Ministra da Agricultura admite uso de dessalinizadoras móveis no Algarve

  • Lusa
  • 11 Janeiro 2024

A Comissão da Seca vai reunir-se na próxima semana.

A reabilitação de furos e o recurso a “pequenas dessalinizadoras móveis” podem ser medidas a adotar em termos agrícolas no Algarve, para minimizar a situação de seca, admitiu hoje a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes.

À margem de uma cerimónia na barragem do Alqueva, no Alentejo, a governante foi questionada pelos jornalistas sobre a situação crítica que se vive no Algarve no que respeita à falta de água, tendo revelado que a Comissão da Seca vai reunir-se na próxima semana, sem, no entanto, indicar o dia.

Fonte do Ministério da Agricultura e da Alimentação revelou posteriormente à Lusa que a reunião se realiza no dia 17 às 14:30.

Aí sim, nós vamos poder olhar para tudo o que está a ser desenhado e pensado, que pode passar e que vai passar pela restrição, como já temos desde há dois anos por exemplo na barragem da Bravura (Lagos), onde a água é tão pouca que não serve sequer já para abastecimento humano”, disse Maria do Céu Antunes.

Segundo a ministra, lembrando que nessa zona foi preciso “reabilitar uns furos que estavam desativados” para “manter as culturas permanentes, nomeadamente os laranjais”, os planos de contingência dos diversos aproveitamentos agrícolas no Algarve “terão de ser ajustados em função desta nova realidade”.

“E estão a ser desenhadas medidas que podem passar, por exemplo, por pequenas dessalinizadoras móveis que possam ajudar [e] a reabilitação de furos onde os aquíferos assim nos permitam” ou mesmo “compensações financeiras”, admitiu.

Mas, de acordo com a ministra da Agricultura, “só mesmo” após a reunião da Comissão Interministerial da Seca é que o ministério poderá “dizer aquilo que vai estar em cima da mesa para a agricultura no Algarve”.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) espera apresentar ainda este mês um plano de contingência com novas regras de consumo de água no Algarve, que está a atravessar a maior seca desde que há registo.

O vice-presidente da APA, José Pimenta Machado, admitiu na segunda-feira à agência Lusa que o plano de contingência vai penalizar mais a agricultura, mas disse que as quotas ainda não estavam definidas e serão articuladas com os atores locais.

Já o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, António Miguel Pina, revelou à Lusa, também na segunda-feira, que a APA deverá propor regras para reduzir o consumo de água no Algarve em 70% para o setor agrícola e em 15% para os consumidores urbanos.

Questionada hoje pela Lusa sobre esta fasquia de menos 70% do consumo de água no setor agrícola, a ministra escusou-se a abordar o assunto antes da reunião da Comissão da Seca.

“Tudo o que disser pode ser extemporâneo e não faz sentido sem primeiro reunirmos a comissão interministerial da seca. Há muito trabalho que está a ser feito, hoje mesmo estão a decorrer reuniões técnicas para se encontrarem soluções para minimizar o impacto que tudo isto vai ter na vida dos cidadãos, seja para consumo humano, seja para outros fins, como industriais, turismo e mesmo para a agricultura”, disse.

Segundo a governante, as medidas que vierem a ser decididas e adotadas em termos da agricultura vão ser trabalhadas “para que, no início da próxima campanha de rega, possam ser implementadas”.

Maria do Céu Antunes disse ainda, no domínio da agricultura, que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem “17 milhões de euros de obras em curso para criar maior resiliência” do território algarvio às alterações climáticas e seca.

 

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