Luís Montenegro atingido por tinta verde durante a campanha. “Era mais fácil podermos conversar”
Líder do PSD foi atingido por tinta verde num protesto de ativistas pelo clima na BTL. Partidos e Presidente da República já condenaram o ataque. Montenegro vai apresentar queixa-crime.
O líder da Aliança Democrática (AD) e presidente do PSD, Luís Montenegro, foi atingido esta quarta-feira por tinta verde numa ação de protesto organizada por ativistas pelo clima na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), em plena campanha eleitoral para as eleições legislativas. De acordo com a PSP, o ativista responsável foi intercetado e detido pelas autoridades. Montenegro diz que vai apresentar queixa-crime.
“Por mais tinta que me atirem, eu vou seguir o mesmo caminho”, reagiu Montenegro momentos após o incidente, recordando que a “preocupação ambiental” tem estado presente no programa social-democrata há 50 anos. “Tenho todo o respeito pelas pessoas que se manifestam pelo clima, mas era mais fácil podermos conversar“, atirou. Mais tarde, recuperado da situação, Montenegro rejeitou o aproveitamento político da situação e confirmou que vai apresentar queixa-crime ainda esta quarta-feira.
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O líder da AD considerou que este tipo de ações – que visaram, no passado, o ministro das Finanças, Fernando Medina, e o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro – causam “transtorno excessivo“, mas que, ainda assim, mantém o “respeito pelas pessoas que se manifestam pelo clima”.
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Ao ECO, fonte oficial confirma que o ataque foi da autoria do Movimento Fim ao Fóssil, liderado pelos estudantes da Greve Climática Estudantil. Em comunicado, os estudantes deste movimento que reivindica o fim aos combustíveis fósseis até 2030 e o fim do gás para a produção de eletricidade até ao próximo ano considera que “nenhum partido tem um plano adequado à realidade climática” e que “nenhum programa político prevê como vamos fazer a transição justa nos prazos da ciência”.
Quanto ao PSD, especificamente, afirmam que “defende o sistema fóssil que coloca o lucro à frente da vida”. “Eles nunca vão resolver esta crise. Se respeitassem os jovens não estariam a condenar o nosso futuro em nome do lucro”, acrescentam.
Ao lado de Montenegro encontrava-se Nuno Melo, líder do CDS e parceiro na coligação da AD. Embora não tivesse sido atingido pela tinta atirada pelos ativistas, o dirigente partidário considerou o momento como “brincadeira idiota de miúdos”. “Não é normal em democracia”, frisou.
Em campanha eleitoral em Leiria, após uma visita à Startup Leiria, Pedro Nuno Santos lamentou e condenou o protesto. “Condeno qualquer protesto em contexto de campanha democrática“, disse, citado pelo Observador, declarando ainda o seu “respeito” por quem está a defender as suas propostas, incluindo a AD.
Inês Sousa Real subscreveu a condenação, afirmando não ser “a forma mais correta de lutar contra as alterações climáticas”. Em declarações aos jornalistas, a líder do PAN reconheceu a “insatisfação dos jovens” com as políticas no combate às alterações climáticas, defendendo ser importante “apostar na descarbonização” do país. “No próximo dia 10 de março, há uma força que está representada no boletim de voto e que luta pelo combate às alterações climáticas“, sublinhou a porta-voz do PAN.
Por seu turno, Mariana Mortágua recorreu às redes sociais para criticar os ativistas climáticos, considerando o protesto “um ataque à liberdade na campanha eleitoral” e à “democracia”. “Se os autores desta ação alegam uma causa justa, então são os piores defensores dessa causa“, publicou na rede social X (antigo Twitter).
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Na mesma rede social, Rui Rocha considerou o ataque “inaceitável e contraproducente para as causas que dizem defender”.
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Em Vila Real, o porta-voz do Livre lamentou a ação dos ativistas que atingiram Montenegro com tinta verde, desejando que “o mesmo não aconteça com outros candidatos” e que, doravante, a campanha eleitoral seja “segura”. “Devemos desejar tranquilidade a toda a gente que está a fazer uma campanha eleitoral, que é um momento sagrado da democracia, que é o direito de voto”, apelou Rui Tavares.
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O Presidente da República também se manifestou sobre o incidente. “Os problemas climáticos são universais e é um bom apelo dos jovens. Agora, penso que a partir de determinada altura é uma forma de atuação muito pouco eficaz“, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas à saída da FIL, local onde o líder do PSD foi atacado com tinta verde.
PSP intercetou cinco ativistas responsáveis pelo ataque
A Polícia de Segurança Pública (PSP) comunicou esta quarta-feira ter intercetado cinco ativistas durante a BTL, em Lisboa, tendo um deles conseguido atirar tinta ao líder da AD.
Em comunicado, a PSP informa que no recinto da FIL tem em curso “um policiamento discreto e de visibilidade nas imediações daquele edifício”, tendo esse policiamento detetado “um grupo de indivíduos com comportamento suspeito”. Depois de terem sido abordados, as autoridades apuraram que os jovens “pertenciam a uma organização ambientalista”.
“Desse grupo, 4 indivíduos foram abordados de imediato, os quais tinham sua posse uma lata de tinta que foi apreendida”. O quinto, detalha a PSP, “conseguiu atingir o líder da Aliança Democrática com tinta verde, bem como outros membros da comitiva”.
“Foi de imediato intercetado e detido pela PSP, e apreendida a lata de tinta utilizada para cometer o ilícito criminal”, revela o comunicado.
(Notícia atualizada pela última vez às 15h14 com mais informação)
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