TAP registou prejuízo de 71,9 milhões no primeiro trimestre
A companhia aérea registou o segundo trimestre seguido de resultados negativos. Custos com pessoal devido a Acordos de Empresa pressionaram resultado com subida de 70,5 milhões.
Depois de um resultado negativo pouco usual no último trimestre do ano passado, a TAP prolongou as perdas com um prejuízo de 71,9 milhões de euros no primeiro de 2024, pressionada novamente pelos custos com pessoal, informou a empresa esta sexta-feira.
“No primeiro trimestre de 2024 continuámos o processo de transformação estrutural que a TAP exigia”, referiu o CEO da TAP, Luís Rodrigues, citado num comunicado divulgado no site da empresa. “O investimento nas nossas pessoas, incluindo o fim dos cortes salariais, correções da elevada inflação e os novos acordos de empresa, têm um impacto imediato no resultado, mas os benefícios continuarão a materializar-se“.
Em comparação homóloga, ou seja, face ao mesmo período de 2023, o prejuízo desceu 25,2%, ou 14,5 milhões de euros. A companhia aérea adiantou que, quando comparado com o primeiro trimestre de 2019, antes da pandemia, o prejuízo melhorou em 34,7 milhões.
As receitas operacionais totalizaram 861,9 milhões de euros, aumentando em 3,1% em comparação com o período homólogo, ultrapassando e representando 140% das receitas operacionais do primeiro trimestre de 2019, “impulsionadas principalmente pelas receitas do segmento de passageiros”. Estas registaram um aumento de 37,2 milhões (+5%) face ao primeiro trimestre de 2023 para 774,7 milhões.
No primeiro trimestre de 2024, a TAP apresentou “uma melhoria da performance operacional superando o primeiro trimestre de 2023 em várias métricas operacionais: transportou mais passageiros, aumentou a sua capacidade (+3,8%) e melhorou o load factor (+0,3 p.p.), confirmando o foco da empresa na melhoria contínua da sua operação”.
A TAP sublinhou que o PRASK — indicador que avalia as receitas obtidas por passageiro em relação ao “lugar-quilómetro” — subiu 1,2%, para 6,25 euros, enquanto o número de passageiros que a companhia transportou entre janeiro e março avançou 0,6%, para 3,53 milhões.
Tivemos a capacidade de aumentar a oferta, transportar mais passageiros e melhorar as taxas de ocupação quando comparado com o primeiro trimestre de 2023, o que se traduziu em aumento da receita, enorme redução de irregularidades, melhoria da pontualidade e regularidade numa infraestrutura aeroportuária altamente congestionada
“Tivemos a capacidade de aumentar a oferta, transportar mais passageiros e melhorar as taxas de ocupação quando comparado com o primeiro trimestre de 2023, o que se traduziu em aumento da receita, enorme redução de irregularidades, melhoria da pontualidade e regularidade numa infraestrutura aeroportuária altamente congestionada”, sublinhou Luís Rodrigues.
Os custos operacionais recorrentes atingiram 905,2 milhões, registando um aumento de 7,0% ou de 59,1 milhões em comparação com o primeiro trimestre de 2023.
“Esta variação resulta principalmente do aumento dos custos com o pessoal (+70,5 milhões ou 56,9%) devido aos novos acordos de empresa, contrabalançado pela redução do custo com combustível (menos 23,6 milhões ou 8,5%) devido a um preço mais baixo do jet fuel neste trimestre em comparação com o primeiro trimestre de 2023″, explicou a TAP.
“Importa referir que o aumento dos custos com pessoal no primeiro trimestre em comparação com o primeiro de 2023 foi impactado por custos extraordinários decorrentes de um acordo alcançado com os representantes dos pilotos e adicionalmente pela existência de reduções de remunerações em vigor em 2023, reduções essas eliminadas com a entrada em vigor dos novos acordos de empresa na segunda metade de 2023″, sublinhou a empresa.
O EBITDA — lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações — caiu 38,6% para 70 milhões. Em termos recorrentes, totalizou 83,7 milhões no primeiro trimestre, menos 30,3%.
Em 2023, apesar de a companhia aérea ter conseguido um resultado líquido anual de 177 milhões de euros em 2023, o prejuízo de 26,2 milhões no último trimestre — provocado por aumento de 121% na rubrica de custos com pessoal, para 270,4 milhões, em resultado dos novos acordos de empresa assinados com os sindicatos e o acréscimo de 25% nos custos operacionais de tráfego — penalizou o exercício.
O primeiro trimestre é sempre mais difícil para as companhias aéreas, devido à menor procura de viagens, e o deste ano foi particularmente penoso, por exemplo, para a Lufthansa e o grupo Air France – KLM, dois dos interessados na privatização da TAP que averbaram elevados prejuízos. A ordem é para conter custos.
A transportadora aérea alemã registou um prejuízo de 734 milhões de euros entre janeiro e março, mais 57% do que no mesmo período do ano passado. Já a Air France – KLM viu o resultado líquido agravar-se de um prejuízo de 344 milhões em 2023 para 522 milhões nos primeiros três meses deste ano.
Outra interessada na TAP, a IAG (dona da BritishAirways e da Ibéria), divulgou esta sexta-feira um prejuízo líquido de 4 milhões de euros no primeiro trimestre, face a 87 milhões no período homólogo. Os resultados ao nível do lucro operacional, de 68 milhões de euros, ficaram acima do consenso das expectativas dos analistas, que se situava nos 49 milhões.
“A Lufthansa teve greves, o que foi o grande problema. A Air France-KLM teve alguns problemas pontuais, mas a IAG foi ainda melhor. A IAG é o grupo com maior margem de lucro: margens de dois dígitos contra um dígito nos outros grupos em geral”, disse Alex Irving, analista da Bernstein, num email enviado à Reuters.
Expectativas positivas para Verão 2024
A TAP informou que a 31 de março o grupo apresentava “uma posição de liquidez forte” de 1.133,4 milhões de euros, um aumento de 344 milhões face ao final de 2023, no seguimento da execução da segunda tranche de aumento de capital pelo acionista em janeiro de 2024, no valor de 343 milhões. “Este valor confirma a gestão financeira disciplinada e prudente da TAP, com o objetivo de inspirar confiança nos nossos investidores”, vincou.
As expectativas para o Verão de 2024 “mantém-se positivas, com as reservas em linha com 2023, apesar do aumento de capacidade, confirmando uma procura resiliente” disse, adiantando que “igualmente em 2024, o investimento na modernização da frota irá continuar, com o phase-in de três novas aeronaves A320 NEO, confirmando o compromisso da TAP numa frota mais sustentável e eficiente”.
(Notícia atualizada às 07h43)
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