aéreo em maio deste ano. Em abril passaram pelos aeroportos nacionais um total de 5,9 milhões de passageiros que aterraram nos 20,5 mil aviões que operaram voos comerciais para embarques, desembarques e trânsitos diretos, e 18,4 mil toneladas de carga e correio. Estes números representam uma subida de 18,7% no número de passageiros e de 0,6% na carga e correio, face ao período homólogo.

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6 dicas para cuidar bem do seu dinheiro nas férias

Tome note de meia dúzia de dicas para a sua carteira que prometem poupar-lhe tempo, dinheiro e chatices nas próximas férias além-fronteiras.

É provável que a esta hora já tenha tudo planeado: hotel reservado, bilhetes de avião comprados, planos de atividades orientados, restaurantes marcados, locais a visitar definidos. E se fez tudo isto com tempo, terá com certeza conseguido poupar uma boa maquia.

Mas para que este esforço não acabe em vão, é importante dedicar algum tempo a preparar as suas finanças antes de embarcar até ao paraíso para reduzir o stress depois de aterrar e, sobretudo, para evitar dores de cabeça no regresso a casa.

É comum as pessoas esquecerem-se de precaver uma série de decisões antes de irem de férias, que podem poupar-lhes tempo, dinheiro e chatices. Ter um cartão de crédito recusado porque o banco suspeitou de uma cobrança internacional fraudulenta pode arruinar um jantar durante as férias, por exemplo. Ou não trocar o dinheiro que resta das férias antes de sair de um país de “moeda fechada” pode obrigá-lo a deixar para trás uma quantia significativa de dinheiro. Pode até ter problemas após regressar a casa, se descobrir que lhe foram cobradas várias taxas de multibanco e de transações internacionais.

Para afastar todas estas maleitas da sua carteira, tome note de seis dicas que prometem retirar preocupações e ajudá-lo a ter umas férias tranquilas.

  1. Usar notas e moedas
    O dinheiro em numerário é uma das formas de pagamento mais económicas e convenientes quando se está fora do país, mas há algumas considerações importantes a ter em conta. Por exemplo, terá de conhecer a taxa de câmbio e saber se se trata de um país de “moeda fechada”, como Marrocos, Tunísia ou Cuba, o que significa que o dinheiro não pode ser trocado fora das fronteiras. Isto obriga a que tenha de gastar ou trocar qualquer moeda estrangeira destes países antes de partir para casa.
  2. Câmbios de referência
    Viajar para um país que não tenha o Euro como moeda oficial obriga a que tenha de saber quantos euros correspondem na moeda local. Há várias aplicações para smartphones que o ajudam nesta tarefa, como é o caso do XE Currency Converter ou o Currency converter plus. O Banco de Portugal também tem um conversor de moedas, que apesar de não estar disponível sob a forma de aplicação pode ser acedido pelo seu site. O Banco Central Europeu também não tem uma aplicação, mas todos os dias, pelas 15 horas, publica a taxa média de câmbio do Euro face a 30 divisas, com base num procedimento de concertação diária entre os bancos centrais da Europa. Procure consultar a taxa de câmbio média do Euro face à moeda do país para onde irá viajar antes de ir de férias e leve no seu smartphone uma destas aplicações, para o ajudar na hora de converter os seus euros.
  3. Conversão de dinheiro
    Levar consigo euros e convertê-los no destino é sempre preferível do que optar por carregar consigo moeda estrangeira, sobretudo se for uma divisa pouco comum. É natural que tanto o seu banco como qualquer casa de câmbio, em virtude da baixa procura por essa moeda acabe por cobrar uma comissão elevada ou pior, esteja a praticar um preço bem acima da taxa de câmbio média. Opte por converter entre 50 a 100 euros logo no aeroporto de destino para fazer face às primeiras despesas e depois procure uma casa de câmbios oficial na cidade (normalmente os roteiros de viagens fazem algumas sugestões) ou mesmo no hotel onde está hospedado para trocar o dinheiro. Com base na lei da oferta e da procura, é muito provável que as taxas no aeroporto sejam mais penalizadoras para a sua carteira do que as praticadas na cidade, onde a concorrência é maior.
  4. Compras com cartão
    As taxas de câmbio utilizadas pelos cartões de crédito da Mastercard e Visa (as duas referências de cartões bancários) são mais vantajosas do que qualquer casa de câmbios onde troque dinheiro. O problema que se coloca na utilização destes cartões quando faz uma compra no estrangeiro é as comissões cobradas pelo seu banco pela sua utilização num terminal de pagamento (TPA) ou numa caixa de levantamento (ATM) além-fronteiras. Segundo a legislação europeia, os pagamentos efetuados com cartões na União Europeia estão abrangidos pelo princípio da igualdade de encargos, ou seja, os bancos não podem cobrar comissões diferentes pela utilização do cartão em qualquer país da União Europeia diferente das comissões que cobram em Portugal, desde que a transação seja feita em euros. A questão coloca-se quanto viaja para fora da comunidade europeia. E nesse caso é importante consultar o preçário. Há alguns cartões que já isentam o pagamento das comissões associadas às transações realizadas no estrangeiro, mas há muitos que chegam a cobrar elevadas comissões. Se o seu cartão for amigo da sua carteira, opte sempre por pagar com ele. Caso contrário opte por pagar em dinheiro.
  5. Cuidado com os “amigos do alheio”
    Tenha cuidado onde passa o seu cartão de débito e de crédito. Não corra riscos desnecessários. Procure fazer levantamentos apenas em ATM localizados em espaços fechados (aeroportos, hotéis, agências bancárias), que possam ser vigiados e monitorizados constantemente, e faça apenas pagamentos em lojas seguras. E nunca, mas nunca perca de vista o cartão numa loja ou num restaurante. Peça sempre o terminal de pagamento ou dirija-se à zona de pagamento para passar o cartão. O risco de clonagem de cartões é real e continua a crescer.
  6. Informe o seu banco
    Atualmente, as “batalhas” entre vigaristas e instituições financeiras podem criar alguns danos colaterais inesperados nas suas férias. Os bancos, por segurança, podem bloquear rapidamente a sua conta bancária ou o seu cartão de crédito após constatarem que estão a ser feitas compras ou levantamentos da sua conta num país estrangeiro. Para evitar estas situações, contacte o seu gestor de conta e diga-lhe que irá ausentar-se uns dias para fora do país e garantir que os seus contactos no banco estão atualizados para que, caso o seu banco necessite de o contactar sobre uma qualquer transação não o deixe envergonhado com uma mensagem de “não autorizado” no ecrã de um TPA.

