Presidente do BCP quer apoios a jovens para habitação e acesso fácil ao crédito
"Há muitos jovens que não conseguem dar uma entrada inicial de 10% e, portanto, tem que se criar condições. Não sei se é por garantia pública", diz Miguel Maya.
O presidente executivo do Millennium BCP, Miguel Maya, considerou esta sexta-feira “muito importante apoiar os jovens na aquisição da habitação”, mas também criar condições, com alteração da legislação e da regulação, para terem “acesso fácil” ao crédito. “É muito importante apoiar os jovens na aquisição da habitação”, disse o líder do Millennium BCP à agência Lusa, à margem de um colóquio realizado em Beja, na feira agropecuária Ovibeja.
Questionado sobre declarações recentes do presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, que considerou positiva a medida do Governo de garantia pública a compra de casa por jovens, o presidente executivo (Chief Executive Officer, CEO) do BCP disse à Lusa estar “muito de acordo” com essa ideia, mas acrescentou que ter “uma visão um bocadinho mais complexa” sobre a matéria. “A aquisição da habitação, além da casa, da base onde as pessoas vão desenvolver toda a sua vida, é também uma poupança, é o que lhes vai permitir acumular para que um dia mais tarde tenham ali uma reserva de valor, na sua reforma”, afirmou.
Portanto, de facto, trata-se de um passo “muito importante” e que é preciso apoiar, mas, ao mesmo tempo, “é igualmente importante criar condições para que os jovens em início de vida, sobretudo os jovens que não têm pais que podem dar uma entrada inicial, não fiquem vedados de acesso ao crédito”, argumentou.
“Eu considero isso absolutamente relevante, porque há muitos jovens que não conseguem dar uma entrada inicial de 10% e, portanto, tem que se criar condições. Não sei se é por garantia pública, se não é por garantia pública, mas tem que se criar condições para que esses jovens possam, de facto, ter maior facilidade de acesso ao crédito e o BCP está fortemente empenhado” nisso, frisou.
Questionado sobre se essa medida poderia ser implementada pelo Governo, Miguel Maia considerou que “obviamente” que pode, mas que prefere outro caminho. “Eu gosto mais de pedir à sociedade civil do que aos governos. Acho que a sociedade civil tem que dar resposta e a parte de regulação tem que dar resposta”, disse.
E é com isso que está “mais preocupado, com a alteração da legislação e da regulação que permita o acesso fácil [ao crédito] por parte desses jovens do que propriamente [com] mais apoios, mais apoios. Se vierem, são bem-vindos, mas não deve ser o elemento essencial”, defendeu. O líder do Millennium BCP realçou que já também necessidade de “aumentar a oferta” de casas e analisar “uma outra questão que tem a ver com os preços e que tem a ver com o número de casas que estão disponíveis”.
“Tem que haver, de facto, uma transformação muito forte da sociedade portuguesa para que haja habitação a custos acessíveis mais disponível. E isso passa por muitas frentes, não apenas por um tema de financiamento”, considerou.
Miguel Maya considerou ainda que o banco tem condições “para ter uma estrutura acionista forte”, desvalorizando a possibilidade das saídas da Sonangol e da Fosun do seu capital. “Eu ouço há muitos anos que a Sonangol ia sair e a Sonangol permanece firme e tem dado um apoio muito grande ao banco. A Fosun retirou a sua participação para 20%, que é uma versão muito relevante”, afirmou.
Segundo Miguel Maya, o BCP tem “um free float [ações dispersas no mercado] de 60%, quando os maiores bancos europeus têm muito mais do que isso”. “Portanto, estou muito tranquilo com a estrutura acionista do banco. Não tenho nenhuma resposta em concreto relativamente a esses temas, são perguntas que devem fazer aos acionistas”, disse.
O BCP “tem condições, e cada vez terá melhores condições, para ter uma estrutura acionista forte”, insistiu. O BCP tem como principal acionista o grupo chinês Fosun, com uma participação de 20,3% depois de, em janeiro, ter vendido aproximadamente 5,60% do capital do banco pelo valor de cerca de 235,188 milhões de euros.
Em 23 de janeiro, após a venda, o presidente do Conselho de Administração do BCP (presidente não executivo), Nuno Amado, recusou comentar aos jornalistas a operação, dizendo apenas que o banco “está bem e recomenda-se”. O segundo maior acionista do BCP é a petrolífera angolana Sonangol, que no final do ano passado tinha 19,49% do banco.
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