Justiça francesa abre investigação ao grupo Altice após detenção de Armando Pereira
De acordo com a Bloomberg, o inquérito foi aberto em setembro na sequência do processo que levou à detenção de Armando Pereira.
A Justiça francesa abriu um inquérito preliminar para investigar suspeitas de corrupção ligadas ao grupo Altice. Segundo avançou esta sexta-feira a Bloomberg, o inquérito terá arrancado em setembro, depois da operação lançada em Portugal no verão do ano passado, que resultou na detenção do cofundador da empresa, Armando Pereira. O ECO contactou fonte oficial da Altice, mas a empresa não quis fazer comentários.
A investigação está a ser conduzida pela Parquet National Financier, uma instituição judicial responsável por investigar crimes financeiros. De acordo com a agência noticiosa, que cita duas fontes próximas do processo, a instituição estará a investigar suspeitas de corrupção de indivíduos que não ocupam cargos públicos, de branqueamento de capitais e de tentativas de ocultar esses supostos crimes.
A investigação sucede à que foi lançada em Portugal e batizada de Operação Picoas, que se debruça sobre um alegado esquema financeiro em torno da Altice, dona da Meo, que terá lesado o Estado e o grupo empresarial em centenas de milhões de euros. Um dos principais visados neste processo é Armando Pereira. A investigação foi conduzida durante três anos e aponta para suspeitas de crimes de corrupção no setor privado, fraude fiscal, branqueamento de capitais e falsificação.
Segundo a Bloomberg, o início de um inquérito em França sinaliza como a operação em Portugal fez alastrar o escrutínio sobre a multinacional a outras geografias. Patrick Drahi tem estado a vender ativos e tem estado a trabalhar na possível venda da Altice Portugal, segundo tem sido noticiado.
Em Portugal, o Ministério Público entende que terá ocorrido uma “viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência”, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva. O Estado terá também sido prejudicado com uma fraude fiscal “superior a 100 milhões de euros”.
O cofundador da Altice Armando Pereira, que ficou detido no dia 13 de julho na sequência de buscas, e que foi libertado mediante uma caução de dez milhões de euros, é, para o Ministério Público, o líder de um esquema que terá lesado o Estado e o grupo empresarial através do envolvimento de dezenas de sociedades controladas de forma indireta pelo seu homem de confiança, Hernâni Vaz Antunes.
Jéssica Antunes, Álvaro Gil Loureiro e o próprio Hernâni Vaz Antunes são os outros arguidos da Operação Picoas. Jéssica Antunes é filha de Hernâni Vaz Antunes e tem sido apontada como ‘testa de ferro’ do pai em diversas empresas.
(Notícia atualizada pela última vez às 13h41)
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