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Alegados crimes de Rui Rio podem dar até quatro anos de prisão

Peculato e abuso de poderes são os crimes de que Rui Rio e outros dirigentes do PSD são suspeitos. A moldura penal pode ir até aos quatro anos de prisão.

Rui Rio, antigo presidente do PSD, a sede nacional do partido, bem como outros dirigentes do PSD foram alvo de buscas esta quarta-feira por suspeitas de crimes de peculato e abuso de poderes. Ao todo estes crimes oscilam entre os seis meses e os quatro anos de prisão.

Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) adiantou que em causa está a utilização de fundos de natureza pública, em contexto político-partidário, a factos cujo início relevante da atuação se reporta a 2018.

Entre os crimes suspeitos está o de peculato. Este crime recaem sobre titular de cargo político que no exercício das suas funções ilicitamente se aproprie, em “proveito próprio ou de outra pessoa”, de dinheiro ou qualquer coisa móvel ou imóvel, pública ou particular, que lhe tenha sido entregue, esteja na sua posse ou lhe seja acessível em razão das suas funções.

O agente que incorra neste crime é punido com pena de prisão de três a oito anos e multa até 150 dias, segundo artigo 20.º/1 da Lei n.º 34/87, de 16 de Julho.

Ainda assim, o número 2 deste artigo acrescenta que se o infrator der de “empréstimo, empenhar ou, de qualquer forma, onerar quaisquer objetos referidos no número anterior, com a consciência de prejudicar ou poder prejudicar o Estado ou o seu proprietário, será punido com prisão de um a quatro anos e multa até 80 dias”.

Entre as suspeitas tornadas públicas esta quarta-feira está também a de abuso de poderes. Caso algum dos suspeitos seja acusado por este crime pode ser punido com uma pena de prisão até três anos ou com pena de multa até 100 dias.

O crime de abuso de poderes (art.º 26.º da Lei n.º 34/87, de 16 de Julho) recai sobre o titular de cargo político que abusar dos poderes ou “violar os deveres inerentes às suas funções”, com a intenção de obter, para si ou para terceiro, um “benefício ilegítimo ou de causar um prejuízo a outrem”. Este crime público pune o agente com pena de prisão de seis meses a três anos ou multa de 50 a 100 dias, “se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal”.

A lei dos crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos estipula ainda que no crime de abuso de poderes incorre ainda o titular de cargo político que “efetuar fraudulentamente concessões ou celebrar contratos em benefício de terceiro ou em prejuízo do Estado”.

A investigação da PJ está a ser conduzida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção. Foram realizadas ao todo esta quarta-feira 20 buscas, 14 delas domiciliárias, cinco a instalações de partido político e uma em instalações de Revisor Oficial de Contas, na zona da Grande Lisboa e na zona norte do país.

