Marcha lenta de agricultores com cerca de 100 viaturas bloqueia acesso a Valença
Um porta-voz afirma que "em Valença vai parar tudo". A ação é desenvolvida em simultâneo com outras ações de protesto de agricultores no lado espanhol da fronteira.
O Movimento Agricultores do Norte iniciou esta terça-feira uma marcha lenta em Valença, Viana do Castelo, com cerca de 100 viaturas, que estão a bloquear os acessos à cidade no sentido Sul/Norte, em direção a Espanha, disse o porta-voz.
“Estamos na via rápida, na zona de S. Pedro [da Torre]. Já não passa ninguém no sentido Sul/Norte. A ideia é bloquear a zona das rotundas em Valença. Em Valença vai parar tudo. A ideia é mobilizar o concelho todo, as fronteiras, Valença toda”, afirmou à Lusa Fábio Viana, do Movimento dos Agricultores do Norte, pelas 7h20.
A iniciativa que pretende “sensibilizar a sociedade e o poder político para o atual panorama dramático do setor agrícola no Norte de Portugal”, envolve cerca de uma centena de viaturas, entre 60 ligeiras e 30 tratores.
De acordo com o Comando de Viana do Castelo da GNR, a marcha iniciou-se pelas 6h30, com os veículos a deslocarem-se entre Cerdal e São Pedro da Torre.
A ação desta terça-feira é desenvolvida “em simultâneo com outras ações de protesto desenvolvidas do lado espanhol da fronteira pela Agrupacion Nacional de Agricultores y Ganaderos del Sector Primário”.
Os manifestantes apresentam-se como um “movimento cívico com a representação de agricultores, empresários agrícolas e cidadãos, com o objetivo de sensibilizar a sociedade e o poder político para o atual panorama dramático do setor agrícola no Norte de Portugal”.
No Caderno reivindicativo a que a Lusa teve acesso, o movimento pede o “reajustamento da cadeia de valor com maior valorização da produção primária e rotulagem clara para o consumidor sobre preço pago ao produtor e margens da distribuição”, a par da “valorização de produtos endógenos e de cadeias curtas de abastecimento”.
Os agricultores do Norte pretendem, ainda, “estratégias claras de melhoria da atratividade da atividade agrícola e de renovação do capital humano”, nomeadamente o “aumento do valor do prémio à primeira instalação para jovens agricultores”.
Entre outras medidas, reclamam também o “bloqueio às importações de produtos alimentares extracomunitários que tenham sido produzidos em tipos de produção que não estejam sujeitos às mesmas normas de fitossanidade, proteção ambiental e de bem-estar animal da União Europeia”.
O Governo avançou com um pacote de ajuda de cerca de 450 milhões de euros destinados a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), garantindo que a maior parte das medidas entra em vigor este mês, com exceção das que estão dependentes de ‘luz verde’ de Bruxelas.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros a 26 de fevereiro.
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