PSD acusa Pedro Nuno Santos de gerir TAP com “enorme ligeireza” e com uma “CEO ilegal”

  • Ana Petronilho
  • 17 Janeiro 2024

Os social-democratas exigem que Pedro Nuno Santos explique porque "permitiu que a companhia fosse gerida com uma CEO ilegal".

O PSD exige que o ex-ministro das Infraestruturas e atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, venha dar explicações sobre a batalha judicial entre Christine Ourmières-Widener e a TAP, que arrisca a ser um dos temas que vai marcar a campanha eleitoral.

“A TAP assume que Pedro Nuno Santos permitiu que a companhia fosse gerida com uma CEO ilegal” e com “um salário superior ao legalmente permitido”. Mas, frisa em conferência de imprensa o vice-presidente social-democrata, Miguel Pinto Luz, “todos os meses esta verba foi paga e a tutela Estatal, Pedro Nuno Santos, nada fez”, acusando o ex-governante de gerir a empresa “com uma enorme ligeireza”e de “fugir ao tema do dia”.

A ex-CEO da TAP “foi-nos apresentada por Pedro Nuno Santos, como uma grande contratação, como alguém com imensa experiência no setor da aviação e que iria revolucionar a gestão da companhia”, frisa ainda Miguel Pinto Luz. É por isso, “com espanto” que o PSD toma conhecimento das alegações dos advogados, que estão a defender a TAP, que alegam que a ex-CEO “nunca foi trabalhadora” da companhia.

O PSD lembra que Christine Ourmières-Widener “recebeu o devido ordenado todos os meses, foi chamada a comissões parlamentares, reuniu com a bancada do Partido Socialista, trocava WhatsApps com os governantes” e “colocou em prática medidas muito duras para com os trabalhadores da companhia”. Além disso, a gestora francesa “foi despedida em direto pelo Governo e foi ouvida na comissão de inquérito parlamentar”, vinca ainda Pinto Luz.

Os social-democratas aproveitam ainda para salientar que este caso espelha a “leveza e a informalidade” que são “uma marca inseparável de Pedro Nuno Santos” que “o PS tenta pintar como um fazedor, mas invariavelmente as suas ações acabam em recuos, em faturas pesadas ou, como aqui, em processos judiciais”.

E numa altura em que a companhia está em vias de ser privatizada, estes assuntos “só desvalorizam a empresa e é mau para a companhia”, avisa o vice-presidente do PSD.

Em tom de campanha eleitoral, na sede do partido, Pinto Luz sublinha ainda que “Portugal está longe de ser um país rico” e que a TAP “custou aos portugueses” mais de 3,2 mil milhões de euros, sendo estas verbas que podiam ter sido direcionadas “para muitas outras áreas: para a saúde, para a educação, ou para a redução de impostos”.

As declarações do PSD são feitas um dia depois de conhecida a contestação de defesa da TAP no processo interposto pela ex-CEO contra a companhia pela forma como foi despedida, exigindo uma indemnização de quase seis milhões de euros.

Nos documentos dos advogados de defesa da TAP, submetidos ao tribunal e a que o ECO teve acesso, a companhia acusa a gestora francesa de ter “sonegado informação” sobre uma empresa de consultoria de viagens e aviação para a qual trabalhava como administradora enquanto era CEO da companhia aérea portuguesa. O que viola o Estatuto do Gestor Público que impede a acumulação de cargos.

Desde dezembro de 2019 que Christine Ourmières-Widener é “fundadora, acionista e administradora da O&W Partners, com sede em Londres”, uma “empresa de consultoria de viagens e aviação (travel & airline consulting)”, lê-se nos documentos.

Além disso, a TAP – que arrasa o currículo da gestora – entende que a ex-CEO “nunca foi trabalhadora” da companhia e alega que o vínculo com Christine Ourmières-Widener era “precário e poderia cessar a qualquer momento”, Isto porque “nunca” foi assinado qualquer contrato de gestão com os acionistas da companhia e com o Ministério das Infraestruturas e Habitação, violando, assim, o Estatuto do Gestor Público.

Os advogados de defesa da TAP entendem, por isso, que “não é devida qualquer indemnização” a Christine Ourmières-Widener.

Soma-se ainda a suspeita de crimes como “tráfico de influência, de oferta indevida de vantagem ou mesmo de corrupção” quando o marido da ex-CEO, Floyd Murray Widener, tentou vender à transportadora os serviços da empresa israelita para a qual trabalhava, a Zamna Technologies, como diretor comercial em regime de part time.

 

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