A operação foi acompanhada por seis magistrados do Ministério Público, um juiz de Instrução Criminal e contou com a colaboração do DIC de Setúbal, da ULIC de Évora, da UPFC e UPTI da PJ, tendo participado nas buscas cerca de 100 inspetores e diversos peritos informáticos e financeiros.

“A investigação prosseguirá com o exame integral aos elementos probatórios alcançados, visando o cabal esclarecimento dos factos que integram o objeto do inquérito”, disse a PJ em comunicado.

Na quarta-feira, o PSD confirmou “que a sede nacional e a sede distrital do Porto foram objeto de buscas por parte da Polícia Judiciária”, sinalizando que “a investigação em curso, visa factos que remontam ao período de 2018 a 2021”, período que abrange a gestão de Rui Rio, dado que Luís Montenegro só foi eleito em maio de 2022. O partido assegurou ainda que “prestará toda a colaboração solicitada pelas autoridades judiciais”.

Segundo a CNN, a PJ suspeita de que poderá ter existido utilização indevida de dinheiros públicos na anterior gestão do partido. Em causa estão suspeitas de um esquema de pagamento de ordenados a funcionários do PSD com recurso a verbas da Assembleia da República que são destinadas a cargos de assessoria dos grupos parlamentares.

Hugo Carneiro, deputado do PSD, confirmou também em declarações às RTP3 que também foi alvo de buscas, tanto na residência em Lisboa como no Porto, e que colaborou “totalmente” com Ministério Público e PJ. Avançou que, até ao momento, não foi constituído arguido.

Já esperava há muito tempo que isso pudesse acontecer, porque julgo que praticamente todos os colaboradores, quer do grupo parlamentar quer do PSD, há muitos meses foram chamados ao Ministério Público e à PJ para prestar declarações”, disse o deputado do PSD.

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A comissão de inquérito à TAP valeu a pena? Sim, mas deixou um triste retrato

A CPI à TAP deixou a nu os problemas de governança nas empresas e no Governo e os defeitos de uma democracia dominada pela partidocracia. A crença na mudança é pouca.

A comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP termina esta quinta-feira, 141 dias depois de ter tomado posse em fevereiro, tempo em que ouviu presencialmente e por escrito 56 personalidades e recolheu um imenso manancial de documentação. Valeu a pena? Os economistas e politólogos ouvidos pelo ECO consideram que sim, mas o que se viu não foi bonito.

Os deputados vão hoje discutir e votar o relatório final na derradeira reunião da CPI. O voto contra da direita é certo, resta saber se Bloco e PCP também acompanham. Ao longo de cinco meses escalpelizou-se a privatização da TAP em 2015 e ficaram-se a saber detalhes sobre a forma como a empresa foi capitalizada usando os “Fundos Airbus” ou a situação limite em que se encontrava a tesouraria da companhia.

Ficou a conhecer-se melhor os contornos da compra do negócio da manutenção e engenharia da Varig no Brasil, essencial para alguns, ruinoso para a maioria, os salários, bónus e outras regalias dadas aos administradores, os casos de ingerência política e, claro, os temas mais polémicos, da saída de Alexandra Reis aos desacatos no Ministério das Infraestruturas, já conhecidos como o “Galambagate”.

Mas o que fica destes cinco meses de CPI? Valeu realmente a pena? O presidente do ISEG, João Duque, acredita que sim. “Permitiu perceber melhor os meandros do que muita gente não sabia”, afirma. Por exemplo, a forma como a tutela das empresas públicas é exercida pelos ministros. “Não há interferência? É manifesta a prova. Temos poucos processos montados e estabelecidos que sejam mais fortes que as pessoas. Noutras organizações não é assim”, aponta.

Temos poucos processos montados e estabelecidos que sejam mais fortes que as pessoas. Noutras organizações não é assim.

João Duque

Presidente do ISEG

O presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), João Moreira Rato, considera que a CPI foi uma oportunidade perdida. “Acho que não foi suficientemente enfatizado na CPI a importância da governance. Atirou-se o tema para cima da mesa e foi menorizado e desvalorizado pelos políticos”, considera.

“Há inconsistências entre os deveres das tutelas financeira e setorial, que deviam estar definidos à partida. Há zonas sombra em que não se sabe quem é responsável. É o que se deve evitar“, refere o antigo presidente do conselho de administração do Banco CTT. “Não me parece que deste exercício tenha saído uma clarificação”, lamenta.

Uma das recomendações que consta do relatório preliminar é “garantir a melhoria da articulação entre a tutela financeira e setorial, assegurando que a divisão e conexão de responsabilidades é clara e concebida para servir o interesse público”. Outra aconselha “robustecer os canais de relacionamento institucional entre o Governo e as empresas do setor público empresarial”.

