Investimentos de Recapitalização Estratégica do Banco de Fomento sofrem quebra de 10%
Riopele, Eurogalva, Tupai e Calvelex ainda não contratualizaram operações de recapitalização. Algumas negociações arrastam-se há mais de 20 meses. Contratualização "ocorrerá em breve", diz o BPF.
O investimento previsto no Programa de Recapitalização Estratégica do Banco Português de Fomento teve uma quebra de 10% face ao previsto no início de novembro. Várias empresas desistiram do programa, houve revisões em baixa dos valores investidos e até entraram novas empresas. Até agora, a utilização da dotação do programa é de 52,6%.
De acordo com a última atualização, a lista de beneficiários finais do Programa de Recapitalização Estratégica, Fitness Up Group, Qualhouse, Travel Store e Elastictek saíram da lista apesar de já terem as suas operações de recapitalização aprovadas, que oscilavam entre 9,9 milhões e 243 mil euros. O ECO já tinha noticiado a saída das três primeiras, no final de novembro, mas, na atualização da lista a 29 de dezembro, já tinha saído mais uma: a Elastictek de João Rafael Koehler, que tinha previsto um investimento total de 9,9 milhões de euros.
“A Elastictek optou por não prosseguir com a contratualização da operação nas condições aprovadas pelo BPF para a mesma“, explicou ao ECO fonte oficial do Banco de Fomento. O agravamento das condições foi uma das razões que estiveram na origem de algumas das saídas do programa, já tinha avançado o ECO.
O facto de terem sido alteradas condições entre o momento da aprovação e da contratualização, do investimento, nomeadamente com um agravamento dos spreads, levou algumas empresas a desistir. Além disso, com as negociações a arrastarem-se no tempo, as operações com o banco promocional deixam de ser competitivas face aos preços praticados pela banca comercial, que tem propostas muito agressivas, defendem alguns empresários ouvidos pelo ECO. Além disso, as operações que envolvem fundos públicos, como é o caso do FdCR, têm obrigações e condições que acabam por não se justificar, se as propostas não forem suficientemente atrativas.
Por outro lado, a Riopele que tinha desaparecido da lista em novembro, voltou a integrar a lista, depois de renegociar as condições da operação, que, no entanto, continua ainda por assinar, apesar de a candidatura já ter sido submetida há cerca de 20 meses. “A Riopele voltou a integrar a lista das operações do programa de recapitalização estratégica após uma nova negociação das condições da operação”, confirmou ao ECO fonte oficial do Banco de Fomento. “A operação está já em fase de contratação”, acrescentou a mesma fonte.
No início de novembro a lista de beneficiários finais do Programa de Recapitalização Estratégica tinha 20 nomes e o investimento total ascendia a 152,3 milhões de euros. Agora, a listagem é de 17 empresas e o investimento total é de 137,2 milhões, ou seja, houve uma quebra de 10%. No Programa de Recapitalização Estratégica, que tem uma dotação global de 200 milhões, a grande maioria das operações apresenta um investidor privado, que aporta o mínimo de 30% do investimento, a par do máximo de 70% assumido pelo Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR). Com 105,3 milhões de euros do FdCR investido significa que pouco mais de metade (52,6%) está executado.
Lista de beneficiários a 6 de novembro
Na atualização feita em dezembro, entrou mais uma empresa têxtil – a Calvelex, de César Araújo. E, de acordo com a atualização de 29 de abril, ainda não assinou o contrato de investimento. As negociações arrastam-se há 26 meses, sabe o ECO.
Além disso, entre a listagem de dezembro e a de abril, os montantes aprovados mudaram. Inicialmente a empresa de confeção da Louvada ia receber 4,2 milhões de euros do FdCR e 1,8 milhões de capitais privados. Mas agora só estão aprovados 2,94 milhões do FdCR e 1,26 milhões privados.
Lista de beneficiários a 29 de abril
Riopele, Eurogalva (Galvanização e Metalomecânica), Tupai (uma empresa de metalomecânica ligeira) e a Calvelex são as únicas que ainda não contratualizaram as suas operações de recapitalização. Em causa estão 20,61 milhões de euros do FdCR.
Questionada sobre quando serão feitos os investimentos na Riopele, Tupai e Calvelex, fonte oficial do Banco de Fomento disse que “a contratualização dos investimentos”, nestas empresas “ocorrerá em breve, estando as empresas a reunir as últimas peças de documentação necessárias à prévia formalização da contratação”.
BPF confiante na execução integral do programa
O Banco de Fomento garante que será possível executar a totalidade dos 200 milhões de euros de dotação do Programa de Recapitalização Estratégica. “Os valores de investimento total à data são superiores aos verificados em novembro”, diz fonte oficial do Banco de Fomento. “O conjunto das operações, tanto em análise como já aprovadas, relativas ao Programa de Recapitalização Estratégica, excede o valor total destinado a este programa (mais de 212 milhões de euros)“, acrescenta a mesma fonte.
“O conjunto das operações recebidas representa 321% da dotação do Programa de Recapitalização Estratégica, sendo que a soma das operações em análise e já aprovadas excede o valor total destinado a este programa”, acrescenta a mesma fonte, precisando que “tem havido uma requalificação da procura e o pipeline em análise apresenta oportunidades interessantes de apoio à economia portuguesa”.
Questionado sobre a dimensão desse pipeline, o Banco de Fomento revela que, atualmente, tem “operações em análise que representam mais de 107 milhões de euros em potencial investimento no Programa de Recapitalização Estratégica”.
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