Alvo espanhol da química Bondalti vê lucros afundarem 76% no arranque do ano
Numa altura em que está em curso a OPA lançada pela empresa química do grupo José de Mello, a empresa catalã reporta uma queda de 76% nos lucros no primeiro trimestre face à "fraca" procura europeia.
A gigante espanhola Ercros viu os lucros afundarem 76% no primeiro trimestre, para três milhões de euros, numa altura em que está em curso uma oferta pública de aquisição (OPA) da Bondalti sobre 100% das ações da empresa química. A empresa explica que os resultados acontecem “num contexto de ajustamento conjuntural” e são justificados com a “fraca” procura europeia.
“Estes resultados foram alcançados num contexto de ajustamento conjuntural, com a procura europeia a continuar a dar sinais de fraqueza e com mercados muito voláteis e sujeitos a forte concorrência“, lê-se no comunicado da empresa catalã, divulgado esta segunda-feira. No mesmo documento, a Ercros dá nota que, até março, o volume de negócios diminuiu 15,7%, para 188 milhões de euros.
Relativamente ao EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, a empresa química terminou o primeiro trimestre com 14,33 milhões de euros, igualmente uma quebra face aos 30,33 milhões de euros do período homólogo. Apesar da quebra nos lucros, a Ercros garante manter uma “posição financeira sólida”, com 141 milhões de euros de liquidez.
Foi a 5 de março que a empresa química do Grupo José de Mello, através da subsidiária Bondalti Ibérica, com sede em Barcelona, lançou uma OPA sobre 100% das ações da espanhola Ercros, especializada na produção e venda de produtos químicos e farmacêuticos.
A oferta comunicada ao regulador espanhol é de 3,6 euros por ação. O valor total da operação ronda os 329 milhões de euros, calcula a empresa portuguesa, que pretende retirar as ações da Ercros da bolsa espanhola. O grupo industrial catalão emprega atualmente 1.350 pessoas e tem três divisões: cloro, produtos químicos e farmacêutica.
Do país vizinho já começaram a chegar os sinais de que a empresa nacional, presente em Espanha há mais de 20 anos, não terá vida fácil. Primeiro, foi o conselho de administração a assinalar que a OPA foi “não solicitada” e “não acordada” previamente. Poucos dias depois, o advogado madrileno Víctor Manuel Rodríguez Martín, que liderou importantes revoltas de pequenos investidores à frente da Ercros, tornou-se o maior acionista deste grupo industrial, passando a controlar mais de 6%, considerando que a oferta “é baixa e aproveita a debilidade da empresa”.
Mesmo com esta alteração na estrutura acionista, o poder continua a estar concentrado na mão dos pequenos investidores. Menos de 21% das ações correspondem a participações superiores a 3% do capital. Apesar de o advogado ser o maior investidor individual, o casal Joan Casas Galofré e Montserrat García Pruns controla em conjunto junto perto de 10% do capital. Surgem como os principais beneficiários da oferta, caso decidam aceitar os termos propostos pela empresa lusa. Se venderem na OPA encaixam 31 milhões de euros. Já o fundo norte-americano Dimensional Fund, participado pelo ex-ator e governador Arnold Schwarzenegger, detém 4,99%.
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