Acho que não foi suficientemente enfatizado na CPI a importância da “governance”. Atirou-se o tema para cima da mesa e foi menorizado e desvalorizado pelos políticos.

João Moreira Rato

Presidente do Instituto Português de Corporate Governance

Sobre a indemnização a Alexandra Reis, João Moreira Rato defende que “devia ser definido ex-ante e seguir um caminho pré-estabelecido”, acrescentando que “há um problema gravíssimo de falta de transparência do Estado”.

“Se numa empresa pública com o escrutínio que havia na TAP depois de lá termos enfiado 3,2 mil milhões de euros aconteceu o que aconteceu, o que podemos imaginar sobre as outras empresas públicas”, comenta apenas Luís Aguiar-Conraria, economista e professor da Universidade do Minho.

O presidente do IPCG revelou que está a preparar um grupo de trabalho para definir linhas de orientação sobre governance nas empresas públicas, que deverá começar a reunir depois do verão.

Falta de independência dos deputados

“Vale sempre a pena porque estamos todos a discutir isto”, afirma António Costa Pinto, professor jubilado e investigador de ciência política da Universidade de Lisboa, sobre a comissão de inquérito. Ainda que considere que a CPI “pode não ter sido boa para a imagem da democracia”, apontando “os exageros em direto”. “Foi um ministro que disse que era um reality show [Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura]. Sim, foi um reality show“.

A nu ficou também a forma como as lógicas políticas acabam por se sobrepor. “Todas as comissões parlamentares de inquérito são limitadas pela maioria vigente. A maioria tenta impedir que a oposição marque pontos”, começa por referir António Costa Pinto. “Os deputados não são independentes. São dependentes de um diretório oculto que é o partido que os acolheu“, aponta.

Os deputados não são independentes. São dependentes de um diretório oculto que é o partido que os acolheu.

António Costa Pinto

Professor jubilado e investigador de ciência política da Universidade de Lisboa

Um ponto sublinhado também pelo presidente do ISEG. “A CPI serviu para nós avaliarmos a qualidade do sistema político nacional. A forma como elegemos os parlamentares propicia este tipo de espetáculo. Há uma pessoa que não estando lá manda no Parlamento, que é o primeiro-ministro. Luís Montenegro não está no Parlamento e também manda nos deputados”, atira João Duque.

Os deputados prestam contas a quem os coloca na lista em lugar elegível. Desta vez isso ficou ainda mais evidente. Os parlamentares não são independentes. No Reino Unido, os deputados do Partido Conservador removeram o líder do partido, Boris Johnson. Cá era inimaginável que uma maioria parlamentar fizesse o mesmo”, acrescenta. “Temos uma democracia refém de parlamentares que prestam vassalagem ao líder do partido”, conclui, defendendo os círculos uninominais.

Temos uma democracia refém de parlamentares que prestam vassalagem ao líder do partido.

João Duque

Presidente do ISEG

Temos uma democracia com uma partidocracia e a partidocracia sobrepõem-se à democracia. Uma CPI é uma coisa dependente de um diretório de um partido”, diz também António Costa Pinto. O problema está numa palavra que diz não ter correspondência direta em português: “accountability“, que é mais do que responsabilidade ou escrutínio. “Há falta de accountability na cultura democrática portuguesa”, observa.

O politólogo considera infeliz o relatório preliminar, da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo, que motivou críticas de toda a oposição pela forma como iliba o Governo. “O relatório preliminar, demasiado parcial e pró-governamental, não é bom para o PS“, aponta, acrescentando que foi mal recebido até por alguns deputados do PS. “É um processo de aprendizagem. Da próxima vez já não cometem este erro”.

Se a conclusão final é de que está tudo bem é porque não há problemas. Não se vai mudar nada.

João Duque

Presidente do ISEG

A CPI mostrou uma cultura seguidista, de rebanho, atrás do líder. Às vezes a pior forma de servir o líder é seguir o líder“, considera António Costa Pinto, que não tem dúvidas de que a comissão, ainda assim, fragilizou o Governo: “Foi obrigado a demitir um ministro e ficou com outro preso por cordéis”.

João Duque tem dúvidas que alguma coisa venha a mudar, a avaliar pelo relatório preliminar. “Se a conclusão final é de que está tudo bem é porque não há problemas. Não se vai mudar nada”, remata o presidente do ISEG.

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Rendas arriscam aumento de 8% em 2024. Governo admite repetir travão

Inflação que serve de base à atualização das rendas fixou-se nos 8% em junho. Governo está a acompanhar situação e espera por dados definitivos que serão conhecidos em setembro.

As rendas podem disparar entre 7% e 8% a 1 de janeiro de 2024, se o Governo não repetir a norma travão que limitou as atualizações a 2% no início deste ano – situação que admite estar a analisar até serem conhecidos dados definitivos.

Esta incerteza não agrada nem a inquilinos nem aos senhorios. Embora com interesses distintos, gostariam que o Executivo clarificasse as regras o quanto antes.

A inflação que serve de base para o cálculo do coeficiente de atualização anual das rendas dos diversos tipos de arrendamento, incluindo para habitação, fixou-se nos 7,91% em junho, segundo dados divulgados na quarta-feira pelo Instituto Nacional Estatística (INE).

O Código Civil determina que este coeficiente seja calculado com base na variação do índice de preços no consumidor, sem habitação, correspondente aos últimos 12 meses, tendo por referência os valores até 31 de agosto, que só serão publicados pelo INE em setembro e depois em Diário da República até 30 de outubro.

Embora seja preciso esperar mais dois meses para termos os valores finais, a evolução deste indicador nos últimos meses permite antecipar, e não se registando grandes oscilações até agosto, um coeficiente de atualização a 1 de janeiro de 2024 acima daquele (5,43%) que levou o Governo a avançar com uma norma travão nas rendas para limitar as atualizações a um máximo de 2% este ano.

É neste contexto que o Ministério da Habitação, questionado pelo ECO se vai repetir o travão nas rendas, adianta que “o Governo está a acompanhar a evolução dos dados” e que o “assunto se mantém em análise até existirem dados definitivos”.

Inflação que serve de base à atualização das rendas nos 8%

Fonte: Instituto Nacional de Estatística.

Aumentos acima de 3% ou 4% serão exagerados, dizem inquilinos

Para a maior parte dos inquilinos portugueses (cerca de 60%), e sem uma intervenção do Governo, isto significa que poderá enfrentar aumentos mensais entre 16 e 52 euros no valor das rendas a partir de 1 de janeiro do próximo ano, de acordo com os cálculos do ECO com base nos dados do Censos 2021. Razão pela qual a Associação de Inquilinos Lisbonenses (AIL) desejaria que o Governo ponderasse novamente a norma travão e anunciasse a medida rapidamente.

Era bom o Governo dizer de sua justiça sobre esta matéria para não alimentar dúvidas e especulações. Os senhorios já vieram reclamar que abaixo de 7% seria muito mau. Mas temos de enquadrar esta discussão dentro do aumento generalizado dos preços dos alimentos, da energia, do que é básico”, salienta António Machado, secretário-geral da AIL em declarações ao ECO.

Tudo o que sejam aumentos superiores a 3% ou 4% serão exagerados, tendo em conta o aumento geral do custo de vida”, acrescenta, admitindo que o aumento de rendimentos equilibrou os pratos da balança, mas que os inquilinos continuam entre a espada e a parede.

Proprietários esperam subir rendas em 7%

Tal como a associação de inquilinos, também os proprietários esperam por notícias do Governo a este respeito, mas na expectativa de que a norma travão não se volte a repetir.

“Neste momento, o que a lei diz é que o coeficiente será para aplicar, pois o diploma da norma travão já não se aplica a 2024”, refere Luís Menezes Leitão, presidente Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), apontando para que o coeficiente de atualização das rendas para o próximo ano se situe à volta dos 7%.

Para Menezes Leitão, avançar novamente com o travão nas rendas iria adicionar ainda mais instabilidade ao mercado de arrendamento em Portugal, com impacto novamente para os senhorios que também estão a lidar com os efeitos da escalada da inflação. “Esperemos que não repliquem [a norma travão]. Isso resultaria em grandes prejuízos para os proprietários e numa grande desconfiança no mercado”, diz.

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Novo relatório da comissão de inquérito já não ignora caso Galamba

Novo relatório da comissão parlamentar de inquérito já inclui desacatos no Ministério das Infraestruturas, mas ficam fora das conclusões.

Os desacatos no Ministério das Infraestruturas que envolveram o ex-adjunto de João Galamba já constam do relatório da comissão parlamentar de inquérito (CPI), bem como a reunião preparatória com a ex-CEO, mas estão fora das conclusões. Já a existência de ingerência política na gestão da TAP continua excluída da nova versão.

Foram acolhidas propostas do PS, Chega, Bloco de Esquerda e PCP, sobretudo no que toca às recomendações. Ao que o ECO apurou, a nova versão documento da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo, considera total ou parcialmente cerca de 40% das propostas de alteração.

O documento já não passa por cima do chamado “caso Galamba”. “Os acontecimentos ocorridos no dia 26 de abril de 2023 no Ministério das Infraestruturas e seus desenvolvimentos, que foram objeto de várias audições na CPI, são de uma enorme gravidade”, lê-se na introdução.

Considera, no entanto, que “o facto destes acontecimentos – designadamente quanto ao envolvimento dos Serviços de Informação e Segurança (SIS) – não se situarem no âmbito que foi definido para a ‘CPI à gestão política da TAP’ obriga a própria Assembleia da República, e outras instâncias, a tomarem as respetivas iniciativas para que exista um cabal esclarecimento sobre o que se passou, o apuramento das responsabilidades e das respetivas consequências políticas e legais”.

A reunião preparatória com a ex-CEO a 17 de janeiro, antes de comparecer na Comissão de Economia e Obras Públicas, também passa a constar do texto, embora para salientar que “não cai no objeto desta CPI”. Nenhum destes casos consta das conclusões ou sobre eles são assacadas responsabilidades.

Há temas que geraram fricção e que continuam ausentes e as principais conclusões não são alteradas. É o caso da rejeição de ingerência política por parte do Governo na companhia ou a desvalorização das responsabilidades de ex-governantes na indemnização a Alexandra Reis.

As alterações às conclusões são sobretudo de pormenor. No primeiro capítulo é incluída a referência ao processo de recrutamento internacional da ex-CEO, Christine Ourmières-Widener, conduzido pela Kornferry. “Este recrutamento teve um custo de 180 mil euros, o equivalente a 30 meses de salário de um gestor público de topo, numa prática que o Estado deve evitar“, sublinha agora o documento a que o ECO teve acesso.

Ainda a respeito da antiga gestora, passa a constar nas conclusões a “alegação de que em determinado momento, a ex-CEO da TAP poderia ter colocado à disposição da sua família, um carro e motorista da empresa“.

Há também mudanças no que toca ao processo de saída de Alexandra Reis da TAP e à sua entrada na NAV, com um sublinhado sobre as datas do processo. “Alexandra Reis negociou a sua saída da TAP entre 25 de janeiro e 4 de fevereiro de 2022, materializando a saída a 28 de fevereiro e sendo contactada a 22 de março para a possibilidade de assumir a Presidência da NAV”.

Por proposta do PS, é evidenciado que “aquando do seu regresso ao exercício de funções públicas, com a sua nomeação para a presidência do Conselho de Administração da NAV, quatro meses depois, Alexandra Reis não procedeu à devolução da parte da indemnização prevista nos termos do EGP“. Além disso, a CPI apurou que “nenhuma entidade pública detetou o incumprimento da devolução da parte da indemnização prevista nos termos do EGP”.

O papel dos “Fundos Airbus” na capitalização da TAP após a privatização em 2015 é também apresentado com maior pormenor nas conclusões, indicando que a DGN, de David Neeleman, assinou um memorando de entendimento com a Airbus que libertou os 226,5 milhões usados pela Atlantic Gateway para colocar na companhia aérea.

Uma cedência parcial à oposição é a inclusão nas conclusões de que “mesmo com a reconfiguração acionista, o processo entre 2015 e 2020 não resultou numa alteração substancial dos capitais próprios” da TAP. Ou seja, a recompra de 50% do capital pelo Governo PS em 2017 não alterou, nesse prisma, a situação da companhia.

Finanças instadas a publicar relatório sobre privatização

As alterações mais substanciais estão nas recomendações, cujo número é alargado. Nas direcionadas ao Governo está o apelo para que seja pedido à Inspeção-Geral de Finanças uma auditoria ao negócio da TAP no Brasil e aos “Fundos Airbus”, bem como que seja iniciada uma investigação europeia.

O Ministério das Finanças deve realizar a publicação do Relatório Final da Comissão Especial de Acompanhamento à Privatização da TAP, criada em 2015, cumprindo a legislação”, recomenda-se também.

Nas recomendações às empresas públicas passou a constar que estas “têm que ser particularmente exemplares no respeito dos direitos dos trabalhadores”. “Recomenda-se um especial acompanhamento das matérias sinalizadas pelas estruturas representativas dos trabalhadores, sindicatos e Comissão de Trabalhadores, nomeadamente quando ao efetivo envolvimento à promoção de uma livre e justa negociação coletiva das condições de trabalho e ao reforço de debilitados quadros operacionais da companhia”, lê-se ainda.

O relatório passa ainda a apontar “uma excessiva classificação de documentos como confidenciais, secretos ou de acesso restrito“. “Todas estas situações devem ser comunicadas às respetivas entidades competentes para que se atue e apure cabalmente todas as responsabilidades, incluindo responsabilidades criminais”, pede o documento.

A versão distribuída esta noite aos deputados será a base para a discussão e votação esta quinta-feira, na derradeira reunião da CPI. PSD e Iniciativa Liberal já anunciaram antecipadamente o chumbo do relatório. Resta saber se as alterações introduzidas vão levar os restantes partidos a abster-se ou mesmo a aprovar o documento.

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Comissão de inquérito à TAP pede auditoria da IGF a negócio no Brasil e “Fundos Airbus”

A nova versão do relatório da CPI pede ao Governo que solicite à IGF uma auditoria à privatização da TAP em 2015 e à União Europeia para que seja lançada uma investigação ao papel da Airbus.

A nova versão do relatório da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP pede ao Governo que solicite à Inspeção-Geral de Finanças (IGF) uma auditoria à compra do negócio da manutenção e engenharia da Varig no Brasil e aos “Fundos Airbus” usados por David Neeleman para capitalizar a TAP na privatização.

Uma das novas recomendações “pede ao Governo que realize com caráter de urgência uma inspeção e auditoria, através da IGF (…), aos pagamentos feitos pelo Grupo TAP à Airbus; às empresas de David Neeleman e ao próprio“, lê-se no documento a que o ECO teve acesso.

O pedido estende-se aos pagamentos feitos à Atlantic Gateway, ao Grupo Barraqueiro e a Fernando Pinto, que foi CEO da companhia aérea em 2000 e 2018.

Pede-se também que “no quadro das suas relações bilaterais e da sua participação nas estruturas da União Europeia, o Governo atue para que seja lançada uma investigação ao papel da Airbus no processo de privatização da TAP em 2015″.

O relatório pretende ainda que a entidade de auditoria das Finanças olhe para as “contas da TAP SGPS e TAP SA, no sentido de apurar cabalmente todos os pagamentos e contratos relacionados com os negócios de compra e atividade da TAP ME Brasil“, um negócio que provocou um buraco de mil milhões nas contas da companhia aérea e está em fase final de liquidação. Por fim, é pedida também uma avaliação ao “valor e motivos de todos os contratos de consultoria pagos pela TAP (solicitados ou não) desde 2005”.

Antes ainda de a TAP passar para as mãos da Atlantic Gateway na privatização de 2015, a companhia aérea pagou uma série de despesas em benefício da holding de David Neeleman e Humberto Pedrosa em serviços de consultoria para a compra da própria transportadora. O valor excedeu os 10 milhões que os acionistas privados pagaram por 61% do capital.

“A TAP SA e a TAP SGPS apenas enviaram a totalidade da documentação solicitada pela CPI no dia 10 de julho, sobre a faturação existente relativa a serviços indevidamente pagos pela TAP, mas realizados em benefício dos negócios de David Neeleman e da empresa Atlantic Gateway”, informa a nova versão do relatório da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo, entregue aos deputados ao princípio da noite.

Segundo o documento, “a comissão encontrou fortes indícios, na documentação enviada pela TAP SA e TAP SGPS, de que um conjunto de pagamentos de despesas da DGN [empresa de Neeleman] com a compra da TAP foram pagas pela própria TAP“.

O conjunto de documentação enviada evidencia múltiplas despesas realizadas antes do dia 12 de novembro de 2015 [data em que se efetivou a privatização]. Estes pagamentos situam-se em valores superiores ao valor de 10 milhões de euros pagos pela Atlantic Gateway pela compra da TAP em 2015“, continua.

Como indícios para serem investigados pelo Ministério Público, a CPI envia “o pagamento de 15 milhões de euros realizado à consultora Seabury por serviços prestados em 2015 e 2016, tratando-se da consultora que assessorou David Neeleman na compra da TAP”. E ainda “o contrato assinado entre a TAP, pela mão de Fernando Pinto, e a Seabury no dia 26 de junho de 2015, dois dias depois da assinatura do Acordo de Venda Direta, para a prestação de serviços de consultoria intitulado «Project Gateway», prestados ainda antes da assinatura do Acordo de Conclusão, a 12 de novembro de 2015”.

“Estes pagamentos delapidaram a empresa e representam um conjunto de práticas inadmissíveis”, lê-se na parte do documento relativa à informação a enviar ao Ministério Público, cuja inclusão constava nas propostas de alteração do PCP.

Na mesma secção consta também que “a comissão encontrou evidência de que um conjunto de administradores da TAP, durante os anos de 2017, 2018 e 2019, tinham os seus salários pagos através de uma prestação de serviços paga à Atlantic Gateway em vez de receberem os mesmos através da TAP, fazendo com que a TAP fugisse ao pagamento da taxa de 23% para a Segurança Social, e que os mesmos fugissem ao pagamento da taxa de 11% para a Segurança Social”. A inclusão desta informação também fazia parte das propostas do PCP.

O relatório final será remetido ao Ministério Público como acontece habitualmente nas comissões parlamentares de inquérito, mas há mais duas informações que são sublinhadas. Uma diz respeito aos “Fundos Airbus”, em relação aos quais já decorre um inquérito. “Para além da factualidade vertida neste relatório, existe um amplo acervo documental, cuja disponibilidade reiteramos”, lê-se no documento.

Por fim, é apontado que “existem depoimentos nesta CPI que indiciam que alegadamente terá havido uso impróprio de viaturas de serviço por parte de alguns administradores da TAP. Tal facto poderá ser gerador de responsabilidades a apurar em sede própria”.

(notícia atualizada às 23h10)

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Centro histórico de Viseu sem carros aos fins de semana e feriados

  • Lusa
  • 12 Julho 2023

O centro histórico de Viseu vai encerrar ao trânsito nos feriados e fins-de-semana entre esta sexta-feira e 21 de setembro.

O centro histórico de Viseu ficará livre de carros a algumas horas das sextas-feiras, sábados, domingos, vésperas de feriados e feriados, entre sexta-feira e 21 de setembro, anunciou esta quarta-feira a autarquia.

Desta forma, o município recupera a campanha de promoção de um centro histórico “amigo do ambiente, sem carros, promovendo uma circulação segura e confortável, a pé ou bicicleta”, quer para os locais, quer para quem visita a cidade.

Sob o mote “Centro histórico, verão sem carros”, será promovido o encerramento de trânsito “às sextas-feiras e vésperas de feriados, entre as 19:00 e as 02:00, aos sábados, entre as 16:00 e as 02:00 horas”, e também “aos domingos e feriados, entre as 15:00 e as 20:00”.

“A Polícia Municipal de Viseu será responsável pela realização dos respetivos cortes de trânsito, acompanhando e prestando apoio no terreno”, explicou a autarquia. A interdição abrangerá os principais acessos à zona antiga da cidade, como o início da Rua dos Combatentes da Grande Guerra e o entroncamento da Travessa da Misericórdia com o Adro da Sé, mantendo-se a circulação pela Calçada da Vigia.

“Nos dias em que existam espetáculos ou concertos no Adro da Sé, o corte será realizado no início da Travessa da Misericórdia”, esclareceu, acrescentando que será autorizado o acesso aos moradores e aos clientes dos hotéis da zona histórica.

Segundo a autarquia, também “as pessoas idosas e com mobilidade reduzida ou condicionada” terão “acesso garantido às ruas e vias do centro histórico que estão cortadas, por forma a causar o mínimo de transtorno possível nas suas deslocações”.

“Nos horários de culto e cerimónias religiosas, o acesso ao Adro da Sé será permitido, excecionalmente, nestes períodos, pela Travessa da Misericórdia”, explicou. O comboio turístico manterá o seu percurso habitual pelo centro histórico de Viseu, mas a Linha Violeta do MUV não passará pelas vias interditas nos horários de condicionamento, acrescentou.

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Peregrinos com descontos de 50% nos monumentos de Sintra e horários dedicados

  • Lusa
  • 12 Julho 2023

Os descontos vão vigorar entre 24 de julho e 6 de agosto, entre as 15:30 e as 17:30. No caso do Palácio Nacional da Pena será reservado uma percentagem de entradas apenas para peregrinos

Os participantes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vão ter um desconto de 50% nos monumentos do concelho de Sintra, do distrito de Lisboa, e horários dedicados de visitação, disse esta quarta-feira à agência Lusa a empresa gestora. Estas condições vão vigorar entre 24 de julho e 6 de agosto, entre as 15:30 e as 17:30, segundo indica a empresa Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML), numa nota enviada à Lusa.

Parque e Palácio da Pena, jardins e Palácio de Monserrate, Castelo dos Mouros, Convento dos Capuchos, jardim e Chalet da Condessa d’Edla, Palácios Nacionais de Sintra e de Queluz e a Escola Portuguesa de Arte Equestre sediada nos Jardins históricos de Queluz, são os monumentos abrangidos pela medida.

No caso do Palácio Nacional da Pena, o único monumento nacional com sistema de slots horárias, será reservado uma percentagem de entradas apenas para os voluntários e peregrinos neste período”, explica a PSML. A empresa refere ainda que vai articular e desenvolver medidas de prevenção e segurança com a proteção civil de Sintra e com as autoridades nacionais, de forma a “antecipar e precaver o “aumento significativo de circulação de pessoas que se antecipe neste período”.

Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 1 e 6 de agosto, com as principais cerimónias no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures. As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

O primeiro encontro aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado, nos moldes atuais, por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

A edição deste ano, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19. O Papa Francisco foi a primeira pessoa a inscrever-se na JMJ Lisboa 2023, no dia 23 de outubro de 2022, no Vaticano, após a celebração do Angelus.

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